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    terça-feira, janeiro 30, 2007
    Pink Floyd - Wish You Were Here


    A sete de julho de 2006, o mundo do rock 'n roll perdeu um dos seus grandes homens: Roger Keith Barret, vulgo Syd, morreu aos 60 anos, aparentemente por complicações de diabetes. Diz-se que morreu tranqüilo, sereno. Esquizofrênico, como é patente, teve problemas com drogas lisérgicas no final dos anos 60 que o deixaram sem condições de continuar na banda que fundara, o mítico grupo inglês Pink Floyd. Syd então foi viver na casa de sua mãe, dedicando-se à jardinagem e a atividades domésticas. Sobre ele, após sua morte, seus vizinhos diriam que era agradável, gostava de crianças e as encantava com trocadilhos e recursos lúdicos.

    Nesse meio tempo, o Pink Floyd, que já balançara as bases da música com seu primeiro e lisérgico registro (praticamente todo composto por Barret) "The piper At The Gates of Dawn" (1967), tendo este se tornado junto ao "Sgt. Pepper's lonely hearts club band", ao "Freak out!", de Frank Zappa e a alguns outros registros menos conhecidos de bandas como Spirit e Moody Blues o arcabouço do que viria a ser rock progressivo, foi lançando bolachas que paulatinamente lhe auferiram a reputação de uma das grandes bandas de rock de todos os tempos. Capitaneada então pelo baixista, vocalista e excelente letrista Roger Waters e com o talentoso mancebo guapo (como diria Fernando Sabino) David Gilmour no lugar de guitarrista, que coubera a Syd, o Pink Floyd foi ganhando seu espaço.

    Depois de álbuns mais obscuros e psicodélicos, tais quais o "Saurceful of Secrets" (1968) e o "Ummagumma"(1969), a banda registrou álbuns clássicos do rock progressivo, tais quais "Atom heart mother" (1970) e "Meddle" (1971). Foi em 1973, porém, que a banda se granjeou o seu status imarcescível de uma das maiores e mais influentes bandas de rock de todos os tempos. O álbum conceitual "The Dark Side of the Moon" levou a banda ao cânone do rock, tornou-se um dos álbuns mais vendidos e todos os tempos e músicas como "Time" e "Money" viriam a embalar gerações de gente de todo tipo, idade, credo e cor.

    Pois bem; enquanto Roger Waters, David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason ganhavam o mundo, Syd Barret estava recolhido a uma vida frugal e doméstica. Alguns anos antes, conforme já foi dito, após tristes evidências de que ele estava totalmente xarope e que não tinha mais condições de levar o Floyd adiante, foi afastado do grupo que formara uns anos antes com os então amigos de faculdade. Ora, nada mais justo que a então megabanda prestar suas homenagens a seu fundador inválido, não? "Wish You Were Here" nada mais é do que uma grande homenagem a Syd Barret, feita magistralmente por Roger Waters & cia.

    Para se ter idéia do estado de Syd, conta-se que quando o Pink Floyd gravava o álbum a que se reporta esta resenha, Barret apareceu no estúdio tão gordo e maltrapilho que os próprios amigos e homenageadores demoraram para reconhecer aquele triste pedaço de gente rotundo e mal-vestido, e que no entanto, era o cara que menos de uma década atrás fora o idealizador da banda que então o mundo adorava.

    A faixa que abre o álbum, a primeira parte da longa "Shine on You crazy Diamond (Part I-V)", é talvez a forma mais poética e tocante que alguém poderia encontrar para descrever a triste decadência daquele homem: Remember when you were young (Lembre-se de quando você era jovem)/ you shone like the sun (você brilhou como o sol)/ Shine on you crazy diamond (continue brilhando, seu diamante doido!)/ Now there's a look in your eyes (agora tem um olhar no seus olhos)/ like black holes in the sky (como buracos negros no céu)/Shine on you crazy diamond (continue brilhando, seu diamante doido!). É uma faixa longa e suave, em compasso ternário, com uma bela melodia, que começa com simples acordes no sintetizador e vai progressivamente encorpando. David Gilmour confere à música belas linhas de guitarra além de se mostrar um vocalista extremamente competente. Os back vocals femininos caem muito bem à canção, lhe dando mais suavidade ainda. No final, um belo solo de sax termina a extasiante faixa de mais de 13 minutos que abre o registro melhor do que qualquer outra o faria.

    O álbum prossegue com "Welcome to the Machine", uma faixa com ambiente tétrico, que lhe é emprestada principalmente pelos vocais plangentes, e que é marcada pelos sintetizadores de Rich Wright. Se a faixa não faz refências tão diretas a Syd, podemos inferir que ela se lhe reporta pelo que diz o eu-lírico para um filho seu.

    "Have a Cigar", a faixa seguinte, é uma canção sobre drogas, obviamente relacionada a Barret. Também nessa faixa se vê uma grande presença de sintetizadores, além de linhas de guitarra muito originais por parte de David Gilmour.

    Eis que surge a faixa-título. "Wish You Were Here" é, unanimamente, e sempre será, uma das músicas mais belas do rock. Apesar de ter uma significação específica, a de homenagear Syd, como disse Fernando Pessoa, cada qual entende a poesia conforme seus próprios sentimentos momentâneos. "Wish you Were Here" marca vidas, relacionamentos; lembra pessoas especiais que não estão mais entre nós, ou que estão longe. É difícil não se emocionar com a canção de quase 6 minutos, tanto pela letra quanto pela melodia envolvente, ainda mais com o belo solo de violão solfejado de Gilmour no meio da música. É-me particularmente raro não sentir emoções e querer cantar a plenos pulmões ao ouvir os belos versos de Waters: "How I wish, how I wish you were here/ We're just two lost souls swimming in a fish bowl/ year after year/ running over the same onld ground/ What have we found/ the same old fears/ Wish you were here".

    Tal qual a primeira parte enceta o "Wish You Were Here", a parte final (VI - IX) de "Shine On You Crazy Diamond" é incumbida de fechar a grande homenagem àquele insano diamante que fundou uma das maiores, influentes e significativas bandas do rock.

    Que podemos dizer? Shine on You crazy Diamond!

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    posted by Armênio at 2:57 PM | 15 comments

    domingo, janeiro 28, 2007
    Junkiebox

    The Who - Endless Wire: Uma das maiores bandas do Rock & Roll está 50% de volta. Digo isto porque o The Who foi daquelas bandas que assim como os Beatles, o Led Zeppelin, o Black Sabbath e o Kiss, tornaram não apenas suas músicas e álbuns famosos, mas também a formação do grupo durante seu auge. Dito isto, como considerar que o The Who oficialmente voltou se falta a cozinha de John Entwistle e Keith Moon? Mesmo assim, é bom saber que Pete e Daltrey continuam vivos. Os músicos que substituem a cozinha fundadora são o baixista Pino Palladino e o baterista do Oasis Zak Starkey, filho de Ringo Starr (baterista daquele-grupo-lá...). Townshend continua compondo a maioria das músicas, divindo o álbum em músicas independentes entre si (vai da primeira até a nona faixa) e uma mini-ópera intitulada "Wire & Glass" (que vai da décima até a décima nona) que questiona a religião . O álbum, no geral, não decepeciona, mas também não surpreende, o que já é até esperado. Com Townshend e Roger sendo senhores de idade, não há nenhuma surpresa que as músicas não soem com o fôlego, vigor e inspiração de "My Generation", "Pinball Wizard" e "Baba O' Riley". O tempo nos dá virtuosismo e sabedoria, mas nos tira espontaneidade e urgência. A abertura "Fragments" remete ao Who do início dos anos 70. Roger Daltrey mostra-se ainda bem conservado no que diz respeito à voz, como se ouve na sequência "Mike Post Theme" e "In The Ether". Os refrãos de "Two Thousand Years" e "We Got A Hit" empolgam, enquanto "It's Not Enough" tem riffs e linhas vocais bastante intimistas - talvez esta sendo a melhor do álbum. Apesar de ter suas músicas empolgantes e/ou cativantes, algumas músicas ainda caem em lugar-comum e passam despercebidas . Mesmo assim, não é toda hora que duas lendas do rock resolvem se mover e continuar criando. Fica a critério de cada um decidir se a volta desse meio-Who é satisfatória. Vale a pena refletir sobre o fator do tempo antes de adquirir o seu. Se você é daqueles que não suporta ver os ídolos envelhecendo e se prendendo às fórmulas de décadas atrás, não ouça.

    Explosions In The Sky - All Of A Sudden I Miss Everyone: O nome da banda é amedrontador. O nome do disco, um doce. A proposta (post-rock instrumental), inusitada. E quem já tinha escutado os álbuns anteriores desses americanos ("How Strange, Innocence", "Those Who Tell the Truth Shall Die, Those Who Tell the Truth Shall Live Forever" e "The Earth Is Not A Cold Dead Place"), não irá se decepcionar. Uma trilha sonora agradável e bonita, em que você não precisa se preocupar em decorar, com canções que viajam entre a melancolia bonita e o peso agradável, perfeitas para relaxar depois de um dia estressante, perfeitas para se ouvir tirando um cochilo, perfeitas para se ouvir quando se está pensando na vida. Seis canções em quarenta minutos que passam voando (mesmo tendo suítes de 13 e 8 minutos), uma doce e progressiva paz, trilha sonora para qualquer momento não-turbulento.


