(Post feito originalmente pelo Vitor)
Fim dos anos 90, começo de um novo século. A onda pop assolava o mundo inteiro com as boy bands com suas formações de quintetos e rostinhos bonitinhos. Era uma invasão de Backstreet Boys pra cá, N’Sync pra cá, Five e grupos afins. No rock tínhamos o estouro de bandas com simplicidade punk, mas com um som pop, tais como o Green Day, Blink 182 e o New Found Glory, sendo os últimos dois despontando para o mundo com seus respectivos álbuns lançados no mesmo período.
O Brasil se via frente a uma mesmice sonora encabeçada por Raimundos e sua "Mulher de Fases", Planet Hemp, e bandas com resquícios daquelas que faziam sucesso na década de 80: bandas como Skank, J Quest, O Rappa e Cidade Negra inundavam as rádios com seus hits. E a febre de boy band não podia ser diferente no Brasil.
Em 98, alguns universitários da PUC, no Rio de Janeiro, juntaram-se em uma banda que mesclava, inicialmente, elementos do samba, do ska e do hard core. Uma mistura um tanto quanto exótica para os padrões de cada estilo. O jovem Marcelo Camelo entoava suas letras de amor na levada bruta e rápida do hard core, o que levou o futuro integrante Bruno a questionar-se quanto ao som daquela banda que fora assistir o ensaio em um estúdio pequeno, quente e com suas caixas de som equalizadas de forma desordenada.
Era o Los Hermanos, que naquele mesmo ano lançaria duas demos, o "Amor e Folia", em janeiro, e o "Chora", em setembro. Logo as canções já estariam espalhadas pela cidade maravilhosa, chamando atenção do famigerado mainstream brasileiro. A banda tocou em vários festivais undergrounds de música alternativa, fazendo com que a vida de universitário comum, aquele que segue seus períodos de curso e consegue estágios, fosse deixado de lado para que se dedicassem a o que seria uma das bandas mais superestimadas do Brasil nos próximos anos.
No ano seguinte, a banda, com suas formação principal tendo Marcelo Camelo (guitarras/vocal), Rodrigo Amarante(guitarra/vocal), Patrick Laplan (baixo),(Rodrigo Barba (bateria) e Bruno Medina (teclados), consagrada em um festival na capital pernambucana, assina com a Abril, lançando seu primeiro álbum com um selo major: era o self-titled “Los Hermanos”. Com 13 faixas que, ao mesmo tempo, tinham instrumentos agressivos e letras cativantes, a banda entrou de cabeça no cenário nacional com o hit que ninguém, contemporâneo ao mesmo, nunca vai se esquecer por um longo tempo de tanto que foi tocado: era “Ana Júlia”, o estopim da banda, regravada até mesmo pelo beatle George Harrison. Uma pena a banda ter seu brilhante trabalho sufocado por apenas uma música tendo outras como “Azedume”, “Pierrot” (música muito pedida pelos fãs que vão aos shows), “Sem Ter Você”, “Aline” e “Bárbara”. Os hits seguintes do álbum não despertaram tanto interesse do público quanto o primeiro e o mesmo número de ouvintes que contemplou ao brilhantismo do primeiro não foi o mesmo que abraçou a belíssima balada "Primavera” e a melhor (na minha opinião) faixa do álbum: “Quem Sabe”. Os cariocas, então, eram recebidas com boas vindas pelos brasileiros e despontavam para seu próximo disco, após quase 2 anos de turnê do mesmo álbum.
