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    terça-feira, novembro 14, 2006
    Chico Buarque - Construção


    Esse ano em que se comemoram 40 anos dos dois primeiros LP's de Chico Buarque: "Chico Buarque de Hollanda" e "Morte e Vida Severina". Dono de umas obras mais vastas aqui no Brasil e além-mar, são 40 anos construindo no imaginário popular um mundo de histórias tristes e usuais, de personagens absurdos de tão humanos que são, de realidade social e muito mais, regado à muita poesia - não é um exagero classificá-lo como um dos maiores poetas brasileiros, e também, um dos maiores vivos.

    Nascido no Rio há 62 anos atrás e crescendo em São Paulo e na Itália, com certeza Chico não tem muito a ver sonoramente com a maioria esmagadora dos artistas que são publicados aqui, mas a música de Chico muitas vezes combina com o nome deste blog; suas críticas, na época da ditadura, constituíam verdadeiros hinos contra toda a opressão militar do general Emílio Garrastazu Médici; parceiro poético e musical de outros que tornaram-se lendas feito ele, como Vinícius de Moraes, Toquinho, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Tom Jobim, Zizi Possi, entre outros.

    E "Construção", de 1971, é um dos álbuns que mais afirmou ao mundo quem era Chico Buarque. Não apenas mais um sambista, mais um poeta, mais um escritor que emplacam poucos clássicos ao longo da vida e são nostalgicamente lembrados. Munido de violão e um vocal limitado, Chico não descobriu a pólvora - o descobridor foi João Gilberto, que com "Chega de Saudade", música guiada por voz fraca, flauta e mais balanço que a música que se produzia até então, uma música pesada, dramática e cantada com potência - mas contribuiu para que ela continuasse estourando.

    O álbum abre com a clássica "Deus Lhe Pague", uma das melhores letras de Chico. Entremeado por um instrumental quase soturno, Chico declara em versos cativantes e muito musicais, ele talvez faça uma referência à ditadura que alienava o povo na época, como se vê em versos como "pela piada do bar e o futebol pra aplaudir", "pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi" e pelas atrocidades que tínhamos de aguentar em "Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir", até encontrar o final derradeiro na morte em "Pela mulher carpideira, pra nos louvar e cuspir/E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir/E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir", sempre terminando com o título da canção, ironicamente agradecendo o fato de estar sob uma ditadura, ser alienado e repreendido.

    "Cotidiano" tira o teor político do álbum, iniciado por instrumentos de sopro. É um dos muitos clássicos de Chico, mas este representa seu lado romântico. Quem não conhece os versos "Todo dia ela faz tudo sempre igual/Me sacode às seis horas da manhã/Me sorri um sorriso pontual/E me beija com a boca de hortelã"? As paradas instrumentais da música lhe dão um ar mágico, nessa letra em que o cotidiano que tantos detestam é representado com toda a beleza da poesia de Chico. Mágica.

    A seguir ouvimos "Desalento", em uma das muitas letras tristes de Chico. Ele pede para contarem para uma mulher que ele morreu, que ele está louco, ou que está infeliz. Uma das músicas mais doces do álbum, e com um dos vocais mais despretensiosos de Chico, que expressa uma grande insatisfação consigo mesmo. Tem a duração aproximada da canção predecessora, e apesar de não ser tão lembrada, também tem todo o seu charme.

    E entra. Toda vez que "Construção" começa, ficamos perplexos a cada verso desferido por Chico, acompanhado por um instrumental contido de início. Conta a história de um homem que certo dia saiu de casa e foi trabalhar em uma construção. Lá, ele se embebeda e começa a caminhar em cima dela, e cai. O jeito que Chico, da primeira vez, diz "Morreu na contra-mão atrapalhando o tráfego", como se estivesse contando uma coisa corriqueira, começa a crescer, e vocais começam a lhe acompanhar, e a música cresce em tensão, até que pára para Chico cantar com sua voz em tom corriqueiro. Na terceira vez, conta como se o homem tivesse tornado um autômato que sofre uma desvaria, e que atrapalha o funcionamento das outras coisas. E "Deus Lhe Pague" surge do nada no meio da música, desferindo um ataque disfarçado, cansado de toda as atrocidades descritas como coisas corriqueiras. Enfim, por mais que eu gaste linhas, não conseguirei definir essa obra-prima... Ouça e sinta.