    Fall Out Boy - Infinity On High: Os adoradores de pop-rock são mais felizes com o Fall Out Boy. Mesmo tendo guitarras pesadas e raízes punk, a imagem limpa e sóbria do quarteto americano combina com vocais melódicos e passagens leves. Mesmo que rotulem a banda como emo, pop-rock ou pop-punk, eles praticam um som comercial saudável, feitos na medida certa pra dançar, gritar, cantar, jogar uma idéia maneira pra mina que tá do lado... Pena que não é toda música que convença. Mas em um álbum de 14 músicas, é de se esperar que nem todas sejam o maior momento de inspiração do mundo. Mas vale a pena conferir os divertidos backing vocals de "This Ain't A Scene, It's An Arms Race", os backing vocals quase sombrios que descambam para um refrão acessível em "Thnks Fr Th Mmrs", a candidata a hit "Hum Hallelujah" e a popíssima balada "I'm Like A Lawyer With The Way I'm Always Trying To Get You Off (Me & You)", feita para as emogirls e emoboys chorarem ouvindo e botarem a letra nos nicks do MSN ou no "quem sou eu" do Orkut. Assim como os trabalhos que antecederam este quarto registro, as letras vão das mais bem-humoradas até as mais românticas, como em "The Carpal Tunnel Of Love", uma das surpresas obscuras do álbum, com momentos pop contracenando com momentos quase post-hardcore. Bom humor, romance, momentos mais sérios, pop, rock e títulos enooooormes. Assim como muitas outras bandas ao longo desses cinquenta e poucos anos de rock, eles não nasceram nem pra marcar época, nem para serem os novos gênios das paradas. Apenas uma agradável banda comercial, que você só ouve os hits principais e mais algumas - logo, a palavra "comercial" nesse caso não constitui palavrão. Exceto se você não for com cara de bandas que botam animais fofinhos na capa .


    LCD Soundsystem - Sound Of Silver: Uma dança, uma piração e uma dança pirada, talvez seja o melhor modo de definir o 'dance rock' da dupla novaiorquina LCD Soundsystem, capitaneada pelo produtor James Murphy. A banda que disse que o Daft Punk estava tocando na casa deles e que ano passado soltou um inusitado registro com apenas uma música de quase 46 minutos volta mais uma vez, o que dá uma produtividade notável (são três álbuns, uma compilação e oito singles desde 2002). É diversão garantida, sem tirar nem pôr, uma trilha sonora perfeita de festa. Quem não ficar com o refrão de "Time To Get Away" na cabeça, muito provavelmente está sofrendo de surdez e amnésia. O resto também é um arraso. Dance, indie rock, disco, momentos monocórdicos ou repetitivos, timecubes (aqueles sons de sininhos) e ruídos inesperados sendo pano de fundo para vocais afetados e desengoçados e refrãos inusitados. Se junto com eles rolar The Rapture e Death From Above 1979, a festa será da boa (e se quiser agradecer pela dica, não me incomodo em ser convidado).


    Bloc Party - A Weekend In The City: Coitados dos anti-hypes. Por mais que, desde o início do século 21 estejam pregando que todas essas bandas que ouvimos falar todas as semanas vão sumir em pouco tempo, acabam surgindo sempre mais - e já estamos na segunda metade da década... E a também coitada da banda britânica Bloc Party resolveu aparecer para as pessoas logo quando ser anti-hype está se tornando mais hype do que procurar pelos hypes. Deixando os coitos de lado, é melhor falarmos do terceiro álbum de estúdio da banda liderada pelo aparentemente simpático vocalista e guitarrista Kere Okereke (se ele é pessoalmente simpático eu não sei, mas é o que mais costuma sorrir nas fotos...). O estilo da banda não foge do britpop/indie-rock dos conterrâneos, mesmo assim, o álbum está cheio de idéias (e músicas) interessantes, como a abertura "Song For Clay (Disappear Here)" que de início lento e melódico se transforma em uma música com um riff pesado e marcante e vocais incessantes. A seguinte, "Hunting For Witches" mistura um início estranho com versos dançantes e refrão guitarreiro, e as palmas e backing vocals de "The Prayer" contracenam com momentos mais dançantes e outros mais emocionados. Claro que temos as tradicionais baladas e as músicas que não chamam tanto a atenção, mas o Bloc Party manda brasa. Só espero que junto com a brasa, também exista muita lenha para queimar.


    Clap Your Hands Say Yeah - Some Loud Thunder: Filhos ilegítimos por opção própria do Talking Heads. Banda que se auto-divulgou tanto no boca-a-boca e no P2P que conseguiu vender 2,5 mil cópias por semana, chegando a vender 20 mil cópias pelo correio. Grupo que mesmo quando era underground conseguiu entrar na Hot List da Rolling Stone e lotar shows (inclusive tendo o arroz... digo... o astro David Bowie na platéia e atrair a simpatia de David Byrne). E um nome tão óbvio que ninguém pensou em usar antes. É assim que esses novaiorquinos chegam ao seu segundo álbum. Uma das melhores do álbum, sem dúvida, é a faixa-título que abre o álbum, com seu baixo bem marcado, refrão cantarolável e gritos desafinados. Outros momentos agradáveis estão no pop blasfêmico de "Satan Said Dance" e no refrão poderoso de "Yankee Go Home". Mas assim como no álbum anterior, a banda não consegue sair muito de um lugar comum, do baixo marcado, da guitarra que acompanha, e o vocal propositalmente sem afinação. O saldo final fica mediano, soando meio amador e juvenil, assim como a capa, que parece imitar todos aqueles desenhos líndissimos que fazemos ou fazíamos nos nossos cadernos escolares, que sempre nos tornou gênios incoompreendidos da arte moderna... Mas daqui a algum tempo eles vão ver só. Aposto que a banda pensa assim também.

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    posted by billy shears at 4:00 AM | 9 comments

    segunda-feira, janeiro 22, 2007
    The Velvet Underground - The Velvet Underground & Nico


    "Um atentado à decadência do American Way Of Life. O disco de rock mais importante que os Beatles nunca lançaram." (Rolling Stone, 1967)

    "A performance do Velvet Underground é a mais violenta, barulhenta e dinâmica que existe, criando um novo conceito de arte. Eles exploram a expressão mais dramática da geração contemporânea. O disco é apenas uma versão fria e harmonizada do espetáculo anárquico que eles fazem." (Village Voice, 1967)

    "...o som do Velvet Underground parece um produto do casamento entre Bob Dylan e Marquês de Sade." (World Jornal Tribune, 1968)

    "Esse disco se tornou importantíssimo para mim, não só por causa do que dizia e por ser tão maravilhoso, mas também por que ouvi outras pessoas que sabiam fazer uma música boa - sem serem nada boas em música. Isto me deu esperança. Foi a mesma coisa que na primeira vez que eu ouvi Mick Jagger cantando. Ele só consegue cantar uma nota, não tem inflexão nenhuma. Toda canção é no mesmo tom invariável, e é só aquele cara dizendo as letras. Foi o mesmo com os Velvets. O som era tão simples e ainda assim tão bom." (Iggy Pop)

    Há quatro décadas atrás, no meio de todas as borboletas voando alegres e coloridas, uma mariposa negra e sombria espalhava a pestilência ao bater de suas asas. Me permita ser mais claro. No ano da psicodelia, do pacifisimo hippie e das trips lisérgicas, um grupo de rebeldes de preto resolveu ir contra tudo isso. Na violentíssima New York, o guitarrista e vocalista Lou Reed, o baixista John Cale, o guitarrista Sterling Morrison e a baterista Maureen Tucker tiraram o nome de uma revista popular barata de ficção para nomearem sua banda de Velvet Underground.

    O produtor de shows Al Aronowitz arranjou-os o primeiro show, colocando os Velvets para tocarem na abertura de um show escolar, e logo então no Café Bizarre, em que o Velvet tornou-se maldito e famigerado ao apresentar suas letras obscenas e climas sombrios, versando sobre uso de drogas, sadomasoquismo e outros temas pouco convencionais, em pleno 1965. Isso mesmo. Em plena época em que, no mainstream da música, os Beatles e os Rolling Stones cantavam sobre amor com leves insinuações sexuais, o Velvet Underground estava chutando o balde e o pau da barraca nas casas undergrounds de New York.

    Era algo simplesmente desconcertante e desconfortável. Diferente do folk questionador de Bob Dylan e Joan Baez, diferente do rock negro dos Beatles e Stones, diferente das viagens psicodélicas e pacifistas dos hippies, eram três caras e uma mulher andrógina vestidos em cores escuras, em um som lento e distorcido, e Lou Reed, tímido e fechado, destilava temáticas e comentários devastadores. Isso fez com que o gênio revolucionário Andy Warhol, convencido por seu amigo Paul Morrissey, oferecesse aos Velvets a parceria da The Factory, um grupo de artistas marginais e junkies, que produziam filmes, teatro, exposições e música. Então, eles trocaram um indignado Al por Andy como empresário. Para resolver o problema com a timidez de Lou como vocalista, chamaram a modelo, atriz e cantora alemã Christa Paffgen, ou Nico, como entrou para a história, para cantar todas as músicas da banda. De uma espetacular beleza alemã e uma peculiar voz grave, surda de um ouvido e com certo "background romântico" na música e cinema, como Brian Jones, Bob Dylan e Alain Delon - inclusive, tendo um filho bastardo com o último. Assim que conheceu o Velvet, se apaixonou por Lou, mas Reed, egocêntrico, diminuiu cada vez mais o espaço de Nico na banda, por ter inveja de Warhol e Nico terem mais destaque no círculo em que andavam (além do mais, Lou tinha seu lado homossexual mais aflorado).

