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    domingo, julho 15, 2007
    Ira! - Psicoacústica


    Missão difícil ser o Ira!. Destoando desde cedo de grande parte do levante oitentista de rock - um exército de bandas que não trazia nada de novo e preocupava-se em fazer uma versão brasileira e hedonista de Smiths, The Cure, The Police e U2 - ao buscar suas referências em The Who, Jam, The Clash, Television e Hüsker Dü, ou seja, um som mais direto, primitivo e garageiro, com letras mais conscientes, amadurecidas e inquietas. Começaram a escrever o seu próprio capítulo na história do Rock com os LPs "Mudança de Comportamento" e "Vivendo e Não Aprendendo", emplacando vários hits como "Núcleo Base", "Pobre Paulista", "Gritos na Multidão" e "Envelheço na Cidade" - o maior clássico da banda, conhecido até por não-roqueiros, e também atraindo inimizade da crítica da época, que incensava as cópias tupiniquins de pós-punk.

    Mas o que fazia o Ira! um grupo apenas diferente agravou-se no disco seguinte. Mesmo com os Titãs e Paralamas do Sucesso deixando as chupações de lado e investindo em fórmulas mais ambiciosas e rebeldes, uma das poucas bandas que lançaram um disco que pode ser considerado "de vanguarda" no Brasil foram os meninos da Rua Paulo - na voz selvagem de Nasi, na guitarra com contornos de Jimi Hendrix, Jimmy Page e Mick Jones (The Clash) tocada por Edgar Scandurra, no baixo de Ricardo Gaspa e na bateria de André Jung. O ano, 1988. O nome? "Psicoacústica".

    A capa do disco era totalmente estranha para os padrões da época - ao invés de músicos com roupas extravagantes ou ar blasé, via-se uma espiral verde e vermelha, que fazia efeitos com óculos 3-D. A estranheza só foi competida pelo brutal homem gritando em "Cabeça Dinossauro", o disco de rock cavernoso dos Titãs e pelo menino descabelado usando trapos no meio da selva em "Selvagem?", o disco dos Paralamas do Sucesso que traçou conexão entre o pop de grande circulação e o reggae, ska e ritmos regionais brasileiros. As letras eram fortes, chocantes, polêmicas e muitas continuam incomprendidas até os dias de hoje. E o som... Com uma ousadia que poucas bandas daqui tiveram.

    O disco já mostra ser diferente desde a primeira música, "Rubro Zorro". Iniciada com uma bateria seca e na lata, a música ganha contornos de trilha sonora, com o baixo golpeando os ouvidos como machadadas no córtex. Após vozes de introdução, Nasi começa a cantar sobre o mais famoso psicopata brasileiro, o Bandido da Luz Vermelha. "O caminho do crime o atrai/Como a tentação de um doce", canta o vocalista sobre uma pessoa comum que começou a cometer uma série de crimes horripilantes, até ser calado pela justiça. Mas segundo a letra, tal tática não funcionará, pois maníacos estão vindo de todas as partes. E é aí que temos uma performance guitarreira monstruosa por parte de Edgard Scandurra, um solo onde podem ser sentidas as gotículas de suor escorrendo pela pele do guitarrista, ao detonar a parte mais intensa da música. A parte mais bruta e forte de mais de quatro minutos de pura tensão.

    Quando se fala em bandas e discos de vanguarda, uma das bandas mais imediatamente lembradas é o Velvet Underground; pois bem, aqui apresento para os leitores a "Sunday Morning" brasileira, e recebe o nome de "Manhãs de Domingo". Um coral com ares clássicos inicia um rock furioso em que o vocalista canta "Nas manhã de domingo/Parece que todos olham para você/Atravessando as ruas/Sem olhar pros faróis", com uma cozinha pulsante e guitarras gritando quando Nasi não canta. Mesmo quando descamba em compassos lentos, a música ainda transpira um clima de paranóia e inquietação onipresente do primeiro ao último segundo.

