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    quarta-feira, fevereiro 28, 2007
    Neil Young - Tonight's The Night



    Sem dúvida, o canadense de 61 anos Neil Young é uma das figuras mais carismáticas dentro da música. Há quase 40 anos produzindo ótima música, o autor do hit "Rockin' In The Free World" sempre se preocupou em produzir música extremamente bela e emocional, passeando entre rock, folk, country, blues, jazz e soul (incluindo malsucedidas investidas techno e rockabilly nos anos 80), conseguindo escrever dezenas de canções doídas de tão belas, envolventes e cativantes. E, para conquistar a simpatia de qualquer roqueiro, o cara atualmente é um dos músicos mais ativos contra o governo Bush...

    Alçado à posição de rockstar em 1972 com o álbum "Harvest" e já tendo gravado álbuns excepcionais feito o marcante "Everybody Knows This Is Nowhere" e o acústico "After The Gold Rush", e até aí, não conhecia todas as loucuras e peripécias da vida, mesmo tendo gravado músicas não tão sutis. Mas, em 1973, o guitarrista do Crazy Horse Danny Witten morre de overdose de heroína, sendo seguido pelo grande amigo e roadie da banda Bruce Berry. Triste, Neil Young entra no período mais depressivo de sua vida e da sua música, mergulhando no álcool e nas drogas. Dessa época surgem o desleixado "Time Fades Away" - afetado negativamente pelas bebedeiras de Young, o grandioso e esculhambador de rockstars "On The Beach", e depois de ser vetado por dois anos pela crítica, aquele álbum que é talvez sua maior obra prima. O jovem e seu desfalcado cavalo louco mandaram às favas a gravadora, a crítica e o público que só ia aos show para ouvir o hit "Heart Of Gold" do álbum "Harvest".

    E, se não vinha com o instrumental mais polido de Young, "Tonight's The Night" transbordava sentimento por todos os lados, mesmo estes sentimentos não é o que agradam um público sedento por hits. Neil saía lentamente das drogas, e nesse álbum já estava sóbrio o suficiente para quebrar os argumentos de qualquer um que glamourizasse as drogas e achassem que o vício e suas conseqüências poderiam ser coisas boas. Acompanhado pelos remanescentes do Crazy Horse Billy Talbot no baixo e teclado e Ralph Molina na bateria e os dois guitarristas Nils Lofgren e Ben Keith, Neil Young cravou um de seus registros definitivos, e quem sabe, seu melhor álbum. Um dos poucos álbuns da história do rock onde você pode realmente sentir a dor do autor. A emoção é tanta que a técnica é imperfeita - ocorrem pequenos e carismáticos erros durante o álbum, especialmente na voz de Young, que ao levar a emoção à flor da pele, por vezes desafina, mas de uma forma tão honesta que o ouvinte sente que sem essas pequenas imperfeições o álbum não teria a mesma graça.

    O álbum é inciado pela música-título; começando leve e sutil, "Tonight's The Night" vai adquirindo contornos cada vez mais intensos guiada pela sua marcante linha de baixo, que é o grande destaque da música ao lado da performance do vocalista. Neil repete insistemente "essa noite é a noite" e logo a seguir começa a descrever o estilo de vida de seu falecido amigo Bruce Berry, contando de seus costumes e habilidades, até chegar a parte em que recebe a notícia pelo telefone que ele partira desta vida. E volta a repetir "esta noite é a noite", como se expressão sintetizasse toda sua tristeza e revolta pela perda de alguém querido. Todos esses fatores são contribuintes em uma das melhores canções do álbum e da carreira de Young.

    Um teclado intimista e uma guitarra aguda abrem espaço para que "Speakin' Out" se inicie; novamente, é uma canção de desabafo; só que aqui, assume contornos românticos, onde Neil parece dizer que está entediado com tudo, só vê a garota e todas os lugares e desabafa com ela que "já fui um procurador, já fui um idiota, mas há muito tempo eu estou vindo para você". Piano e guitarra compartilham e duelam por espaço de forma excepcional, dando ainda mais paixão à uma canção totalmente apaixonada. "Estou esperando pelo seu amor/Para me carregar".

    "World On A String" mostra a verve roqueira do cantor. Sua levada contagiante demonstra uma performance inspirada por parte de todos os instrumentos. Em belíssimas vocalizações, Neil Young solta que "o mundo em uma corda não significa nada" e que "é apenas um jogo que você me vê jogar". O refrão, tão triste quanto belo, com certeza chama a atenção de qualquer que ouve a música, não importando se ouvir uma, dez ou cem vezes.

    E seguimos com "Borrowed Tune", com gaita e piano construindo um dos mais belos instrumentais para a canção. Um Neil Young no limite da emoção, sendo esta a canção que mais a sua melódica voz fraqueja ao ponto dele cantar com voz rouca. Com um arranjo que Young tirou da canção "Lady Jane" dos Rolling Stones, ele canta "Eu estou cantando essa chata melodia/Que eu peguei dos Rolling Stones/Sozinho nessa sala vazia/Perdido demais para escrever minha própria" em sua parte mais marcante. Além da musicalidade soberba, uma das coisas que também fascinam no álbum é a sinceridade do letrista, versando sobre perdas, drogas e admitindo plágios na própria letra da canção. Chega a incomodar uma voz tão melódica nos devastar tanto.

    "Come On Baby Let's Go Downtown", além de ser ao vivo, tem um refrão que, mesmo que simples, é um dos melhores já feitos. A letra é ousada, descrevendo traficantes exercendo sua função à noite, e convida a garota para ir com ele negociar. E ela prossegue com "Bastante ruim/Quando você está negociando com o cara/E a luz brilha nos teus olhos", talvez tentando destruir o glamour atribuído ao usuário de drogas. Se fôssemos considerar apenas pela parte instrumental, seria a cançãos mais feliz do álbum; mas, ao lermos a letra, vemos a cativante agulha que Neil espetava nos outros.

    Às vezes faltam palavras para descrever o que Neil Young fez em "Mellow My Mind". Uma bateria de pegada forte segue junto com belíssimas melodias e uma apaixonadíssima letra. O próprio parece não se conter quando chega no refrão, que é o ápice da música. Uma balada das mais lindas. Que o autor só podia ser Neil Young, disso não resta dúvida...

