colaboradores

BERNARDO
18 anos, RJ
+ info

NARA
16 anos, SP
+ info

LUDEN
15 anos, SP
+ info

SAM
16 anos, SP
+ info

VITOR
18 anos, RJ
+ info

LIZ
15 anos, RJ
+ info

NAT
17 anos, SP
+ info

GABO
16 anos, SP
+ info


Previous Posts

a r q u i v o s

  • janeiro 2005
  • fevereiro 2005
  • março 2005
  • abril 2005
  • maio 2005
  • junho 2005
  • julho 2005
  • setembro 2005
  • outubro 2005
  • novembro 2005
  • dezembro 2005
  • janeiro 2006
  • fevereiro 2006
  • março 2006
  • abril 2006
  • maio 2006
  • junho 2006
  • julho 2006
  • agosto 2006
  • setembro 2006
  • outubro 2006
  • novembro 2006
  • dezembro 2006
  • janeiro 2007
  • fevereiro 2007
  • março 2007
  • abril 2007
  • maio 2007
  • junho 2007
  • julho 2007
  • agosto 2007
  • setembro 2007
  • outubro 2007
  • novembro 2007
  • dezembro 2007
  • janeiro 2008
  • fevereiro 2008
  • março 2008
  • abril 2008
  • agosto 2008
  • setembro 2008

  • L    i    n    k    s

  • Google News
  • Rock Town Downloads!
  • ~Daia.no.Sakura
  • Young Hotel Foxtrot
  • É Rock And Roll, Baby
  • Musecology
  • O Resenhista
  • Dangerous Music No Orkut

  • B    U    S    C    A


    L i n k    U s




    c r e d i t o s

    Powered by Blogger
    Design by Nara

    sexta-feira, janeiro 27, 2006
    My Bloody Valentine - Loveless


    Os irlandeses do My Bloody Valentine seguem aquela cartilha clássica de banda desconhecida pela maioria, mas amada e louvada por seus poucos conhecedores. De importância tremenda no Rock Alternativo, mesmo durando apenas dois álbuns e alguns EP's, quando a banda resolveu lançar "Loveless" eles não eram uma banda tão nova assim: já mantinham atividade desde 1985 e o disco "Isn't Anything" havia conquistado uma certa fama para o grupo e mais reconhecimento para a gravadora Creation, que também foi responsável por lançar ao mundo nomes como Jesus And Mary Chain e Primal Scream.

    "Loveless" foi lançado em 1991, no auge da explosão da cena grunge - diga-se de passagem, muitas bandas alternativas como o My Bloody Valentine foram beneficiadas (em matéria de reconhecimento) com o sucesso do Grunge em transformar referências antigas em algo ainda não visto. Do início ao fim, a formação da banda se manteve quase inalterável: Kevin Shields e Bilinda Butcher repartindo vocais e guitarras e a cozinha da baixista Debbie Googe e do batera Colm O'Ciosing. Digo quase porque eles tiveram o vocalista Dave Conway, que cantou na banda até 1987, não chegando a gravar nenhum "full-lenght" com a banda.

    Para quem espera ouvir algo com pretensões de genialidade, estará enganado: o álbum viaja em cima de distorções, melancolias e letras extremamente pessoais. As melodias das músicas entre si chegam a quase parecer em certas faixas, porém o que não chega a comprometer. Isso refletiria o comportamento da banda no palco, que viria a ficar famoso, o "estilo Shoegazer" - pouco se importando com a reação ou participação do público, quase que tocando as músicas voltados para si mesmos, "olhando para os próprios pés". Egocentrismo? Não os condeno - há artistas muito mais egocêntricos que fazem questão de cativar o público. E o My Bloody Valentine conquistava por seu romantismo e tranquilidade.

    "Only Shallow" abre o álbum, demonstrando uma banda de guitarras pesadas, mas com certo apelo melódico, e passagens mais suaves para o vocal de Bilinda cantar a letra sobre uma garota que não parece ligar para nada, apenas dormir feito uma rainha. Apesar de uma técnica relativamente simples, Colm mostra ser bastante vigoroso na bateria. Sem dúvida, os grandes destaques da canção são as guitarras, que apresentam ótimas melodias, tanto quando pesam, tanto quando suavizam o som.

    Segue-se com "Loomer", com guitarras menos melódicas que a anterior, denotando algo um pouco menos suave - mais áspero, talvez? - mas que ainda apresenta melodias cheias de sentimento, em meio a um mundo de distorção e barulheira. É descrito um lugar que parece não ser querido pelas pessoas normais: "Little girls/In the party dresses/Didn't like/Anything there/Pretty boys/With their sunshine faces/Carrying their/Heads down". É relativamente curta, não chega a ter nem três minutos, com os vocais de Bilinda se sobressaindo na canção.

    "Touched" é uma instrumental de quase um minuto, com leves distorções dando espaço para melodias belas e climáticas, e até um pouco sombrias...

    ...Que abrem espaço para "To Here Knows When", que começa em um clima de balada, até que se ouve a bateria quase tribal vindo à tona, se distoando das melodias guitarreiras quase sumidas e constantemente emitindo um delicioso ruído de distorção. Os vocais continuam sublimes, cantando a letra "Kiss your fear/Your red button/Falls from your mouth", oferecendo um clima de total tranquilidade para o ouvinte da canção. O único leve defeito da canção é a sua extensão de cinco minutos e meios, que pode encher o ouvinte que não estiver habituado a ouvir músicas longas demais e sem variação no ritmo. Os últimos 30 segundos da canção é dedicado a uma estranha e distorcida guitarra.

