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    quarta-feira, março 08, 2006
    Velvet Revolver - Contraband

    O Velvet Revolver é uma banda que já nasceu grande. Digo, não tinha como algo dar errado para a banda: o guitarrista Slash, o baterista Matt Sorum e o baixista Duff McKagan tinham integrado o Guns N’ Roses, uma das bandas mais famosas e lembradas da história; o outro guitarrista Dave Kushner havia feito parte do Suicidal Tendencies, uma banda que entrou para a história ao misturar Hardcore e Heavy Metal, atraindo a atenção de um monte de gente de preto a pular ao som agressivo e ríspido; o vocalista Scott Weiland integrou a banda alternativa/grunge Stone Temple Pilots, responsável por discos clássicos como “Core” e “Nº 4” e sucessos como “Plush”, “Creep” (nada a ver com Radiohead), “Sex Type Thing” entre outras.

    O STP certamente fará uma bruta falta, mas esse não é o assunto de hoje. O Velvet Revolver teve uma gestação difícil: seu embrião surgiu quando os ex-gunners tocaram em um tributo ao saudoso Randy Castillo, baterista que é lembrado por tocar com a lenda Ozzy Osbourne e que, infelizmente, morreu em decorrência do câncer. Após isso, começam a experimentar vários vocalistas, sendo os mais conhecidos entre eles Sebastian Bach (ex-Skid Row) e Mike Patton (ex-Faith No More). O curioso é o anúncio que eles publicaram, querendo um vocalista que tivesse traços de Alice Cooper/Steven Tyler e um pouco de Paul McCartney e Jonh Lennon.

    A busca termina com Scott Weiland. Dave Kushner entra na banda porque já tinha tocado com Duff no grupo Loaded. Antes de se chamarem Velvet Revolver, eles passaram por The Project e Reloaded e a primeira gravação realizada é o cover de “Money” do Pink Floyd. Porém, o álbum demorou a ser concluído devido Scott ser preso duas vezes por envolvimento com alcoól e drogas. Mesmo assim, aos trancos e barrancos, o Velvet Revolver conseguiu dar algum resultado e lançar o aguardado álbum de estréia: Contraband!

    O disco soa como uma amálgama dos riffs melódicos do Guns, das bases e passagens pesadas do STP e com uma pegada meio punk, meio heavy do Suicidal Tendencies. O resultado final chega ao ouvido humano como canções de rock cruas e pegajosas, conquistando o ouvinte ou não logo na primeira ouvida.

    Todas essas minhas afirmações vêm logo na primeira faixa, “Sucker Train Blues”, que começa com um clima um tanto quanto caótico que abre espaço para um riff inflamando e vocais animalescos de Scott. Uma música agitadíssima, com uma letra malandra: “E quando eu quiser/Eu te encontrarei/E quando eu quiser/Eu te cegarei”, diz o grudento refrão, com ótimos backing vocals por parte de Duff. E, para complementar, um dos solos mais furiosos já gravados por Slash. Isso que é começar a carreira com os dois pés arrombando a porta!

    Ainda mais feroz e com uma veia mais punk ainda que a anterior, surge “Do It For The Kids”, só que com passagens mais melódicas, mas nem por isso a música perde a ferocidade, aliás, acaba dando um ótimo contraste. A letra parece tratar de um fugitivo (talvez um retrato da vida do próprio Scott com as autoridades, quem sabe?). Uma das mais pesadas e selvagens do álbum. Tente não pular ouvindo isso!

    Big Machine”, porque não afirmar, é uma das melhores do álbum. Um baixo bem balançado de Duff abre espaço para um dos refrões mais marcantes do álbum, que estoura em guitarras pesadas e ferozes. A letra é bastante politizada, com o refrão “É uma máquina grande/Nós todos somos escravos/Para uma máquina grande”. A bateria de Sorum está explodindo e maltratando o tímpano humano nesse verdadeiro petardo. Tente não ficar cantando com acompanhamento ou sem o refrão dessa música após ouvi-la. Não vou nem gastar meu português descrevendo o que DEVE ser ouvido!

