Assim como o Panic! At The Disco, um suscesso totalmente inesperado - inclusive para a própria banda. Uma banda que começou há pouquíssimo tempo, distribuindo cópias de suas demos em shows, e que caíram na rede - e, em pouco tempo, o peixe virou uma baleia. Em uma semana de lançamento o álbum vendeu a quantidade absurda de 363.735 cópias - quebrando um recorde histórico. E em pouco tempo, a banda se tornou um dos artistas mais vendidos no Reino Unido, EUA, Austrália, Japão e Alemanha. A agenda aumentou enormemente de tamanho e, segundo a banda, em alguns shows eles tiveram que parar de cantar simplesmente porque o público cantava tão alto que os músicos não conseguiam ouvir a própria voz!
Claro que, nem tudo é um mar de rosas. Como depois da bonança vem a tempestade, jornais tablóides apareceram falando de contratos milionários e que a banda seria uma armação. Figuras musicais inglesas muito importantes falaram sobre a banda - Mick Jagger e David Bowie já disseram que adoram a banda, Noel Gallagher (do Oasis - isso mesmo, o cara que alfineta toda banda inglesa, não deixando nem George Harrison livre) também defendeu a banda, dizendo que eles tem letras maravilhosas. E o ex-Smiths Morrisey disse "Está sendo tudo muito rápido para eles. Eles ainda não provaram nada nem batalharam muito. (...) É tudo meio artificial)". E poucos dias depois, o mesmo Morrisey desculpou-se e disse que foi incompreendido. A própria banda passou por situação parecida ao falar mal do Libertines e se desculpar logo em seguida...
O vocalista e guitarrista Alex Turner, o guitarrista Jamie Cook, o baixista Andy Nicholson e o baterista Matt Helders tem os famosos vinte e poucos anos, letras cheia de arrogância, sarcasmo, ambientações em pista de dança, hedonismo, citações de Shakespeare e títulos compridos fundidos a um som rápido, pesado, pós-punk e indie. Ou seja, um som naturalmente jovem, que mesmo não ousando em novas fórmulas ou em vôos megalomaníacos, é tocado com bastante vigor e energia, em um resultado empolgante e dançante.
O álbum começa com a música "The View From Afternoon" que entra com guitarras desafiadoras para logo cair em uma seção rítmica da cozinha que conta com explosões guitarreiras que marcam a súbita volta das mesmas. "Eu quero ver todas as coisas que já vimos/Quero ver você ganhar o grande prêmio na máquina das frutas/E jogar tudo que ganhou de novo/Você tem que entender que você nunca pode ganhar do bandido", diz Alex irônico tanto na letra quanto no tom de voz. As dançantes reviravoltas da música são pra lá de vigorosas.
"I Bet You Look Good On The Dancefloor", um dos maiores hits do álbum, é simplesmente uma beleza. Pesada e dançante na medida certa, com um refrão grudento, empolgante e pulante, injetando adrenalina nas veias do ouvinte que se deixa levar pelo som agitado e contagiante, uma das marcas registradas que a banda revela ao longo do álbum. A letra, no maior clima de "paquerador de pista", afirma no refrão "Eu aposto que você fica bonita na pista/Eu não sei se você está procurando romance ou.../Eu não sei o que você está procurando/Eu aposto que você fica bonita na pista/Dançando electro-pop como um robô de 1984". De longe, uma das melhores músicas do ano.
A próxima é "Fake Tales Of San Francisco", que segue uma linha ora mais cadenciada, ora mais rápida, ambas as vezes cheia de vibração, com um refrão cheio de paradas e a banda toda cantando junto em um resultando muito interessante, que contrasta com o resto da música. O vocal ora cantado, ora discursado é praticamente uma crônica urbana ora em primeira, ora em terceira pessoa sobre a juventude de San Francisco.