    O peso melódico volta em "When You Sleep", com guitarras distorcidas e graves, mas ainda assim acessíveis. Bilinda e Kevin repartem os vocais nessa apaixonada canção, que descreve algo como observar a pessoa amada dormindo feito um anjinho. Ok, não é só isso, a letra fala claramente do relacionamento dessas duas pessoas, do jeito o mais doce possível. Talvez algumas dos melhores momentos guitarreiros do álbum, que compõem momentos realmente empolgantes.

    "I Only Said", apesar de letra curta, é uma das mais longas do álbum, com vocais novamente quase sumidos e a distorção das guitarras se sobrepondo aos demais instrumentos. A letra segue a temática que a banda aborda no álbum, não destoando muito das demais canções. A banda alcança um nível viajante nessa canção, que é para ser ouvida de olhos fechados, deixando a mente vagar por aí.

    Peso melódico de novo em "Come In Alone", bem menor que suas antecessoras, mas sem perder o nível do álbum, com os vocais não destoando muito do que foram ao longo do álbum. A letra parece falar de superação, e de um relacionamento problemático, com o 'eu' da música querendo ficar sozinho. Há uma bela guitarra se sobrepondo às distorções, que dá um gosto extra à música.

    As guitarras mais elétricas, e um pouco menos melódicas do álbum, vêm à tona em "Sometimes", com fracos vocais de fundo do Kelvin, mas ainda ouvíveis. A letra é bem simples, sem grandes poesias, mas ainda assim bem emocional, mais uma vez tratando sobre relacionamentos, repartindo distorções ruidosas com uma melodia bela e arrastada.

    "Blown A Wish" é um dos começos mais agitados do álbum, com as guitarras lá no alto, e com os vocais finalmente deixando de ser pano de fundo para ser um complemento importante a música. Bilinda parece revoltada com a pessoa: "Falls apart my bleeding heart/Nothing left to do/Once in love/I'll be the death of you". Ainda assim, a canção cai nas passagens melódicas e arrastadas, porém dessa vez as distorções quase não estão presentes. Talvez a melhor do álbum.

    "What You Want", dessa vez, é o começo mais agitado do álbum, com um grande riff de guitarra, bem melódico e marcante, sendo base para os vocais gravados em volume baixo novamente. "Oh, I go back to/A memory again/What you want/But you know that you I'm alive", fala Kevin, adocicando bastante seus vocais, acompanhando pelos backings de Bilinda.

    A mais longa do álbum é a que o encerra, a fantástica "Soon", com o melhor riff do álbum, que começa sozinho, sem muitos climas distorcidos ao fundo. Bilinda canta, doce e se entregando à emoção como sempre. "Wake up, don't fear/I want to love you". De fato, um grande encerramento para o disco, que não decaiu em nenhuma canção.

    Se você quer entender o que é o universo indie, eu considero esse álbum como indispesável, junto ao "Goo" do Sonic Youth e o "Pablo Honey" do Radiohead. Mesmo não estourando na época em que lançaram este clássico, a sua música foi ouvida por gente famosa; Se não me engano, Billy Corgan, o gênio-obsessivo-perfeccionista-melancólico do Smashing Pumpkins, começou a banda por ter gostos musicais parecidos com a baixista dos Pumpkins D'arcy - entre essas bandas incluía o My Bloody Valentine. Só para você sentir a "pouca" importância dos caras - influenciar os Pumpkins não é pra qualquer um...

    Marcadores:

    posted by billy shears at 12:02 AM | 6 comments

    quarta-feira, janeiro 25, 2006
    Os Mutantes - A Divina Comédia Ou Ando Meio Desligado

    Os Mutantes são uma das finadas bandas de Rock And Roll que tem enorme importância para a música nacional brasileira - e internacional também, visto que gente pelo mundo afora anda pirando com o som de artistas brasileiros, feito Tom Jobim, Secos e Molhados, e claro, Os Mutantes. Gente feito Jack White, do White Stripes, Mike Patton, ex-Faith No More e atual Fantomas e assim vai.

    A banda, depois de passar por várias formações e trocas de nome, conseguiu se estabilizar com Rita Lee nos vocais, Sérgio Dias na guitarra e voz e Arnaldo Baptista no baixo, nos teclados, e também na voz. Após lançarem dois discos onde demonstravam as características que os consagraram - inovando no uso de feedback, distorção e variados truques de estúdio, numa sonoridade claramente influenciada pelo disco "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band" de uns quatro caras famosos de Liverpool -, gravarem um disco com o pessoal da Tropicália, feito Caetano Veloso, Gilberto Gil e Nara Leão (o famoso "Tropicália ou Panis Et Circensis") e acompanharem Gil na consagrada apresentação "Terceiro Festival da Record" (ficando em segundo lugar com a canção "Domingo No Parque"), eles lançaram, em 1970 o clássico "A Divina Comédia Ou Ando Meio Desligado", onde abandonavam um pouco a Tropicália para tornarem seu som mais Rock And Roll. O baterista do disco foi Rui Motta.

