Após poucos meses de espera, mas que pareceram uma eternidade aos fãs da banda, o System Of A Down lança a segunda parte de sua obra, "Hypnotize". Graças ao número enorme de canções produzidas, eles resolveram repartir as músicas em dois álbuns a serem lançados no mesmo ano. Como os integrantes da banda disseram, são pra serem ouvidos um seguido do outro, pois os álbuns são interligados. O guitarrista Daron Malakian afirmou que eles se inspiraram no filme "Kill Bill" do diretor Quentin Tarantino para fazer isso.
A qualidade técnica do quarteto permanece intocada. A diferença deste álbum para o sucessor "Mezmerize" é um acréscimo nos duetos entre o vocalista Serj Tankian e o guitarrista Daron, as passagens diretas e melodias estão mais diretas, mas nem por isso é melhor que "Mezmerize". Na verdade, os dois se completam de forma tão inacreditável que chega a ser perda de tempo comparar qual seria o mais perfeito... Enquanto "Hypnotize" é uma hipnose delirante por meio de sons calmos e brutais, "Mezmerize" é uma brutalidade melódica e onírica.
Ouvir "Mezmerize" e "Hypnotize" seguidos é uma viagem delirante por peso, beleza e insanidade. O System Of A Down vem recebendo críticas de muitos fãs radicais por a banda ter largado a pancadaria alternativa quase incessante dos primeiros álbuns para repentinamente mudar de trajetório, acrescentar ainda mais ritmos, trabalhar com diferentes melodias... E o mais impressionante é que o System Of A Down tem talento para isso. Isso mostra que tanto rápidos e brutais como trabalhados e melódicos, o som deles sai tinindo perfeitamente.
"Attack" inicia arrombando a porta com um riff anormal. A bateria entra logo em seguida, descontrolada. Logo depois, vai para um momento mais melódico, para logo voltar à porradeira. O refrão é brutal, parece que você acabou de levar um soco no ouvido. A música tem um dos momentos mais extremos e rápidos que o System Of A Down já produziu, que pára brutalmente para entrar em sua parte melódica. Com andamentos brutais, melódicos e até dançantes, essa verdadeira porrada fala sobre um tema que consagrou o System Of A Down: guerras. "A gelada necessidade de roubar máquinas/Consumiu nossa euforia", ataca o consumismo, enquanto "Pensamentos ilustram o que todos já sabemos/Não consegue onde é o céu/Mostrando seu bandeira por uma causa poluída" faz referência direta às verdadeiras sujeiras mesquinhas que são as guerras.
Um riff meio 'mecânico' inicia "Dreaming", com vocais meio operísticos (sério!) de Serj Tankian, mas o instrumental em suas passagens mais pesadas chega a lembrar um Thrash Metal dos bons, com estrofes em que fica mais cadenciado, que segue para momentos melódicos e calmos, onde ocorre o primeiro dueto do álbum. As melodias de guitarras são tão belas que poderiam estar em um disco do Coldplay ou do Radiohead. A letra, brilhante, fala claramente sobre alienação. "Nós somos uma geração profética de água engarrafada/O direito humano é um chip azul privado", diz a estrofe mais brilhante da música. Sim, dá para sentir um pouco de medo do System Of A Down de conseguir combinar brutalidade seguida de melodia na mesma música, de forma tão brusca, e o melhor, de forma tão excelente.
Um início mais melódico, quase viajante... Essa é "Kill Rock And Roll", onde a bateria entra naturalmente, e Daron e Serj repartem um dueto que vai do engraçado nos versos ao belo no refrão. A música possui momentos quase metálicos, com um momento mais calmo onde os dois vocais fazem um dueto quase pop, mas que soa ótimo. A música parece falar de um amor bizarro. "Toda vez que eu olho nos seus olhos/Todo dia eu vejo você morrer/Todos os sentimentos eu estou cantando e por quê? /Por quê? /Então eu me senti o maior idiota/Quando matei o seu Rock And Roll". Mas também parece ser outra sacanagem que o System ataca a sociedade americana. "Me Senti o maior idiota/Quando eu matei o seu rock and roll/Foder todas as pessoas sexys", parece um ataque à indústria midiática. E o System ironicamente se lamenta. "Acidentes acontecem no escuro/(...)/Acidentes acontecem", como o System Of A Down ironicamente se livrando da culpa de não obedecer aos padrões artísticos da sociedade. Bem... Cada um interpreta como quiser! Uma ótima mistura de vocais melodiosos com instrumental pesado e cheio de vigor, com reviravoltas alucinantes.
"Hypnotize", a mais conhecida pelo público até o momento, começa com uma melodia suave de guitarra e uma bateria calma, que compartilham espaço com um baixo repetitivo e incessante, que logo dão vez para um momento de bases pesadas e um dueto ótimo, denotando a evolução do grupo. Novamente, a banda ataca a alienação: "Por que não pergunta para as crianças na praça Tiananmen?/É por causa da moda que eles estavam lá?/Eles disfarçam, hipnotizam/A televisão fez você comprar isso/(...)/Hipnotize as mentes simples/A propaganda nos deixa cegos". A música tem um interlúdio viajante, onde melodias belíssimas de guitarra repartem espaço com um andamento crescente, que logo voltam para o grudento refrão.
