Um melódico violão, pouca percussão, um baixo de suporte, um piano às vezes, climas alegres e doces, um vocal relaxante. Foi assim que o surfista havaiano Jack Johnson conquistou o mundo com a sua música. Seu sucesso é mais uma prova do amplo espaço na mídia para muitos gêneros nos dias de hoje; não há predominância de um gênero, como nas décadas passadas; da intensidade e angústia do Linkin Park, passando por sons elaborados como o do Wilco, e chegando à simplicidade e alegria de Jack.
Não tem muito segredo na música do homem não; é apenas (e felizmente) isso que está aí em cima. Música descompromissada, que você pode ouvir tanto em casa, quanto no trânsito, quanto na praia, quanto em um show; o efeito "válvula-de-escape" funciona que é uma beleza. Referências? Ao longo do disco, você ouve uma e outra aqui e ali, mas se você for fã de artistas como Ben Harper e de baladas do Red Hot Chili Peppers, você provavelmente irá achar muito legal!
Me senti obrigado, já que não vou no show, a pelo menos aproveitar a passagem de mr. Jack no Brasil para fazer uma resenha para quem ainda não conhece (ou se interessou) pelo trabalho dele tentar descobrir um ''admirável mundo novo'' em termos de música.
"In Between Days" é fresquinho ainda, foi lançado ano passado, 2005, terceiro da carreira de Jack Johnson (se você não contar as três trilhas sonoras que ele fez e o EP-jam "Some Live Songs", com seus amigos e artistas apadrinhados por ele, Donavon Frankenreiter e G. Love) . Jack Johnson nos vocais e violão, Adam Topol na percussão, Merlo Podlewski no baixo e Zach Gill no piano e acordeão. Produção feita pelo amigo de Jack, o brasileiro radicado nos EUA Mario Caldato Jr., que também trabalhou com os Beastie Boys.
O disco começa com a açucarada e apaixonada "Better Together", assobiável e de refrão fácil, tente não cantar junto com o havaiano o refrão "É sempre melhor quando estamos juntos/Iremos olhar para estrelas quando estaremos juntos/É sempre melhor quando estamos juntos". Uma percussão bem simples, ritmada, com o violão sustentando a voz de Jack Johnson de forma deliciosa.
"Never Know", alegre e inteligente, com uma grudenta melodia de violão, com o refrão "Nunca sabendo/Nós estamos chocando, mas somos nada/Nós somos inteligentes, mas somos tolos/Nós somos apenas humanos, divertidas, mas confusos", com um dos refrãos mais melódicos de todo o conjunto. Tente não bater pé ao som da percussão, mexer levemente a cabeça ao som da melodia ou assobiar a música. A-há! A música dele está te capturando.
Seguindo com "Banana Pancakes". Se o título é divertido, que dirá a música, com clima animado e inocente, contagiante. A temática de amor vem pela segunda vez, sobre um gostoso romance dentro de casa, em um dia chuvoso, comendo panquecas de banana (ê vidão!). E esse disco é a trilha sonora para isso!
Já conhecida do público brasileiro, essa é "Good People", com uma delícia de violão preenchendo a música, e uma ótima linha vocal criada por Jack. Um clima praieiro-havaiano invade as estruturas. Novamente uma reflexão sobre os dias de hoje: "Para onde todas as pessoas boas foram?/Eu estava mudando de canal e não as vi nos programas de TV/Para onde todas as pessoas boas foram?/Nós temos pilhas e pilhas de tudo que semeamos". Só cuidado ao ouvir, risco de sério de passar semanas ouvindo a mesma música e seus amigos acharem que você está prestes a começar a passar parafina no cabelo... O refrão mais inspirado e marcante do disco.
"No Other Way" é mais lentinha, música para luaus na praia, ou para tirar soneca, embaixo de um cobertor em um dia frio. Mais romance, com Johnson prometendo à amada que ela pode dormir tranquila, porque os dois são muito honestos entre si. Uma das melodias mais doces criadas nos últimos anos.
Vamos então para "Sitting, Waiting, Wishing", refrão fácil e emocional, base de violão repetida (mas que cresce de quando em vez), piano... Uma das músicas mais bonitas de todo o disco, senão a mais. É a melhor? Bem na minha opnião, sim, ao lado de "Good People". Mas você tem que ouvir e tirar suas próprias conclusões!
"Staple It Together", com o baixo mais perceptível de toda a bolacha, logo, a mais suingada, com um Jack Johnson empolgado nos vocais. Letra existencial, reflexiva. Refrão feliz, melhor parte rítmica em termos de percussão. Dá para curtir uma pequena viagem, a música é divertida ao cubo de se ouvir. Os olhos ficam brilhando com a qualidade do material que Johnson apresenta.
A mais curta do álbum é "Situations", pouco menos de um minuto e vinte, letra breve, vocal mais baixo, a melodia de violão sempre te conquistando... Típica música do Jack Johnson, capaz de derreter o mais petrificado coração.