    Então, saíram em turnê com a Factory, no grupo The Exploding Plastic Inevitable, onde tocavam seu som distorcido através de luzes cegantes e dançarinos estranhos, enquanto um filme estrelado pelo próprio Velvet era projetado em cima dos próprios. E em 1967, o Velvet Underground lançava seu fabuloso e revolucionário primeiro disco. "The Velvet Underground And Nico". E com a fabulosa porém simples arte de Andy Warhol na capa. Nem o caldeirão alucinado e dark dos Doors conseguia chegar perto do abuso que era (e ainda é) esse disco. Jim Morrison, apesar de abusado, ainda era muito poético, e conseqüentemente metafórico, influenciado por Niezstche e Rimbaud. Segundo Warhol, a música do Velvet era assim como a pop-art, ou seja, o mais próximo do real possível, totalmente urbana e marginal. Não tinha aquela ebriedade obscura nem a destreza e refinamento - mas vindo dos buracos onde vieram, como diabos poderiam apresentar algum traço de magnificência ou grandeza?

    O álbum começa leve, com uma das maiores pérolas pop da época - "Sunday Morning" é a canção mais tranquila do álbum. Sonoramente. Na letra, Lou Reed declara em doces vocalizações que sente-se inquieto, sentindo sua vida desperdiçada e refletindo sobre as ruas por quais andou nas manhãs de domingo, e sente-se caindo. Um clima bucólico, o único diamante polido do álbum.

    Só que a inquietude e ressaca logo acabam e então começa a tão falada perversão em "I'm Waiting For The Man". Não tem nada a ver com o lado gay de Lou Reed, e sim com o lado junkie do mesmo, já que ele relata como compra heroína. Ele relata ser abordado pelas pessoas do subúrbio como "garoto branco caçando prostitutas", mas diz apenas estar esperando um amigo. Ele descreve todos os processos, como dizem os descarados versos "Acima das muralhas, acima de três lances de escadas/Todos te vêem, ninguém dá a mínima/Eles fazem seu trabalho, lhe dão o gosto doce/Ah então você tem que dar o fora pois você não tem tempo a perder". O ritmo frenético e elétrico da canção, além de um teclado monocórdico, revela uma força incrível, força esta não maior que a ousadia de Lou Reed ao cantar em alto e bom tom.

    "Femme Fatale" traz a primeira participação de Nico no disco. Os contornos soturnos e introspectivos da canção, guiados por uma bela melodia, servem como acompanhamento para a grande performance da alemã, que com sua voz grave dá um ar todo diferenciado à canção. A letra descreve uma mulher fatal, que pisa e usa um garoto, e Nico parece rir dessa situação, dizendo "Porque todos sabem, ela é uma fêmea fatal/As coisas que ela faz como favor pra você, ela é uma fêmea fatal/Ela é só uma pequena provocadora, ela é uma fêmea fatal/Veja o jeito que ela anda/Veja o jeito que ela fala" no refrão.

    A queda continua, vertiginosa, em "Venus In Furs", onde Lou Reed retoma os vocais. Uma música mórbida, arrastada e carregada, totalmente impensável para aqueles anos coloridos e agitados. E, logo nos primeiros versos, Lou já destila: "Brilhantes, brilhantes, brilhantes botas de couro/Garotinha açoitada na escuridão/Vem ao sinal, seu servo, não o abandone/Golpeie, cara senhora, e cure o coração dele". Sim, o tema da canção é o S&M, ou sadomasoquismo. A medida que a canção avança, surge um violino para acompanhar a voz de Lou pedindo para beijarem sua bota, caírem aos seus joelhos e para apanhar. Forte demais.

    "Run Run Run" retoma a velocidade, em um rock de refrão empolgante e versos corridos, fazendo jus ao título. E mais abuso lírico, onde Lou Reed descreve quatro personagens - uma prostituta adolescente, uma junkie com abstinência, uma garota mimada e um senhor depressivo - durante as estrofes da canção, e então, sem dó nem piedade, os mata no refrão, dizendo que levaram outras pessoas no processo, pois a carta Morte do Tarô os disse sobre o que fazer.

    Nico canta versos fortes e graves feito sua voz em "All Tomorrow Parties", guiadas por batidas de bateria e pandeiro e melodias de acompanhamento, ditando um clima marcial e sombrio, onde ela canta sobre uma garota fútil e deprimida, como se lêem nos versos "E quais trajes a pobre moça irá usar/Para todas as festas de amanhã?/Para cada criança de Quinta há um palhaço de Domingo/Por quem ninguém irá lamentar" . No mais, a música é simplesmente indescrítivel. Ela entra calma e nunca muda, mas ao seu decorrer, sua densidade parece crescer cada vez mais, ao passar da realista e pessimista letra.

    E entra. "Heroin". Começa baixa, com acordes tocados pausadamente, e Lou Reed começa cantar uma letra que, na minha opinião, é uma das melhores de todos os tempos. A letra fala sobre o uso de heroína, em versos corajosos como "Eu não sei exatamente onde estou indo/Mas eu estou tentando pelo reino, se eu puder/Porque isso me faz sentir como se eu fosse um homem" e "Eu tenho que fazer a grande escolha/Eu estou tentando destruir minha vida" em uma letra que é literalmente chocante até para os dias de hoje. Os versos cantados por Lou Reed fazem a música crescer, indo da calmaria até o nervosismo denso e a bateria atuando como um espasmo. E Reed segue cantando entre risadas cínicas, "Heroína, é a morte para mim/Heroína, isto é minha esposa e isto é minha vida", até que surge um violino louco e psicótico, como em uma overdose, cortando os ouvidos do ouvinte. E continua chocante se você ouvir mais dez, cem ou mil vezes. Você continua se perguntando: por que, quando todo mundo fazia metáforas, esse maluco resolveu explicar passo por passo e representar sonoramente o momento que alguém se droga, sem se preocupar em disfarçar nada? É ouvir e se chocar.

    Agora ouvimos "There She Goes Again", um dos momentos mais empolgantes do álbum, falando sobre superação, sobre uma garota que está fugindo, nas ruas de novo, mas que nunca mais irá implorar, ou chorar novamente. E Lou aconselha a ver as companhias dela e acertá-la, mas avisa que "Ela vai vociferar e gritar/Ela vai funcionar/Ela vai dar um jeito".

    E Nico encanta pela última vez no álbum, na doce "I'll Be Your Mirror", o único momento romântico do álbum. E a performance da alemã está simplesmente incrível, cantando ao lado de doces melodias, versos doídos de românticos como "Eu serei seu espelho/Refletirei o que você é, caso você não saiba" e "se você me deixasse ser seus olhos/Uma luz em sua escuridão, então você não teria medo".

    Voltam as cordas esquizofrênicas e desordenadas. A canção que tanto fez a banda ser vaiada ao apresentar versões extendidas da mesma. O Velvet Underground batizava uma canção com o nome de "The Black Angel's Death Song" vinte anos antes que alguma pseudomalvada banda de Black Metal pensasse em inventar algum título soturno. E acontece mais uma história da morte do personagem, cantada de forma simplesmente sinistra e desconcertante, onde o personagem reflete sobre uma história violenta, e do seu consumo de drogas para esquecer a dor.

    E o álbum encontra seu final com "European Son", onde um riff rocker acompanha a voz de Lou, até que subitamente, quando o ouvinte acha que a música não terá nenhum momento percussivo marcante, vem à tona o ruído de um vidro sendo estilhaçado, em uma música que fala sobre assassinato e arrependimento em meio a distorções aterradoras. Tudo isso tomando sete minutos de uma viagem sinistra, mostrando a mariposa pestilenta que voava ao meio das pacíficas borboletas.

    O disco foi um fracasso de vendas, assim como o primeiro dos Stooges e dos Ramones, tendo sua influência reconhecida apenas décadas depois. O ego gigantesco de Lou Reed acabaria com a banda, processo este que se acelerou após ele chutar Nico para fora da banda, fazendo Andy Warhol perder o interesse na banda, até o conflito chegar ao outro pólo criativo do Velvet Underground, John Cale. Aí a banda se desfacelou, mas no mundo da música, foi tremendamente influente. Cada um que comprou o disco na época, formou uma banda. A banda tornou-se mãe e mentora de toda a banda que dali em diante quisesse se rotular de alternativa, incluindo o R.E.M., que consagrou o rótulo. Mas a criação, a maldição e a perversão que corre longe do mundo pop, quer dizer algo justamente por causa de Lou, Cale, Sterlin e Tucker.

    Você pode odiar ou amar esse álbum. As reações são múltiplas, e ninguém está realmente preparado de início para suportar um pesadelo. Um pesadelo que perdura por quarenta anos...

    "Rock And Roll é tão fabuloso, as pessoas deviam começar a morrer por ele. Você não está entendendo. A música te pôs de novo no ritmo pra que você pudesse sonhar. Uma geração inteira no embalo de um baixo Fender...

    As pessoas simplesmente devem morrer pela música. As pessoas estão morrendo por tudo o mais, então porque não pela música? Morrer por ela. Não é bárbaro? Você não morreria por algo bárbaro?

    Talvez eu deva morrer. Além do mais, todos os grandes cantores de blues morreram. Mas a vida está ficando melhor agora.

    Não quero morrer. Quero?"