    "Ando Meio Desligado" abre com uma percussão meio tribal e guitarras psicodélicas, e Rita Lee cantando suavemente uma letra sobre um amor que deixa a pessoa doidona ("Ando meio desligado/Eu nem siiinto/Meus pés no chããão"). Uma deliciosa canção, que mesmo com toda a doçura vocal e lírica, já mostrava a doideira nas guitarras de Sérgio Dias (ouvir esse disco chapado de ácido naquela época devia ser uma verdadeira viagem, não?). A música termina com um solo que chega a lembrar um pouco o saudoso Jimi Hendrix e com Rita Lee berrando feito uma doida.

    Seguindo com a viagem, vem "Quem Tem Medo de Brincar de Amor?", seguindo a lírica romântica e com vocais engraçadíssimos e sons que matam de rir ("Ah, deixa pra lá meu amÔUR,/ vêm comiGOU,/esquece essa drama o que FÔUR,/sem sentiDOU"). O instrumental demonstra a forte veia brasileira da banda, onipresente no seu disco. No final da música ainda há ruídos estranhos seguidos de alguém berrando "PARABÉNS A VOCÊ...". Doideira pura!

    "Ave Lúcifer" (imagina o que a censura não deve ter feito com a banda na época, hein!), começa com Rita Lee acompanhada de um violão, seguindo de vocais masculinos, que repartem com brilhantismo com os doces vocais da Rita. A letra parece descrever um ritual pagão (ou satânico, quem sabe?). Uma bela música, o que eu não entendi é como não ficou famosa, visto a fama que canções politicamente incorretas angariam ("É Proibido Fumar" do Roberto Carlos, "Highway To Hell" do AC/DC, "Snowblind" do Black Sabbath, "Lucy in the Sky with Diamonds" de todo-mundo-sabe-quem, por aí vai...).

    A balada "Desculpe, Baby" é embalada por ótimos vocais de Arnaldo Baptista e um baixão bem pronunciado na música. A letra fala sobre terminar um romance que só causam problemas ("Desculpe, baby/Mas eu já me decidi/Desculpe, baby/Eu vou viver mais pra mim"). A canção termina viajante, com os Mutantes todos repetindo "Glória, glória" acompanhados de ecos.

    A esquisitona (e mais longa do disco, com pouco mais de 6 minutos) "Meu Refrigerador Não Funciona" tem um instrumental nitidamente influenciado pela jazz (nas linhas de bateria e baixo), com discretas melodias de teclados e com vocais quase sumidos deles gritando "O meu refrigerador não funciona/Eu tentei tudo/Eu tentei de tudo/Não funciona!". Os teclados, ao passar da música, ficam mais pronunciados na música. Viagem total!

    "Hey Boy" começa com melodias infantis de teclado, com Arnaldo e Sérgio acompanhando com onomatopéias e Rita Lee cantando, numa letra engraçada, que parece meio que zoar com o Roberto Carlos ("Hey boy/Mas teu cabelo tá bonito hey boy/Tua caranga até assusta hey boy/Vai passear na rua Augusta tá"). Digo, não sei se realmente é zoeira, mas é o que dá a entender, avaliando o contexto da época. Divertidíssima, uma canção bem do tipo "trilha sonora de festa".

    Começando com um arroto e com melodias agudas, quase ensurdecedoras e uma bateria tocada com bastante força, essa é "Preciso urgentemente encontrar um amigo". Psicodelíssima sonoramente, a letra parece ser uma daquelas famosas 'letras indiretas' à ditadura. "Preciso urgentemente encontrar um amigo/Pra lutar comigo/Quero ver o sol nascer/E a flor desabrochar/E no mundo de amanhã". A voz distorcida dá um toque extra à música, deixando ela super exótica, especialmente nas partes onde a bateria fica mais rápida e os membros começam a se despinguelar no microfone...

    "Chão de Estrelas" tem uma melodia e vocais num clima meio bossa nova, mas que tem seu brilho, por ser uma das poucas músicas quase normais do disco. Digo quase normais por causa do vocal bêbado de Arnaldo e da pirada que a música dá em sua metade, onde você se sente feito num circo. A letra retrata o dia-a-dia de alguém que mora num morro, parecendo ser na época do Carnaval. O que deixa a música mais engraçada são os barulhos de desenhos animados e as paradas instrumentais que a música dá.

    "Jogo de Calçada" é outra música que descreve épocas comuns da vida de pessoas simples, como se fosse um casal namorando em uma rua cheia de crianças brincando e algo do tipo. Os vocais ora meio sussurrados ora meio altos de Rita são um destaque, além da bateria que quase se sobrepõe entre os outros instrumentos, tocada com força e técnica. O baixo também se ouve perfeitamente nessa música, sustentando as felizes linhas vocais.

    Um clima de igreja nos teclados e melodias repentinas da guitarra compõem a também esquisita "Haleluia", onde a banda apenas fala repetidamente o nome da canção. Isoladamente, não é esquisita... Mas em um contexto do álbum, é esquisita, pois quando se esperava mais pirações, vem uma música quase em clima de Igreja. Quase porque quem tá cantando são os Mutantes, não uma ordem de Freiras e Padres. E também porque a música pira no seu final, ficando tribal às vezes, inserindo uma melodia meio jazz nos teclados... Bem, vindo dos Mutantes só não espere o normal...

