Não tem muito segredo ao falar sobre o AC/DC. Uma das bandas mais clássicas do gênero Hard Rock, esse grupo sempre se revelou uma máquina incansável de produzir música desde sua formação no ano de 1973. E sempre foi aquele rock áspero, com riffs que grudam na cabeça e que são influência de onze entre dez guitarristas do estilo. Angus Young não é o guitarrista mais rápido, mais técnico, ou mais virtuoso, mas é quase impossível você ouvir uma música do AC/DC e não adivinhar que é a banda só pelo riff, ou não reconhecer uma sombra da banda em bandas de milhares de admiradores desde que eles lançaram "High Voltage" em 1974 em seu país natal, a Austrália.
Porém, cinco anos depois, o que viria ser um de seus melhores trabalhos também viria ser o encerramento de uma fase de forma bastante trágica. Angus, acompanhado por seu inseparável irmão Malcom Young na guitarra base e backing vocals, Cliff Williams no baixo, Phil Rudd na bateria e o saudoso e lendário Bon Scott nos vocais. Fazendo uma referência ao Led Zeppelin e seu maior clássico "Stairway To Heaven", a banda lança em 1979 o clássico "Highway To Hell", um título que, em um curto curto espaço de tempo, seria profético para Bon, ex-motorista da banda, que entrou na banda como baterista e que arrematou a vaga de vocalista quando os irmãos Young chutaram Dave Evans da banda, porque o mesmo assumia uma postura muito glam rock. E Scott não foi capaz de aguentar por muitos anos a vida de rock and roll, sexo e loucuras - vindo morrer em decorrência da bebida (merecendo até uma homenagem musical por parte de Ozzy Osbourne, na música "Suicide Solution" - mas aí já é outra história, voltemos ao AC/DC).
Seja sincero: Como não se render ao riff inicial da música que dá o nome ao álbum, "Highway To Hell"? Um negócio áspero feito muralha de chapisco, duro feito pedra, bruto como diamante recém-descoberto... E aí entra Bon Scott e sua fanfarrônica voz, com versos no mínimo ousados para a época. "Vivendo fácil, vivendo livre/Bilhete de temporada numa viagem só de ida" e "Ei Satã, paguei meus pecados/Tocando em uma banda de rock/Ei mamãe, olhe para mim/Estou no caminho para a terra prometida" atestam isso. E aí vem aquele contagiante refrão, "estou numa auto-estrada para o inferno", simplesmente impossível de resistir. E o solo de Angus... Sem comentários... Ouça você esse autêntico hino boca suja e sem vergonha, como diria o Homem do Baú.
"Girls Got Rythm" é outro rock safado, com uma letra absurdamente sexual, com seu andamento conquistador, com bases de guitarra que fizeram escola, além de um ritmo muito bem marcado pela cozinha. Mais agudo no vocal que na canção anterior, Bon dá o convite para todos os rockers dançarem e berrarem com punhos ao alto o nome da canção, no refrão "Garotas têm ritmo, garotas têm ritmo, ela tem o ritmo de um banco traseiro", continuando a safadeza em versos como "Me ama até eu ficar sem pernas/Com dor e inflamado", "E quando ela me deixa entrar/É igual um amor líquido", entre outros. Entendam como quiser, mas essa música é foda!
Seguindo, "Walk All Over You", que após de acordes iniciais surgirem lentos e corajosos, a bateria vai dando o tom para que um rock dos brabos adentre seus ouvidos e te coloque de pé, sacudindo a cabeça e tentando sair do chão de tanto pular. Bon Scott, com sua ousadia costumeira, com sua voz pouco usual, conta na letra como ele assediou uma garota, deixando-a realizada. Diferindo da maioria das músicas, esta tem uma velocidade maior nos versos e cai de ritmo no refrão, para que a banda toda grite o nome da música.
"Touch Too Much" tem um trabalho bem evidenciado da cozinha, com guitarras de início mais graves, mas que logo ganham eletricidade, e no refrão, que já começa a ser repetido antes da música atingir ao menos um minuto, vem a fórmula padrão do AC/DC: se não atuar como um fio desencapado sendo enfiado no tímpano, então não é a banda dos irmãos Young... E a sacanagem rola solta, mais uma vez! "Não fui o primeiro/Não fui o último/Não era com isso que ela não se importava/Ela queria que fosse duro/Que fosse rápido/Ela gostou assim mesmo", e vem mais aquele trabalho de guitarras e refrãos que como Joe Satriani disse uma vez, sempre vai ter surpreender, sempre será genial e você sempre saberá o que ouvir.
Essa é uma das únicas bandas que não te dão tempo para respirar, e ainda assim você continua empolgado e nunca enjoa... "Beating Around The Bush" parece até que vai dar esse gostinho, mas apenas nos segundos iniciais... Logo se revela uma música de andamento rápido cheia de paradas absolutamente empolgantes, falando sobre uma mulher chata, que após o relacionamento dar o que tinha que dar, ainda assim ela continua insistindo... Não é uma daquelas "músicas políticas atemporais", mas ainda assim é bastante atual...
"Shot Down In Flames" tem um riff balançado, com uma bateria que dita uma estrutura fixa e dançante para a música ao lado das guitarras. Bon Scott canta uma letra hilária sobre "tomar um toco", "levar um fora" e coisas assim: "ela estava parada sozinha do lado da jukebox/como se ela tivesse vendendo algo/eu disse "baby, qual o preço?"/ela me disse para ir para o inferno". Aí é mais um desfile de toda a criatividade de Angus e sua guitarra flamejante.
