(Colaboraram Nat e Bêr)
Feist – The Reminder: Lembro-me muito bem da primeira vez que vi a Feist em carreira solo. Ela estava tocando Mushaboom (aquela do comercial de perfume) com uma guitarra vermelha linda, que eu ainda vou ter. O fato é que eu fiquei viciada na música da Feist, ouvi o cd todo e ele nunca mais saiu do radinho. No comecinho de maio deste ano, ela lançou o "The Reminder", que logo de cara viciei de novo. É um álbum delicado, com canções simples, porém muito bem trabalhadas. A voz da Leslie é linda de morrer, e os arranjos são bacanas também: tem passarinhos cantando no fundo de “The Park”, tem um coral em “1, 2, 3, 4” fazendo “ohhh ohh ohh!”, tem estalos de dedos em “Brandy Alexander”, e ainda tem “Sea Lion Woman”, um cover da Nina Simone. Um álbum pra ser ouvido enquanto você está deitado no chão, pensando na vida. Ou então em um domingo de manhã, você é quem sabe.
Ouça: "1, 2, 3, 4" e "I Feel It All"
PJ Harvey – White Chalk: Levei um choque quando ouvi “White Chalk” pela primeira vez, e me perguntei “o que fizeram com as guitarras da PJ?”. Se você achou que iria ouvir um disco de rock (assim como eu), você se enganou. “White Chalk” vem cheio de pianos, gaitas, e nada de guitarras como nos discos antigos. Na voz, nada de gritinhos como havia em “Stories from the city, stories from the sea” (álbum lançado em 2000), e sim vocais suaves, às vezes até sussurrados. Um disco diferente, e que me surpreendeu bastante. Mas lembre-se: ser diferente não é necessariamente ser ruim.
Ouça: “White Chalk”
Radiohead - In Rainbows: O Radiohead conseguiu. Chamaram tanta atenção que viraram matéria até na revista Veja. Disponibilizaram o álbum na internet, e cada um paga o quanto quiser (ou então não paga nada, se preferir). Se deu certo? Claro que deu. Na semana do lançamento do disco, só deu Radiohead no Last.fm, nas buscas do Google, em todos os lugares que você possa imaginar (ok, nem todos). Mas, deixando tudo isso de lado... O cd é ok (not "Ok Computer"). É um álbum mediano: não chega a ser grande coisa, mas também não é ruim. É meio que uma montanha russa: começa bem, depois fica tudo meio parado, e então quando você acha que o disco tá começando a ficar bom, ele já está acabando. Quando se trata de banda grande, a gente sempre espera mais... Talvez seja isso.
Ouça: "15 Step"
Deborah Harry – Necessary Evil: Sempre achei a Debbie Harry tão ícone pop quanto Madonna. Ambas são loiras, bonitas e todo mundo já ouviu falar em seus nomes, pelo menos uma vez na vida. Além disso, as duas moças (hm... senhoras) já colocaram as caras na telona também. Deixando as comparações com a Madonna de lado, Deborah Harry já tem seus 60 e tantos anos de idade, mas continua jovem o suficiente pra lançar um bom disco: “Necessary Evil”. Logo de cara me empolguei com o disco. São 17 músicas: a faixa de abertura, “Two Times Blue”, é uma baladinha pop/rock bem legal. Outras já são um pouco mais punks, como “You’re Too Hot”, onde Debbie arrisca um vocal mais forte e gritado. Ainda têm algumas com batidas eletrônicas, que não me chamaram muito a atenção. “Necessary Evil” é um disco moderno (exceto “Paradise”, que tem um trash saxofone horrendo no começo). A voz de Debbie continua inconfundível como na época do Blondie. “Tive um daqueles momentos loucos em que criar um álbum novo me pareceu uma boa idéia”. Excelente idéia, Debbie. Continue Assim.