Com uma certa quantidade de fãs arrastados pelos primeiros sucessos, a banda lança, em 2001, o álbum “Bloco do Eu Sozinho”, desenvolvido longe da cidade grande, em um sítio na cidade imperial de Petrópolis, que chega com impasses com a gravadora e como um balde de água fria em quem esperava mais pancadas amorosas tais como as do primeiro disco. A primeira faixa e primeiro hit do álbum, “Todo Carnaval Tem Seu Fim”, é consideravelmente aceito pelo público e o disco seguiu seu caminho com seus elementos musicais que mesclam arranjos circenses, samba, bossa nova e hard core. A banda passava de uma banda agressiva para uma banda mais alternativa, com músicas mais trabalhadas e com letras mais poéticas. O segundo hit é “Sentimental”, bela música que completa o time de canções amáveis como “Casa Pré-Fabricada” (regravada por Maria Rita), “A Flor”, “Retrato Pra Iaiá”, “Veja Bem, Meu Bem”, “Mais Uma Canção” e “Adeus Você”. A banda perde seu baixista Patrick por divergências musicais e, para seu lugar, é chamado Kassim, um amigo da banda. A banda é convidada para lançar o cd e o dvd do “Luau MTV”. Frustrações estavam por vir devido a troca bruta de estilos.
Apesar de não atingir as expectativas comerciais devido à quebra total de estilo entre os dois primeiros álbuns, a banda revê seus conceitos e parte para um ‘re-começo’, tocando para pequenas platéias e em lugares pequenos. Isso serviu para que a banda reconhecesse seus fãs fiéis e, então, voltaram para a serra fluminense, onde produziram o terceiro álbum da banda, o “Ventura”, lançado em 2003, pelo selo BMG (atual Sony&BMG), equivocando aqueles que esperavam uma aproximação com o primeiro álbum, visto as frustrações acarretadas pelo segundo. “Ventura” chega com uma ótima aceitação do público e aquelas pequenas platéias triplicavam seus números de expectadores. Seu primeiro carro chefe, “Cara Estranho”, é bem aceito na mídia e leva a banda ao lugar onde deveria estar, fazendo com que, finalmente, conseguissem seu lugar na música brasileira. Daí foi só alegria. “O Vencedor”, segundo hit do disco, tornou-se uma das principais músicas ao citar o nome Los Hermanos. A lindíssima “Último Romance” torna-se o terceiro hit, hit esse que é seguido de perto pelas outras maravilhas do álbum: “O Pouco Que Sobrou”, “Conversa de Botas Batidas”, “A Outra”, “O Velho e O Moço”, “Samba a Dois” e “Deixa o Verão”. A banda chega ao seu auge com esse que, ao lado do self-titled, é o melhor disco da banda.
Dois anos mais tarde, a banda lança um cd/dvd ao vivo, gravado no Cine Íris, casa de shows no centro do Rio de Janeiro. Mais tarde, no mesmo ano, é lançado o último álbum da banda, o “4”. Diferente daquilo ouvido anteriormente, esse é o álbum mais complexo da banda, com músicas de maior duração e poucos hits grudentos. Apesar de todo trabalho do grupo, as opiniões sobre o disco se dividem: alguns acham o mais ‘chato’, outros acham ‘pura poesia’. O primeiro carro chefe, “O Vento”, é o mais conhecido desse álbum, afinal fez parte da trilha sonora da tão aclamada mini-série aclamada pelos jovens, a “Malhação”. Pouco pode se destacar desse álbum, na minha opinião. Músicas como “O Ventro”, “Morena”, “Paquetá” e, claro, a melhor das 12 faixas, “Condicional”, encerram as atividades da banda de poucos anos de vida e que deixo sua assinatura no livro das melhores bandas do país.
Um ano após o lançamento do último álbum, é lançado o “Perfil Los Hermanos”, coletânea que armazena os principais hits do grupo. 2007 chega com uma triste notícia para os fãs: o hiatus indefinido da banda. O grupo fará três apresentações de despedida no mês de junho na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, tendo os ingressos para o segundo e terceiro dias esgotados.