    Ouvimos agora "Roll Another Number", uma trilha sonora perfeita para uma viagem, tanto nas melodias relaxantes quanto na letra, onde ele parece estar sempre se movendo, mas ainda com vontade de voltar para casa. Com um vocal nitidamente mais limpo e consistente que as outras, a performance mais sóbria convence tanto quanto a emocional. E que músicos eram esses do Crazy Horse, meu deus? Por que toda canção ouvida aqui tem um momento instrumental sublime?

    "Albuquerque" parece ser uma continuação da anterior liricamente. As guitarras entram, crescentes, e descambando em um fuzilamento doce de belas melodias guitarreiras. Aqui, Neil está indo para Albuquerque, à procura de um lugar em que não possa ser reconhecido. E um lugar onde as pesssoas não o conheçam nem se interessam em conhecer parece o fascinar, já que ele repete o nome do lugar de forma tão hipnotizante que torna-se meio difícil não prestar atenção.

    A seguinte, "New Mama" apresenta cordas intimistas e linhas vocais chamativas em pouco mais de dois minutos. A letra parece fazer certa referência ao uso de drogas, mas pelo ponto de visto de uma pessoa que está se livrando do vício, mas que ainda não obteve sucesso total, pois, apesar de "não haverem nuvens nos meus céus mudando", ele afirma que "eu estou vivendo numa terra dos sonhos".

    O rock volta em "Lookout Joe", em um show de guitarras, pois o trabalho que cometeram nessa música aqui realmente está impressionante. As melodias rugem chamando o ouvinte, enquanto Young diz "Olhe bem Joe, você está voltando para casa/Tempos passados são tempos passados", incluindo vários outros personagens exóticas ao desenrolar da letra, sempre perguntando a Joe se ele lembra da pessoa.

    "Tired Eyes" tem um ritmo mais arrastado, com melodias mais discretas e com Neil não impondo tanto a sua voz, exceto no refrão, e aqui Neil Young destila toda a raiva contra a glamourização hipócrita das drogas. Quem as consumia e quem as traficava e matava por elas não eram poupadas da língua afiada de Young, reemergindo de um longo pesadelo tóxico. "Por favor, aceite meu conselho/Abra seus olhos cansados". Neil não consegue ser impessoal ao cantar, sempre impondo uma emoção única, até quando a voz não alcança a mesma potência. A gaita constitui um dos momentos mais belos aqui.

    E o álbum encontra seu final com a segunda parte de "Tonight's The Night", tocada de forma diferente. Aqui as guitarras roubam o lugar do baixo para ressoarem entre os versos de Young, e o teclado surge por trás da muralha guitarreira, discreto e agradável. Aqui, a bateria ganha mais velocidade e as guitarras começam a ganhar volume, mostrando toda a raiva de Neil Young; pois a primeira mostrava tristeza pela morte de seu amigo, e estra mostra revolta por ele ter morrido. E Neil consegue deixar isso bem claro sem alterar uma palavra na letra.

    Bernard Shakey (o verdadeiro nome de Neil) é, de fato, um músico único. Em cada canção sua há uma tristeza escondida, ao início de cada melodia pode surgir versos que chamarão sua atenção e refrãos tão chamativos que não deixarão você indiferente. Neil já tinha gravado e continuaria gravando outros trabalhos excelentes, mas o trono é de "Tonight's The Night". Dor em forma de música que as gravadoras tentam vetar mas não conseguiram. Romance, perda e drogas cantados doce e tristemente. E vosso humilde resenhista poderia ficar mais algumas linhas elogiando Neil Young, mas sinceramente, não há necessidade. Assim que o ouvinte escutar este álbum isso já sintetizará todos os elogios. Para cada vez que você ouvir, você pensar que essa noite é a noite. É o que muitos pensaram quando ouviram e, logo de primeira, caíram de joelhos. Então, melhor abrir seus cansados ouvidos, pois é um conselho: não deixe esse cara passar apenas como mais um nome na sua vida. Falo sério.

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    posted by billy shears at 7:05 PM | 8 comments

    domingo, fevereiro 25, 2007
    T. Rex - Electric Warrior


    Certa vez, John Lennon disse que o glam rock nada mais era que o bom e velho rock and roll com muita extravagância estética. Noutra, Lou Reed disse que nada supera o bom e velho conjunto de guitarra, baixo e bateria. Após largar a carreira de modelo e desmanchar seu grupo de folk Tyranoussaurus Rex, Marc Feld - ou, como entrararia para a história, Marc Bolan - vestiu-se androginamente, pegou guitarras elétricas e formou a banda T. Rex, que na época, tornou-se o principal nome do Glam Rock ao nome do David Bowie, ao menos na Inglaterra; o T. Rex era mania nacional na terra da rainha, o segundo maior fenômeno musical no país, perdendo apenas para os Beatles.

    O sucesso do camaleão Bowie e da banda de Marc Bolan abriu caminho para que o glam rock tomasse de assalto o resto do mundo, dando origem ao glam urbano e violento dos Estados Unidos (de Iggy & The Stooges, New York Dolls e Lou Reed) e o do Brasil, cheio de elementos regionais (Edy Star; João Ricardo e Secos E Molhados), além do europeu (Roxy Music, Mott The Hoople, Slade, etc.).

    Escolher um disco do T. Rex para escrever sobre é um tanto difícil; poderia ser escrita uma resenha do incrível "The Slider", que comemora 35 anos em 2007 e que, quando foi lançado, conseguiu o feito de vender 100.000 cópias em quatro dias (claro que, para os dias de hoje não é nada, mas caso o leitor vivesse nos 70 e soubesse desse número, com certeza soltaria um sonoro palavrão). Mas não tem jeito; de 1971, "Eletric Warrior" e suas onze faixas são a obra prima por excelência do saudoso Bolan, que cuidava dos vocais e guitarra e era apoiado por Mickey Finn nos backing vocals e congas, o baixista Steve Curry e o baterista Bill Legend. Junto a "The Slider" e "Tanx", "Electric Warrior" forma uma trilogia perfeita para quem quer entender o que foi o Glam Rock. Ou então, apenas curtir rock dos melhores.

    O disco é aberto por "Mambo Sun", com seu riff envolvente, elétrico e sexy ao último; E tanto na letra como na voz, Bolan também abusa da sensualidade ao declamar versos como "Sob a lua do Bebop/Eu quero cantar com você/Sob o Sol do Mambo/Eu tenho que ser o cara com você" e "Com meu coração em minha mão/Eu sou um homem faminto por você/Eu tenho estrelas em minha barba/E me sinto realmente estranho por você" . Os backing vocals suaves dão toda uma nuance extra ao atuar em conjunto com a voz de Bolan.