Ouça: "Two Times Blue"
The Polyphonic Spree - The Fragile Army: Teclado, guitarra, baixo, flauta, percussão, trompete, trombone, violino e um coral. Se você ouvir Polyphonic Spree, vai encontrar tudo isso (e mais um pouco). São mais de 20 pessoas na banda. É isso mesmo, v-i-n-t-e... E eu ainda não consegui entender muito bem. Durante os shows, a banda se veste com roupas que parecem batas, túnicas ou sei lá o que. Mas se você reparar bem, eles lembram um pouco os hippies. Mas eles são tipo, um coral – e às vezes tocam cover do Nirvana nos shows. Ficou confuso? É, eu também, mas vamos com calma: o Polyphonic Spree pode ser definido como uma mistura de música clássica, rock e muito experimentalismo. Nesse ano eles lançaram o “The Fragile Army”, que é o terceiro cd da banda. Parece um pouco de Belle & Sebastian com Flaming Lips. É um álbum bem alegre, cheio de back vocals, letras criativas, tecladinhos e sintetizadores. Toda essa mistura de estilos e instrumentos gerou um cd excelente, acho que entra na minha listinha de melhores do ano.
Ouça: "Oh, I Feel Fine"
Linkin Park - Minutes To Midnight: Um dos maiores ícones do gênero new metal já andava sumido há um bom tempo – já eram cinco anos sem um álbum de inéditas. E eis que eles voltam, declarando ser uma banda madura agora, inclusive apoiando a causa política anti-Bush. Santo pré-requisito, Batman... A banda que ficou famosa ao popularizar a mistura de referências rap-metal e industrial mostra pouca diferença nesse álbum. O disco abre com a porrada “Given Up”, um rock pesado o suficiente para se bater cabeça, mas ao longo do mesmo, a banda reparte entre o velho Linkin Park – guitarra pesada, rap, refrão gritado, scratches – e o novo, que consiste basicamente em um U2 menos inspirado e pastiche pós-grunge. Ou seja, um disco com poucos momentos realmente interessantes e que raramente sai do lugar comum. Se for assim que vai se dar o amadurecimento do Linkin Park, até que a famosa Síndrome de Peter Pan que existe no Rock And Roll não é tão ruim assim.
Ouça: “Given Up”
Neil Young – Live At Massey Hall ’71: Os entusiastas do rock setentista sabem que, naqueles anos dourados, poucas performances eram tão arrebatadoras e intensas quanto as de Neil e a banda de apoio Crazy Horse. E esse homem que é uma instituição tratando-se de música emocional e introspectiva soltou um show inteiro daqueles anos, dezessete músicas de tocar o coração. Pianos e violões servem de suporte para a linda voz do canadense cantar as mais que sinceras letras, chegando a alguns momentos realmente impressionantes como a intimista “Old Man”, o medley “A Man Needs A Maid/Heart Of Gold” e a singela “See The Sky About To Rain”. E mesmo com tanta intensidade destilada através de voz e violão, Neil ainda arranja tempo pra demonstrar um agradável bom humor. Enfim: um live perfeito a ponto de se exclamar um palavrão bem sonoro. Há muito tempo que o rock não via um lançamento ao vivo tão coeso e que funciona tão bem. Dá até dó de não destacar mais músicas.
Ouça: “A Man Needs A Maid/Heart Of Gold”
Devendra Banhart – Smokey Rolls Down Thunder Canyon: Inspirando-se em Bob Dylan, Caetano Veloso e Novos Baianos, o barbudo norte-americano integrante do New Weird American Movement e que apesar de ser texano reside na Meca bicho-grilesca São Francisco mostra ao público um som de várias camadas e nuances a serem descobertas – a psicodelia funde-se sem vergonha alguma com a tropicália, que por sua vez não vê problema em interagir com o folk. Momentos como “Samba Vexillographica” e “Tonada Yanominista” causam um divertido estranhamento, “Lover” cativa pela levada mais elétrica e “Rosa” (esta com participação do hermano e ícone indie brazuca Rodrigo Amarante) atrai pela beleza pueril. Devendra só peca mesmo pela grande extensão do disco – são dezesseis canções, o que pode fazer com que ouvir o álbum na íntegra por vezes se torne maçante. Mas quando ele acerta a mão, é ouvir e viajar.