    O encerramento "Oh! Mulher Infiel!" inicia-se com um solo de bateria, demonstrando toda a veia latina do batera Rui Motta e guitarras super distorcidas, quase ensurdecedoras, que logo decaem para um piano bem melódico (que parece meio de novela), com vozes de fundo bem esquisitas (e muito provavelmente chapadas) o acompanhando, que logo crescem em seu final para a guitarra barulhenta, que põe fim ao disco.

    Enfim, um disco simplesmente do caramba, que mostra todo o talento e doideira de uma das bandas mais respeitadas e lembradas da música nacional. Apesar de não ter as músicas mais lembradas deles, é simplesmente essencial para se saber o que se passava nos cérebros da juventude brasileira dos anos 70 (não que todos fossem doidos, é claro...).

    Marcadores:

    posted by billy shears at 3:02 PM | 7 comments

    segunda-feira, janeiro 23, 2006
    Rolling Stones - A Bigger Bang

    Mick Jagger no vocal e harmônica, Keith Richards e Ron Wood nas guitarras e Charlie Watts na bateria.

    Essa é a coluna vertebral da maior banda de Rock de todos os tempos, e pilar principal do Rock And Roll, que o mantém lá nas alturas. São mais de 40 anos de Rock And Roll. Mesmo que você não goste do Rolling Stones, ou não os considere gênios, ou tampouco criativos. Mas só eles sabem tocar o ponto G da música, influenciando pelo menos quatro gerações subseqüentes ao surgimento da banda.

    Quase todos os ídolos caíram. Os Beatles se dissolveram, John Lennon foi lutar contra a paz e foi assassinado. Elvis, o Rei Do Rock, morreu no banheiro. Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison morreram vítimas de sua própria rebeldia e modo de vida. Ao passar das décadas, ídolos musicais de toda uma geração continuaram caindo por terra. John Bonham. Sid Vicious. Keith Moon. A maior parte do Lynyrd Skynyrd. Ian Curtis. Cliff Burton. Eric Carr. Kurt Cobain. George Harrison. Joey, Johnny e Dee Dee Ramone. Layne Staley. Apenas os Stones sobreviveram (exceto pela lenda Brian Jones - mas isso é assunto pra outro dia...), mesmo que nadando em um mar de sexo, drogas e rock and roll por 20 anos ou mais. Keith Richards é o que se pode chamar de indestrutível. Poucos dinossauros tiveram a mesma sorte de chegar até os dias atuais e poder falar algo tendo o cacife o suficiente. Black Sabbath, Deep Purple, Paul McCartney, Alice Cooper, Kiss e Aerosmith são alguns desses poucos sortudos.

    Os próprios Stones reconhecem que são uma das bandas mais importantes e fundamentais da história no título de seu disco. Daí o trocadilho com "A Bigger Band" e o "Big Bang", a explosão que originou tudo. A história do Rolling Stones se mistura com a própria história do Rock e eles não precisam de mais nada para provar isso. Sendo enqüanto idolatrados, quando subestimados ou considerados página virada, a banda sempre respondeu à altura. A história prova: "Their Satanic Majesties Request", "Beggar's Banquet", "Let It Bleed", "Tattoo You", "Some Girls" e o supremo e divino "Exile On Main Street" estão aí para todos ouvirem.

    "Rough Justice" já começa afirmando que Rolling Stones nunca foi uma banda tendenciosa às novas correntes musicais que surgem. É um rock vigoroso, com a influência declarada de Chuck Berry surgindo nos riffs e bases de Keith, e um vocal empolgado e vibrante por parte de Mick. Tente não sair dançando como se estivesse em um programa de auditório dos anos sessenta. "It's rough justice, oh yeah!/You're gonna have to trust me/It's rough justice/But you know I never break your heart". Isso é Rock And Roll!

    Diminuindo um pouco o ritmo, mas nem por isso "Let Me Down Slow" é menos vibrante, revigorante e com um novo frescor. Com um refrão melódico e apaixonado, embalado por belas guitarras, a música serve tanto para uma trilha sonora de uma festa ou de um casal apaixonado. Tente não cantar junto "I said baby, baby, let me down real slow" junto com Jagger. O que é bom nunca envelhece e a banda toca com o mesmo frescor de novidade que o seu som era há 40 anos atrás. Um belo solo de guitarra complementa a faixa, para logo Mick voltar a cantar o refrão, inspiradíssimo.

    "It Won't Take Long" começa com uma bateria vigorosa de Watts e guitarras encorpadas, e descamba para um refrão alto e guitarreiro, com Mick Jagger cantando à toda, sendo acompanhado pelas guitarras de Keith e Ron. A letra segue uma temática apaixonada típica do Rock And Roll, mas os Rolling Stones foram um dos criadores do Rock And Roll, eles tem o pleno direito de fazer isso. Como é bom ouvir um repertório novo dos Stones!

    Bastante balançada, essa é a funkeada "Rain Fall Down", com uma guitarra melódica-quase-aguda, com a cozinha de Charlie Watts e o baixista contratado Darryl Jones se destacando na faixa. Os vocais de Mick continuam brutalmente sexys e primais, mesmo esse cara cantando sem parar quase todos os dias em grande parte de sua vida. A letra é meio junkie, mas com o romântico e sexy refrão "And the rain fell down/And we made, we made, we made sweet love"... Perfeita!