A banda precursora do emocore mainstream brasileiro (por que não?) deixará muitos órfãos em todo o país. Seus integrantes se dedicarão a projetos acumulados em seus quase 10 anos de carreira e, com certeza, serão trabalhos de primeiro nível, tendo em vista que Marcelo e Amarante são bons compositores. O que resta aos mais fanáticos de outros pontos do país é gastar algum dinheiro vindo ao Rio contemplar a banda nas suas últimas apresentações, ouvir e ver suas gravações e relembrar os tempos de suas atividades. O fato é que canções belíssimas ficarão para o acervo recheado de obras fartas da música brasileira e, futuramente, quem sabe, outros artistas não regravam e imortalizam suas canções, assim como fizeram Clara Nunes, Chico Buarque e Elis Regina?
Dois anos mais tarde, a banda lança um cd/dvd ao vivo, gravado no Cine Íris, casa de shows no centro do Rio de Janeiro. Mais tarde, no mesmo ano, é lançado o último álbum da banda, o “4”. Diferente daquilo ouvido anteriormente, esse é o álbum mais complexo da banda, com músicas de maior duração e poucos hits grudentos. Apesar de todo trabalho do grupo, as opiniões sobre o disco se dividem: alguns acham o mais ‘chato’, outros acham ‘pura poesia’. O primeiro carro chefe, “O Vento”, é o mais conhecido desse álbum, afinal fez parte da trilha sonora da tão aclamada mini-série aclamada pelos jovens, a “Malhação”. Pouco pode se destacar desse álbum, na minha opinião. Músicas como “O Ventro”, “Morena”, “Paquetá” e, claro, a melhor das 12 faixas, “Condicional”, encerram as atividades da banda de poucos anos de vida e que deixo sua assinatura no livro das melhores bandas do país.
Um ano após o lançamento do último álbum, é lançado o “Perfil Los Hermanos”, coletânea que armazena os principais hits do grupo. 2007 chega com uma triste notícia para os fãs: o hiatus indefinido da banda. O grupo fará três apresentações de despedida no mês de junho na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, tendo os ingressos para o segundo e terceiro dias esgotados.
A banda precursora do emocore mainstream brasileiro (por que não?) deixará muitos órfãos em todo o país. Seus integrantes se dedicarão a projetos acumulados em seus quase 10 anos de carreira e, com certeza, serão trabalhos de primeiro nível, tendo em vista que Marcelo e Amarante são bons compositores. O que resta aos mais fanáticos de outros pontos do país é gastar algum dinheiro vindo ao Rio contemplar a banda nas suas últimas apresentações, ouvir e ver suas gravações e relembrar os tempos de suas atividades. O fato é que canções belíssimas ficarão para o acervo recheado de obras fartas da música brasileira e, futuramente, quem sabe, outros artistas não regravam e imortalizam suas canções, assim como fizeram Clara Nunes, Chico Buarque e Elis Regina?
Marcadores: Discografias
9 Comments:
Loser manos!
Ah, sou imparcial ao fim deles, nem gostava mesmo.
Peraí....acabou ???
Uns anos atras eu nem curtia...
Agora, vicio total..discografia completa o/
Mo merda acabar assim =S
Los Hermanos é muito bom :)
umas das melhores (talvez A melhor) banda de rock nacional.
pena que acabou assim do nada ;-;
porra, u_u
quase chorei;
eu so pra constar odeio as regravaçooes que a maria rita fez.
HUN.
los hermanos é imortal de qualquer forma.
Até lançarem o "4" tinham moral.
o 4 foi disco pra juventude elitizadinha =/ mas tem algumas músicas boas... mas pra mim o melhor é o bloco e o ventura =~~ e eu quase chorei nesse último parááágrafo x(
a matéria está muito boa, exceto quando chamam Planet Hemp de mesmice sonora. Planet Hemp foi a segunda banda mais original dos anos 90, só perdendo para Chico Science & Nação Zumbi.
Todas as bandas citadas no post, são e sempre serão melhores do que o Loser Manos...
Até que enfim acabou, já era hora!!!
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