    "Cordão" é bem mais leve que a anterior, com uma canção que pode tanto ter um significado político quanto romântico, como canta um apaixonado Chico em "Ninguém/Ninguém vai me segurar/Ninguém há de me fechar/As portas do coração", sobre um instrumental bem mais relaxado, criando um verdadeiro contraste. Caso o lado político seja verdade, Chico foi um dos maiores profissionais em verter protestos em obras de arte... E essa música é um atestado.

    A seguinte é "Olha Maria", guiada por piano, por flauta e pelo vocal de Chico, nessa linda música composta por ele, por Tom Jobim e Vinícius. A mais longa depois de "Construção", beirando os quatro minutos. A música é realmente emocionante. Para alguém sem grande potência vocal, Chico vale-se de um impressionante poder interpretativo. A letra fala de separação, de uma mulher que parte atravessando o mar e chorando, pois de fato, não queria ir (uma provável referência ao exílio). A canção some aos poucos, com o piano sozinho.

    O samba volta em "Samba de Orly" clássico de Chico, Vinícius e Toquinho, uma referência ao exílio. "Pede perdão/pela duração/Dessa temporada" já deixa isso subentendido. E entram outros vocais para acompanhar Chico, no refrão. O curioso é que essa música, escrita por Toquinho quando este visitou Chico no exílio. Vinícius, ciumento, leu a letra e trocou os versos supracitados por "Pede perdão/pela omissão/um tanto forçada" que a ditadura vetou. Após Toquinho contar isso pra Vinícius, o mesmo disse: "tudo bem, Toco. O verso sai, mas a parceria fica!".

    "Valsinha" merece ser chamada no diminutivo mesmo, apesar de ser um musicão... Instrumental discreto que cresce melodicamente, com um vocal baixo de Chico. Parceria com Vinícius, os dois escrevem sobre um casal que parece redescobrir a magia do amor, que faz toda a cidade se iluminar de novo. E como o próprio Chico diz na canção para encerrá-la, "E o dia amanheceu em paz".

    Uma das muitas histórias cativantes cantadas por Chico, "Minha História (Gesubambino)", na verdade, é uma versão que ele fez dos compositores Dalla e Pallotino. Conta a história de um marinheiro que chega na cidade e faz uma moça ficar apaixonada e com um filho dele. Ao final da canção, em um momento particularmente ousado para a década, ele diz ser conhecido pelo nome de Menino Jesus. Não o famoso, mas um outro, que ganha vida nas palavras proferidas por Chico.

    O disco encontra seu final em "Acalanto" a canção mais curta do álbum, nem chegando aos dois minutos. Em uma melodia doce, Chico mostra mais uma vez como a sua voz, apesar de muitas vezes subestimada, pode muitas vezes tocar as pessoas a fundo. Talvez por não ser um deus da voz, e sim, um cara cantando ao violão, de voz simples, assim como nós. "Dorme minha pequena/Não vale a pena despertar", canta um sereno Chico em uma canção que mantém-se do início ao fim bela, austera e gentil.

    Era este o início. Chico Buarque começava a dar suas contribuições para que a cultura brasileira torne-se tão rica. Ainda comporia mais clássicos, ainda inventaria mais personagens, e por esses 40 anos de indústria fonográfica e música tão boa, caro Chico... Deus lhe pague.