A brutalidade instrumental é retomada no início de "Stealing Society", cujo alvo principal é a sociedade americana e o presidente Bush. Um andamento quase explodido e que descamba para melodias em alguns versos dominam a maioria da música. "Encanamentos quebrados, PCP e carros rápidos/Um tipo de mistura bem legal em uma estrela de cinema morta/Se eu me sinto falando, eu nunca vou estar errado/Se eu me sinto andando, é melhor você vir". "Eu sou um punho lutador da meia noite!"
Outra que segue pelo mesmo tema é "Tentative", uma das mais brutais do álbum, mas que possui um dos refrões mais bonitos da obra. "Você ouviu que nós estamos apodrecendo? /Nós estamos indo em uma espiral para baixo/Ninguém, ninguém vai nos salvar agora”... "Onde você espera que nós vamos quando as bombas caírem?/Sufocação tomando todos nós para nosso bem/Bombas estão tiquetaqueando pelo lado errado". Descambam então para um momento calmo e melancólico, que cresce para a brutalidade e cai no refrão cheio de sentimento. Guitarras belíssimas e o dueto encerrando a faixa resultam em um momento sublime.
"U-Fig" começa calma para logo estourar em brutalidade e logo após repartir rapidez e estranhice, em um resultado ótimo, com Serj gritando furioso e um dueto muito bem feito por ele e Daron. A música volta a ser calma como no início, repetindo no seu cérebro o ótimo riff, que parece querer voltar no seu cérebro. Bizarramente e genialmente, andamentos dedilhados, soando quase acústicos repartem espaço com momentos brutais. A alienação da sociedade americana mais uma vez é criticada duramente. "Todas as bandeiras patéticas acenando porcos ignorantes e nós vamos/(...)/Eles mostrarão à sua mente que você não tem mente".
"Holy Mountains" atua como uma semi-suíte. Quase seis minutos dividem momentos viajantes e momentos pesados, soando quase Heavy Metal. Os vocais de Serj e Daron estão distantes, exceto nos momentos em que Serj berra insanamente. A canção parece ser uma síntese de todo o álbum, ou seja, cheia de reviravoltas, viradas de bateria e mudanças de andamento, mas dessa vez acrescida de momentos quase progressivos. O massacre dos armênis pelos turcos não assumido até hoje é atacado diretamente "Mentiroso! /Assassino! /Demônio! /Volte ao Rio Aras!". A música vai para um andamento onde uma bateria tribal, guitarras heavy e os vocais emocionados de Serj fazem um momento de deixar qualquer um perplexo, até mesmo quem não aposta um real na banda. Afirmando apenas que até o System Of A Down aparecer, uma canção que a síntese fosse "brutalidade melódica" era totalmente utópica.
Um andamento percussivo seguido de um baixo que prende a atenção inicia "Vicinity Of Obscenity". Quem adivinhar pra quem vai os gritos de "Mentiroso!" no início ganha um doce... A brutalidade desse grito logo vão para um andamento que mais parece Serj cantando uma música infantil. Sem contar vocais engraçadíssimos. Heavy Metal, Hardcore, Música Infantil, Música Humorística, reverberações, tribalismos, incursões que poderiam entrar em momentos "jazzy"... Cacete, há como não chamar essa banda de genial? "Nós todos aprendemos a derrota/Dos indecentes com pés maus/Bata a carne, trate os pés/Ao doce assento lácteo".
"She's Like Heroin" é iniciada por um ruído irritante que segue para um andamento esquizóide, algo como uma mistura de Heavy Metal, Punk Rock e Dance Music (!!!). E logo entram os vocais hilariantes de Daron, que canta uma barbaridade, feito Serj, mas não com a mesma versatilidade do vocalista. Mas as linhas vocais são claramente de uma escola Frank Zappa (ouça "He's So Gay" de Zappa e me diga se eles não beberam dessa fonte!). A música cresce logo para uma porradaria de cozinha brutal e bases melódicas e intensas. Novamente, parece que a banda retrata um amor bizarro. "Ela é como heroína/Introduzindo um pequeno vidro/Estou procurando por uma ajuda/Eu preciso fazer algum dinheiro/Vendendo traseiro pela heroína", diz a hilária letra. Misturar Frank Zappa com Dance Music e Heavy Metal? Quem são esses malucos? O Faith No More? Não... System Of A Down, mesmo!
A balada do álbum se chama "Lonely Day", e quem toma conta dos vocais é Daron. A música fala de amor e solidão. Mesmo sendo balada, ainda tem passagens heavy pesadíssimas, onde Serj volta a participar dos vocais, para logo a melancolia tomar conta do pedaço novamente, com andamentos dedilhados belíssimos. Uma balada-heavy que contém um solo exótico, viajante, que não tem nada a ver com o resto da música, mas o clima quase 'digital' que ele passa, o torna perplexante. "E se você for/Eu quero ir com você/E se você morrer/Eu quero morrer com você/Pegar sua mão e andar". A música termina deixando um ruído que "Soldier Side-Intro" dava para "B.Y.O.B." começar.