    O riff pesadíssimo de “Illegal I Song” faz você pensar que se trata de um Heavy Metal dos mais pesados. E não pensa errado. Os vocais ora berrados, ora cuspidos, ora sussurrados, a bateria metralhada e as bases intensas e graves feitos o inferno tornam essa a música mais pancadona da bolacha. A letra autobiográfica, sobre quebrar a cara e sempre se levantar sem a ajuda de ninguém, só ajuda. Enfim, são quatro minutos e dezessete segundos daa mais pura pauleira. Se você tem apreço por porradaria em estado bruto e primal, essa música é mais do que recomendável!

    Mais bordoada. “Spectacle” é a da vez. Bases densas que deixam você com medo de ser atropelado por elas, vocais secos, e uma cozinha que mais parece uma pedra de uma tonelada pulando, tudo isso compõe essa pérola Hard-Punk. A letra é vingativa e violenta, fazendo jus à sonoridade. Slash dá um show no solo. Aliás, que mal me pergunte: qual o solo que esse cara compõe que não é digno de nota? Vai compor (e tocar) bem assim lá na...

    Finalmente, depois de tanta tempestade, vem a calmaria. “Falling To Pieces” é uma emotiva balada bem ao estilo Guns N’ Roses, tanto em matéria de melodia das guitarras, quanto nas linhas vocais, quanto no refrão. Você só não acha que é uma música do Guns por causa do vocal de Scott e as guitarras um pouco mais pesadas. A letra é exatamente o que o título sugere: a vida do “eu” da música caindo aos pedaços.
    Pode chamar de balada previsível, sim senhor, mas composta com muita inspiração. Slash se debulha ao clima da música ao compor um solo de mestre.

    Você achou que finalmente ia poder relaxar? Enganou-se, meu companheiro. “Headspace” é um Hard Rock com pegada punk que só vendo. Os versos nos remetem ao Stone Temple Pilots, mas ainda no estilo desenvolvido nessa nova banda. A letra fala sobre libertar do que faz mal (“Por favor/Deixe-me ser/Sem mais perguntas/Você é o câncer/Você é a sanguessuga”). Notam-se ligeira rouquidão alguns momentos na voz de Scott. Outro que merece destaque é Matt Sorum, um verdadeiro ogro na bateria.

    Cacete, quanta porrada seguida da outra! “Superhuman” é suja, pesada, quase Heavy, um verdadeiro petardo. A letra é bem junkie, demonstrando o relacionamento com uma mulher e com substâncias ilícitas. O riff chega a ser bem esquizóide, mas não estraga. Ah sim: Aqui se ouve um solo, simplesmente, do cacete! Tudo nesse álbum cheira à inspiração. Uma das melhores performances vocais de Scott, o cara literalmente se esgoela!

    Set Me Free” tem um dos melhores riffs do álbum e uma das melhores linhas de bateria também, chamando os ouvintes à agitação. A voz de Scott está ora mais grave, ora mais rasgada, conseguindo um desempenho ótimo, nessa canção com a dupla de guitarras pegando fogo. Tente não bradar o refrão furiosamente, assim como faz Scott. Versando sobre, obviamente, libertação, de qualquer modo. A música foi trilha sonora do filme “Hulk”. Analisando bem a história do filme, a música caiu como uma luva, tanto em termos de música (violenta feito o Hulk) quanto em termos de letra (querendo ser libertar de qualquer jeito assim como o... vocês sabem) ! A primeira música que chegou aos ouvidos do público, e que deu uma pista muito positiva do que estava por vir!

    A balada “You Got No Right” quebra o clima porradeiro, mas novamente sobre indignação, mas dessa vez por causa de decepção amorosa. O clima acústico reparte espaço com um refrão onde as guitarras entram elétricas, mas tudo ainda feito artisticamente, muito bonito. Não chega a ser uma das melhores do disco, mas o álbum certamente não teria a mesma graça se essa música não estivesse no repertório. Slash, o monstro, nos entrega de mão cheia um solo cheio de feeling. Coisa de encher os olhos.

    Slither” é outra das minhas preferidas. Uma música com um riff cativante e agressivo, bases quase arrastadas e vocais sexys e animalescos. A energia em estado bruto passado por essa música é algo inexplicável e hipnótico, ela é agressiva ao mesmo tempo tem um clima especialmente indecente. Acredito que o próprio clipe passe essa idéia. A letra também é selvagem o suficiente, tratando sobre transformação e se libertar de controle. Tanto sonora como liricamente, uma pérola.

