Arcade Fire - Neon Bible: O fato é que hoje em dia, poucas bandas podem se equiparar ao Arcade Fire ao nível de inovação. O grupo de sete canadenses provoca uma mistura hipnótica e catártica de rock sessentista e setentista, música clássica, climas fantasmagóricos, contraste entre vocais masculinos e femininos, destreza pop que não se via desde o estouro pós-punk, instrumentos estanhos ao rock (violinos, acordeões, xilofones, sintetizadores) junto ao conjunto baixo-guitarra-bateria-teclado. Apesar de belíssimas harmonias, a música é imprevisível; o pop ensolarado e de refrãos grudentos em segundos pode se transformar em epopéias intensas. Toda as críticas positivas que dirigem ao grupo são mais que justas, especialmente agora nesse novo álbum de 2007. Tente não cantar o dia inteiro o refrão de “Keep The Car Running”, não ficar com medo da psicose mórbida de “Neon Bible”ou não ficar hipnotizado com “Intervention”. E, incrível – essas músicas vem na seqüência, antes mesmo do álbum chegar à sua metade. E todas as músicas têm algo para se destacar, algum tratamento diferenciado, alguma reviravolta impressionante. E como diriam as televendas 011-1406, não é só isso. Ainda tem “(Antichrist Television Blues)”, “No Cars Go” e “My Body Is A Cage”, três das canções mais intrigantes e perfeitas da década. E vale lembrar, são os novos ídolos de David Bowie. E convenhamos, quem aqui duvida do gosto para música do cara que nos anos 70 disse que Lou Reed e o Velvet Underground e Iggy Pop e os Stooges seriam grandes?
The Magic Numbers - Those The Brokes: Caso ser normal no rock não fosse ser esquisito, uma banda de gordinhos simpáticos como o The Magic Numbers mereceria mais atenção. Apesar de serem britânicos, o quarteto formado por dois casais pratica uma música bastante açucarada - assim como os pratos que devem comer – buscando inspiração nas melodias cativantes dos Beach Boys e das harmonias vocais grudentas do The Mamas And The Papas. O início com “This Is A Song” já relaxa os ouvidos e deixa o ouvinte curtir os belos arranjos que a banda preparou para seu segundo álbum lançado no final do ano passado. Óbvio que você não deve ouvir achando que é um novo Pet Sounds, ou no outro extremo da coisa, que é apenas uma banda hype qualquer. Apenas um registro que ajuda a manter um sorriso no rosto, apesar de que não é toda hora que alguém agüenta ouvir um álbum com mais de uma hora de duração por inteiro. Mas ainda assim, a leveza e emotividade de músicas como a seqüência “Boy” e “Undecided” não é algo que estamos habituados a ouvir todo dia. Pelo bom trabalho, merecem um doce.
Klaxons - Myths Of Near Future: A Europa e as Américas estão mandando o mundo preparar o visual colorido para dançar. A cena nomeada pelos críticos de “new rave” que funde momentos indie rock com música eletrônica, sons diversos e momentos caóticos descendente da “geração Madchester” de Stone Roses, Inspiral Carpets, Charlatans e Happy Mondays dá frutos nos esquizofrênicos dias atuais – e já não era sem tempo; e a banda que encabeça a cena em que estão presentes desde o Devo do século 21 do Data Rock até a ironia doidona do Cansei de Ser Sexy, é o grupo mais falado dos últimos meses, os Klaxons. E não à-toa; difícil é não dançar com esse pessoal, especialmente esses últimos. Quatro caras que pariram um álbum tão bom que chega a ser difícil de destacar algo. Parecem até mitos de um futuro próximo! O frenesi dançante de “Totem On The Timeline” encontra contraste na fantasmagoria vibrante de “Isle Of Her”, e continuamos nos perdendo em vocais pops se perdendo em meio a baixos encorpados, batidas eletrônicas e reviravoltas que botam pra remexer - quem disse que a perdição não era o futuro? Se 2006 foi o momento da música sair definitivamente do disco, 2007 é o momento de conhecer toda essa esquizofrenia onde todos podem ouvir e tocar de tudo. Um brinde à esse novo mundo que compreendeu Frank Zappa e obedeceu sua ordem: Freak Out!