    "Cosmic Dancer" tem belas melodias de cordas, talvez um não-desprendimento total ao que Bolan fazia antes de eletrificar sua banda; Uma bela balada com uma sessão rítimica com groove o suficiente para dançar, mas que ainda assim é suave nas vocalizações e emotiva nas melodias. Marc Bolan declara-se um dançarino por natureza: "Eu dançava quando eu tinha doze anos/Eu dançava quando eu tinha/Eu dancei ao sair do útero/É estranho dançar tão cedo?/Eu dancei ao sair do útero".

    Hora de dançar. "Jeepster" tem guitarras as mais elétricas o possível e uma cozinha para lá de sólida e dançante. Ou seja, música obrigatória em festas roqueiras. E novamente mr. Marc Bolan bota toda a libido para fora em mais uma música feita por sublimação: "Você é tão doce/Você é tão jeitosa/Eu te quero toda e tudo mais/Só para ser minha". E claro, é até impossível não reparar nos gritos animalescos no final da canção que contracenam com a 'sutileza' de um verso feito "Garota, eu sou apenas um vampiro/Por seu amor/Eu vou te chupar".

    "Monolith" parece construir um vai-vém de eletricidade e sutileza. Com uma das performances mais domesticadas da bateria no álbum, Bolan canta acompanhado por palmas, sem esquecer de destacar aqui um solo de guitarra fenomenal. A letra critica a futilidade da humanidade em relação à passagem do tempo, o que nos faz imaginar se o nome da canção ("monolito") não faz uma leve referência à obra-prima do cinema "2001: Uma Odisséia No Espaço", de Stanley Kubrick.

    A guitarra de "Lean Woman Blues" mostra o quanto Marc Bolan era um grande guitarrista e não costumam lembrar tanto assim dele na hora de fazerem tops e listas. Um riff contagiante e blueseiro é combinado com espamos elétricos e virtuosimos guitarreiros extasiantes. A letra é amargurada, falando sobre uma mulher cruel que só faz o autor da música sofrer. Difere um pouco da temática do resto do álbum, mas ora bolas, quem disse que amor são apenas coisas boinitinhas vinte e quatro horas por dia?

    Eis aqui o clássico-mor do T. Rex: "Bang A Gong (Get It On)", "A" música do disco, meus camaradas, um dos hits da banda que ajdou a inscrever o nome da mesma na história da música do século vinte. Junto com uma letra muito da abusada, a música tem um dos riffs mais empolgantes já feitos, e um dos refrãos mais simples e grudentos de todos os tempos: "Get It On/Bang A Gong/Get It On". Rock And Roll, Glam Rock, agito, sensualidade, hedonismo e tudo mais que definia o T. Rex está nessa música aqui, prova definitiva que clássico não é clássico à-toa.

    "Planet Queen" mostra de novo que, não só nas guitarras, a cozinha do T. Rex também era exuberante, embebida em música negra; irônico, Bolan faz referência à vida de transformista (ou drag queen), e os backing vocals pedem sem cerimônia as filhas dos conservadores que estiverem ouvindo. Rapaz safado esse Marc Bolan, não?

    A seguinte, "Girl", balada levada no violão, mostra um dos melhores desempenhos vocais de Marc Bolan, onde na canção mais triste do álbum, em suas três estrofes ele critica um deus distante, uma garota fútil e um garoto arrogante. As cordas estão estupendas aqui, realmente lindas.

    "The Motivator" volta a imprimir balanço, suingue e eletricidade, em seus quatro dançantes minutos. Marc não deixa por menos e começa a elogiar uma garota, falando que adora os olhos dela, as roupas dela, o jeito que ela anda, os pertences pessoais dela, os acessórios que ela usa no visual... Tudo para sempre acabar concluindo que ele está de joelhos e fazendo cara de cãozinho carente para a moça. É de fácil compreensão a razão pela qual o público feminino inglês adorava tanto Bolan (OK, o masculino também, mas tente não ser muito homofóbico e compreenda: anos 70, revolução de costumes, rock, maquiagem, androginia...).

    Uma das melhores do álbum leva o nome de "Life's A Gas", talvez a melhor de todas as baladas presentes aqui. O refrão deliciosamente pop e com uma paradinha tão característica que é (quase) impossível resistir a uma música tão apaixonante. O solo aqui é outro dos melhores da bolacha e da carreira da banda, e novamente mostra a injustiça guitarreira cometida com Marc.

    "Rip Off" fecha o álbum com peso, com seu instrumental pausado e cortante, e a performance animalesca e rugida de Bolan. A letra que ele canta é, como podemos esperar, depravada, suja, mas aqui com um toque extra de arrogância. O álbum termina em suspenso, e você olha com aquela cara para a capa do disco com a ínfima esperança de Marc lhe perguntar "foi bom pra você?"

    O Glam Rock, o T. Rex e o "Electric Warrior" são algumas das provas mais acertadas da importância gigantesca da década de 70 para a música. Pena que, há 30 anos atrás, aos 30 anos, Bolan tenha passado desta para uma melhor em um acidente automobilístico. Pelo menos a sorte permitiu-lhe viver tempo o suficiente para se tornar um dos maiores ícones dos anos 70 e influência para tanta gente de gêneros díspares, feito hard rock oitentista, new wave, punk rock, britpop, rock alternativo, e por aí vai. O misto de êxtase, admiração temor e idolatria provocado pelo último tiranossauro rex foi suficiente para que lembremos dele até hoje. Muito provavelmente pela razão que fossem rugidos mais excitados que dos seus antepassados...

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    posted by billy shears at 2:35 PM | 8 comments

    sexta-feira, fevereiro 23, 2007
    Há 35 anos exilados na rua principal.



    O início dos anos 70 foi difícil para todos. Quando os besouros de Liverpool resolveram pôr um ponto final na história do seu grupo, em 1970, e no ano seguinte John Lennon declarou que “eu não acredito em Deus, Buda, Elvis e Beatles, apenas em mim e Yoko”, parecia anunciar uma década sombria. Quase ao mesmo tempo, morriam Jim Morrison, Jimi Hendrix e Janis Joplin, ícones de toda a geração que vivenciou a mágica dos festivais hippies da segunda metade da década de 60.