    "Poder, Sorriso, Fama" é uma crítica explícita ao mundo do showbizz. Em um ritmo cadenciado que cresce e explode em guitarras imediatistas e se retrai em vocais inconformados, dizendo que público e mídia não se preocupam em entender o que se passa dentro da cabeça de alguém famoso, apenas querem sugar sua essência o máximo possível. E são esses mesmos fãs e essa mesma mídia tão atenciosa são os primeiros a darem tiros pelas costas dos famosos que não vivem apenas seguindo o jargão do título, que o eu lírico considera bastante decadente e efêmero ao alternar "fama" com "lama".

    As críticas continuam furiosas, e com o perdão do trocadilho, iradas. Temos agora a lenta "Receita Para Se Fazer Um Herói" que hora flerta levemente com ritmos jamaicanos, ora ganha guitarras e batidas graves e intensas, alcançando um clima new-wavista, até ganhar um trompete bastante influenciado por jazz no seu final. Irônica e parodiando os programas de receitas, a banda dá os ingredientes e o modo de fazer um perfeito herói: pegue um homem feito nós, torne sua carne saborosa e desejada, adicione fome e ódio... E sirva ele morto na mesa. Aí você tem um perfeito mártir para que a geração presente e as futuras idolatrem alguém apenas porque a pessoa morreu no auge da fama, pouco se preocupando em entender o artista, apenas por uma atitude cool e blasé.

    "Pegue Essa Arma" tem uma das introduções de baixo mais sombrias já gravadas, compartilhando espaço com uma excelente e vibrante sessão percussiva. Então entram as dramáticas guitarras, nos fazendo imaginar um confronto violento. Scandurra prova o porque de ser um dos melhores (e talvez o melhor) guitarrista que já pisou em solo nacional com riffs, solos e distorções de deixar o ouvinte boquiaberto. A bateria de Jung estoura aos nossos ouvidos enquanto Nasi e Edgar compartilham fortes versos como "Sua cegueira mais e mais me complica/Se sua roupa vale mais que a comida" e "Tiro Ianque para cima/Me acertou na testa". "O terceiro mundo vai explodir! Quem estiver sem sapato não sobra!" grita uma voz aterrorizante. "Pegue essa arma! Pegue essa arma! Pegue essa arma!", berra Nasi em resposta. A música termina mortalmente ao Nasi afirmar novamente sobre o tiro levado.

    Podem ficar irritados o quanto quiser com o Ira!, mas é isso aí; uma das bandas de Rock mais emblemáticas da nossa história compôs uma música que leva o singelo nome "Farto do Rock And Roll". Um riff hard rocker abre a canção, e o ritmo da percussão parece uma tempestade ritmada de socos. Talvez o hard rock mais sério já feito, o Ira! chuta os bagos do comodismo, do tédio, do conformismo e da alienação que atinge grande parte do público roqueiro. Por não conseguir enfrentar os próprios problemas, o eu-lírico simplesmente se acomoda e vai assistir a um show de rock. Ao invés do solo, Scandurra mete um scratch de rap e Jung batuca latas, procurando, como a própria letra afirma, outros sons, outras batidas, outras pulsações. "Fim de semana sim/Fim de semana não/Às vezes tudo bem/Às vezes sem razão/JÁ ESTOU FARTO DO ROCK AND ROLL".

    "Advogado Do Diabo" é a mais curta do álbum, e musicalmente uma das mais exóticas: o encontro do samba com Nasi dando uma de MC. Soturnas melodias compartilham lugar na música, sintetizando praticamente o disco inteiro, um ataque aos males da vida moderna. E a todos que acusam o Ira! de escreverem sobre psicopatas, criticarem um dos ritmos de música mais populares do mundo, esculhambar com o show business e a sociedade, Nasi responde: "Me diga promotor/O seu tempo já passou/Quem é o vilão dessa história?". O tribalismo de alguns momentos só combina com o refrão "Atire a pedra no pequeno/Mas um dia você vai se queimar". Se o propósito é não deixar pedra sobre pedra, a banda cumpre o papel com maestria.