    Então vem a balada "Streets Of Love", com emocionantes melodias de guitarra e o costumeiro e a inconfudível voz de Jagger. Sim... É uma balada previsível pra caramba, mas como eu já disse lá atrás, os Rolling Stones inventaram a maioria dos clichês do Rock And Roll. Eles tem autoridade para fazer o que quiserem. Tente não se emocionar com todo o sentimento do Mick cantando "Walked the streets of love/And they're full of tears". Um solo da categoria 'debulhador de lágrimas' é disparado. Tanto no Rock And Roll quanto no Rock-Balada, os Rolling Stones são mestres supremos. E eu arrisco dizer que "Streets Of Love" é uma das melhores baladas que eles já fizeram!

    "Back Of My Hand"... É um blues fresquinho, na veia. Estão lá as melodias delirantes de guitarras e harmônicas e um vocal encaixado perfeitamente, com Jagger cantando às pampas, sim senhor! Uma soundtrack perfeita para fazer um love, com ares da época de "Beggar's Banquet". Tem algo que esses caras façam que não é digno de nota?

    Guitarras belíssimas introduzem "She Saw Me Coming", que é uma das melhores faixas, com umas linhas vocais ora compenetradas e seguras, ora emocionadas, novamente contando sobre uma história de amor; Viciante, com Ron Wood debulhando mais um solo-Faces-like em sua slide guitar. Não só viciante, como deliciosa de se escutar.

    Trazendo o clima romântico e baladeiro de volta, tem-se "Biggest Mistake", com Jagger nitidamente empolgado ao cantar, sendo acompanhado pela marcação característica de Charlie Watts, e com as encorpadas guitarras de Keith e Ron sustentando a canção com belas melodias de base. A letra declara a perda de um grande amor e um tremendo arrependimento, com Mick emocionado "But I think I just made the biggest mistake of my life/And I think I just made the biggest mistake". Não chega a ser a música mais marcante do disco, mas com certeza não foi feita para tapar buraco!

    Iniciando a segunda metade do disco, vem mais uma balada, a mais inspirada "This Place Is Empty", em um clima meio country e com a voz rouca de Keith Richards que dá todo um charme à música, no refrão simples, grudento e debulhado "This place is empty/Oooh, so empty/So empty without you". Uma das que eu mais gostei!

    "Oh No, Not You Again" traz o rock de volta ao disco. Tudo característico dos Stones está lá: guitarras à-lá Chuck Berry, o vocal alto e pronunciado da boca mais famosa do Rock, e um arranjo que remete um pouco a época da música "Brown Sugar". Fala sério... Quem gosta de Rock And Roll vai sentir a alma pegando fogo nessa música. "Oh no, not you again/Fucking up my life/It was bad first time around/I better take my own advice!". Nota dez!

    "Dangerous Beauty" não deixa a peteca cair, um rock endiabrado total calcado no blues, onde nota-se grande empolgação de todos, mesmo após quatro décadas. O clima hedonista característico permeia a letra, e a canção ainda tem um solo de babar. Dá-lhe Stones!

    Quando o Rock parecia ter tomado conta do pedaço, vem a balada "Laugh, I Nearly Died", com Mick Jagger demonstrado que canta pra cacete, provando que só nos próximos 40 anos ele talvez perca a voz. E se ele morrer antes disso, vai ficar provado que ele cantou pacas até a morte.O instrumental é destacável, calmo, melódico e controlado, apesar da música parecer crescer em certas passagens.

    A balada anterior desemboca na polêmica "Sweet Neo Con", com Jagger mostrando um tom ácido de ironia na voz e atacando Bush na letra (embora a banda negue): "You call youserlf a Christian/I think that you're an hypocrite/You say you are a patriot/I think that you're a crock of shit". Uma delícia de se escutar, as melodias persistentes de guitarra lotando a canção e Jagger até engrossando a voz as vezes. A harmônica na canção também se faz bem presente, dando um clima sublime.

    O agito total volta em "Look What The Cat Dragged In", que abre em clima quase alarmante no riff para se transformar em uma delícia melódica e uma linha vocal empolgante. Charlie Watts está tocando a bateria nitidamente com mais força na música, na sarcástica letra em que tem um engraçado trecho: "You look like a fucker, Sargeant Pepper/Are you going to throw up all over my face?". Referência a uns quatro caras de Liverpool que "quase ninguém" conhece? Vai saber...

    "Driving Too Fast" inicia com menos velocidade, balançada e alegre, com discretos pianos e grandes bases de Keith e Ron. Novamente, não é um grande destaque do álbum, mas certamente tem seu espaço, por ser um rock and roll de clima sacana feito com vigor de quem já deveria ter perdido, mas que provavelmente tem a fórmula da criatividade e imortalidade em algum lugar. A-há, então é esse o tipo de bebida que a aeromoça pessoal do Richards faz e o guitarrista insiste em não contar pra ninguém! Meu Deus, o tanto de banda que precisa de uma gotinha dessa 'poção mágica', hein?

    Tio Keith, o indestrutível, imortal, que mesmo após ter abusado de tudo, ter tido uma coleção de overdoses, envolto em lendas de trocar o sangue e que até hoje continua com suas bebidas e tragadas, aparece para fechar o álbum em "Infamy", um rock suingado e grudento que fecha a epopéia do big bang com chave de ouro, e com Jagger com total disposição nos pulmões tocando um delicioso som de gaita. Richards e sua voz rouca, acompanhado de belas melodias, bem planejados bem backing vocals e uma forte bateria, compõe uma música simplesmente do cacete.