    Nos anos 70, a contracultura política e pacífica foi lentamente dando lugar a uma mais mística e hedonista. Mas talvez seja necessário o por que do surgimento e consolidação da “era do individualismo”.

    As ditaduras latino-americanas seguiam firmes impondo uma censura fortíssima, enquanto os Estados Unidos enfrentavam o vergonhoso final da guerra do Vietnã e a recessão por causa crise do Petróleo. A Inglaterra enfrentava uma de suas maiores crises. O papa Paulo VI sofreu uma tentativa de assassinato. Ocorre o escândalo e a prisão do serial killer Charles Manson, que executara a atriz de Sharon Tate, entre outros. A delegação israelita dos jogos olímpicos da Alemanha sofre um atentado dos terroristas do Setembro Negro no Massacre de Munique. Ao redor do globo, estudantes e mais estudantes eram massacrados por regimes militares.

    Ao mesmo, também ocorria as Copas do Mundo, o movimento da Jovem Guarda no Brasil, a música disco, o movimento em defesa do meio-ambiente, o crescimento econômico do Japão, a invenção do primeiro videogame, o crescimento do meio televisivo, os inúmeros clássicos cinematográficos, a pop-art.

    A década mais doida do século passado foi exatamente isso: um caos, um turbilhão de informações, uma época de desgraças tremendamente chocantes convivendo com interessantíssimas inovações tecnológicas e culturais e obras-primas artísticas. A menor preocupação com a política e a maior com a satisfação pessoal ou a consolidação de correntes alternativas de pensamento que diferiam das que tinham maior número de seguidores – daí vinha a popularização de religiões pagãs celtas e orientais. E a mídia e artistas ajudavam propagando e instaurando, tornando tradições milenares um verdadeiro hype.

    Em um mundo tão variado assim, ficava mesmo difícil criar uma consciência coletiva, que colaborasse para o todo; pois até os que iam contra o sistema vigente demonstravam as mais variadas facetas, criando tribos que imediatamente odiavam ou tinham pouca simpatia por suas próximas.

    Pois, no mundo do Rock And Roll, que no ano de 1972 vinha se acostumando com a instauração do rock pesado e a afetação do glam rock, a única banda sobrevivente do mundo mainstream resolveu lançar seu álbum definitivo.

    Mesmo tendo surgido e feito muito sucesso nos anos 60, os Rolling Stones talvez sejam uma das bandas que mais representaram o espírito dos anos 70; ofuscado nos anos 60 pelo brilho dos Beatles e sob a constante a acusação de plagia-los, Mick e cia. foram um dos grupos que mais soube sobreviver àquele famoso “ciclo dos sete anos” por qual passa toda grande banda (o caso dos Beatles é o mais famoso, repare). Já em 1971, com mudança de gravadora para uma que levava o próprio nome da banda, eles lançaram o maravilhoso “Sticky Fingers”, que consolidava o espírito hedonista da década que viria. No álbum já se encontravam pérolas do porte de “Brown Sugar” (a segunda melhor música sobre heroína após “Heroin”, do Velvet Underground), a linda e emotiva "Wild Horses", e a mais do que sexy “You Got To Move”.


    Mas o exílio que impedia o Stones de ser uma das maiores bandas do mundo – por não serem gênios pop feito os Beatles, músicos técnicos feito os medalhões do hard rock e heavy metal setentistas, banda extremamente complexa feito as de rock progressivo ou homens maquiados feito os do glam rock – acabava aqui, em “Exile On Main Street”. Aqui ficou provado que se os Rolling Stones deveriam ser exilados em algum lugar, haveria de ser na rua principal, como uma das maiores bandas de Rock And Roll de todos os tempos. Quiçá a maior.

    Em sua melhor formação -Mick Jagger no vocal, Keith Richards e Mick Taylor nas guitarras, Bill Wyman no baixo e Charlie Watts na bateria os Stones foram apoiados pelo sax de Bobby Keys, o piano de Nicky Hopkyns e o trompete e o trombone de Jim Price, entre outros que participaram de uma música ou outra, ou apenas gravaram as bases, como Ian Stewart, Jimmy Miller, Gram Parsons, Ted Newman Jones III, Al Perkins etc, etc...

    Letras que pareciam ser feitas na hora, canções as mais variadas o possível, drogas, sexo e loucura no limite são apenas algumas das palavras que podemos utilizar para definir esse artefato pop tão influente. Ficava atestado que eles não eram apenas o contraponto e copiadores dos Beatles que só saíram da sombra deles tarde demais. Esqueça, quando o assunto é página virada, os Rolling Stones sempre provam que a página virada é quem os critica. O visionarismo dos Stones é algo que excede barreiras. O visual andrógino e inisnuações sexuais de Mick que inspiraram o glam rock, o satanismo de “Their Satanic Majesties Request” e “Sympathy For The Devil” que abriu portas para o Black Sabbath e Uriah Heep (e, mais tarde, todo o Black Metal) se aprofundarem no assunto, a pose de rockers feios, sujos e drogados com comportamento nem um pouco aconselhável para quem quer uma vida longa e tranqüila, que influenciou qualquer banda e artistas a partir deles – de Aerosmith, New York Dolls, Stooges, MC5 e a blank generation de New York até os dias de hoje, qualquer banda que queira parecer suja e agressiva, vai buscar seu pote de inspiração nos Stones.

    O nome do disco e sua capa refletiam sua situação e sonoridade: exilados na França, sem poder voltar para a terra da Rainha por causa do fisco, os Stones não dispuseram de toda a parafernália que tinham até então. A sonoridade alcançada reforça ainda mais o caráter de álbum espontâneo: mais sujo e lento do que seus álbuns anteriores, e também com um número muito maior de facetas. As influências de gospel e blues se afloram em emotivas baladas, rocks de primeira e músicas totalmente negras e yankees, onde a única coisa britânica é o sotaque de Mick.

