"Meus fãs só conseguem se relacionar comigo porque minha música nunca esteve nas paradas populares, totalmente fora da realidade. Essa é a principal característica que sempre ficou mal entendida sobre mim. Toda essa porcaria que eles falam que eu fiz - mexer com sangue, praticar atos profanos - eu só fiz isso porque acreditava que eu estava certo e que estava fazendo a música que pessoas reais que tinham uma vida real iriam querer ouvir. Minha música se espalhou justamente por contradizer a porra da pirâmide comercial." (Iggy Pop, explicando a razão do seu sucesso)
"Os Stooges eram como uns maníacos, energia bruta. Este era o nome perfeito pra eles - The Stooges, como se os três patetas tocassem rock and roll, como seria o som deles? Como o dos Stooges. E eles precisavam de um vocalista - bem, que tal o Iguana? Perfeito. Totalmente demente, totalmente enlouquecido. Iggy foi muito influenciado por Jim Morrison. A poesia de ambos era muito literária e muito apaixonada. E eles partilhavam um grande lance de paixão em suas performances. Santo Deus, falar a respeito de tocar com músicos apaixonados. Iggy Pop e Jim Morrison estavam entre os cantores mais apaixonados com quem já estive no palco." (Ray Manzarek)
"Iggy colocava vida e perigo em cada show. Vi-o ensanguentado em cada um dos shows. Cada um dos shows envolvia sangue de verdade. Dali em diante, rock and roll não poderia ser nada menos que aquilo pra mim. Tudo que fiz - seja escrevendo ou tocando - tinha sangue nas páginas, tinha sangue nas cordas, porque qualquer coisa menos que isso era uma merda e uma porra de perda de tempo." (Scott Kempner)
James Newell Osterberg Jr., poderia ser hoje em dia um pacato cidadão do Meio-Oeste americano, filho de professores e ser um acomodado, que cresceu em um trailer perto da universidade de Michigan entre as cidades de Ypsilanti e Ann Arbor, sofrendo de violenta bronquite e princípios de asma, que já havia sido um excelente e bem-comportado aluno. Isso se os produtos elétricos da sua casa não produzissem sons dos mais diversos que acabaram incetivando o garoto a escutar jazz, blues, surf-music e rock and roll dos anos cinquenta. Isso se ele não começasse a tomar mais remédio pra asma - que o deixava elétrico - do que o recomendado. Isso se não tivesse ouvido o clássico do Kingsmen "Louie, Louie". E quando ocorreu a invasão britânica, passasse a venerar as bandas mais agressivas do levante, como The Who e Rolling Stones. E não tivesse largado a universidade e trabalho em loja de discos para trabalhar com músicas, e se não tivesse conhecido Velvet Underground, se nunca tivesse conhecido os irmãos Asheton, se nunca tivesse ido a um show do The Doors, se nunca tivesse ouvido falar no músico experimental Harry Partch...
O leitor percebe como que tantos fatos aparentemente mundanos, sem nenhuma conexão entre si e que podem acontecer com qualquer pessoa, possam fazer com que alguém torne-se uma das maiores lendas do rock and roll, e por conseqüência, da música pop do século vinte? Há exatos sessenta anos nascia um dos muitos frutos desses meios tão caóticos e difíceis quanto divertidos e interessantes, assim como Lou Reed, Joey Ramone, Ozzy Osbourne, entre outros. Há 30 anos atrás, após o fim dos Stooges, Iggy Pop era apadrinhado pelo então megastar David Bowie desde a época dos Stooges (e, segundo as más línguas - incluindo a do próprio Iggy- a amizade dos dois chegava ao affair), e foi convencido pelo mesmo a iniciar sua carreira discográfica. Após alguns meses, saíam em 1977 os dois primeiros registros de Iggy: "The Idiot" e "Lust For Life".
O camaleão produziu e ajudou o iguana com suas as composições, além de fazer backing vocals. Na época, os dois estavam passando uma temporada em Berlim, local que viu nascer a trilogia alemã de Bowie, formada pelos discos "Station to Station", "Heroes" e "Low". Mas, apesar da frieza emanada por esses discos de Bowie, Berlim não diminuiu o calor de Iggy e seu tesão pela vida. Produziu dois de seus melhores discos solos lá. E com muito custo seu humilde escrivão escolheu o preferido para escrever sobre.
A bateria da canção título "Lust For Life" se junta a um riff de guitarra rocker, e Iggy entra como um tigre contando todas as todas suas peripécias e crônicas urbanas, e já diz no refrão "Bem, eu sou apenas um cara moderno/É claro que já tomei na orelha antes/Por causa de um tesão pela vida/Pois eu tenho um tesão pela vida". Uma das melhores músicas compostas pelo Iguana, mesmo não tendo a ajuda dos Ashetons. Refrão empolgante e berrado, um vocalista cínico e puro vigor roqueiro. Também é a música que introduz a versão cinematográfica do drama junkie "Trainspotting", quando Mark Renton, Spud e Sick Boy estão fugindo da polícia.
E a energia continua sendo liberada, agora em "Sixteen", que apresenta uma guitarra mais elétrica ainda, só que em menor velocidade. E Iggy conta como é estar com um tv eye pra cima de uma garota de apenas dezesseis anos. "Doce dezesseis em botas de couro/Corpo e alma, eu fico tão louco/Baby, baby, eu tenho fome/Doce dezesseis", canta nosso cínico narrador. Dois minutos e meio de tesudo delírio roqueiro.