Kings Of Leon - Because Of The Times: Quem se deliciava há três, quatro anos atrás com as guitarras sujas do álbum “Youth And Young Manhood” e suas pancadas juvenis feito “Molly’s Chambers” e “Holy Roller Novocaine” provavelmente estranha os últimos álbuns do Kings Of Leon. O quarteto de Mount Juliet adentra cada vez mais o Southern Rock e o country, tirando seu rock da garagem e mandando ele direto para as estradas nesse terceiro álbum lançado este ano. Mas, mesmo com harmonia e melodias maiores, ainda temos momentos pesados e empolgantes como “Charmer”, “Black Thumbnail” e “My Party”, mas o primeiro single “On Call”, a longa abertura “Knocked Up” e a power ballad caipira "Ragoo" mostram o quanto novos ares a respirar fazem bem aos Kings Of Leon. O único senão fica por algumas músicas serem mais longas do que deveriam. Mais da metade das músicas do álbum ultrapassam os quatro minutos de duração, e não são todas elas que realmente prendem a atenção e deixam o ouvinte com água na boca. E é realmente difícil fazer uma obra prima tão extensa assim, com 13 músicas. O Lynyrd Skynyrd e os irmãos Allman mal colocavam dez em um álbum. Talvez esteja na hora dos reis dos leões rugirem pouco, já que os rugidos prolongados estão metendo medo na crítica.
Kaiser Chiefs - Yours Truly, Angry Mob: Em Leeds, onde o The Who gravou seu maior registro ao vivo, um quinteto agora já com quatro anos de estrada surgiu mostrando que pra inovar não precisamos de muito. Vocal, guitarra, baixo, bateria e teclado abrem as portas da percepção auditiva para um som assustador pela falta de um rótulo exato – um punk xamânico, um revival mod new-wavista e um art-rock de garagem são apenas três rótulos exóticos que é possível encontrar por aí definindo o Kaiser Chiefs. E para um pessoal que enfileira e mistura rocks chicletes com precisão técnica extrema, coros contagiantes, climas épicos, verborragia, ironia e tudo mais que o valha, esses rótulos chegam a ser pouca coisa. Cante o refrão de “Ruby” até o ar dos pulmões acabar, fique babando com a seqüência “Heat Dies Down” e “High Royds”. E também “Love Is Not A Competition (But I’m Winning)”, e “I Can Do Without You”, e “My Kind Of Guy”… Sem se perder em viagens musicais modorrentas, o Kaiser Chiefs sabe muito bem como dosar suas referências em um álbum que pode muito bem animar 1001 festas, ou então proporcionar ao ouvinte o solitário mico de dançar sozinho. Ou ficar olhando pra cima pensando no público feminil na hora das deliciosas power-ballads. E não precisa nem falar que depois da calmaria, vem a danceteria.Benditas bandas com nomes de bebidas alcoólicas no nome.
The Stooges - The Weirdness: Tem gente que não vê a idade chegar. No caso de Iggy Pop, ainda bem. Não basta uma volta dos Stooges; eles decidiram que não seria apenas uma volta nostálgica, e pouco tempo após encerrar uma turnê triunfal de volta, começaram a gravar um novo álbum. Acompanhados pelo baixista Mike Watt no lugar de Dave Alexander e produzidos pelo mestre em barulho Steve Albini e o fã declarado Jack White, Iggy e os irmãos Ron e Scott Asheton realizam uma das poucas voltas que realmente valem a pena. Enquanto muitas bandas realizam músicas chatas, insípidas e pastiches das anteriores, aqui temos um Stooges cheio de gás, com músicas que soam frescas, garageiras como a banda sempre fez questão de ser e fluindo perfeitamente, em porradas como “Trollin’”, o single “Idea Of Fun”, “I’m Fried”, “ATM”, e ainda abre espaço até para músicas com refrão alegrinho, como “Free And Freaky”, letras engraçadinhas como “She Took My Money”, breguices propositais como a faixa título e músicas que parecem ter saído da carreira solo de Iggy, como “Greedy Awful People”. Claro que não estamos diante de um novo “Fun House” ou “Raw Power”, mas você há de convir que dois álbuns como esses só se fazem uma vez na vida, e os Patetas ainda tiveram sorte de fazer isso duas vezes. Comparando a muita coisa que tem a pretensão de se chamar rock nos dias de hoje, ganha de mil a zero. E só pra você ter noção de como o álbum é bom, ele está na mesma situação de “The Stooges”, “Fun House” e “Raw Power”: assim como os três primeiros álbuns dos delinqüentes de Ann Arbor, a crítica está odiando esse álbum...
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7 Comments:
Ainda preciso ouvir os três últimos, mas os três primeiros são pitelzões
Ah, fui eu no comentário de cima
retorno dos stooges, achei interessanet
Arcade Fire é uma das coisas mais lindas que vocês irão ouvir em todas as suas vidas, juro.
Já os Stooges e o senhor endeusado Iggy são uns dos caras mais fodas que vocês irão ouvir (e arrebentar o cérebro nesse som ensurdecedor), juro.
huhu
só albuns fodas.
o novo do kings of leon tá muito bom :B
Preciso ouvir esse novo dos Stooges...
Então, daí só conheço Arcade Fire, e achei uma coisa bem "whadda shit ess that", mas sei lá. O som é simpático e algum dia eu ouvirei normalmente.
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