    E o álbum encontra o final com "Mesmo Distante", mostrando o único momento mais sentimental do álbum. Sobre cordas e efeitos dignos das bandas que tocaram em Woodstock, o eu-lírico reflete, dizendo que uma hora o álbum teria de ser engolido e digerido: "Se você sabia das razões/Que eu tinha pra voltar/Hoje sabe por que não fiquei/Por que não fiquei". Engolido pela lisergia da capa e da sua última canção, o disco some tão misterioso quanto começou.

    Chega o fim de um dos discos mais injustiçados e incompreendidos da história do Rock. A banda nunca conseguiu chocar tanto de novo. "Psicoacústica" é, por muitos méritos próprios, o disco definitivo do Ira!, onde a banda explorou todos os seus limites, expressou toda a sua insatisfação, e se distanciou do punk rock paulistano ao invés de questionar os efeitos do capitalismo sobre a classe operária, passou a questionar os efeitos do capitalismo sobre o ser humano em si. Mesmo que estejam fartos dele, esse é o espírito do rock: o caráter libertador, contestador, revolucionário e incoformado.

    Enfim, muitas palavras já foram ditas sobre esta obra-prima e cabe ao leitor decidir se tomará a obra como um dos discos mais corajosos e originais que uma banda já resolveu gravar, ou se, assim como a maior parte do público que gosta do Ira! apenas de passagem, o considerará comida entalada na garganta. O fato é que depois deste álbum e outros que primavam pela insatisfação e revolta com o marasmo, a música pop nacional nunca mais foi a mesma. Para melhor ou para pior.

    Marcadores:

    posted by billy shears at 11:35 PM

    7 Comments:

    Anonymous Anônimo disse:

    adoro o ira!. uma das melhores bandas (quisá a melhor) de rock cru e puro que o brasil ja teve e ainda tem. scandurra é animal. um puta guitarrista. nasi tem uma voz original. o cd é bala.

    10:18 PM  
    Blogger natália; disse:

    não conheço o cd, bêr... mas concordo com o que o leonardo disse acima.
    o edgar scandurra toca muito! ele tá tocando com mais duas gurias fodas numa outra banda, mô psicodelico o som. o nasi também, puta voz!

    vou ver se acho o disco pra baixar,
    bejo.

    11:01 PM  
    Anonymous Anônimo disse:

    nossa, essa manhãs de domingo deve ser bacana...
    afinal, acho que é um sentimento universal (ou ao menos ocidental) essa ressaca moral ou mesmo etílica que todo mundo sofre :B

    6:17 PM  
    Blogger Carmem Luisa disse:

    Não conheço absolutamente nenhuma música do Ira!, mas, vá. Reconheço sua - enorme - importância para a música nacional.

    10:01 PM  
    Anonymous Anônimo disse:

    Não conheço muito sobre o Ira!, mas, pela descrição do ber,as músicas são bem interessantes. Vo procurar esse álbum pra baixar.

    3:32 PM  
    Blogger Unknown disse:

    Sou um privilegiado então.
    Meu irmão mais velho é fã do puro rock e eu herdei esse gosto dele. Ele é muito desleixado e um dia minha mãe se desfez das coleções de vinil dela e os discos de rock dele foram junto. Por sorte, no final da minha infância e inicio da adolescência eu já gostava de rock, guardei o disco de vinil do IRA, justamente o psicoa´custica. E lá se vão 21 anos. Pena que eu não tenho uma vitrolinha para ouvir. Mas o disco está ótimo e é de fuder.

    5:03 PM  
    Anonymous Alexandre R. - MG disse:

    Ótima crítica...este álbum é sensacional! Muita coragem e personalidade dos caras em gravar um álbum destes em meio a toda euforia do rock brasuca dos anos 80...totalmente revolucionário!

    2:54 PM  

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