Agora ouvimos "Get It Hot", ainda mantendo a aspereza, o ritmo dançante , com um refrão irresistível, com guitarras e vocais se alternando, onde Bon convida a garota a se animar, que eles, segundo Scott, vão "provocar uma revolução", se é que me entendem. Se você fosse misturar fogo e eletricidade em forma de som, a mistura com certeza seria o AC/DC.
Uma das minhas favoritas do álbum, essa leva o nome de "IF You Want Blood, You've Got It", também o nome de um ao vivo do ano anterior. Aqui as guitarras soam com mais fúria que nas anteriores, em uma letra falando sobre um criminoso sanguinário. Combina com a música, pois sua força é tal que se assemelha a várias facadas na jugular.
"Love Hungry Man", como o nome indica, é a única do álbum que trata sobre romance... Mentirinha. Apesar do refrão, a letra dá a prova que o cara está mais afim de um 'contato carnal', como atestam os versos "Eu sou um homem faminto por amor/Oh, baby, você é como um banquete". Paracendo ter de início o ritmo mais arrastado nos versos de todo o álbum, a canção cresce em velocidade progressivamente, sempre descambando no refrão, que para variar, é uma maravilha de empolgante.
E o álbum então encontra seu final com "Night Prowler", essa sim a mais lenta, onde Angus e Malcom aproveitam para liberar todo o seu lado bluesy. E o refrão, mesmo não crescendo em velocidade, cresce em intensidade, com os melhores backing vocals do álbum. A letra parece até ser de um filme sobre serial killers, com a diferença que Bon encarna o assassino na primeira pessoa. A mais diferenciada do álbum, mas que ainda assim, não deixa a peteca cair. O solo que Angus faz aqui é coisa de louco, um dos melhores de toda a sua carreira, fica até difícil entender como não é um dos grandes clássicos da banda.
A banda ainda não havia cometido seu álbum definitivo; Isso seria no ano seguinte. Infelizmente, sem Bon. Mas, felizmente, com um substituto que o rivaliza: o "pato rouco" Brian Johnson. E aí o AC/DC tornou-se uma daquelas raras bandas que mesmo perdendo uma de suas figuras mais carismáticas ainda consegiram manter-se e lançando sempre trabalhos acima da média, coisa que só o Deep Purple conseguiu com David Coverdale, e ainda assim, só por um álbum. E Brian está na banda até hoje, ajudando os irmãos Young e sua gangue a sempre gravarem seus pesados rocks sobre ligações com o obscuro, histórias sobre personagens pouco usuais, e não podemos, esquecer, a boa e velha sacanagem
Falando na "boa e velha", esse álbum é um atestado da mesma. E aí é aquele mesmo discurso que eu faço sobre os álbuns que eu gosto muito: um dos melhores registros já gravados (sempre tem esse começo), trilha sonora ideal para qualquer festa, ou para uma ouvida solitária, ou para ouvir seus clássicos em um show de Rock, para aprender a tocar guitarra... AC/DC é um nome que resiste às barreiras do tempo... Quase todo mundo é fã, do Quiet Riot, Dokken, Def Leppard, Twisted Sister e Motlëy Crüe ao Danko Jones, Gluecifer e Wolfmother, passando por Offspring, Smashing Pumpkins, Silverchair e Nirvana... Sem falar de fãs pouco usuais, como os "deathbangers" do Six Feet Under ou a cantora pop Shakira. Assim como os Ramones, é um som que fez escola, e quem gosta de esbaldar ao som do bom Rock, ama de paixão.
Prontos para rock, bebida e sacanagem, acompanhados por uma trilha sonora infernal? Então embarque nessa viagem só de ida!
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10 Comments:
Quem nao gosta de AC/DC bom sujeito nao é, é ruim da cabeça e tá doente do pé.
(: Parabens pela resenha Bêr, voce escreve muito bem!
E como de costume comentar a minha favorita daí é Walk All Over You, porque anima MESM0!
Depois comento direito, to saindo pra ir estudar...
Beijão!
Poxa, a Oceania até que serve para alguma coisa, não é? :P
hiiiiiiiiiiiiiighwaaay to hell
hiiiiiiiiiiiiiiiighwaaaaaay to hell \o\
Po mew...
nem sabia q eles eram da austrália cara xDDDD achava que de lá só tinha musica de aborigenes mesmo ahuahuhauhauahuhua xDDDD
bom.. de resto nem tem o q comenta XD cd porreta, banda porreta e resenha assaz porreta!
x@@@@
Highway to Hell é um clássico eterno, uma autêntica obra que nasceu eterna.
MARAVILHOSO ESSE DISCO! ALIÁS AS MÚSICAS CHEGAM ATÉ A DARUM ARREPIO DE TÃO FODA Q SÃO!
APROVEITA E FALA DO '74 JAILBREAK E DO RAZOR'S EDGE TB... 0.0
mais from hell impossível!!!!ótima resenha:p
hahahaha
gostei do "mais from hell impossível" ali em cima.
o AC/DC é uma puta banda, isso não se discute. porééém, eu só cosigo gostar das músicas mais famosas deles.
:)
Realmente, bêr. Até eu gosto de ac/dc \o\!
AC/DC é um clássico, simples assim. E como foi dito, todo mundo conhece.
^^
AC/DC?
Nossa! Antigona neh?!
Eu não gosto da banda =x
Acho q ñ sou boa pessoa segundo o primeito comentario neh?!
hauahuahuahahuahuhau
Mas tah muito bem escrito ^^
xD~
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