    (Lou Reed)

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    posted by billy shears at 4:24 AM | 14 comments

    sábado, janeiro 20, 2007
    Scorpions - Blackout



    Hoje falaremos de um dos grandes álbuns do hard rock/heavy metal dos 80's, o "Blackout". Com esse álbum (cujo êxito seria corroborado pelo ulterior "Love at first sting", álbum em que se encontram algumas das faixas mais famosas do Scorpions, tais quais os hinos do hard rock oitentista "Rock you like a hurricane", "Bad boys running wild" e "Big City nights" além da balada "Still loving you") foi que o quinteto de Hannover angariou o Status de super-banda, atingiu as primeiras posições da Billboard, passou a lotar casas de shows, vender milhões de discos no mercado americano e se tornou a primeira banda de música pesada da Alemanha a ser conhecida internacionalmente, abrindo espaço para Helloween, Rage, Blind Guardian, Kreator, Sodom, Destruction, Tankard e tantas e tantas outras bandas de metal que a gente conhece vindas da terra de Goethe.

    O Scorpions até 79, a despeito de já ter lançado nessa altura 5 álbuns de estúdio e revelado Michael Schenker, que veio a fazer muito sucesso com o UFO, era uma banda completamente desconhecida nos EUA, o grande mercado de música pesada. Era relativamente conhecida na Europa, e bem populares no Japão (palco inclusive do apoteótico álbum ao vivo 'Tokyo Tapes", último registro que o excepcional guitarrista e músico erudito Uli Jon Roth participou, em 1978); mas o pedaço que importava mesmo era o mercado norte-americano.

    Sem guitarrista solo, após a saída do acima referido Roth, o Scorpions passou a fazer audições para encontrar um guitarrista. Era época de Eddie Van Halen e Randy Rhoads, da guitarra rápida, do tapping; precisava-se de um guitarrista que tornasse a banda competitiva dentro do renhido mercado fonográfico. Chegou-se a testar mais de 140 candidatos ao posto sem que ficassem satisfeitos. Foi então que o baixista Francis Buchholz se lembrou de um cara de Hannover, que o tinha ajudado com matemática, um tal de Matthias Jabs. A banda de início relutou um pouco; era melhor pegar um cara dos EUA ou da Inglaterra. Mas a banda o testou. E o jovem guitarrista veio para formar com Rudolf Schenker uma das duplas de guitarras mais duradouras e produtivas do hard rock/heavy metal.

    Enfim, com Matthias Jabs, no Scorpions consolidou-se uma mudança de sonoridade que já se observava desde o "Taken by force", de 77, por influência clara do então novo baterista Herman Rarebell, que a partir daí foi paulatinamente ganhando espaço dentro das composições da banda, até porque era quem melhor falava inglês. Passa-se a fazer um som mais jovial, menos técnico e mais baladístico; em uma palavra, mais oitentista. Em 79 sai o "Lovedrive", com a participação de Michael Schenker. Pode-se dizer que foi aí que a banda finalmente galgou alguma notoriedade nos EUA, chegando a abrir para gente como Aerosmith, AC/DC e Ted Nugent. Em 80 sai o "Animal magnetism", um bom álbum, porém, proporcionalmente subestimado, e que apesar de trazer canções como "The Zoo" e "Make it real", não foi um grande lançamento comercialmente falando.

    Era o começo dos anos 80. O Scorpions tinha lá sua relevância, mas era uma banda secundária. Nesse contexto, o vocalista Klaus Meine teve problemas com as cordas vocais. Perdendo completamente a voz, foi submetido a uma cirurgia e chegou a sugerir que a banda procurasse outro vocalista (especulou-se o nome de Don Dokken). O pedido de Meine, no entanto, não foi acatado, e depois de sua recuperação, a banda lança o seu grande álbum: o "Blackout", obviamente.

    Se havia alguma dúvida quanto a voz de Meine, com certeza tal dúvida não persistiu com o lançamento desse álbum. Com um fôlego recuperado, ele cantou em "Blackout" como não cantava desde os registros dos anos 70, em demonstrações vocais intensas e extremamente competentes. O resto da banda também se acerta muito bem. A dupla Schenker e Jabs se mostra um dos duetos de guitarras mais impressionantes dos anos 80, da qual manam riffs, licks e solos notáveis. A cozinha formada por Franciz Buchholz no baixo e Herman Rarebell na bateria, que se formara em 77 com a entrada deste e persistiria até 93 com saída daquele, se não é extremamente técnica, é segura e idônea.

    O álbum é aberto pela energética faixa título "Blackout". Com uma guitarra base que não tem nada de básica, um trabalho de segunda guitarra que consegue ser sempre presente sem que a música fique muito carregada ou suja, um baixo bem esperto, uma levada rápida, crua, contundente e visceral, um solo rápido bem construído, um vocal agressivo e um refrão poderosíssimo (Blackout! (tã-nã-nã-nã-nã)/I really had a blackout!), a faixa título, que é sem dúvida um dos grandes clássicos scorpionianos, é a faixa perfeita para abrir o álbum, pois é a que melhor o sintetiza. Com gritos estridentes de Meine e o som de vidros quebrando termina uma faixa de tirar o fôlego. E o álbum está só começando.

    One... two... one... two... one, two, three, four! Abram alas para "Can't live without you"! Embora menos rápida que "Blackout" e com elementos que puxam mais para o hard rock, com o refrão pegajoso, um monte de firulas na guitarra, um riff empolgante e aquela levada lúdica, essa faixa consegue ainda sim ser uma porrada na orelha! Klaus mantém seu vocal forte e estridente, e Jabs destila um sem-número de excelentes licks de guitarra, na minha opinião, os melhores do disco, usando desde fraseados rápidos com tapping à Eddie Van Halen até algumas frases de blues.

    A terceira faixa foi o grande hit radiofônico desde álbum. "No one like you" saiu como single, ocupou o topo das paradas e deu origem a um daqueles clipes ridículos dos anos 80. Essa canção é uma legítima powerbalad, bem adeqüada ao hard rock oitentista, com um refrão forte, do tipo que o Scorpions explorou muito, e o fez com competência. "No one like you" consegue ser palatável sem deixar de ter peso e de ser uma ótima canção.

    Sucede a "No one like you" outra powerbalad:" You give me all I need". Co-escrita pelo baterista Herman Rarebell, um baixo pulsante, o uso constante de violão, refrão pegajoso e viradas de bateria bastante originais constroem uma faixa extremamente empolgante e sem excessos.

    Depois de duas músicas mais leves, a banda detona "Now!", um petardo de 2 minutos e meio, rápido, muito cru, direto e pesado. Klaus Meine canta como um animal, judiando de seu privilegiado gogó. A cozinha conduz a música muito bem, em especial Francis Buchholz, que nos brinda com uma das melhores linhas de baixo do disco.

    Antes que possamos recobrar o folêgo por "Now!", vem "Dynamite", outra pedrada (com o dobro da duração), tanto lírica quando musicalmente. Klaus Meine continua exigindo o máximo da voz, e Rudolf Schenker nos dá outro grande riff de guitarra. Matthias Jabs arregaça tudo com um dos melhores solos do álbum. Enfim, a seqüência "Now!"/"Dynamite" é a apoteose, o momento máximo, mais intenso e pesado do disco.

    Às duas pedradas, sucede "Arizona", uma faixa leve, inócua e divertida, com um riff empolgante, bem típica do hard rock oitentista.

    "China white" é uma faixa lenta, longa, sombria, pesada e de temática escatológica, que lembra muito Black Sabbath. Os riffs, as linhas vocais, os back vocals plangentes, a levada vagarosa e todos os elementos da música se concatenam formando uma música soturna e contundente. Os vocais de Klaus Meine são um ponto de destaque.

    Para fechar o álbum, temos a característica balada "When the smoke is going down". Depois de todo aquele peso, nada melhor que uma faixa calma para encerrar tudo. Depois de todo aquele peso, a suavidade da música cai muito bem e encerra muito competentemente esse grande registro.

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    posted by Armênio at 12:23 PM | 24 comments

    sexta-feira, janeiro 19, 2007
    Blá Blá Blá Underground: They like rock and roll for fun, even if money doesn't come...


    Um bando de gringos resolveram tentar a sorte no Brasil? Não. Um bando de tiozões roqueiros notálgicos resolveram matar a saudade? Também não. Todos os integrantes da banda carioca Novocaines tem abaixo de quinze anos e tocam Rock and Roll com letras maiúsculas, e com toda a vibração e fôlego que a idade pode lhes proporcionar. Acompanhe a seguir uma rápida entrevista com a banda. Coloque um rock dos brabos, pois a banda do vocalista e guitarrista Guilherme, do baixista e vocalista Pedro Cardoso e do baterista Pedro Fonte irá arrepiar-lhe até o último fio de cabelo! A entrevista foi realizada em conjunto com toda a banda, logo após um empolgante show.

    Primeira e básica pergunta: Como a banda foi formada?
    Nós formamos a banda na metade de 2005, pelo Pedro Fonte e o Guilherme, só que com outro baixista, todos nós vindos de outras bandas reunidos por amizade e por interesse comum de tocarmos covers de bandas que gostamos e que crescemos ouvindo.

    Quais são as principais influências da banda?
    Stooges, MC5, Hellacopters, Beatles.

    E quando vocês começaram a criar a músicas próprias?
    Na verdade, temos apenas três músicas próprias. Durante os shows e ensaios, começamos a criar músicas próprias, que no início não tocávamos por achá-las bastante ruins. Porém, com o tempo, fomos aprimorando nossas composições até acharmos boas o suficiente para tocarmos em shows. Preferimos cantar em inglês, pois em português as músicas ficam estranhas. Porém, abrimos exceção ao Cascavelletes.

    Como é a reação do público? Qual a música que mais empolga quem está assistindo?
    O público costuma responder bem às músicas, dançando, aplaudindo e pedindo para tocarmos covers. A música que mais empolga o público é o cover que nós tocamos de "Kick Out The Jams", do MC5 (Nesse instante, um amigo da banda diz que prefere o cover de "Purple Haze", de Jimi Hendrix).

