Os suecos do Hellacopters foram muito badalados por aqui quando fizeram shows no festival Kaiser Music ao lado dos brazucas do Sepultura e a lenda Deep Purple. Não eram muito conhecidos em nosso território, mas bastaram três shows (no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais) para o negócio bombar para o lado deles. Quem entende do meio Metal vai reconhecer o guitarrista/vocalista Nick Royale como antigo baterista do Entombed, banda lendária de Death Metal. Mas a veia rock do rapaz falou mais alto.
Não vou esconder que surgiu uma certa dúvida entre resenhar este ou o mais novo álbum dos caras, "Rock And Roll Is Dead", mas esse é o meu preferido. Nessas horas não dá para ser tão imparcial... Ele e o resto da banda, completada pela formação Strings na guitarra, Kenny no baixo, Robban na bateria e Bobba Fett no teclado. Pelas guitarras da banda já passou Dregen, do Backyard Babies.
O álbum "By The Grace Of God" de 2002 traz tudo o que um fã da banda pode esperar: uma mistura de Motörhead, Kiss, MC5, The Stooges, Led Zeppelin, The Kinks... Músicas de poucos minutos, passeando por Punk, Hard Rock e Proto-Metal. Ou seja, Rock até o osso.
Acordes repetidos de um piano abrem espaço para as guitarras avassaladoras da faixa título, que abrem em tom épico. Uma ótima letra, que parece falar sobre a ganância das pessoas de elite no dia de hoje: "Eles precisam-eles desejam./Eles cobiçam sem virar o rosto./Apertos de mão e cabeças concordarão/Eles conseguem, conseguem pela graça de deus.", dizem os melodiosos vocais de Nick, postos sobre uma linha vocal viciante.
O lado punk da banda revela-se sem pudor nenhum em "All New Low", com guitarras pesadas e matadoras, e uma bateria de muita pegada. O refrão, ainda assim, esbanja melodia. Uma lírica ao mínimo perigosa, é distribuída nesse Rock-n'-Punk com teclados que parecem emergir da década de 50 através de um vórtex dimensional. É um turbilhão de referências totalmente insano.
Uma das minhas preferidas do álbum, essa é "Down On The Freestreet", retomando o lado hard da banda, que mostra-se magnífica em compor riffs e solos viciantes. Um delírio rocker, com uma letra que parece tudo o que alguém encontra em uma mesma noite, atravessando ruas vazias.
O riff de guitarra mais animal de todo o álbum é executado em "Better Than You", trazendo junto teclados e bateria enfurecidos, com várias reviravoltas e mudanças de andamentos enlouquecedores, mas nunca perdendo o fio condutor. Uma relação de dominação é explorada na letra, que é entoada pela banda com vocais que vão dos cantados aos quase gritados.
"Carry Me Home" tem o início guiado por guitarra e bateria, que tem o riff mais nostálgico de toda a bolacha. Tanto que a letra também parece ser de alguém que quer voltar para casa. Quem viveu no meio rock nos anos 60 e 70 irá chorar de emoção com a falta de vergonha desses caras em honrar o que essas épocas tinham de melhor.
A próxima é "Rainy Days Revisited", que acalma um pouco nos riffs e na fúria, mas não perde a garra e as guitarras ganchudas, dessa vez a música tem os teclados como destaque. A letra parece falar sobre enfrentar problemas antigos, metaforizados como "dias chuvosos". Outro espetáculo de composição, apesar de dessa vez não enlouquecer o ouvinte. Dessa vez.
Outro clássico do álbum ao lado da faixa título é "It's Good But It Just Ain't Right", com guitarras punk que descambam em andamentos mais melódicos. A letra é até meio metafórica, mas parece falar que o eu-lírico não sera alguém moderado ou idiota. Vindo dos Hellacopters, não espere nada abaixo de puro rock and roll, tanto sonora como liricamente...
"U.Y.F.S." entra mais melódica, parecendo que a banda vai perder o pique. Que nada! Um "uh!" de Nick dá espaço para o Rock tomar conta do lugar novamente. Uma letra aventureira e perigosa é entoada com muita empolgação por parte de mr. Royale. A esse ponto, você não sabe se balança a cabeça freneticamente, dança empolgado ou se está tendo um sonho em que Stooges, Led Zeppelin e Motörhead estejam fazendo um show em sua casa... Com os três tocando no volume mais alto possível, ao mesmo tempo!