Ouça: “Tonada Yanominista”
Ozzy Osbourne – Black Rain: E eis que o Príncipe das Trevas volta após seis anos com material novo. Figura que dispensa apresentações até para os menos entendidos em rock, Ozzy continua soando muito mais atual que a maioria de seus contemporâneos. E olha que nem é vontade de ser tiozão que participa da festa dos jovens – Ozzy soube se atualizar muito bem sem soar pretensioso. A banda de apoio tem uma pegada incrível – desde a trabalhada e precisa cozinha até a rifferama infernal de Zakk Wylde. Ozzy vai do Heavy Metal moderno em faixas como a pedrada “11 Silver” e “I Don’t Wanna Stop” - essa com o melhor refrão do álbum e uma das melhores músicas do cantor – até baladas rasgadas como “Lay Your World On Me” e “Here For You”, sem contar a sabbathica faixa-título, com direito até uma gaita à lá “The Wizard”. Para quem achava que um dos caras mais queridos do Rock estava se aposentando de vez, não há nada a temer – os bons morcegos decapitados continuam guiando o Madman no caminho certo.
Ouça: “I Don’t Wanna Stop”
KoRn – Unplugged MTV: Em todos os casos, um acústico da MTV é uma faca de três gumes. Ou o artista em questão se reinventa e faz com que suas composições soem como novas em formato desplugado, ou resgata um nome que a mídia não lembrava há um tempo em discos medíocres, ou então a banda não sabe lidar com a premissa e comete um desastre apenas para continuar vendendo. O KoRn foi um caso difícil de definir. A banda até que começa enganando – a banda acostumada a gritos, afinações baixas e distorções parece que vai se sair bem quando ouvimos “Blind”, mas a maioria não sai do extremamente previsível. De quebra, a banda ainda joga seu hit “Freak On A Leash” no lixo quando Davis chama Amy Lee do Evanescence para um dueto fraquíssimo. Mas entre mortos e feridos, temos uma interessante versão de “Creep”, do Radiohead, ainda mais angustiada que a original, e um medley de “Make Me Bad” com “In Between Days” do The Cure, com a participação do próprio Robert Smith em pessoa. O resto, por favor, manda cremar.
Ouça: “Creep”
Marcadores: Junkiebox
8 Comments:
Não ouvi nenhum desses ok. HUAHUHUAHUA sério!
Desses aí o único que ouvi é o do Radiohead, mas tenho interesse no do Ozzy e no do Neil Young ;P
Os únicos que prestam e/ou conheço são polifoniquisprí, neil young e o retardado do Ozzy.
Pode enfiar o Radiohead privada abaixo.
LP faço questão de não ouvir. Korn, manda cremar mesmo, já deu o que tinha que dar.
Ai ai, o Ozzy tá muito gay nessa capa. Nem vou ouvir também huahsuhahs. Brincadeira, vou sim.
Esse disco do velho Young é demais. Old Man é linda! *-*
melhor junkiebox de todos.
enfim: radiohead e polyphonic spree (muito, muito certo, embora ''oh i feel fine'' na verdade não esteja no disco original, só numa versão que foi espalhada pelos sites de download) são os melhores e ponto final.
(ok, o ozzy, a p.j. e o neil young também são muito bons.)
"Marina disse...
Não ouvi nenhum desses ok. HUAHUHUAHUA sério!"
Tô achando pessoas como eu aqui sauhsahuashu
mas adorei adorei a resenha da feist! valeu pelas dicas, vou baixar =]
aaaaaaaai o ozzy tá tão beesha poderooooosa nessa foto *-*
O disco do Radiohead está bem bom; não acho que seja só um álbum mediano :B
Além disso, eu preciso ouvir mais uns daí, sim :P
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