    Seguindo, “Dirty Little Thing”. Uma rifferama hard deliciosa, vocais muito bem postos, cozinha inspirada. Uma das mais rápidas, intensas e pesadas do álbum. O “junkiezismo” volta à letra, contando sobre os efeitos que as substâncias tiveram. Uma música à altura da banda: hard, pesada, suja, crua, com um solo capaz de causar um ataque cardíaco de tão feroz. Uma pérola suja.

    Fechando o álbum, temos a terceira balada, “Loving The Alien”. A pessoa se sente mudada e esquisita, e nunca tinha percebido como a vida fora da Terra era adorável. Deixando a viagem de lado, é a faixa mais bonita do álbum, sem agressividade ou densidade nenhuma, mas sim muita emotividade e sentimento. As combinações das linhas vocais de Scott no refrão junto ao solo de Slash, com certeza farão o ouvinte derrubar algumas lágrimas de emoção. Uma obra de arte.

    Na versão internacional do disco, há um cover ao vivo de “Bodies”, da famigerada lenda Sex Pistols, que na roupagem Velvet Revolver virou um Hard Rock, porém sem perder a garra e revolta punk, tanto nos vocais “sangue nos olhos” de Scott quanto nas guitarras endiabradas, quanto na cozinha destrutiva. Um cover que ficou bem a cara da banda, porém sem macular o que é clássico.

    Enfim, isso é um álbum de Rock And Roll puro, misturando Hard Rock, Heavy Metal, Punk Rock numa atmosfera suja, crua, ríspida e agressiva, melódica quando necessária, mas nunca perdendo a garra. A banda já tinha muitas referências mesmo antes de começar, mas mesmo assim eles podiam acabar estragando tudo, mas não, se mostraram capazes, inspirados e fizeram um álbum que representa muito bem o nível dos caras como músicos. Um dos melhores discos que escutei nos últimos tempos, e falo isso sem medo de errar ou ser repreendido. Uma passada no Brasil não seria nada má, não concordam? Enfim, coisa de gente grande... Rock pra quem gosta de Rock!

    Marcadores:

    posted by billy shears at 2:51 PM

    5 Comments:

    Anonymous Anônimo disse:

    Slash é sinônimo de feeling, os solos dele chegam a arrepiar..

    Cara, eu ouvi esse álbum por acaso, em uma daquelas máquinas de ouvir cds que tem em algumas lojas, sabe? E desde a primeira música eu já me encantei! É uma banda de lendas, deles não dá pra esperar nada que não seja o melhor possível. Foda.

    3:07 PM  
    Anonymous Anônimo disse:

    eu so nao gosto da letra de dirty little thing. o resto é perfeito pra mim. ih, rimou. haha.
    ;********************

    alias, com slash oq nao fica bom, né.

    6:27 PM  
    Anonymous Anônimo disse:

    Velvet eh dançante =D

    Não é algo explendido, + eh dançante! xD

    6:28 PM  
    Anonymous Anônimo disse:

    PUTA QUE PARIU!
    Velvet Revolver é uma puta banda! Também né,que formação? Slash na guitarra solo,Duff no baixo *abana*,Matt na batera,Dave na guitarra base e Scott no vocal.
    Cd maravilhoso! Me surpreendo com o Scott,com ele têm uma voz "eclética"...consegue encaixar perfeitamente sua voz em qualquer música!
    Eu (L) Velvet Revolver! É a banda que mais tenho ouvido.
    Parabéns pela resenha que deixa ou leitores com vontade e ouvir VR na mesma hora e berrar o refrão de todas as músicas.
    =*

    7:27 PM  
    Anonymous Anônimo disse:

    eu já achava esse album uma beleza sonoramente... não tinha parado pra ver outras letras além da de Slither... agora eu to vendo q num é só bom... é bom pra cacete!
    e bem q otras bandas podiam se formar desse jeito e serem tão boas assim.... =\
    resenha roooox \o\ congratz

    :@

    j.

    6:37 PM  

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