    Precisa dizer mais alguma coisa?
    Ah sim: Quem mora no Rio de Janeiro e não for no show, ou é muito trouxa, ou é muito surdo.

    Com vocês, A Bigger Band: The Rock And Rolling Stones!

    Marcadores:

    posted by billy shears at 1:24 PM | 9 comments

    sábado, janeiro 21, 2006
    Pearl Jam - Ten

    A passagem de uma banda tão grande assim não poderia ser simplesmente desprezada. O Pearl Jam é uma das únicas bandas sobreviventes da cena Grunge, ao lado do Mudhoney. Nirvana e Alice In Chains acabaram devido à morte de seus ídolos, o Soundgarden acabou há exatos dez anos por motivos musicais, e o vocal Chris Cornell após tentar uma não muito bem sucedida carreira-solo, resolveu integrar o Audioslave junto aos ex-instrumentistas
    do Rage Against The Machine. O Stone Temple Pilots também foi pro saco, afinal já é de conhecimento de todos que Scott Weiland foi tocar Hard Rock junto com ex-membros do Guns N' Roses... Bandas pós grunge também não estão em uma situação muito boa:O Bush foi pro espaço e o Silverchair está há uns dois ou três anos parado. Bandas estouradas que baseavam seu som no grunge como o Creed estouraram e viraram cinzas... Aí que você percebe a sorte do Pearl Jam. E responsabilidade.

    Apesar de estar a quatro anos sem lançar nada de novo (os últimos lançamentos foram a coletânea de B-Sides "Lost Dogs", o ao vivo "Live At Benaroya Hall" e o 'best-of' "rearviewmirror"), o Pearl Jam está mais vivo do que nunca, rodando o mundo e levando sua múisica ao encontro dos fãs. E consegue uma fama tremenda mesmo sendo a banda polêmica que é, com clipes sendo contado nos dedos, proibindo a MTV americana de exibí-los, não dando entrevista, raramente tocando em programas de TV (normalmente no David Letterman), arranjando encrenca com a Ticketmaster por ela deixar os ingressos muito caros...

    E com isso, o primeiro disco "Ten" é o único disco que pode ser considerado sucesso comercial da banda. Ao lado do sucessor "Vs.", eu considero o melhor da banda. A formação da banda se mantém quase intocada até hoje, sendo nesse disco a voz de Eddie Vedder, as guitarras de Stone Gossard e Mike McCready, e a cozinha do baixista Jeff Ament e do batera Dave Kruse (substituído logo após gravar o álbum por Dave Abbruzeese, e este sendo substituído por Jack Irons, um ex-Red Hot Chili Peppers, e logo depois Jack sairia no disco "Yeld" para dar lugar a Matt Cameron, ex-batera do Soundgarden). Ainda temos a presença extra de Tim Palmer na percussão, Rick Parashar no orgão e no piano e Walter Gray no cello (instrumento também utilizado pelo Nirvana em uma música ou outra do "In Utero").

    As letras declamadas e poéticas de Vedder são um grande destaque do disco, tratando de temas como questionamento pessoal, amor, problemas sociais... Tudo envolto em uma camada sonora em que se ouve ecos de Ramones, The Doors, Neil Young entre outros nomes consagrados.

    O disco abre em um clima calmo, com uma leve percussão, numa sonoridade quase tribal, até que a música cresce e vira a vigorosa "Once", com um vocal meio rouco de Eddie Vedder e inspiradas bases de guitarra, numa letra um tanto quanto saudosista de uma vida tranqüila e um olhar de desprezo aos novos dias, o que se encaixa perfeitamente no contexto abordado pelas bandas grunge.

    "Even Flow" mantém o clima do disco, em um rockão agitado e sustentado por belas melodias e uma pegada bem marcante da cozinha. A letra fala de alguém perdido na vida, pelas ruas, melancólico. Também há críticas a fé cega ("Ajoelhando-se/Olhando para o papel/Apesar de não saber ler/Rezando/Agora para algo/Que nunca mostrou nada para ele"). Outra canção que eu encaixo na categoria "pulsante", por acalmar o instrumental em certas passagens para logo voltar com tudo no refrão. Uma das melhores da banda!

    Vem aos nossos ouvidos então o clássico-mor da banda, a magnífica "Alive", que tem um riff doce e belo, sendo emendado pelo vocal de Eddie, que mostra ser um grande cantor, ou ao menos, que passa muito sentimento cantando suas músicas, declamando uma letra que parece ser uma confissão, um pedido de desculpas, um conto de uma história triste, mas que o eu lírico conseguiu se sobressair, no refrão cantando cheio de esperança por Eddie Vedder e que já grudou na cabeça de onze entre dez fãs de grunge: "Ooooh, eu ainda estou vivo..." E para complementar, a música ainda tem um solo inspiradíssimo, coisa de cair o queixo mesmo! Eu considero um dos dez melhores solos de Rock And Roll da década de 90 (os outros nove eu revelo outro dia...). Resumindo: Clássico não é clássico apenas porque recebeu esse título, é porque a banda soube fazer algo que merecesse!

