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    sábado, maio 19, 2007
    Krig-Ha, Bandolo! - Raul Seixas


    Não há um músico no mundo que se iguale a Raul Seixas. Roqueiro incurável, amante da poesia, paranóico em relação ao oculto, adornado como mito, é ele que figura, indiscutivelmente, como o rei do rock no Brasil. O baiano foi pioneiro em quase tudo que tentou, sem apelar à cópia descarada do que era feito no exterior, e com influências que variavam de Beatles a Aleister Crowley e de Elvis Presley a Luís Gonzaga. Raulzito pode ser considerado poeta, talvez o primeiro do rock brasileiro, muito antes de Cazuza e Renato Russo se aprofundarem em seus manifestos filosóficos: tinha uma linguagem coloquial, cheia de nuances bem sacadas de metáforas simples e imagens diretas.

    Sim, é certo que Raul era um tanto canastrão em sua maneira de ser, e que “brega” é apelido para seu figurino, dependendo da fase em que se encontrava; mas era apenas um modo divertido e hiperativo de mostrar o que acreditava ser certo, errado, in e out, principalmente nos tempos frios em que vivia. Inclusive, Raul Seixas declarou ter sido seqüestrado por agentes do então governo Médici, um incidente que culminou com seu exílio para os Estados Unidos – vejam só, que ironia: justo ele, brasileiríssimo, politicamente ativo contra o capitalismo...

    Seus primeiros discos foram fiascos. Raulzito e Os Panteras (hoje por dez contos em qualquer loja de discos; vale a pena), sua primeira gravação com a banda homônima, vendeu tanto quanto camisinha em igreja evangélica. Seu segundo atentado, um álbum completamente maluco e inovador, era tudo, menos comercial. Tinha o charmoso nome de A Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta a Sessão das Dez. Meigo, para dizer o mínimo: lhe rendeu uma expulsão da gravadora CBS. Depois de um disco anônimo cheio de covers do rock ‘n’ roll cinquentista, conseguiu finalmente lançar o primeiro disco “sério” – não pelo nome, obviamente: o álbum teria como título o grito de guerra do Tarzan: Krig-Ha, Bandolo!

    E pronto. Raul Seixas teve o nome gravado nos anais do rock ‘n’ roll. Krig-Ha, Bandolo! é um disco maravilhoso, cheio de canções entupidas de criatividade e de qualidade inegável, desde suas melodias, que podiam variar do belo ao louco, até suas letras, cheias de contestação cultural, social, filosófica e satírica. Talvez o único problema desse álbum, embora seja exagero usar essa palavra, tenha sido a falta de familiaridade entre as faixas, cada uma completamente diferente da outra, e algumas sem o mesmo clima. Mas isso não é um empecilho, muito pelo contrário: depois de se acostumar às maluquices do Maluco Beleza, essa diversidade doida se torna mais uma das viagens...

    É um negócio muito doido, mesmo. A primeira faixa já convence: é uma gravação bem vagabunda de um Raulzito então com 9 anos, gravando “Good Rockin’ Tonight” – experiência não experimentada desde sua infância, aposto. Já abriu a cabeça? Ótimo, pode continuar ouvindo.

    E então vem uma vozinha meio macumbeira, um grito de “eu sou a mosca” que, entre batucadas e percussões, é acompanhado por “que pousou em sua sopa”... é a primeira mostra raulseixística de música: “Mosca na Sopa” é tudo, menos normal. Cativante paca, pula de ritmo e gênero como se o rock e as cantigas africanas fossem estações de trem. É um tanto difícil de explicar, mas entre os zumbidos no meio da música e todo aquele rock seguido de berimbaus, o ouvinte fica meio extasiado, mesmo, contagiado com essa metamorfose ambulante...

    ...que, por sinal, é o nome da próxima canção: “Metamorfose Ambulante” talvez seja a expressão máxima da obra de Raul, o ápice de sua voz, sua filosofia de vida jogada em versos. Os corais e os toques meio psicodélicos de sua guitarra acompanham os vocais, naquela que pode ser sua melhor letra, cantando “eu prefiro ser/essa metamorfose ambulante/do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, nesse modo de dizer tão cheio de erros, mas tão cheio de emoção, de vida. Não há descrição possível para essa obra-prima da música brasileira: ouça, cante, viaje, naturalmente ou não.

    Um monte de gente doida gritando “vai cair” sem parar e Raulzito completando o que é que vai cair, o que é que vai sair, o que é que vai subir, enquanto o ritmo dessa crítica maluca vai acelerando a ponto de chegar a um rockzinho, mas tão bom, bicho. O nome disso é, veja só, “Dentadura Postiça”.

    As Minas do Rei Salomão” tem um tom bem folk rock, com uma guitarra bem esperta, com uma letra bem interessante: “entra e vem correndo para mim/meu princípio já chegou ao fim/e o que me resta agora é o seu amor”, enquanto vai gradativamente se tornando um tratado sobre o oculto e o místico, com citações a faraós, Dom Quixote, tarot, bolas de cristal, incensos do Nepal... doidamente fodinha, viu.

    A Hora do Trem Passar” é a mais lírica, a mais acústica, com uma letra romântica, bela, com versos como “você é tão calada e eu com medo de falar/já não sei se é hora de partir ou de chegar” e “tudo já passou/o trem passou/o barco vai”, até de repente explodir numa confusão psicodélica que a termina de uma maneira que não se vê mais em terras tupiniquins...

