Ok, mesmo que a imagem do Offspring nos dias de hoje não seja das melhores pelo ponto de vista da ala punk, os headbangers odiarem desde seu início e a banda tenha enchido você de tanto "Pretty Fly (For A White Guy)" , "The Kids Aren't Alright" e "Hit That", dê um desconto aqui, pois "Smash" é um puta álbum... Um dos melhores de Punk e do Rock And Roll em geral, da década de '90. Talvez seja o melhor de Punk Rock dessa época ao lado de "Dookie" do Green Day e "Mondo Bizarro" dos dinossauros Ramones.
O que faz ele ser bom? Em primeiro lugar, que nessa época, o Offspring era o Rei do Hardcore Melódico. Pode-se esperar então, incríveis melodias aqui; O álbum é entupido até o talo de melodias pop excelentes, mesclados a uma fúria Hardcore que deixa tudo mais irresistível. Vale salientar que, assim como o Green Day, a valorização de melodias do grupo descendia diretamente de Ramones, The Clash e Hüsker Dü, e não da agressividade insana e seca de Sex Pistols e Dead Kennedys.
A formação consiste em Dexter Holland no vocal e guitarra, Noodles na guitarra, Ron Welty na bateria e Greg K no baixo. Time suficientemente competente para parir um dos melhores álbuns da década passada. As letras tratam de temas tipicamente adolescentes, sobre nossas escolhas, erros e problemas, mistururados a um tom de sacanagem extremamente ácido em algumas músicas.
A introdução "Time To Relax" dá algumas instruções de como começar a ouvir o álbum. Clima preparado para "Nitro (Youth Energy)" ser iniciada pela bateria e logo após as guitarras entrarem. O vocal de Dexter está muito bem arranjado, e os backing vocals soam perfeitos. A letra fala do jovem perante o mundo na atualidade. A música vai acalmando até acabar.
"Bad Habit" é iniciada por uma linha de baixo muito bem sacada e Dexter cantando de uma letra irônica, onde interpreta um bad boy. A velocidade invade a estrutura repentinamente e explode tudo no refrão. Hora de sair pulando. As melodias guitarreiras são ótimas. Vale destacar na letra a parte mais grosseira, hilária ("Drivers are rude/Such attitudes/But when I show my piece/Complaints cease/Something's odd/I feel like I'm God/YOU STUPID DUMBSHIT GODDAM MOTHERFUCKER!"), cantanda numa parada dos instrumentos, para logo voltar o refrão para a banda demonstrar o talento de seus backing vocals.
Uma bateria calma e outra vez um criativo baixo, que logo dão lugar para um riff calmo e que cresce cada vez mais. Essa é "Gotta Get Away", talvez a melhor do álbum. A música não consiste em explosões em nenhuma hora, e conta com um refrão extremamente grudento nos ouvidos. A parte lírica trata de se sentir sozinho, solitário, sem ter ninguém por perto, perdido nas próprias escolhas, se vendo em um buraco cada vez maior, sendo a única solução é talvez o que o nome da música sugere. Excelente!
O hardcore melódico volta furioso em "Genocide", que mistura uma cozinha rápida e competente com outras das melhores melodias do álbum. Uma vontade incontrolável de sair pulando e praticar Mosh, Pogo e o que valha sozinho toma conta de você no refrão, "Dog eat dog/Everyday/On our fellow man we prey/Dog eat dog/ To get by/Hope you like my genocide...", diz acidamente. A música chega a ficar mais lenta e um pouco mais pesada, para logo retomar a velocidade insana do seu refrão.
A voz da introdução volta para anunciar "Something To Believe In", que já entra rápida e fritando, com as guitarras ligeiramente mais pesadas. O refrão compete para ser o melhor do álbum, muito bem arranjado e bem empolgante. Os backing vocals desses caras são um espetáculo, talvez os melhores do Punk Rock nesse quesito. A música acalma para crescer natural e rapidamente.
Um início inusitado que abre as portas para riffs dançantes nas guitarras abre o maior hino do Offspring, "Come Out And Play", que conta sobre as verdadeiras 'máfias' existentes nos colégios adolescentes e dos episódios que jovens levavam armas para a sala de aula. Aqui tudo soa bem, as melodias são ótimas e constantes, a linha vocal é ótima, o baixo é bem audível. E o refrão, hã, que refrão. Impossível não grudar. Se o Offspring já é uma banda de refrões-chicletes, aqui fica ainda mais. Apesar do tema relativamente sério (mas abordado com bastante tema de sacanagem), a música anima qualquer festa.
A banda começa a cantar "La la la la la" que lembra mais "Smells Like Teen Spirit" do Nirvana, para logo entrar, guitarras com certo peso, mais arrastadas que nas outras faixas. Eis o segundo hino-mor do álbum, "Self Esteem", com sua letra o mais dor de cotovelo possível, falando da garota que ama te usar e dormir com seus amigos. É cheia de incertezas em algumas partes, que são confirmadas inseguramente logo após ("I may be dumb,/ but I'm not a dweeb/I'm just a sucker with no self esteem", canta um emocionado Dexter). Linda e emocionante.
"It'll Be A Long Time" faz retomar o Hardcore tomar conta do pedaço de novo. A velocidade se mistura a um ótimo arranjo vocal que culmina em um refrão muito bom, coisa de profissional, e conta com um dos melhores instrumentais também.
"Killboy Powerhead", cover da banda Didjits, tem início com um riff de matar, e Dexter entra quase gritando a letra. As bases de guitarra são caprichadíssimas, furiosas e cheias de melodia, de modo simultâneo. Tente ouvir e não agitar!
Tem início "What Happened To You?", com arranjos vocais e instrumentais extremamente bem sacados, te bota pra dançar de imediato! A letra parece falar sobre as mudanças que sofremos, tema muito recorrente na adolescência.
"So Alone" é um hardcore caprichado com uma voz meio melancólica no refrão, e no final, paradas com a banda gritando "Kill!", "Fuck Off!" e "Die!".
"Not The One" ganha destaque pelo seu arranjo vocal ótimo e pela letra que fala de si mesmo em relação aos problemas do mundo, sobre se revoltar a ser o único a ser tachado de culpado. Válido nos dias de hoje, em que políticos da vida vivem imersos em corrupção e ficam com uma imagem de bons moços, e outros que não fazem nada de mal são tachados de estranhos ou culpados de erros por terem preferências diferentes...
Entra a faixa-título, que reparte momentos hardcore com momentos guitarreiros bastante pesados, quase metálicos, com a banda toda, mas como sempre com o vocal de Dexter ganhando destaque, sobre a liberdade de poder fazer o que quiser. O ritmo cai para as guitarras se exibirem por um curto espaço de tempo e a parte rápida e furiosa voltar, até a música acabar.
A voz da introdução comparece mais uma vez para encerrar o álbum, e aparecer o riff arrastado de "Change The World", do álbum que viria a seguir, "Ixnay On The Hombre", que some tão repentinamente quanto aparece. Como bônus, espere mais alguns minutos, e poderá ouvir o início de "Come Out And Play" em versão acústica.
Ah, sabia que além de todas essas qualidades grandiosas, canções poderosas e melodias viciosas, o terceiro álbum do Offspring ainda ganha mérito por ser o álbum independente mais vendido de todos os tempos? Pois é, apesar dos pesares, Dexter Holland e sua turma nunca estiveram de brincadeira. Nunca mesmo.
You gotta keep 'em separated.
Marcadores: Resenhas
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