    Dá seguimento a feroz "Why Go?", com guitarras agitadas e um vocal de Vedder que chega quase a rasgar em alguns versos, e alcançar uma bela melodia em outros. Solidão novamente é a tônica da letra, descrevendo alguém que todos julgam doente e igual aos outros, mas esse alguém não concorda com isso, resolve ser diferente, não acreditar que seja doente apenas porque os outros dizem. Outra música com um refrão chicletudo, mas que não virou clássico, apesar de ter cacife para tal!

    A música termina dando um espaço quase imediato para a clássica baladona "Black" ("A" balada dos anos 90), com belas e melancólicas guitarras e um vocal limpo e emocionado por parte de Eddie. Ele olha tudo à sua volta, achando todas as coisas tremendamente vazias, porque a pessoa amada não está presente na vida dele, e agora tudo parece estar sendo tatuado de preto aos olhos dele. E qual o fã de Pearl Jam que não vai concordar comigo que a parte em que Vedder canta "Eu sei que um dia você terá uma vida maravilhosa/Eu sei que você será uma estrela/Mas no céu de um outro alguém/Mas por quê?/Oh, por que não poderia/Por que não poderia ser no meu?" desesperado e transbordando de tristeza não é de arrancar lágrimas até de quem tenha o mais duro e impenetrável coração de pedra?

    "Jeremy", o terceiro clássico que vem aos nossos ouvidos, diverge totalmente da anterior, tratando sobre um caso de Bullying. As guitarras repartem riffs e bases inspiradas, e a bateria aqui está com uma pegada contagiante. Jeremy era um garoto que vivia em seu próprio mundo, desenhando figuras de um mundo onde tudo era perfeito e nada nem ninguém o fazia sofrer. A situação de bullying fica clara no verso "Eu lembro, claramente/Perseguindo o garoto... Parecia uma sacanagem inofensiva!/Mas nós libertamos o leão". Somado ao fato de que seus pais não lhe deram atenção, Jeremy foi até a sala de aula e cometeu suicídio na frente dos colegas (pelo menos é a idéia que a letra e o clipe passam). Em uma triste ironia, Eddie revela que um dos poucos momentos que Jeremy parece ter falado com alguém foi esse momento crítico e trágico: "Jeremy falou na aula hoje...", repete ele melancólico.

    "Oceans" é outra música belíssima, carregada pelos violões de Stone e Mike, e uma leve percussão, somado a um ótimo vocal de Vedder, cantando com uma voz meio distante. Eddie fala como alguém estivesse sentado, olhando para o oceano, pensando e refletindo na vida, com uma tremenda esperança de dias melhores.

    O agito volta em "Porch", onde nota-se uma certa veia punk da banda, numa canção com guitarras que contrapõem momentos melodiosos e ferozes, com Vedder super indignado: "Para que porra esse mundo está indo?/Você não deixou uma mensagem/Ao menos eu poderia ter aprendido sua voz pela última vez/Campo minado diário, essa poderia ter sido minha vez, e você?/Você me atingiria?". Uma grande música, que mesmo desconhecida do público, tem seus méritos.

    "Garden" é uma canção melódica, com um vocal novamente distante, meio sumido até, onde o grande destaque fica por conta da letra, que incentiva a luta e não desistência. "A desistência da alma/Estonteantemente rápida/Eu não questiono nossa existência/Eu apenas questiono nossas necessidades modernas". Não há grandes variações de melodias, mas ainda assim, a melodia que sustenta a música é muito bonita.

    "Deep" tem o riff e o refrão mais pesados do cd, com Eddie repartindo vocais calmos com outros mais rasgados e animalescos, falando sobre alguém que sempre foi considerado um nada por todos e agora parece querer se vingar. Apesar de não gostar muito da descida de ritmo que há em certa passagem da música (com apenas ruídos da guitarra, o vocal de Eddie e a bateria repartindo espaço), a música compensa por seus momentos agitados. Também há nitidamente a melhor perfomance de batera no cd, mostrando que Dave Kruse mesmo sendo desconhecido tem seu valor como instrumentista.

    O álbum fecha com "Release", com melodias doces e esperançosas de guitarra repartindo espaço com uma bateria calma e um vocal carregado de Eddie. Todos os fatos apresentados do álbum parecem vir à cabeça do eu lírico, em uma letra emocionada ajudada por um vocal cheio de sentimento. Mesmo não sendo nem clássico, nem uma música conhecida da banda, cumpre seu papel de fechar um dos álbuns definitivos da década de 90 com chave de ouro. Ah sim, ainda tem a passagem tribal "Master/Slave", que chega a ser hipnótica.

    Com certeza, um grande disco, que todo fã de Rock deveria ter e ouvir pelo menos algumas vezes por ano. O Pearl Jam mostra ser uma banda de cacife. E um álbum quase perfeito desses daria espaço para "Vs.", esse muito próximo da perfeição. Mas isso é assunto para outra resenha. Quem sabe qualquer dia desses!

    Marcadores:

    posted by billy shears at 2:57 PM | 7 comments

    segunda-feira, janeiro 16, 2006
    Aniversário do Dangerous Music!

    Entrevistas realizadas por Augusto.

    Entrevista com Zero:

    Há quanto tempo você se dedica à resenha de CDS, Bernardo?
    Aproximadamente, um ano ou mais.