    E aí, tente-se resistir a tudo isso. Desde a abertura “Rocks Off”, empolgante canção que dizem ter sido gravada apenas em dois takes e com uma letra sexy e perigosa pra diabo; “Tumblin’ Dice”, um dos maiores clássicos da banda e uma de suas melhores canções dos anos 70, inspirado em um cassino em Monte Carlo; “Ventilator Blues” e sua letra inspirada no único ventilador que aquecia na banda, e sua batida rítmica tocada com certa dificuldade por Watts, tendo que ser ajudado pelas palmas de Bobby Keys. “Happy”, o maior clássico do álbum ao lado de “Tumblin’ Dice”, é cantado por Keith Richards, sendo que este a escreveu após saber que sua mulher estava grávida.A belíssima “Sweet Black Angel” foi inspirada em Angela Davis, uma qualificada professora de filosofia negra americana que batalhou contra o racismo e foi perseguida pelo FBI, até ser presa em 1971, ocasionando vários manifestos em seu nome, que se tornara o símbolo do cidadão oprimido. “Cassino Boogie” foi criada basicamente numa jam entre Keith e Bobby Keys. Também estava presente a regravação de Slim Harpo de “Shake Your Hips”, a urbana “Torn And Frayed” que misturava todos os caminhos pelos quais os Stones já haviam percorrido até então (gospel, rock and roll, blues e soul), sem contar outras surpresas que não se lembram tanto quando falamos vagamente de Stones: as guitarras de “Sweet Virginia”, o soul-funk hipnotizante de “Let It Loose”, e “All Down The Line”, e “Turd On The Run”, e “Shine A Light" e por aí vai...

    Até hoje os novos fãs se perguntam como que uma banda no auge da doideira conseguiu escrever dezoito canções, todas indispensáveis para quem quer sentir a música contemporânea condensada em sua melhor forma em todas as suas facetas, um verdadeiro compêndio da música pop, enquanto outras bandas que seguiam no mesmo caminho de auto-degradação mal conseguiam escrever uma dezena de canções para cada álbum.

    O próprio Mick admite que este talvez seja o melhor álbum da banda; e por que contradize-lo? Ainda que os Stones estejam recheados de álbuns dos mais geniais (ou o herege leitor nunca ouviu “Aftermath”, “Beggar’s Banquet”, “Let It Bleed”, “Sticky Fingers”...?), tudo o que eles fizeram e viriam a fazer foi escrito com sangue, heroína e sexo quando eles foram exilados na rua principal. Longe de desrespeitar o poder bruto de Iggy e seus patetas, o clube do Sargento Pimenta de John Lennon e cia. ou as aranhas de marte de David Bowie, mas se algum dia forem eleger o maior álbum de Rock And Roll de todos os tempos, “Exile” é páreo duríssimo e peita de igual para igual.

    E quem diria que esses caras só queriam copiar Chuck Berry, comer umas garotas e tomar umas cervas geladas seriam geniais a esse ponto? Adoramos subestimar nossos semelhantes, e nossos semelhantes adoram provar que estávamos terrivelmente errados, e é o que permite um garoto mulato e gago lance “Memórias Póstumas de Brás Cubas” em um país latino-americano elitista e racista ao último, que um diretor subversivo e severamente criticado revolucione o mundo das películas com “2001: Uma Odisséia No Espaço”, ou, no caso da música, que um “bando de meros copiadores de Chuck Berry e Beatles” escrevam algo feito “Exile On Main Street”.

    E há 35 anos o bocudão e o junkie (que nunca teve problemas com as drogas; apenas com a polícia) souberam sair da efemeridade e escrever seu nome no século 20 – a custo de muitas seringas, garotas, prisões e todos aqueles itens que imaginamos quando pensamos em roqueiros, e que as salvações do rock hoje em dia tentam fazer algo parecido (e não desvie o olhar, mr. Pete Doherty) mas, sabe como é; chegaram tarde. As pedras que rolam e que não criam limo já passaram por esse terreno há décadas atrás, baby...

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    posted by billy shears at 12:56 AM | 8 comments

    sábado, fevereiro 10, 2007
    Algo de Novo no Front

    (Matéria realizada em conjunto por Luden, Sam, Bêr e Luiza)

    _
    Violins

    Banda de Goiás; já foi Violins and Old Books, cantando em inglês e assim gravou seu primeiro EP,chamado "Wake Up and Dream" em 2002. Hoje, atende somente por Violins e tem dois cds lançados: "Aurora Prisma" de 2003, com baladas e letras de pura melancolia, e "Grandes Infiéis", de 2005, sendo aclamado por grande parte do núcleo underground como o melhor cd nacional do ano.


    http://www.violins.com.br

    http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=28276
    _

    Supercordas


    Os "caipiras" do Supercordas lançaram seu último cd (há outros dois, "A Pior das Alegrias" de 2003, e "Satélites no Bar" de 2005) com um show no Centro Cultural de São Paulo, em 25 de novembro. O álbum chamado "Seres Verdes ao Redor" é o melhor do ano que passou, batendo Mombojó,carregado no ombro de muitos; mas com um cd apático e cansativo. Aqui vai a definição da própria banda sobre o cd : "música para samambaias, animais rastejantes e anfíbios marcianos". Preciso falar mais alguma coisa ?

    http://supercordas.com/

    http://www.myspace.com/supercordas

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    Saetia


    Saetia é uma das bandas mais conhecidas e influentes dentro do estilo Screamo(também chamado de Chaotic Emo, Emo-Violence e etc.), possuindo um som que passa de algo mais leve e melódico para gritos envolvidos por um som caótico e pesado. Se você gosta de música pesada e não se limita emquestão musical, é uma boa pedida. A banda foi criada em Nova York, nos meados dos anos 90. Houveram algumas mudanças de integrantes durante sua duração não muito longa(apenas 2 anos), além disso, seus criadores foram tocar com outras bandas que também possuíam um nome reconhecido.Enfim, é uma ótima banda. Se você quer saber o que é Screamo de verdade, baixe sem relutar.

    Audio de um show da banda: http://www.youtube.com/watch?v=AGz7R7j9oFk

    Purevolume: http://www.purevolume.com/saetia

    Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=709866

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    The Fall Of Troy


    The Fall Of Troy é uma banda composta por três integrantes que fazem um post-hardcore misturado com rock progressivo, chamado também de Mathcore. É uma fórmula formidável, você vicia logo de cara se for fã de bandas da linha. Como eu só ouvi o álbum Doppelganger, não posso garantir que toda a carreira da banda seja um mar de rosas, mas esse álbum com certeza é. Enfim, baixe-o, se gostar, baixe outros, se gostar dos outros, procure mais sobre o estilo e etc.