    Marcadores:

    posted by billy shears at 8:30 PM

    10 Comments:

    Anonymous Anônimo disse:

    muito bom, muito bom. apesar de eu preferir sonho de um carnaval. mas nao nego que o construção é o mais genial. e eu nao sabia da historinha do samba de orly.
    beijos be.

    1:30 AM  
    Anonymous Anônimo disse:

    Construção é um símbolo pátrio a ser tombado patrimônio histórico.

    Chico é alguém que na própria história de sua vida viu se confluir toda a história do sec XX no Brasil, todas as mais díspares correntes do modernismo, quer nas artes quer na política.

    Ele é uma espécie de Machado de Assis do sec XX. Sem Machado de Assis, o II Império não existiria - sim, a ordem é essa. O II Império causa Machado, mas é Machado que, só-depois, o significa. O sec XX causa Chico, mas sem Chico o sec XX no Brasil (e com isso quer dizer Jorge de Lima, Murilo Mendes, Guimarães Rosa, Getúlio Vargas, Vinícius, Frederico Schimidt, Tom Jobim, Villa Lobos, Graciliano Ramos, João Cabral, e o próprio pai dele) ficaria desprovido de significação, inexistente no simbólico.

    Isso não é um efeito consciente de Chico - antes ele é uma "vítima histórica" dessa posição. Mas ele tem plena consciência, sem nenhum narcisismo, da condição que ocupa, política e culturalmente, mesmo que essa condição o vitimize como um imperativo e ocorra a revelia dele.

    Postura como essa eu só vi antes em Freud, Sócrates, Machado de Assis, Marcel Proust. Não é pouca coisa...

    1:36 AM  
    Anonymous Anônimo disse:

    MUITO OBRIGADO!!!!!!!!!!
    finalmente um post do CHICO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    finalmente!!!!!!!
    o melhor de tudo: tá ótimo o post!
    Parabéns, vlw

    1:42 AM  
    Anonymous Anônimo disse:

    AAAAH
    CHICOOO
    finalmente ^^
    muito bom
    amei a resenha ficou foda..
    e voce disse tudo!!!

    3:59 PM  
    Blogger Rafael disse:

    Amo esse disco, amo Chico, amo tudo! lol

    10:53 PM  
    Anonymous Anônimo disse:

    chico dispensa comentários.
    esse disco é demais.

    bjo ber

    1:08 AM  
    Blogger Willie The Pimp disse:

    Genial.

    Só não gosto muito de "Olha Maria".

    4:56 PM  
    Blogger Carmem Luisa disse:

    Chico transforma política e poesia em música. Além disso, consegue tocar com uma normalidade e uma leveza sem igual.
    "Construção" é para marcar a história da cultura brasileira, que é muito intervida - e algumas vezes simplesmente esmagada - pela cultura globalizada.
    Se juntarmos poesia, romantismo, política e Chico Buarque, certamente teremos um resultado agradabilíssimo de alegrias e tristezas - isso sem juntar todas as emoções que Chico nos traz -.
    As músicas de Chico entraram para a história e em cada um de nós.
    Obrigada, Chico, por essas tão minuciosas e lindas músicas chegarem aos meus ouvidos.

    2:58 PM  
    Anonymous Anônimo disse:

    Bah, muito bom. Realmente, faltam palavras para descrever Construção. Uma das minhas músicas favoritas, ever. Enfim, a crítica em Construção vai muito além da ditadura.
    Vou ver se baixo todo o álbum.

    11:08 PM  
    Anonymous Anônimo disse:

    MARAVILHOSO ESSE DISCO. E AS LETRAS SÃO DE FAZER INVEJA A MUITA BANDA PUNK! E SÃO MAIS BEM ESCRITAS TB...

    ALIÁS EU NUNCA FUI MUITO FÃ DE CHICO BUARQUE MAS COMECEI A OUVIR JUSTAMENTE POR CAUSA DESSE DISCO, PELA LETRA DA FAIXA TÍTULO.

    12:15 AM  

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