E um dos títulos mais curtos surge com "Dancing Shoes", com um baixo pra lá de marcante que abre espaço para as pesadas e descontroladas guitarras, compondo uma estrutura rítmica muito interessante. A canção traz um solo muito bem executado e cheio de pegada, que logo volta para a sua parte quase marcial. Na letra, Alex fala sobre a mania juvenil de ignorar todos os problemas para ir dançar, como revela o refrão "As luzes estão piscando/Aqui hoje/E alguns podem trocar olhares/Mas continuam fingindo dançar" e nos versos "Coloque seus sapatos de dança/Seu brutinho sexy/Esperando que eles estejam esperando por você/Com certeza você vai ficar procurando por aí".
"You Probably Couldn't See For The Lights But You Were Staring Right At Me" (acho que eles e o Panic! At The Disco estão disputando, só pode...) é curta demais para um título tão grande... As harmonias vocais na canção são muito boas, com Alex cantando sozinho ou acompanhado, construídas em cima do baixo de Andy, que descamba em caprichadas guitarras que saem tinindo quando vem. Um tratamento muito audível para cada instrumento ter seu destaque merecido, com direitos a paradas exclusivas, mas de forma que não fique repetitivo. Surge o descarado o hedonismo juvenil (ou tesão teen?) na letra e título.
Pancada na moleira, "Still Take You Home" tem guitarras incansáveis, altas e sujas, onde Alex administra bem seu limitado vocal tornando-se uma máquina incessante de cuspir palavras. Irônico e metafórico, na letra o vocalista parece até tirar uma com o hype, tratando como uma mulher: "Você é uma mania ,você é uma moda/e eu estou tendo trabalho para falar com você/Mas tudo bem, eu deixo tudo pra você/Todo mundo está olhando, você controla os olhos detodos/Inclusive os meus ". As partes mais melódicas até parecem que vão frear a música... Mas não, os riffs ensandecidos voltam, para a felicidade geral da nação.
Uma balada com ar junkie e decadente, esta é "Riot Van". Com voz rouca e meio ébria, Alex faz um belo acompanhamento para as guitarras, em uma letra que é claramente um protesto contra a violência policial, algo que tantas bandas afirmam. No meio da selvageria eletrificada hedonista que é o álbum quase em um consenso geral, uma balada movida à álcool, cigarro e protesto social caiu muito bem.
"Red Lights Indicates The Doors Are Secured" começa a trazer a eletricidade de volta, em melodias grudentas que compõem uma canção que divide momentos mais cadenciados com outros mais dançantes. Em seu decorrer, a música cresce, revelando mais um solo de qualidade, com ar contagiante. Na letra, inconseqüência juvenil novamente, onde, pelo desenrolar da crônica urbana e adolescente, dois jovens tentam invadir uma festa, morrendo de medo dos seguranças e afim de conquistar a mina de vestido verde, sendo que esta já está sendo paquerada por um bebedor de Smirnoff Ice que pagou para ela um Tropical Reef...
Em um estica-e-contrai de títulos, temos agora "Mardy Bum", com belas melodias e acordes de guitarra compõem uma música mais lenta e cadenciada, podendo ser considerada a segunda balada do álbum, apesar do dançante ritmo adquirido por guitarras e cozinha ao decorrer dos versos, contrastando com os lentos vocais de Alex até quando a música vira porrada - e continua no contraste, fazendo talvez... Uma balada-dance, quem sabe. A letra, em parte, fala sobre nostalgia e repetição dos problemas anteriores.
"Perhaps Vampire Is A Bit Strong But...", uma das mais longas do álbum, continua repartindo o lento e o rápido, as paradas e as pancadas, os vocais incessantes... E um interessantíssimo momento de percussão tribal. Ácido, Alex dispara contra gente oportunista e gente que acha que eles vão cair o mais cedo possível. Uma das músicas mais exóticas do álbum... Considerando que ele já é meio exótico per se.