    E o fato de vocês serem joves não fez vocês alguma vez vítima de preconceitos?
    Já teve uma vez que quando tocamos no Empório (N.E.: casa de shows em Ipanema, Rio de Janeiro) ficaram nos provocando dizendo "já falou com a mamãe que horas vão te buscar?" e "olha, a matinê já acabou", mas sempre levamos na brincadeira. Porém, os mesmos que brincavam acabavam sendo surpreendidos ao decorrer do show.

    E nesses quase dois anos de banda, o que a banda conquistou que seja algo digno de nota?
    Nós ganhamos o festival local Pontapé, cujo prêmio são 3 horas de gravação de em um estúdio, mas que ainda não gravamos. Também ficamos amigos da banda Os Azuis, e e eles costumam nos chamar para fazer shows juntos com eles.

    Quais os nomes das músicas compostas até agora?
    "I Like Rock And Roll For Fun, Even If Money Doesn't Come" que fala de tocar Rock And Roll pelo Rock And Roll, sem se importar com quanto dinheiro ganhamos no processo (Pedro, o baterista, comentou que ganharam algumas cédulas pelo show...); "What Goes Around, Comes Around" que fala, basicamente, que você colhe o que você planta; e uma ainda sem nome, que raramente tocamos nos shows.

    Voltando ao assunto da juventude: quando cada um de vocês começou a tocar?
    Pedro Cardoso: comecei a tocar baixo com 8 anos.
    Guilherme: comecei com teclado aos 9, depois comecei a tocar baixo, até chegar à guitarra e tocar em várias bandas.
    Pedro Fonte: Comecei a tocar bateria com 8 (N.E.: ele tocava outro instrumento antes disso, mas prefere esconder o passado).

    E para encerrar, gostaria de saber os discos preferidos de cada um de vocês!
    Pedro Fonte: Pô, não dá para fazer uma pergunta mais fácil?
    Guilherme: Sei que é clichê, mas... O "Funhouse", dos Stooges.
    Pedro Cardoso: O "Abbey Road" dos Beatles.
    Pedro Fonte: Não tem muito a ver com o som, mas o "I Should Coco" do Supergrass.
    _____________________________________________________
    Ei, psit! Ficou interessado?
    Então entre na comunidade deles:
    http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=6841520

    E aguarde até eles liberarem as músicas , mas mantenha o interessse mesmo, que eles são realmente promissores! Long live the young rock and roll!

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    posted by billy shears at 10:57 PM | 9 comments

    terça-feira, janeiro 16, 2007
    Aniversário do Dangerous Music!


    Há dois anos atrás, em janeiro de 2005, com uma formação bastante diferente da de hoje, surgia o Dangerous Music. Um blog de amigos que queriam simplesmente escrever sobre música, após se empolgarem lendo resenhas em sites e revistas. De início, as resenhas eram centradas apenas em álbuns clássicos. Então, outras sessões surgiram, como dicas de música, top5's, entrevistas, matérias sobre estilos e bandas. Nunca perdendo o espírito de falar sobre música dando a sua opinião, nunca pretendendo ser mais inteligente que o leitor, mas mantendo a maturidade.

    Hoje, quase uma centena de pessoas lêem o blog. O mundo ainda tem gente demais para dizermos que estamos fazendo suceso, mas nossos esforços em fazer propaganda daqui vêm mostrando resultados positivos . Esperamos que, nos próximos anos, o blog só venha a crescer, torcendo que para nunca percamos o espírito e consigamos manter os leitores antigos, mesmo conseguindo novos.

    E para falar sobre o blog, auto-descrição seria um certo ato de prepotência falarmos sobre alguma qualidade que tenhamos. E seria um pouco de falta de orgulho próprio fazer uma auto-análise negativa. Então, para falar do blog, quem melhor que os próprios leitores, que lêem todo o resultado final do que acontece por trás das cortinas? Então, leia a seguir, quatro depoimentos feitos por amigos leitores do blog à pedido de seus membros.

    "Dangerous Music é um dos poucos blogs em que se diz a crua verdade sobre música. Bandas boas, bandas ruins, tudo depende de crítica do leitor. Os rapazes que trabalham para manter esta instituição da música sempre ativa acabam com os limites de quem não quer saber o que eles têm a dizer, sejam coisas boas ou ruins. Aqui se lê de tudo (ou quase tudo), e se aprende, critica, visualiza, enfim, inúmeras proporções que o mundo da música traz e são transmitidas pelo Dangerous Music. Que a música continue! Aumentem o volume e apreciem as impetuosas músicas que vos oferecem!" (Carmem Luisa)

    "Foram dois anos escrevendo sobre àlbuns de forma fantástica, e espero que tenham mais muitos outros anos pela frente! Feliz Aniversário!" (Rafael)


    "Parabéns, Dangerous Music! Continuem assim, com posts freqüentes e resenhas bem escritas, sempre falando sobre inúmeras vertentes do rock, indo do pop punk até o metal extremo. Espero que o grupo permaneça com o seu abrangente gosto pra música, para que continue havendo uma variedade grande de bandas sendo avaliadas, já que o âmbito musical é maravilhoso e enorme. Falando agora de um dos membros em particular: Ber, garanto que uma bem sucedida carreira de jornalista musical o aguarda! Acho que vou começar uma campanha: Fanzine da DM, já! Hahaha, não deixem a peteca cair! Que venham mais dois, mais dois e assim por diante numa linda progressão aritimética!" (Eduardo)

    "Feliz Aniversário, Dangerous Music. Que mais adeptos venham a visitá-lo. Que suas resenhas ganhem cada vez mais fãs. Que sua forma madura de se expressar traga mais adeptos. Parabéns Dangerous Music pelos 2 anos de idade." (Luis)



    Enfim, pessoal, valeu pelo apoio de todos, todas as críticas, tanto as positivas quanto as negativas, por acompanharem regularmente o blog, pelos comentários, por postarem na comunidade do Orkut, e tudo mais. Agradecemos muito à todos vocês, dos leitores ocasionais aos mais freqüentes. E que venham mais anos, mais leitores, e mais posts. Um sincero muito obrigado a todos!

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    posted by billy shears at 9:35 PM | 22 comments

    sábado, janeiro 13, 2007
    The Jimi Hendrix Experience - Are You Experienced?


    Há 40 anos atrás, Seattle teve sua primeira estrela do rock. Um jovem guitarrista assustou toda a comunidade musical da época. James Marshall Hendrix mostrou a todos que o Rock And Roll não havia sido tomado definitivamente por garotos brancos ingleses ou americanos. Os negros ainda sabiam fazê-lo, e muito bem, diga-se de passagem. Um garoto que foi dispensado do exército por fraturar o joelho e alegar estar apaixonado por outro soldado e abandonou a escola impressionou gente como um dos pioneiros do rock Little Richard, o baixista do The Animals Chas Chandler e o músico de jazz Miles Davis e fez com que guitarristas como Eric Clapton, Jeff Beck, B.B. King, Pete Townshend e Jimmy Page considerarem como deveriam tocar seus instrumentos. E o mais incomum dessa história toda era o fato de Hendrix ser autodidata e canhoto.

    Com o baterista Mitch Mitchell e o baixista Noel Redding, Jimi Hendrix formou o The Jimi Hendrix Experience e pariu pelo menos três discos seminais: o disco desta resenha, "Are You Experienced?", "Axis: Bold As Love" e "Electric Ladyland" entre '67 e '68 (atente que Jimi, em curtos cinco anos de carreira, em uma produtividade assustadora, liberou cinco discos - três com o Experience e dois com a Band Of Gypsys, todos, obrigatórios e/ou altamente recomendáveis). A mistura de blues, psicodelia, rock and roll e distorção mostrou-se fundamental para que na década de '70 surgissem o Hard Rock e o Heavy Metal. Sem falar em sua consagração em festivais, como o de Monterey - onde ele eternizou sua imagem pondo fogo em sua guitarra e em Woodstock - onde ele tocou uma versão do hino nacional norte-americano e inovou ao simular sons de guerra tais quais como metralhadoras e bombas com sua guitarra, em protesto à guerra do Vietnã. Com o leitor do Dangerous Music e Jimi Hendrix devidamente apresentados, vamos então cair de cabeça em "Are You Experienced?".

    O álbum é iniciado por "Foxy Lady", onde um dos riffs de guitarra mais conhecidos soma-se a uma cozinha cheia de groove, resultando em uma das músicas mais sexys de todos os tempos. Até na letra Jimi ousa cantando "Eu estou querendo te levar para casa, yeah/Não te causarei nenhum mal/você tinha que ser toda minha, toda minha/ohh garota sexy", onde até esse ponto não se ia muito além do romance adolescente ou da dor de cotovelo. As paradas instrumentais deixam marcas indeléveis na mente, assim como os vocais animalescos.

    E não pense você que acabou. "Manic Depression" é outra marca registrada desse mestre da guitarra, sua levada contagiante e os pratos estalando deixam qualquer um hipnotizado. O riff tem uma sonoridade um tanto inusitada, assim como seu gritante e distorcido solo. Em vocais frenéticos como sempre, Jimi fala de uma depressão que tomou conta dele, causada por uma mulher. Doidaraça demais até para os dias de hoje.

    "Red House" mostra-se mais lenta, com uma levada deliciosamente bluesy, com o baixo tendo um importante destaque na música, ao construir uma base sólida, marcante e presente para que a guitarra de Jimi voe alto, em um solo literalmente chapante. A letra, apesar de em sua maioria ser triste, falando sobre ser abandonado por uma garota, é encerrada com os versos "Se o meu amor não me ama mais/eu sei que a irmã dela vai".