A próxima é "On Time", endiabrada, puxada por belas guitarras, a bateria esbanjando vigor, e o baixo e os teclados constituindo um clima em brasa viva. É uma música típica dos Hellacopters, inclusive o ótimo solo e as 'paradinhas' em que as guitarras pegam o ouvinte pelo pescoço e o jogam no meio da pista de dança (ou da roda de pogo...).
O riff de "All I've Got" não pode ser classificado de outra forma senão como animalesco. Os backing vocals estão tinindo, e um dos melhores desempenhos de Robban nas baquetas, sem contar um solo de guitarra simplesmente de enlouquecer. A letra é bastante violenta, retratando toda a atmosfera que a música transpira. A banda meteu a mão na massa certinho para fazer essa pérola áspera.
"Go Easy Now" também não dá muitas chances para respirar. Pode parecer que tanto rock sem baladas pode deixar o álbum meio exaustivo... Mas não... Cada música tem um acabamento difrente, um riff te conquistando de forma diferente, linhas vocais otimamente arranjadas... Serviço de primeira. Liricamente, é um grande depoimento de sobrevivência e determinação. Uma auto-biografia de quem arrisca a tocar o estilo de música mais perigoso do mundo.
Entra a penúltima canção, "The Exorcist", com guitarras passeando entre protopunk e hard rock, e os vocais de Nick mais inspirados do que nunca. A letra trata sobre um terror real, o que torna essa música uma das mais pesadas de toda a obra, mas também com algumas das passagens melódicas mais belas, devido ao teclado. O refrão e o solo podem matar qualquer desavisado do coração. É adrenalina pura pulando do rádio para ouvidos e veias.
A coisa mais difícil do mundo é fechar o álbum de uma forma decente. "Pride" não é a melhor do álbum, mas consegue tal feitio. Novamente um "hard-punk-à-la-70's-com-teclados-50's" que virou marca registrada da banda. A letra discorre sobre o tema "orgulho", em meio a solos delirantes, bateria estourando o bumbo, palhetadas e riffs que realizam a construção de um paredão sonoro consistente, insano e atuante.
Quando o álbum acaba, ou você jura que está nos anos 70, ou que descobriram um disco fantástico daquela época e o lançaram com toda produção e qualidade de gravação da época. Enfim... o rock europeu, especialmente da Suécia, está muito mais vivo que o rock americano. Quer acusar o som de clichê? Ora, isso aqui é Rock And Roll dos brabos! Você quer que eles toquem techno?
Então, quando Nick Royale vestir seu fiel boné e segurar em mãos sua companheira guitarra, e entrar no palco junto com seus bandmates tenha certeza que a única palavra que vai ecoar em sua mente pelos meses seguintes será "Rock And Roll, Rock And Roll, Rock And Roll". Nem precisa ir em um show deles... Veja se sua loja preferida não tem um disco da banda, junte uns trocados, e como diz uma das canções do grupo: Gotta get some action, NOW!
Marcadores: Resenhas
10 Comments:
Hellacopters, não conheço... mas pelas palavras aqui do post parece ser uma banda mt boa (:
bora ouvir isso!
Hellacopters só é bom porque o guitarrista é canhoto \o
muito boa a análise.
vou ouvir depois!
aceita cocada?
;***
Eh, eu prefiro Entombed, acho meio sem graça o Hellacopters, e deixa eu resenhar caralho AEuihAEUIhueiahuiuihae...
Abração ;@ e boa resenha.
hellacopters é musica de macho!
po, nao conheço a banda
mas deu vontade d escutar haha
abraços
Não conheço a banda também. Mas pela resenha parece ser boa. :)
Me passe algumas músicas, Ber.
Eu sempre falo que vou baixar e acabo esquecendo mesmo.
É isso aí, falous.
What can I say?
By the grace of god! \o/
Resenha ótima.
Banda ótima.
Bandas suecas rules! \o/
Hellacopters é foda. E tenho dito.
Ah, deu uma olhada nas fotos da festa?
uhasuhasasuh aee! \o/
Nossa nunca tinha lido uma resenha de Hellacopters antes, tinha ouvido só umas 2 musicas da banda quando resolvi digitar no soulseek e baixar tudo o que aparecesse... e mta coisa foi desse cd ae, huasuhsuha é mto massa, mto legal mesmo! XD
beejo ber ;*
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