A viagem volta em "Crying Shame", com seu clima havaiano, com Jack ideológico, parecendo discursar sobre a mídia nos dias de hoje: "Usando medo como combustível/Incendiando nossos nomes/E não levará muito tempo/As palavras queimam do mesmo jeito/E quem nós culparemos agora?" e desenbocando no melódico refrão "É uma vergonha, vergonha, vergonha abominável". É uma das mais cantaroláveis dentre as quatorze músicas. Jack realmente tem talento no gênero que escolheu.
"If I Could", curta baladinha de letra melancólica, com um instrumental apaixonante, não há como não sentir uma sensação de paz espiritual a esse ponto. O refrão entreguista só ajuda a passar essa sensação, com a música sendo colocada nos trilhos por lentos e belos acordes.
Melodia conquistadora em "Breakdown", mais uma ótima música que não destoa do conjunto, com Jack cantando docilmente uma letra reflexiva, refrão apaixonado, com frescor de novidade, apesar de a idéia musical de Jack Johnson não ser a inovação-mór do mundo, mas muito bem vinda. Linhas vocais realmente cativantes permeiam charmosamente a música.
Acompanhada de acordeão do lado do seu violão de melodia cativante, temos "Belle", com um clima de "já ouvi isso antes", e sendo justamente por isso o motivo da canção ser tão animadora. Parece tema de novela, quem ouvir vai pensar. Tem um clima brasileiro, dirão alguns. Uma letra de estrofe, com direito a palavras em francês, soando mais como uma brincadeira com instrumentos colocada no disco devido a seu resultado super satisfatório.
Letra apaixonada e nostálgica em "Do You Remember". Se você for diabético, cuidado com Jack Johnson, ele pode ser um perigo com suas canções romanticamente açucaradas, despidas de efeitos, letras entreguistas e apaixonadas, criando um clima inocente, de alguém que chegou aonde está honestamente, cantando às pessoas o que elas queriam ouvir. Sim, sim, caso queiram saber, é uma revelação das mais agradáveis na história da música na última década.
Fechando, "Constellations", com clima meio de despedida em uma letra contemplativa, com um refrão feliz e cheio de esperança, com os instrumentos sendo executados de forma bem lentinha, dando uma sensação conhecida aqui no Brasil como "soninho bom". O violão nós presenteia com uma melodia linda e facilmente absorvível, acabando o disco como começou.
Enfim, depois do esporro sonoro magistral promovido por "Mezmerize/Hypnotize" do System Of A Down e "American Idiot" do Green Day, agora é hora de relaxar ao som de nosso amigo californiano. Como já afirmado acima, Jack Johnson faz o estilo de música para o qual realmente tem talento (ao contrário de gente como Fred Durst, um rapper tentando fazer rock....), sem pressão externa nenhuma, despreocupado e totalmente despretensioso. Provalmente isso é que faz a sua música soar tão honesta e cativante. Gaste alguns trocados em uma loja de discos ou baixe tudo na internet, e bom divertimento!
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11 Comments:
Recomendo que vc analise um cd que eu conheça
;)
vocal maix baixo opa, bernardo se revelando! jack johnson é legal, eu gosto, as músicas dele são moh felizes! \o/ e fui eu que falei rpa fazer essa resenha, huhuhu! banana pancakes é tão linda! i.i
nossa, mto bom o texto, gostei mto. serio msmo. parei pra ler e vlw a pena. parabens! e ah! as musicas dele realmente sao oooootimas ;)
Parabéns Bernardo!
Muito bem escrito e realmente traduz o que é o cd. Sei que é feio, mas tive que baixar o cd dia desses e realmente é muito bom!
Abração
Nossa, esse cd é muito fera!!!
eu adoro ouvir Jack Johnson antes de dormir e quando acordo, a música é muito contagiante e leve, música pra se ouvir na rede num dia de sol, ou pra cantarolar em momentos de tédio, ou para qualquer outra situação, é perfeito sempre! E pelas entrevistas que eu já vi do cara, ele é super simpático, nem é daqueles que se acham (existe coisa mais chata...?)
E a resenha tá linda, esse template novo também =D~
Sucesso aí :***
Hahahahaha ;D
Jack Johnson é jóia (y)
Hahaha vou ter que contrariar o pessoal, hombre: Jack Johnson não me desce. Não sei se é uma fase ou se realmente não gosto, mas as músicas ainda me soam muito iguais. Calminho, agradável aos ouvidos, mas muito sem sal. Pelo pouco que li das letras, JJ canta para sua mulher coisas muito simples e corriqueiras, mas duma forma bonita e até infantil (no bom sentido, claro), sendo impossível não gostar.
Sabe duma coisa? Ainda prefiro Ben Harper =)
Abraço!
gostei mais do layout do blog do que do cd..
=x
mas enfim..
beijo viadinho =**
ele é chato pra caraleo, ber!
Jack Johnson é legal... eu gosto das músicas dele. ;D
;***
O melhor da música de Jack Johnson é a sutilidade e o descompromisso com esteriótipos.
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