    A pancada volta em "Can You See Me", com a bateria pegando fogo e progressões e retrações guitarreiras que invadem seus tímpanos de forma impressionante. Tanto o riff cortante e inusitado quanto o chapante solo deixam o ouvinte extasiado com tamanha boa música. Na letra, Jimi chama sua garota e pede que ela preste atenção na música que ele está tocando e nas lágrimas que ele está derramando, em um refrão extremamente empolgante.

    "Love Or Confusion" traz uma guitarra mais melódica e uma levada mais lenta, além de outra ótima performance de Noel Redding. Mas como sempre, mesmo Mitch e Noel sendo ótimos músicos para a época, Jimi rouba a cena. Sua levada de guitarra totalmente imprevisível soma-se a vocais animalescos e uma letra se Jimi perguntanndo se ele está amando ou se apenas está confuso.

    A próxima, "I Don't Live Today" tem uma ótima, repetida e inusitada parte percussiva, enquanto a guitarra destila os sons mais inusitados e lisérgicos. Até tudo pesar no refrão, com a guitarra ganhando intensidade e peso, ajudada pelas vociferações inebriantes de Hendrix. A letra mais existencial até agora, com Jimi perguntando se ele estaria vivo no dia seguinte ou não, e ele diz que simplesmente não sabe, pois não vive os dias de hoje. O que o final tem de confuso também tem de alucinógeno.

    A sétima música "May This Be Love" tem contornos lentos e viajantes, começando leve e ganhando força percussiva enquanto a música transcorre. A letra também é viajante, apesar de falar de amor, está cheia de metáforas. O solo que Jimi imprime a canção, apesar de simples, é bem sentimental e marcante. Linda, louca e lisérgica.

    E agora temos pancadaria da boa. "Fire"! Dudivdo que alguém resista ao seu riff rápido e sua cozinha intensa, com a guitarra surgindo ao final de cada frase de Hendrix, que diz estar queimando de desejo, com Noel e Mitch gritando "deixe-me permanecer dentro do seu fogo", em um dos mais contagiantes refrãos que a história da música já teve. O solo é literalmente debulhante, deixa até o mais insensível coração de pedra pegando fogo!

    E Jimi resolve mostrar todo o seu lado psicodélico em "Third Stone From The Sun", com uma voz distorcida iniciando a música enquanto a guitarra inicia uma levada sideral. Com o tempo, o instrumental começa a crescer em força, compartilhando espaço com falas e ruídos imprevisíveis, chapantes e até meio soturnos. Quase sete minutos de pura imprevisibilidade musical. Cuidado para não ter alucinações quando a música acabar... Sei lá, nunca se sabe...

    "Remember" é uma balada deliciosamente grooveada, com a banda tendo uma ótima performance instrumental, dando à música um teor pop interessantíssimo e altamente desgustável, com a letra girando em torno de amor, felicidade e hipponguices em geral. Ao passar da música, a guitarra torna-se cada vez mais elétrica, fazendo dessa música uma balada um tanto quanto diferente, com um toque chapante e distorcido.

    E enfim, chegamos a última música, a faixa-título "Are You Experienced?". Começando com ruídos estranhos, a música mostra, só para variar um pouquinho, OUTRA levada impressionante de Jimi. Riffs, solos e levadas que você não encontrava em mais nenhum disco da época. Unindo a psicodelia que alcançava o showbiz com as distorções que ainda habitavam o submundo. E mais uma vez, o sem-vergonha Jimi dispara uma letra cheia de segundos e terceiros sentidos. O solo é um dos mais delirantes que alguém pode se dar ao prazer de ouvir.

    E isso era só o começo! Nos quatro discos seguintes, o garoto negro de sangue cherokee, morto aos 27 anos, continuaria surpreendendo a todos com uma música literalmente fora de órbita. Fez escola ao desenvolver o uso da alavanca e do wah-wah, elementos esses apresentados por Frank Zappa à Jimi e dominado com facilidade pelo mesmo, e ao utilizar distorções, solos e riffs que mostraram que o guitarrista deveria ser uma das figuras de maior destaque dentro de uma banda. É incrível acreditar que esse disco tenha quarenta anos, pois ainda transborda jovialidade - nas letras e na música, que não envelheceu um ano sequer. Isso que é música atemporal. Se você começou a ouvir rock, esse disco é mais do que necessário de se ouvir. Se você ama rock, com certeza esse disco está na sua coleção. E, se não tem nunca ouviu, não tem, e nem sente a mínima vontade de adquirir ou escutar, algo está terrivelmente errado. Procure a loja de discos mais próxima e implore ao vendedor. Por um simples motivo: se você passar por essa vida sem nunca ter ouvido Jimi Hendrix, ou você nasceu surdo, ou você foi um dos caras mais azarados que pisaram no nosso velho planetinha...

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    posted by billy shears at 2:26 AM | 10 comments

    terça-feira, janeiro 09, 2007
    The Stooges - Fun House


    Iggy Pop é o típico cara que muitos conhecem, respeitam e dizem ser um cara legal, como o pai do punk e um velhinho muito elétrico, mas poucos preocupam-se em ouvir tanto sua carreira solo tanto seus três seminais discos no Stooges.

    E para os que conhecem sua banda, vêem o tamanho da heresia que é chamar a banda de "dinossauros do Rock" - ainda hoje, o som deles foi algo poucas vezes equiparado. Há 40 anos, James Newell Osterberg, ex-baterista do The Prime Movers, um moleque que cresceu em um trailer, substituiu seu futuro flerte Kate Asheton na banda que seus irmãos, os deliqüentes Ron na guitarra e Dave na bateria, estavam formando. A formação era completada por Dave Alexander, um garoto que desde os 12 anos já cometia pequenos furtos e cheirava cola. O nome do grupo, como quem gosta deve saber, veio daquele saudoso trio, Os Três Patetas (The Three Stooges) com toda a sua violência engraçada e ingênua. Porém, esses caras não eram nem um pouco engraçados e ingênuos... Eram feios, pobretões, encrenqueiros, viciados... O tipo de gente que sua mãe não quer que acompanhe você.

    A banda teve a produção seu primeiro LP, auto-entitulado, sobre a batuta de John Cale, do Velvet Underground. Em 1969, só os MC5 tinham a mesma fúria. Mesmo com um som extremamente poderoso pra época com riffs tão elétricos que pareciam vir de uma guitarra entrando em curto, Cale havia dosado o som da banda. E ainda queria convencer os novos empregados da gravadora Elektra da necssidade de fazer sucesso entre o público alternativo para ser respeitado. Daí surgiu um tema vanguardista - chamado "We Will Fall" - com seus sombrios, chapados e pervertidos dez minutos de duração. No resto, o pau comia solto, mesmo em volume menor ao que os Patetas estavam habituados.

    Entre trancos e barrancos, a banda partiu para seu segundo disco, em meio à muita esbórnia, hedonismo e putaria. O produtor foi Don Galucci, ex-tecladista do Kingsmen, uma das primeiras bandas de garagem, autêntica influência dos Stooges, que cravou um único hit na história do Rock - "Louie Louie", uma homenagem à todas as "damas da noite" da beira do cais... Ele fez o que era certo para esses malucos - deixou suas cabeças chapadas de tanta cocaína, heroína, anfetamina e LSD parirem o som que bem entendessem. Então Ron ligou o volume de sua guitarra no máximo, distorceu-a o máximo possível, Dave Alexander começou a golpear seu baixo como se fosse um instrumento de percussão e Scott pegou suas baquetas e bateu... Mas bateu muito muito na coitada da bateria. Iggy Pop então começou a berrar, berrar e berrar. Os gritos mais demenciais que conseguia. E ainda contaram com a ajuda de Steve Mackay, um saxofonista porra louca. O nome do disco resultante dessa piração veio do apelido dado à casa que os Stooges utilizavam para ensaiar, drogarem-se e treparem com centenas de groupies. E que resultado foi esse?

    Um disco totalmente imprevisível, que não se parece com nada que veio antes ou depois. Descompromissado, pirado, distorcido, marginal - mostrando a violência que os Rolling Stones só representavam. Uma verdadeira anti-música, caótica, desorganizada, irracional, confusa, sem direção definida, sem forma exata.

    Lançado em 1970, "Fun House" marca toda uma era - só não me pergunte se ela encerra o sonho hippie ou dá início à todo o niilismo da Blank Generation.

    A primeira música, que as bandas normalmente utilizam como cartão de visitas, não é cartão de visitas pra ninguém. "Down On The Street" tem um riff abafado e psicótico, até Iggy completar o esporro com sua voz esquizóide. Sem noção nenhuma do que poderia ser diafragma, falsete, sustentação de notas, ele apenas berra, geme, enquanto a guitarra ruge, cheia de ruídos, uma verdadeira música feita pra incomodar. Iggy fala sobre todas as garotas que encontrou pela noite, todas as falsas juras de amor e todo o sensualismo escandaloso das garotas.

    "Loose" é iniciada com mais espancamentos de bateria, mais um riff de guitarra que vai escalando a montanha até rolar a mesma e tornar-se uma avalanche de sujeira. Dos gritos empolgados, passando pela voz rasgada, chegando ao refrão em tom pervertido, e um solo que solta os bichos. "Eu consegui uma gravação de música bonitinha/Eu fui abaixo e baby, você pode falar/Eu consegui uma gravação de música bonitinha/Agora estou pondo isso pra você direto do inferno", vocifera Pop.