"Some Weird Sin" não deixa a peteca cair. A velocidade volta, só que com maior melodia, onde se abusa das notas agudas no riff. E Iggy apresenta notável evolução na técnica vocal, realmente cantando muito ao invés de berrar, rugir, vociferar e gemer as letras como nos seus dias com Stooges. Iggy diz que acha tudo demasiadamente careta, sentindo-se triste e doente, sentindo necessidade de algum pecado bem estranho para que o sangue volte a circular alegremente nas suas veias.
Cadenciada e em tom cínico, esta é "The Passenger", dona de um groove delicioso e com um refrão estilo "la la la", enquanto declara seu estilo de vida nômade e noturno, sempre envolvido com garotas, superficialidade e beleza. A canção não varia muito de estrutura, a não ser por uma aparente melodia maior no refrão. A bateria marcial imprime na canção um ritmo realmente grudento.
"Tonight" é o nome da balada do álbum. Até os mais desavisados ou menos informados conseguem identificar os backing vocals como sendo de autoria de David Bowie. Começando em tons épicos, a canção cai em um tom melódico e açucarado, e Iggy conta a chocante história de ver a garota que amava morrer de overdose, e diz no lindo refrão que tudo estará bem esta noite, pois ele a verá no céu ainda hoje, supondo uma idéia de suicídio. Um Iggy "shakespeareano" entrega uma grande performance com eloqüência e voz grossa.
Uma música pop cínica surge em "Success", onde Iggy dá uma bela zoada no show business desde o primeiro verso, dizendo "Lá vem o sucesso/Lá vem o meu carro/Lá vem meu tapete chinês/Lá vem o sucesso". Aqui Iggy faz umas vocalizações meio zoadas, provando que, mesmo abandonando sua antiga banda, ainda era um autêntico pateta. O maroto ainda compara o público selvagem a um zôo e diz que vai fazer qualquer coisa que quiser. Tente não cantar quando a canção acabar.
"Turn Blue", como o nome sugere, é carregada de influências blues, arrastada e com um Iggy ultrapassando o limite da razão nos vocais, passando pela rouquidão, falsetes, vocalizações zoadas, berros e tudo o mais, enquanto relata seu desejo por uma garota negra. Sente inveja dos negros conseguirem chegar nela, comenta de ter se injetado todo e sente-se uma fraude por, mesmo sendo Iggy, não saber como dar em cima da garota.
A sociedade decadente é analisada por Iggy Pop em "Neighborhood Threat", canção que retoma o vigor roqueiro com uma forte bateria e guitarra elétrica, mas os backing vocals e teclados ainda inspiram certo clima acessível. Iggy narra, em tom sério, em uma letra que divide falta de esperança e certa crítica social.
"Fall In Love With Me" tem um clima meio anos 60, com uma letra meio "bobdylanesca", somando isso a guitarras sinuosas e um fundo estático, muito provavelmente abrindo caminho para que o poderia vir a ser a new wave. Caso descontássemos todo o cinismo com o que o autor escreve suas letras, seria uma animada e até dançante canção romântica. Porém, estamos falando de mr. James, que insiste em perverter tudo genialmente à sua maneira.
Sessenta anos. Quem diria que um dos homens mais doidos do rock and roll chegaria a essa idade, quando todo mundo apostava que ele acabaria numa cova feito Jim Morrison, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Brian Jones, Johnny Thunders e tantos outros em pouco tempo? Quem diria que o cara que já quebrou quase todos os ossos do corpo, já derramou sangue no palco e que fez o diabo no palco e na música chegaria um dia ser sexagenário? Pergunta-se a mesma coisa de Keith Richards, Lemmy e Jerry Lee Lewis, e não se obtém resposta. E pelos mais de quarenta anos de serviços prestados à boa música de atitude e qualidade, só temos que agradecer e desejar nossos sinceros parabéns ao Iguana.
E também lembrar que pro inferno com Elvis Presley, Iggy Pop é o rei do rock!
Marcadores: Resenhas
7 Comments:
nenhum deles é rei, e sim Chuck Berry!
ahahhauahauahauahau parabéns pro Iggy
muak ;*
CARALHO, UMA MERDA DE COMENTAR NESSA PORRA DE BLOGGER.
Boa a resenha e ponto final.
Que caralho de Gmail a puta que lho pariu do filho duma cadela que criou esse cu.
iggy pop é massa! realmente uma das figuras legendárias do rock
Ber,
Não blasfeme, vai.
Hahah brincaeira, eu também não acho que o Elvis seja rei, no máximo um aristocrata influente.
E by the way, esta capa e totalmente NÃO acessível. :D
Abraços,
Luis
"Quem diria que um dos homens mais doidos do rock and roll chegaria a essa idade, quando todo mundo apostava que ele acabaria numa cova feito Jim Morrison, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Brian Jones, Johnny Thunders e tantos outros em pouco tempo?"
simples, ele não se drogou o bastante, oras!
e ninguém é rei além de mim \o/
E by the way, esta capa é totalmente NÃO acessível. :D [2]
IGGY!
E agora, as novidades: p* de Iggy f* pra chuchu. Amo-o.
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