E eis que começa "Soldier Side", fechando os dois álbuns de forma esplendorosa, uma viagem de dois álbuns que mais parece uma mistura de filmes de Michael Moore, Francis Ford Coppola e Quentin Tarantino, ou seja, misturando críticas, viagens, sensibilidades, brutalidades... Sim, viajei BONITO, agora, não? Você viajaria igualmente se ouvisse os dois em seqüência... Um início melódico e emocionante, contracena com o ruído, que dá espaço para o dueto entrar em ação, junto com a pegada fortíssima e pesada do baterista John Dolmayan. A letra aborda os horrores da guerra, um soldado em conflito por ter perdido fé, esperança, família, e vendo jovens sendo massacrados. "Soldier Side-Intro" é cantada aqui. "Bem vindo ao lado do soldado/Onde não tem ninguém a não ser eu/Todas as pessoas crescem para morrer/Não ninguém aqui a não ser eu", anunciam Serj e Daron dividindo um vocal cheio de emoção, para a música terminar com o início da primeira música do álbum anterior, sugerindo que o homem não aprenderá nunca a lição e tudo se iniciará de novo.
O System Of A Down conseguiu definitivamente o posto de banda da década: Tiveram o maior número de discos vendidos em um só ano, algo que só os BEATLES conseguiram. "Mezmerize" e "Hypnotize" são dois lados da mesma moeda, incomparáveis, um completando ao outro. Se é a banda do século? Não sei... Mas espero que sim. Há ótimos indicadores.
Ainda que existam muitos detratores, você sabia que quando os Beatles começaram, grupos de guitarras estavam em decadência? Você lembra também, que na história da banda do século, as paradas pop estavam na mesmice, a não ser por eles? Enquanto um monte de artistas "top" apenas cantavam músicas para apenas fazer dinheiro, os Beatles mesmo estando no topo da parada ousavam cada vez mais. Devido às experimentações dos rapazes, os discos dos Beatles foram responsáveis pelo surgimento de estilos como o Punk Rock, o Heavy Metal, o Rock Psicodélico e o Progressivo... Mas diga lá se a situação do System Of A Down não é a mesma (ou ao menos muito próxima), de única banda top que nunca se prende a uma fórmula, pelo contrário, está cada vez mais se aprimorando com novas experimentações?
Ok, alguns vão considerar heresia das brabas comparar System Of A Down com Beatles... Então é melhor parar por aqui. Mas na minha sincera opinião: esses caras podem acabar mudando a história da música. Quem sabe já estão fazendo isso?
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9 Comments:
o/ yaaaay
SOAD é uma banda do kralho mesmo *-* muito legal o trabalho deles o.o mas ainda num ouvi esse album _._ mas as criticas estão boas pra variar =P
o.o agora q vc falou... teh q tu tem razão nessa parada ai dos beatles XDD
abraço!
o/
nao sei se o SOAD e a banda do seculo que ele revoluciono a musica, isso sim e concreto
SOAD é FODAAAA!
e tá revolucionando sim @.@
SÓ NÃO É MELHOR QUE BEATLES
SOAD sux
:D
Mas a resenha tá apavorona como sempre
te amo :*
oh god!
pois é tava faltando nos últimos tempos uma banda com a pegada e atitude do soad.sinto de só dos boatos deles virem tocar inbrazil*
cruzemos os dedinhos
besos ber
kct b c escreve muito haha nao li, acabei de acorda... sem condições
nao tinha visto o novo visu do blog...
dorei
bjao
Beatles eh melhorrr xDD
+ a capa eh massa, só faltou alguns caracois... e eu nunca vi Kill Bill sempre falam pra caralho desse filme e eu nunca vi =/
Estava pesquisando no google sobre o SOAD e vi seu blog ,li a resenha e achei perfeita,pra mim pareçe mas uma das ótimas feitas pela Kerrang; bem não vou me aprofundar mto no comentário pq o post já é antigo (esse é o mal de achar bons blogs pelo google).
System of a Down é minha banda preferida sempre,acompanho desde o primeiro álbum.Vc tem razão em dizer que é a melhor banda da década ,eu pelo menos acho isso,estamos cansados da mesmice e falta de originalidade das bandas que surgem atualmente,como o próprio Daron falou a respeito : " Quando as bandas cansam de copiar umas as outras ficam reiventando a si mesmas " .
Te convido pra participar do fórum Toxicity ,o melhor fórum de System do Brasil . ta ae o link . Um abraço ! (Y)
sou fã do system of a down pra mim essa banda é tudo e mais um pouco no conjunto mesmerize e soldier side são os melhores albuns mesmo mas toxicity é foda as 3 aerials chop suey e toxicity támbém destroçam tá pra nascer banda melhor que o system of a down
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