    Falando em vociferações, gritos, berros e despinguelamentos: lhes apresento "T.V. Eye", a canção com um dos berros mais primais de toda a história da música - sim, a canção que Iggy grita "LOOOORD" no início. E Ron dispara um dos riffs que definiram o que é rock pesado, violento e em estado bruto. A bateria entrando em galope é uma voadora na garganta. A irmã de Ron e Scott, Kathy, usava essa expressão T.V. Eye (sigla de Twat Vibe Eye) quando ela estava com desejo por alguém ou quando um garoto dava aquele olhar cheio de segundas e terceiras intenções pra ela. Quando um músico pervertido feito Iggy Pop descobriu o significado dessa expressão, claro que ele tinha que fazer uma música com esse nome! E ele, entre rugidos apocalípitcos e vocais rasgados, conta o seu caso com uma garota que está olhando cheia de desejo pra ele. E chega de explicação... Energia não se define; energia é sentida.

    "Dirt" é introduzida pela bateria, somada a uma ótima linha de baixo, revelando uma das canções mais lentas do álbum. A guitarra, extremamente berrante, parece esfaquear o ouvinte aos poucos, e com vontade. Ouvir um álbum dos Stooges no máximo é sensação certa de sentir o ouvido sendo perfurado. E Iggy, com a voz arrastada, parecendo que vai cair no chão, canta coisas como "Eu tenho estado sujo/E eu não me importo",e "Porque eu não me importo/Eu estou apenas sonhando essa vida/E você sente isso?/Disse, você sente isso quando me toca?". O solo de Ron é impressionante, a parte mais elétrica e aguda da canção. "Play it for me, baby, with love!"

    Os malucos de Ann Arbor tinham o costume de nomear algumas de suas canções com o número do ano em que foram lançadas. Essa é a origem do título de "1970", canção esta que é iniciada por mais um berro alucinado de Iggy, e a velocidade é retomada, com os riffs torturantes de Ron e o ritmo bate-estaca criado por Dave e Scott. "Bonita garota/Alimentou meu amor a noite inteira/Até eu me mandar/Me mandei a noite inteira" diz Iggy, sem arrependimento nenhum, como pode ser visto no refrão "Eu me sinto bem!". E o saxofone surge de repente, imprevisível, veloz e no limite, puxando o ouvinte pelo pescoço para que ele caia no caldeirão de violência e loucura.

    Entra a faixa título "Fun House", a mais longa do disco, com o saxofone iniciando a canção de forma tão aguda e tão repentina quanto um flato, que pode fazer o ouvinte pular da cadeira. Quase oito minutos de tudo o que o álbum é está aqui: berros desesperados, distorções, riffs rápidos e insanos, letra pervertida, uma parede sonora inconstante e violenta, guitarras crescendo e retraindo-se enquanto os versos decorrem. Nenhum instrumento está exatamente em coesão ou harmonia com o outro. Nenhuma estrutura a ser seguida. "Sim, o garoto da Funhouse vai roubar o seu coração. Eu vim jogar, baby".

    E "L.A. Blues" não é exatamente rock. Não é nem exatamente música. Não tem letra, riff. É apenas um bando de notas de baixo, guitarra e saxofone, batidas desconexas e berros completamente pirados que completam quase cinco minutos. Não dá pra falar se tem uma parte mais pesada ou mais arrastada - é uma profusão de climas e ritmos simplesmente horripilante.

    Os Stooges gravaram a trilha sonora para os últimos dias do mundo. A trilha do apocalipse viria três anos depois, em "Raw Power", mas "Fun House" é totalmente fantástico, é até um crime dizer que um álbum dos Stooges é melhor que o outro. Mas esse, com certeza, é o mais livre de amarras - o primeiro não tinha tanto volume e "Raw Power" não tinha tantas drogas... Um dos registros definitivos de toda a música, mostra como era toda aquela geração sem futuro filha da Segunda Guerra e vivente da repressão de Nixon e da violência do Vietnam.

    "Foi basicamente um álbum ao vivo no estúdio. Paz e amor não fizeram muita parte dele. No fundo a gente não se importava muito em fazer alguém se sentir bem. Estávamos mais interessados no que estava acontecendo realmente, na merda tediosa que era e no jeito que você era tratado. 'Dirt' é um exemplo perfeito disso. Sabe como é: 'foda-se toda essa merda, somos lixo, nós não nos importamos'" (Scott Asheton)

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    posted by billy shears at 11:58 PM | 11 comments

    segunda-feira, janeiro 08, 2007
    Millencolin - Pennybridge Pioneers


    Sem dúvida, o "Pennybridge Pioneers " é um dos maiores clássicos hardcore da banda sueca Millencolin. Responsável por parte do sucesso da banda, e pelo seu primeiro Disco de Ouro, o Pennybridge Pioneers representa, em termos, a acensão dos moleques skatistas para um dos maiores símbolos contemporâneos do hardcore, que lotaram mais de 15 mil pessoas, ano passado, em São Paulo, Curitiba, Vitória e Rio de Janeiro.

    O Disco começa com uma pegada bem hardcore, no maior estilo Millencolin; "No Cigar" fala de dilemas pessoais - "I don't care where I belong no more./What we share or not I will ignore."(Eu não ligo mais de onde eu pertenço./O que compartilhamos ou não, eu vou ignorar). O fato da música também estar acessível no jogo Tony Hawk's Pro Skater 2, trouxe fama e fãs para a banda; sem dúvida, uma maneira criativa e efetiva de publicação do trabalho.

    A seguir, "Fox", um pouco mais leve, é uma balada. Ela narra as aventurasde um sujeito que tem uma mobilete - "She's my world, she's so rad.She's the best ride I ever had."(Ela é meu mundo; ela é tão boa.Ela é o melhor veículo que já tive.).A música rendeu até clipe. Há grande harmonia entre as guitarras de Erik e Mathias e a Bateria de Larzon. Nikola também não depepciona no vocal, trazendo emoção à trama.

    "Material Boy" se firma , também, como clássico. Uma das músicas favoritas até da banda. Um ritmo hardcore frenético, com direito a solo. Nikola interpreta um cara materialista - "Now i'm shopping/I'm not stopping"(Agora eu estou comprado.Não estou parando). Alguns absurdos tornam a música naturalmente engraçada. Uma sá tira bem construída.

    O começo de "Duckpond" é dominado por Nikola, tanto quanto no vocal relaxado quanto no baixo. Neste ponto, percebemos a tristeza da banda, ao sair deOrëbro, Pennybridge, para fazer sucesso lá fora. Há oscilações entre a balada e uma pegada hardcore puxada pela bateria de Larzon. O título condiz com o contexto central - amigos e distância.

    "Right About Now "é voltada para o punk. A começar pelo tamanho - menos de dois minutos. Tratando de dilemas jovens como idade "At 23, I was far from feeling free./At 24, my life was a big bore./Now I'm 25 and I'm still not high,yeah, I'm 25 but still alive."(Aos 23, eu estava longe de me sentir livre.Aos 24, a minha vida era um grande tédio.Agora, tenho 25 e não cheguei ao topo, yeah, tenho 25 e ainda estou vivo.) e com direito a solo, a música é bem engajada , tanto ao contexto ideológico quanto ao musical.

    "Penguins and Polarbears" trata sobre o final de um relacionamento. Sendo assim, sempre há uma certa briga entre os dois lados "You're on the top when I'm low/As soon as you're fading I will grow/I don't like you, you don't like me/We're lacking energy"(Você está no topo quando estou baixo. Ao passo que você cai , eu cresço.Eu não gosto de você; você, não gosta de mim.Estamos desperdiçando energia.). Reconhecida até pelo eu-lírico como uma briga boba. A bateria dessa música chega a ser invejável, sem dúvida. Os vocais conjuntos dão mais emoção à melodia, que, de tão clássica, rendeu até clipe.

    "Hellman" também tem o costume de oscilar. Desta vez, temos uma pegada punk e outra acompanhada pela percusão. A letra trata sobre as incertezas que muitos jovens passam, em relação aos relacionamentos, à segurança no investimento deles : "Well I'm too scared to Have the guts to say what I Think".(Bem, estou muito amedrontado para dizer o que eu penso, realmente).

    Seguida de Hellman, "Devil Me" confirma que Millencolin é um hardcore "nerd" dadas inúmeras referências culturais; tratando um pouco sobre nostalgia - querer dois mas só poder ter um: "I want it all, I want it all to stay right here./I want it all to be a part of Slick Nick's sphere."(Eu quero tudo, quero tudo para ficar aqui.Eu quero fazer parte da esfera de Slick Nick.), Devil Me possui uma letra engraçada, também. Um ritmo bem maneiro e constante embala a música.

    "Stop to Think" começa com uma guitarra medonha, diminuída pela bateria de Larzon. Daí em diante, o tom da música vai crescendo. Abordando outro dilema pós-namoro, a mania de querer infernizar a outra parte responsável pelo relacionamento: "but I will come back every year/to be the fifth wheel you don't need."(Mas eu voltarei todo ano/ para ser a quinta roda que você não precisa).

    "The Mayfly" tem uma estrutura bem construída tanto pela guitarra quanto pela bateria. Com um ritmo overhappy, a música tem um solo no final. Os backing vocals de Mathias e Erik fecham a melodia.

    A seguir, "Highway Donkey" trabalha com o monte de problemas que separam a juventude da adolescência: "Just because I'm older now does not mean I'm complete./Yeah, I still have got fear, it's not as strong but it's still here."(Só porque estou mais velho, não quer dizer que estou completo./Yeah, eu ainda tenho medo, ele não é forte, mas ainda está aqui). O solo dessa música é um dos melhores do disco. Nikola canta sério e prova que o hardcore da banda evoluiu, trazendo mais ideologia. Fugindo um pouco da linha de Yellow Dog e Story of my Life.