    Performance ao vivo: http://www.youtube.com/watch?v=Oo1f1sfXpuE

    Purevolume: http://www.purevolume.com/thefalloftroy

    Myspace: http://www.myspace.com/thefalloftroy

    Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=293312

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    Hitlist


    Em 2006, algo de novo surgiu no underground do Rio de Janeiro. O vocalista, guitarrista e ex-Defalla Bruno Della Motta juntou forças com Bruno "Pavio" - das bandas NOVE e Te Voy A Quebrar e Mauricio Machado, baterista e membro fundador do Bendis. O resultado, em poucas palavras, é incrível. Um resultado surgido da agressividade e som de garagem dos Sex Pistols, Ramones e Stooges junto com riffs hard-roqueiros estilo AC/DC, Aerosmith e Kiss, e com algumas referências sonoras mais modernas, como o Backyard Babies e Hardcore Superstar. Já deu para sentir que o negócio é rock áspero e gritado no talo, não é? Pois então conheça imediatamente. You're on their hitlist.

    http://www.myspace.com/hitlistspace

    http://www.tramavirtual.com.br/hitlist

    http://www.fotolog.com/hitlist

    http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=14594042

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    Manacá


    Sei que, apesar de toda a modernidade e esquizofrenia de hoje, algumas pessoas tentam manter o tradicionalismo para não acabarem perdendo a razão. Mas quero convidar o caro leitor a imaginar qual seria o resultado do encontro da brasilidade de Novos Baianos e Cordel do Fogo Encantado com os riffs e refrãos pesados e vigorosos dos Queens Of The Stone Age e The Mars Volta. Impossível? Inimaginável? Talvez antes fosse, mas agora, não mais. Do Rio de Janeiro, temos a banda Manacá, que é resultante de todos esses encontros e conexões sonoras da pátria amada com a gringolândia. E para uma banda independente, o espaço já conquistado não é pouco. A mistureba da boa que há cinco dias atrás fez um ano de aniversário já foi destaque de sites como Dynamite, PalcoMp3, Minimaldevotion e em papel impresso, no Rio Show e no Jornal do Brasil. Já participaram/vão participar de festivais como Grito Rock e Bdebanda a banda compete com 41 outras bandas uma vaga no MADA. O cd demo da banda também é fora do usual feito a própria, já que foi lançado em formato vinil. Enfim, você precisa conhecer a banda, e passar horas pirando. Comece pela empolgante "Diabo" e daí em diante, ouça todas. Música boa é o que não falta aqui. Um autêntico rock da última flor do Lácio ou cantadores de cantigas que gostam de tocar muito alto, você decide.

    http://www.myspace.com/manacabr

    http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=8048575

    http://www.bandamanaca.com/

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    Dressy Bessy


    Dressy Bessy é uma das poucas bandas de Powerpop da cena independente que chama atenção, seja pelo visual inspiradissimo em ícones dos anos 60 como a Twiggy, ou pela influência de soul presente no trabalho da banda. O single Electrified, lançado em Vynil pela Transdreamer Records já pode ser adiquirido pelo site da banda, mas antes, não deixe de conferir suas músicas no Myspace.


    http://www.myspace.com/dressybessy

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    The Octopus Project


    O quarteto texano The Octopus Project tem shows marcados por todo o Estados Unidos. A banda é um sopro de criatividade e calma no meio da cena independente americana que tem fabricado cada vez mais franjas e menos música de qualidade, e isso, com certeza você vai encontrar escutando Octopus. No Myspace da banda você pode conferir músicas dos 4 singles já lançados, comprar camisetas da banda e ainda ver vídeos ao vivo!

    www.myspace.com/theoctopusproject

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    posted by billy shears at 11:45 AM | 10 comments

    domingo, fevereiro 04, 2007
    The Doors - Morrison Hotel



    Muito provavelmente, se não fosse pelo seu primeiro álbm, auto-entitulado, que estourou nas paradas há 40 anos atrás, "Morrison Hotel" poderia ser considerado o melhor álbum dos rapazes de Los Angeles que atendiam pelo nome de The Doors. O tecladista Ray Manzarek, o guitarrista Robbie Krieger, o bateria John Densmore e o lendário e 'xamânico' vocalista Jim Morrison vinham amargando desde o fim da década de '60 severas críticas ao seu quarto álbum, "The Soft Parade", devido à diferença para os álbuns anteriores, não tendo toda aquela mistura insana, hipnótica e frenética de ritmos, e sim sendo um álbum com mais arranjos de cordas e metais, além da exploração do lado "crooner" de Jim, como podemos reparar no obscuro hit "Touch Me".

    Mas "Morrison Hotel" marca pela sua crueza e minimalismo em contraste gigantesco com seu antecessor, e ouso dizer, com uma crueza maior que o primeiro LP deles de 1967. Era blues-rock básico, indo de baladas à rocks furiosos, sem cruzamentos com ritmos latinos, sem viagens astrais soturnas e psicóticas. O mais direto. O Doors rock and roll, apenas, não o Doors psicodélico. Um Doors que já caminhava para o seu final, sob pressão da gravadora, a edição de discos-solo de poesia de Jim, e as muitas prisões do vocalista por atentado ao pudor, conflito com a polícia, bebedeira e desordem.

    E essa pepita de ouro abre com "Roadhouse Blues", uma das melhores músicas de toda a carreira da banda. Tudo necessário para fazer uma canção marcante de rock and roll está aqui: blues saindo pela caixa de som, um irresistível riff de guitarra, uma bateria forte e sonora, um teclado frenético e Jim Morrison berrando meio rouco e muito abusado coisas como "Eles têm alguns bangalôs/Elas dançam para as pessoas/Que gostam de meter devagar/Deixe rolar baby, a noite inteira" e "Você precisa girar, girar, gira/Excitar minha alma" . O promo-vídeo da música só ajuda a mostrar a porrada que a mesma é: mostra o quanto Jim Morrison se importava com autoridades e moralismo, ou seja, dava um foda-se. Um dos maiores clássicos da banda, não à-toa.

    "Waiting For The Sun" reparte momentos calmos onde Jim canta, momentos elétricos encerrando seus versos e um refrão feliz, além de um teclado que começa discreto e cresce ao longo da canção. Em uma letra muito poética, Jim declara a chegada do sol usando de vocalizações muito intensas e berros inesperados, combinados com a eletricidade da guitarra, especialmente no solo, que é o momento mais barulhento da música. Rara inspiração de aparecer com uma faixa magnífica quando a antecessora já é um arraso completo.