Maior sucesso da banda ao lado da segunda música do álbum, "When The Sun Goes Down" é uma palatável música pop que começa nas melodias doces e civilizadas que repentinamente torna-se um rock invocado, com as guitarras sujas e ensandecidas de volta com grande estil, ao lado do marcante baixo de Andy. A letra, que fala sobre a decadência da juventude inglese hoje em dia tem um refrão agitado e melódico ao mesmo tempo, refletindo muito bem a música como um todo.
"From The Ritz To The Rubble" começa meio lenta, com a guitarra e os vocais já ameaçando explodir, especialmente quando Andy torna seus vocais rápidos e incessantes, que culmina em um refrão que é pura pancadaria-rock-and-roll, para lá de dançante e agitado. A crônica urbana-juvenil é um tema que fascina os Monkeys daí versos como "Ficou muito profundo/Mas quão profundo é muito profundo?". Os momentos arrastados e explosivos contróem um clima quebrado que impede a banda cair no marasmo que muitas bandas se perdem. Não tem a imprevisibilidade do Panic! At The Disco, mas faz o máximo para evitar o lugar-comum.
Chegamos na última faixa, "A Certain Romance", uma canção em que guitarras endiabradas transformam-se em belas melodias de um segundo para outro, na maior música do álbum, e no "certo romance" narrado, Alex não consegue perdoar os amigos delinqüentes que só fazem merda, mas que ele não consegue ficar bravo. O baixo de Andy, ao decorrer da música, também é um grande destaque, junto à melodias agudas. Uma bela música estilo "adoráveis bastardos" ajuda a fechar bem o disco.
No MySpace deles, está escrito a mensagem "Don't believe the hype", mostrando que a banda tem alguma (ou plena) consciência do ambiente que a cerca, cheia de executivos gananciosos e conhecidos oportunistas. E mesmo assim, eles fazem um rock invocado, decadente, dançante, agitado, pesado, melódico entre tantos outros adjetivos que já foram repetidos; basicamente, é um disco que se dará muito bem em qualquer festa de Rock And Roll, botando os freqüentadores pra dançar frenética ou lentamente como acontece em toda boa e insana noite de Rock. Uma das provas definitivas que internet e música são aliadas e não inimigas, o "novo monstro" Arctic Monkeys já começa muito bem - inclusive mandando esse papo de "salvação do rock" para o diabo tanto na ação quanto na canção.
O que mais eu posso dizer? Compre... Ou baixe, sei lá... Ponha para tocar... E tenha boas e infindáveis horas de diversão com os macacos do ártico!
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7 Comments:
não tenho o que comentar sobre esse post, pois quando olhei à barra ao lado e vi Legião Urbana, logo pressionei o botão do mouse em cima do nome.
além disso os caras não fazem muito meu estilo musical, são bons...e fim.
aiuhehaeiue
=P
eu AMO e vocês?
Péssima hora. Tô quase saindo. De qualquer forma, eu nunca ouvi, mas o nome é bem sugestivo. Depois leio a resenha Bernardo.
pois é, arctic monkeys é a salvação do rock UHUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHUH
;@ ber
ficou tãããão legal!
artic monkeys (l)
quando eu tinha os meus 12 anos (hj eu tenho 16 \o) eu comecei a curtir mto indierock/indiepop/britpop e derivados... mas na época as bandas eram Oasis, Weezer, Sonic Youth e mais algumas outras.
Aí, DO NADA começam a surgir milhões de bandas indies, e eu sempre curiosa ia conferir o som da banda... Mas agora eu já não tenho tanta paciência pra ficar ouvindo todas bandas novas que surgem... isso pq todas as que eu ouvia era uma cópia da outra, uma merda.
Arctic Monkeys eu só fui ouvir alguns dias atrás (pq tava no mp3 player de um colega) e não vi nada demais. Só uma musiquinha legal lá.
digo o mesmo do Franz... uma ou outra música bacana
e só.
Poxa, Ber!
Essa resenha ficou foda!
Quero baixar músicas dos caras!
Enfim, tomara que toda ela seja verdade; todavia contrária, você receberá o epíteto de Fairytalle master!
HAHAHAHAH
brincadeirinha!
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