    "A-Ten", um dos maiores clássicos da banda começa com uma guitarra chorosa, seguida dos tambores de Larzon. Nikola , também sério na música, interpreta um amigo que consola seu camarada por ter perdido alguma parente importante: "You lost someone you love/There is no greater pain above"(Vôcê perdeu alguém que você ama/não existe dor maior).Com uma primazia esplêndida, a letra parece não só consolar oamigo do eu-lírico, mas também, o ouvinte que se encontra em situação similar.

    Para quebrar o clima," Pepper " arromba a porta da frente com um ritmo festivo delicioso. A letra, entretanto, não deixa de ser alentadora : "It's ok to take a fall/If you have good intentions/as long as you give it all/ you'll feel good inside".

    Por fim, "The Ballad ",responsável por uma parcela do sucesso da banda, começa harmoniosa, com um violão. A bateria entra conforme Nikola narra a trama. Um menino que sofre bullying na escola: "The last selection in the ballgame./Does never get a pass. Not appreciated's just his first name./He's the scapegoat of the class./There are no friends to cheer him up and no girls, no sweet romance."(A última escolha no jogo de bola/Ele nunca recebeu um convite. Não é valorizado, apenas seu primeiro nome/Ele é o "bode expiatório" da classe./Não há amigos para consolá-lo, não há garotas, ou romance algum) Do meio até o final, a música assume um caráter post-hardcore. Nikola põe toda emoção que tem na música. Punk de nerd? Quantas bandas de hardcore vocês conhecem que abordam este assunto?

    Sendo um dos maiores sucessos da banda, e responsável por mais de 37 mil cópias vendidas só na Austrália, o "Pennybridge Pioneers" pode assim ser considerado, tanto por ser um acervo de clássicos, como por ser uma fase de transição ideológica da banda sueca que, sem dúvida, marca a história do hardcore. contemporâneo.

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    posted by Hugo ∂i-mark/∂x at 11:54 PM | 8 comments

    sexta-feira, janeiro 05, 2007
    Música sentimental é música ruim? Um questionamento sobre o emo.

    (Matéria feita em conjunto por Ber, Sam e Vitor)


    Surgido em meados da década de 80 no circuito underground americano, a designação emo muito provavelmente já tem mais de vinte anos; porém, o rótulo, há aproximadamente três anos tomou o mundo de assalto, com bandas de sonoridade punk utilizando-se de letras sentimentais, assim como o Buzzcocks fez pela primeira vez há quase 30 anos atrás. Porém, os mesmos 20 anos também mostraram que esse não é um termo apenas agrupador, mas pejorativo na maioria das vezes.

    Falar de sentimentos virou motivo de discriminação entre as tribos do rock nos dias de hoje. Ora, Elvis cantava sobre o amor. Os hippies dos anos 60 clamavam "Faça amor, não faça guerra". E o porquê de tal preconceito nos dias de hoje, ninguém sabe explicar. É como o apartheid na África. Se somos todos iguais e se o Rock tem como objetivo alcançar a liberdade por meio da destruição das barreiras do senso comum, não estamos sendo muito hipócritas quanto a isso?

    O movimento ganhou força no Brasil na primeira metade da primeira década do século XXI, lançando pelo país banda que falam sobre o que muita gente tem vergonha de expressar (uma coisa totalmente idiota, ao meu ver). Em 1999 o Los Hermanos lançam um disco que é um ska-emocore daqueles que você não cansa de ouvir. É fato que os fãs da banda causariam um apocalipse sobre sua cabeça se você afirmar isso da banda, mas não dá pra fugir da realidade. A banda é uma das precursoras do estilo no Brasil, mas agora aposta mais num estilo intelctual, fazendo harmonias para encantar a elite estudantil brazuca. Seguindo em frente, hoje temos como maiores ícones do emocore brasileiro bandas como Fresno e Dance Of Days, duas ótimas bandas que são muito discriminadas por falar do que é mais comum num ser humano.

    Vale lembrar, que o preconceito contra o emo não é, propriamente, algo inédito. É só retrocedermos um pouco no tempo e analisarmos o início dos anos 70, quando o Glam Rock de David Bowie, T. Rex, Slade, Sweet, Gary Glitter e Suzi Quatro invadiu as paradas, desbancando os já consagrados Beatles e o rock pesado de Black Sabbath, Led Zeppelin e Deep Purple. Ora, o estilo e seus fãs foram extremamente discriminados por usarem maquiagem, ter um estilo andrógino e colorido e incentivar o comportamento bissexual.

    E hoje, o mesmo estilo tão recriminado na epoca é considerado pelos saudosistas (que a maioria, a bem da verdade, nem chegou a vivenciar a época para sentir saudades da mesma), é considerado algo fenomenal, marcante, um momento único na história do rock and roll; será que se eles vivessem nos anos 70 e curtissem as pancadarias do Led e do Sabbath eles gostariam de caras maquiados e bissexuais? Os mods - fãs de The Who e os rockers - fãs dos Beatles passaram a década de 60 inteira saindo na pancada para provar qual banda é a melhor. E hoje em dia, quem gosta de Beatles, gosta de de The Who. Quando, em algum momento, os odiadores de emo pararam algum instante para pensar nisso, que o seu precioso e unificado rock está cheio de feridas causadas tão somente por um preconceito desnecessário?

    Mick Jagger, no final da década de 60 e no início da década de 70, não havia adotado uma postura andrógina, cheia de trejeitos que fez muitos na época desconfiarem da sua sexualidade? E quem não conhece o affair dele com David Bowie? Axl Rose, vocalista do Guns 'n' Roses, já disse em entrevistas que certa vez que foi discriminado na escola por gostar de Rolling Stones, já que Mick Jagger havia beijado o guitarrista Keith Richards em um programa de televisão.

    Se pararmos para analisar, as bandas de metal melódico também falam de romances, ainda que sejam totalmente enfeitados, idem sobre as bandas de hard rock, essas sim possuem letras piegas e mela cueca. É mais sensato dizer que o Sebastian Bach era mais corno que o Pierre do Simple Plan, por exemplo. O mais estranho de todo esse ódio é que boa parte vem dos "punks" revoltados com o que o som raiz deles se tornou (na verdade, nem deles é, os caras fazem um moicano, colocam uma jaqueta e já se acham muito anarquistas). A verdade é que os próprios emos são bem mais punks que muitos que se auto intitulam só por ter um moicano de três metros. Defendem a liberdade de expressão e sentimentos, logo, são basicamente livres de preconceitos em sua maioria, já os metidinhos a punks parecem odiar emos, gays e qualquer um que use maquiagem, pinte o cabelo e etc. Porra, cara, o Iggy Pop usava maquiagem e nunca deixou de ser foda, por que com os emos tem que ser diferente? Medo de perder a pose de fodão? Sinceramente, se esses são os punks que sobraram, o movimento está definitivamente MORTO.

    Lá fora, bandas como Rufio, The Used, Dashboard Confessional, e até mesmo os post-hc de Funeral For A Friend, From First To Last e Saosin são também bandas que os emos brazucas levam consigo na cabeça. E olha que lá fora o movimento nem é tão discriminado como aqui no Brasil. Ah, sim, o Brasil é o país da liberdade, já ia me esquecendo. Aqui não há preconceitos e nem nada.

    O modo de se vestir de um emo faz com que nenhum outro indivíduo possa optar por escolher um corte de cabelo semelhante a um adepto do movimento que já é adjetivado como EMO. Se você quer fazer uma franja, você é emo. Se quer pintar seu cabelo de verde, é emo. Se quer usar um cinto de rebites e quadricular seu all star, é emo. Tá certo que o visual emo tem um pouco de cada estilo, mas rotular de mau grado aqueles que usam porque lhe convém um colar de bolinhas preto e branco é muita falta de bom senso. E esse papo de “modinha” já ultrapassado, pois se você olhar no Orkut vai achar mais comunidade anti-emo do que comunidades do próprio movimento. E a modinha é de quem mesmo?

    O preconceito com o emocore já se tornou mais moda que o próprio estilo, levando a casos que incluem até homofobia. É mais fácil dizer que esse ódio gratuito contra os emos é apenas para não ser o "bicha" da turma e ser mais um no circulozinho social nojento que tantos grupinhos de adolscentes fazem. Ora, se odeiam emos apenas por serem sensíveis e, às vezes bi ou homo, por que não odiar metaleiros, indies e góticos? Todas essas tribos urbanas citadas são piores que os emos, possuem o ego inflado demais, se acham pelo fato de ouvirem metal ou bandinhas fundo de garagem e etc. Sinceramente, uma puta demonstração de hipocrisia concentrada nos adolescentes. Pior ainda, criticar a música que o emo gosta, mesmo muitas vezes nem sendo o emocore de raiz ou coisa parecida, muitas vezes sendo o post-hc, o screamo ou o pop punk - para tornar uma coisa mais fácil de odiar, os revoltadinhos "mamãe quero ser cool" embalaram tudo em um único pacote e jogaram na fogueira.

    “No início, era legal sermos identificados como referência do emo no Brasil. Mas, hoje em dia, virou algo pejorativo. Qualquer grupo que não fale de maconha, de putaria ou de política é emo. Qualquer um que fale de amor é chamado de emo” Lucas, vocalista do Fresno.

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    posted by billy shears at 5:06 AM | 8 comments

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