    Aqui a gente entra num dos pilares da música de Raul Seixas: “Al Capone” é um daqueles rockões cheios de energia, cuspindo uma letra simples, dada a múltiplas interpretações, tanto sobre Al Capone quanto sobre Júlio Cesar, Lampião, Jimi Hendrix, Jesus Cristo, Frank Sinatra, enquanto a guitarra berra e todos os instrumentos a seguem com velocidade incrível. Teve direito a solo de guitarra daqueles super velozes e fim com guitarras distorcidas. Maravilhosa, prova inegável do poderio tremendo do barbudo.

    Raul fala em inglês como se fosse um artista gringo gravando no Brasil, até começar “How Could I Know (Love Was to Go)”, cheia de seu sotaque arrastado, numa letra tipicamente dor-de-corno, cheia de imagens sentimentais (que, sinceramente, é piegas demais para ser traduzida), sem nada de rock, mas muita melodia. É para se amar ou odiar. Prefiro um meio termo: esfria um pouco, mas não tira a atenção do ouvinte.

    Quem falava em esfriar, mesmo? “Rockixe” é outro pilar do rock ‘n’ roll de Raulzito, com metais acompanhados a um ritmo lancinante, numa letra bem animadora sobre superação, com berros de “vê se me entende/e olha o meu sapato novo/minha calça colorida/o meu novo way of life” e o refrão “o que eu quero/eu vou conseguir”. E que baixo é esse, minha gente? Animou.

    Cachorro Urubu”, porém, é meio folk, meio country, meio sertaneja, com uma letra também fadada a várias interpretações. Raul afirma ser Cachorro Urubu, mas como contradizê-lo em meio a esses acordes tão belos, a essas metáforas tão loucamente poéticas? É um monte de piração, mas não deixa de ser bonita...

    A última canção é um dos maiores libelos contra o comodismo, o establishment, ao dizer que “é você olhar no espelho/se sentir um grandessíssimo idiota/saber que é humano, ridículo, limitado/que só usa dez por cento de sua cabeça animal”, entre tantos outros lapsos de genialidade em “Ouro de Tolo”, com seu discurso rasgado com uma cantoria desenfreada, nesse canto mais falado que cantado... Cheia de sentimento, emoção, termina com um dos versos mais inteligentes, ainda que de uma forma bem incomum, da primeira fase de Raul: “no cume calmo do meu olho que vê assenta a sombra sonora de um disco voador”.

    Raul Seixas provou, aqui, o quanto o rock brasileiro ainda tinha a mostrar, o quanto, aliás, ele poderia fazer pelo rock. Quebrou a caretice de muita gente, abriu a mente de outros tantos, com coragem de dizer o que pensava numa época em que pensar era proibido. Não há como explicar, é inútil tentar... só deixe que esse baiano arretado lhe mostre o caminho...

    Marcadores:

    posted by Gabriel M. Faria at 1:11 PM

    6 Comments:

    Anonymous Anônimo disse:

    A resenha foi muito boa.
    Mostrou que nós também podemos fazer um bom rock.

    1:58 AM  
    Blogger Carmem Luisa disse:

    E eu não preciso dizer mais nada.
    ...

    3:08 PM  
    Blogger charles disse:

    raul foi mais uma alma iluminada do rock brasileiro que foi embora cedo. 'vozinha de macumbeiro' foi engraçado. no jornal ZH, de POA, saiu um cd ao vivo. nada de novo, a não a sua performace deplorável com um raul bêbado, mas valeu o registro. junto do renato, o raul também é top

    8:23 PM  
    Blogger Johny Farias disse:

    "Raul deixa de ser atual
    para se universal"

    Belo post, fez muito bem em postar
    na Comunidade do Raul.

    Esse é um dos melhores albúns do Raul e está entre os 10 melhores
    do Brasil.

    Ouro de Tolo é um hino, em 1973
    o Brasil descobria que tinha um
    génio!!

    Abraço e parabéns pelo Blog.

    Johny Farias/07

    11:50 PM  
    Blogger Unknown disse:

    Salve Raul...

    7:37 PM  
    Anonymous Anônimo disse:

    Muito boa a resenha, vocês escrevem muito bem... muito legal o Blog também.
    Queria só colocar um detalhe, que foi a época que esse disco foi lançado que marcava um tempo em que a música brasileira estava desarticulada - o pessoal que tinha surgido no final de 60 - Caetano, Gil, Chico, Vandre... - estiveram exilados e sobre alvo de forte repressão da censura... e era a "ressaca" depois do 68 da França, um tipo de ´recuo... e endurecimento do governo militar no Brasil, depois do AI-5... dai esse album marca uma retomada não só do Rock, mas da música alternativa como um todo no Brasil... tem um verso muito bonito do "Cachorro Úrubu", nome de um indigêna americano, Crow Dog, que liderou uma revolta contra o governo dos EUA ( "em guerra com Zebu") que diz "Todo jornal que eu leio, me diz que a gente já era... que não é mais primavera, mas baby a gente ainda nem começou... Baby o que houve na Transa vai mudar nossa dança" - transa era uma forma de se referir a França, a primavera de 68. Dentadura Postiça é uma referência ao governo militar: é a ditadura postiça que vai cair, com tudo que esta associado a ela. Ouro de Tolo ao mesmo tempo que é um grito para fugir do comodismo e do consumado também é uma crítica ao caminho que o governo oferecia, do Milagre da economia Brasileira... de ascenção material e econômica... é bem isso que falaram antes de mim, "passando do atual ao universal", pegando fatos do momento histórico que estava e a partir dele fazendo algo que chegue ao univeral do homem...

    10:28 AM  

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