    "Você me faz real/Você me faz se sentir como amantes se sentem/Você me faz dispensar misérias enganosas Me liberta, amor, me liberta". "You Make Me Real" é isso aí. Uma música brutalmente sensual e de ritmo pesado. Um maravilhoso blues-rock com Jim Morrison rasgando a voz para cantar. O ritmo furioso e mutante da bateria casa muito bem com a dança sexy formada por teclado e guitarra. Sem tirar nem pôr, os músicos do Doors estão totalmente exuberantes nessa puta canção.

    Mais uma pancada. "Peace Frog" inverte a fórmula tradicionalmente usada: essa é uma canção frenética nos versos e que ganha uma bonita melodia no refrão, mas o rock logo volta. Inúmeras passagens dançantes e paradas, incluindo uma em que apenas Jim age. O lado "xamânico" e místico do cantor aparece na letra como uma perseguição que a cidade de Chicago promovia à ele e no sangue de índios mortos por homens brancos.

    "Blue Sunday" é aberta por belos teclados e a voz grave de Morrison, dando origem á primeira balada do disco, com uma letra totalmente apaixonada, de finalmente ter encontrado a garota certa em um dia triste. A mais curta do álbum, uma peça escondida de beleza.

    O baixo inicia "Ship Of Fools", com as grandes melodais de teclado sendo o principal destaque, além do seu ritmo totalmente feliz, em contraste com a letra política, onde Jim canta coisas como "A humanidade estava desaparecendo/Ninguém sobrou para gritar e urrar/Pessoas andam na lua/A poluição pegará vocês brevemente". Morrison grita o nome da música no refrão parecendo estar em transe. Pode ser tanto o hino de uma revolución ou simplesmente a trilha sonora de uma festa roqueira; você decide. Aqui, fecha-se o primeiro lado.

    O lado B do álbum abree com "Land Ho!" é iniciada por um riff elétrico de guitarra dando abertura para os teclados soarem alto, enquanto a bateria trota e Jim, mesmo não sendo o grande destaque da música, ele dá a alma da canção, cantando sobre um bando de navegadores oportunistas que descobriram terra nova.

    Vem "The Spy", compartilhando uma guitarra blues e um teclado parecido com a música que abre o LP, só que em rotação muito mais lenta, resultado em uma bela música cadenciada, que vai ficando mais pesada e densa a cada segundo que passa, apenas para voltar para as melodias doces, que vão ganhando força lentamente, e safado demais da conta, o vocalista dispara "Eu sou um espião na casa do amor/Eu sei os sonhos que você está sonhando/Eu sei a palavra que você anseia ouvir/Conheço seu medo mais profundo e secreto".

    Bateria forte, pulsante e vigorosa forma junto com teclados sinuosos a abertura de "Queen Of The Highway", um rock-balada, que passeia pelo blues-rock rasgado até apenas os teclados acompanhando a voz de Jim, passando pela exuberância guitarreira de Robbie Krieger. Jim canta sobre um estranho casal, sobre uma garota que era a "rainha da estrada" (se é que me entendem...) que encontrou um redentor, e agora os dois são boas pessoas.

    "Indian Summer" pode até não ser conhecida, mas é linda. O único momento que relembra as viagens astrais dos primeiros discos, Jim canta uma letra de amor sem vergonha nenhuma, dizendo "Eu te amo mais/Melhor do que todas as outras/Que eu encontro pelo verão". Curta, bela e viajante. A voz de Jim dá o complemento perfeito para o instrumental.

    E o álbum encontra seu final com "Maggie M'Gill", outro grande momento blueseiro, com uma letra berrada e rouca, uma performance totalmente selvagem e louca de Jim. Música sensual e dançante, onde Jim canta sobre todos os filhos do Rock, que a mãe e o pai se conheceram atrás de carros, e declarando ser um "bluesman". Seria deduzível escrever que eles fecharam o álbum com chave de ouro, mas, mesmo sendo clichê, é um fato.

    "Morrison Hotel". Duas palavrinhas que juntas, tem um significado mágico no mundo roqueiro. De rock na lata, selvageria, safadeza, subversão, em pleno mainstream da época. Certo que comparado com os Stooges e com o Velvet Underground, Jim pode não parecer tão sombrio e tão pervertido, mas que é um marco de rebeldia, ah, isso é. Quando "I hope I die before get old" não era apenas uma metáfora, mas sim uma realidade, o Rei Lagarto e seus comparsas inscreveram mais um álbum no DNA do Rock And Roll. Inscrições essas tão boas que mesmo em volta de todas as polêmicas de volta com novos integrantes ou da morte ou não de Jim Morrison em 1971 e o fim da banda original em 1973, ainda consegue cativar milhões de fãs - mesmo aqueles que nunca poderão ver o Lagarto, a imagem mística do cabeludo bêbado em calças de couro e cantando letras pouco convencionais para a época continua sendo lembrada. Não é pra qualquer um, não...

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    posted by billy shears at 5:21 PM | 9 comments

    quinta-feira, fevereiro 01, 2007
    Frank Zappa & The Mothers Of Invention - Freak Out!


    Anos 60, pra ser especifica o ano era 1966, Mao Tse-Tung trazia a tona a Revolução Cultural da China enquanto os Estados Unidos presenteava seus filhos com a intensificação e expansão industrial juntamente com a cultura de consumo.

    Em vários países ao redor do mundo, a juventude substituía a rotina das aulas pelas manifestações e protestos, as flores e os dedos postos em “V” simbolizavam a paz e o amor, os jovens contestavam a mídia e essa mesma consumia suas contestações fabricando modelitos revolucionários. Havia a cultura e a contra-cultura, e no meio de tanta controvérsia surge Frank Zappa que neste mesmo ano marcava sua estréia, junto com sua banda The Mothers Of Invention, composta por Ray Collins; Jimmy Carl Black; Roy Estrada; Elliot Ingber e excelentes músicos de apoio. Com um estilo teatral e performances ao vivo que interagiam com o público, o LP Freak Out!, que também é o primeiro duplo da história do rock, obteve uma boa resposta, sendo um dos álbuns mais originais de todos os tempos.

    A loucura e a genialidade toma inicio com a irônica Hungry Freaks, Daddy é uma das melhores músicas de todos os tempos e sintetiza bem a idéia do álbum todo. A melodia animada embala vozes masculinas que cantam em tom quase que didático frases como: “Mr. America try to hide the emptiness that's you inside” e “Philosophy that turns away / From those who aren't afraid to say what's on their minds / The left behinds of the great society”.

    O ritmo animado aos poucos aquieta-se e só depois de um solo de guitarra impecável que a música volta a tomar forma, ligando-se rapidamente a segunda faixa do álbum de nome I Ain’t Got No Heart, com um instrumental e vocais marcantes onde uma menina é ‘rejeitada’ recebendo de presente frases como: “What makes you think that you're SO FINE?” e “Girl you'd better go away”. Aos poucos, ao escutar a música, você é transportado para um lado maligno onde, juntamente com o personagem que renega a menina, ri e se anula de quaisquer sentimento.

    E tudo termina numa série de ruídos e quase como numa marcha você é levado a ouvir um baixo marcando o inicio de Who Are The Brain Police? Que segue graciosamente, com vocais melodiosos e um instrumental cheio de variações até uma ruptura na melodia graciosa e uma série de ruídos misturado ao som do instrumental fazer a música tomar um rumo interessante, trocando o então questionamento absurdo e aproximando-o de uma falsa realidade, como numa analogia. Mas... Afinal, Quem são os polícias do cérebro? Os ruídos retomam e a pergunta continua na mente... A melodia chega a ser incomoda de tão alucinante...

    E é nesse clima de questionamento e inquietação que a quarta faixa e única composta em parceria do álbum todo (Zappa e Ray Collins) se inicia, Go Cry On Somebody Else's Shoulder, chega como uma baladinha irônica que tira sarro das canções de amor e suas infinitas repetições de “I love you” e “I need you”, trocando todo amor pela negação, como que uma pedra no sapato.

    O retorno da antiga amada soa irrelevante e a música super sagaz. E aí você esquece de tudo e se entrega no Motherly Love, “Forget about the brotherly and other-ly love” e seu roque pra bater pézinho e ter vontade de escutar várias vezes seguidas, é simplesmente pulsante. Essa é a palavra!

    Depois de muitos pézinhos batidos na 5ª faixa você tá doido pra respirar um pouquinho e FZ&TMI te dão essa chance na melancolica porém divertida How Could I Be Such A Fool onde você dá de cara com uma letra sobre um típico amor fracassado, mesmo que de forma irônica, não tem como não se identificar e deixar seu lado abobado emocional sair nessa música, daí chega Wowie Zowie num suspiro pra te tirar da fossa, com seu ritmo divertido e letra que não deixa a desejar no quesito cômico, como boa parte do álbum, aleatóriamente e com boas pitadas de humor negro a música fala sobre uma paixão um pouco insana, terminando com um coro repetindo inúmeras vezes o nome Wowie Zowie e ligando-se enfim a 8ª faixa do álbum que começa como uma reclamação “ You didn't try to call me (...)You're the one, babe / Tell me, tell me / Who's lovin' ya now / 'Cause it worries my mind, / And I can't sleep at all / I stayed home on Friday / Just to wait for your call / And you didn't try to call me” e termina com uma inquietação grande que logo tem fim no começo de Any Way The Wind Blows, com um toque de psicodelia e referencias sarcásticas ao ‘amor incondicional para vida toda’.

    O ínicio, o meio e o fim de um relacionamento aparentemente fantástico dão lugar a uma das músicas mais marcantes do álbum, seja pelo coro de “Yeah!” que aparece entre uma estrofe e outra, pelo refrão marcado, pela inovação musical ou até mesmo pela letra desanimadora, a questão é I’m Not Satisfied é diamante raro esculpido a mão. Simplesmente fantástica!...

    O “Bop Bop Bop Bop Bop Bow” de You're probably wondering Why I'm here marca o fim das pseudo-canções de amor do Freak Out!, Zappa agora está mais feroz em suas letras, muito mais feroz! E é aí que Trouble Every Day entra, com vocais marcantes e uma letra impecável com frases picantes como “Our country isn't free” tratando de problemas sociais e o comodismo criado ao redor deste. Frank Zappa mostra mais uma vez sua genialidade como letrista e compositor, além de uma letra forte a música, com fortes influencias de blues é uma das poucas do álbum que de cara não causa estranhamento ao ouvinte pouco acostumado ao experimentalismo do músico, corretamente direta a música não polpa palavras e sarcasmo ao falar dos Estados Unidos nos anos 60.

    E se Trouble Every Day poupa no quesito estranhesa, Help I’m A Rock não tem medo de chocar, com vocais mesclados ao instrumental intenso e aos ruídos, Zappa reafirma para o que veio! A música por horas soa macabra, e a letra insana, mas um insano positivo... insanamente verdadeira e insanamente necessária aos anos 60.

    Com um pulso marcante de gemidos, risadas e instrumentos que It Can’t Happen Here inicialmente poupa instrumentos e aposta num coro de vozes zumbindo onomatopéias e blablando frases, mas logo é interrompido por um instrumental jazz impecável...

    E novamente a blablação toma inicio, e prossegue até que uma série de diálogos nos apresenta a personagem Suzy Creamchease, na voz de Jeannie Vassoir, em The Return Of The Son Of Monster Magnet onde o experimentalismo e a psicodelia ficam ainda mais fortes.

    FZ: Suzy?
    Suzy: Yes
    FZ: Suzy Creamcheese?
    Suzy: Yes
    FZ: This is the voice of your conscience baby, uh . . . I just want to check one thing out with ya, you don't mind, do ya?
    Suzy: What?
    FZ: Suzy Creamcheese, honey, what's got into ya?


    É só o ínicio de uma viagem musical alucinante, que encerra, de maneira brilhante um dos CDs mais impressionantes da história da música.

    Freak Out! é de arrepiar pela sua contemporaneidade e originalidade. Afinal, quem ia imaginar que um narigudo magrelo fã de Edgar Varèse, jazz e r&b fosse se tornar o que se tornou? Frank Zappa é sem dúvida um dos maiores gênios que pisaram no planeta Terra e por mais suspeita que eu seja pra falar, se você não escutou Freak Out!... O que ta esperando? Vai lá, compra, baixa ou coloca o ouvido na porta da casa do seu vizinho inteirado em música. Seja para odiar, seja para amar. É um disco imperdível e é impossível ficar indiferente. Vai te causar uma série de sentimentos e os sintomas são permanentes... A pergunta é: Ta preparado? Então... Boa sorte!

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    posted by Luiza Liz at 10:37 PM | 8 comments

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