    E como foi que você descobriu que tinha esse dom, essa vocação? (sim porque nós, todos os leitores do DM sabemos que as suas resenhas são foderosas)
    Fazendo resenhas em uma comunidade do Orkut. Hoje em dia a tal comunidade nem existe mais.

    Interessante. E você ainda continua fazendo isso por hobby, diversão ou falta do que fazer?
    Um pouco de cada um. Mas com a esperança de ter o trabalho reconhecido & conhecido um dia.

    Ah então você pretende levar isso adiante, e ganhar dinheiro, fazer disso sua profissão mesmo e quem sabe, ser resenhista da ROLLING STONE um dia? UHAUHAUH
    Exatamente, nada melhor que fazer algo que a gente goste e ganhar dinheiro por isso... É tipo cinema pornô!

    Qual seu maior sonho?
    Fazer sexo com a Nicole Kidman.

    Bernardo você é virgem?
    De bunda, sim.

    Então, conte-nos como foi a sua primeira vez? Afinal todo público quer saber isso do seu ídolo.
    Então, minha primeira vez foi muito bonita, um ato consumado de amor entre dois seres humanos de sexos opostos. Foi muito bom. Três sem sair de cima!

    Qual o grau de relação sua com os outros membros do DM?
    É um casamento sem sexo. Mas sem se esquecer que eu sou o chefe daquilo!

    Bernardo, procede a informação que um dos membros é viado. Você confirma isso? E qual membro?
    É verdade... É um integrante que afirma ser mais bonito que eu!

    O que você faz quando não esta resenhando?
    Sei lá... Eu durmo, vejo filmes e ouço música. O áudio comanda a minha vida.

    Qual o tipo de som que você curte?
    De Chico Buarque à Dimmu Borgir, passando por KoRn, Black Eyed Peas e Los Hermanos... Mas não tenham dúvidas que eu sou DOENTE por Black Sabbath.

    Muito bom. Nós sabemos também que você resenha filmes em um outro espaço na internet. Você se considera um cinéfilo?
    Cinema é a única arte que se iguala à música para mim. Pouca coisa da literatura consegue me agradar. Eu amo Kubrick, Coppola, Tim Burton, Michael Moore! Jack Nicholson, Jim Carrey e Johnny Depp... Essa tríade "J" é fenomenal... O último filme que eu vi que achei fascinante é "Adeus Lênin"... Recomendo! E pode-se dizer que sim, apesar de ter leves restrições quanto à gênero.

    E você tem preferência por filmes B, filmes A, ou você ta na moda indie assistindo a filmes C russos com legenda em alemão... Ou você não faz restrição quanto a isso?
    Sinceramente... Filme que indie idolatra costuma ser uma BOSTA sem tamanho, com raríssimas exceções... Não sei que inteligência os alternativos vêem nisso! "Todo Poderoso" do Jim Carrey é muito mais inteligente, cativante e objetivo no seu papel.

    Se você pudesse comer alguma de suas amigas AGORA, quem você comeria?
    A Cherry :)

    E por último, pra fechar a nossa entrevista, qual o seu recado pra toda essa galera esperta que acompanha o DM há 1 ano?
    Pô, eu queria agradecer a todos que comentaram, tiveram paciência pra ler as resenhas, de todos que deram sua opinião mesmo discordando de mim, aos meus amigos resenhistas... Enfim... Vão acabar me chamando de falso com todos os meus elogios e rasgação de seda... Mas galera, sem vocês esse blog não tinha nem uma porra de semana!
    ___________________________________
    Entrevista com Sam:
    Sam, como você entrou para o Dangerous Music?
    Através do meu grande companheiro, Bernardo, que me odiava.

    E como foi que as meninas se conheceram?
    Seguinte, existia a comunidade muito famosa no Orkut destinada ao ódio de uma banda que não podemos divulgar, conheci Bernardo lá, ele era uma boa pessoa, mas por um motivo estranho não gostava de mim, mas nós conseguimos nos tornarmos grandes amigos pra todas as horas.

    Certo. Sam, procede a informação de fontes confiáveis, que voce seria o membro que dá o toque feminino ao conteúdo do DM, sendo o responsável por resenhas do mundo pop como por exemplo Britney, J. Lo., Madonna entre outros. Você confirma?
    Sei de nada não, brô.

    Sam, responda pra nós, com toda sinceridade, mesmo que isso implique em quebrar os preconceitos da sociedade, qual a sua opção sexual?
    Curioso.

    Quais as suas bandas preferidas, e que são determinantes na composição do seu 'eu' q todos conhecemos?
    Então, minha banda favorita fora do metal é com certeza o The Cure, de resto, eu ouço de tudo um pouco, de Cartola pra Mayhem.

    Sam qual foi o seu primeiro contato com resenhas?
    Eu comecei lendo resenhas de revistas de metal, não são as melhores, mas servem como base.
    A minha primeira foi do Dance Of Death do Iron Maiden(puta disco ruim!).

    E o que você tem ouvido ultimamente?
    Cat Power, Nine Inch Nails, Soilwork, Children of Bodom, Radiohead, Silverchair e tal.

    Procede a informação de que você possui uma musa inspiradora, você confirma?
    Sim.

    É musa ou muso? UHAUHUHAUHAUHA
    Musa, seu merda.

    Você gosta de mulher? UHAUHAUHAUHAUHA
    Gosto caralho, que merda. Fdp da porra.

    Conte-nos a sua primeira experiência com o sexo oposto?
    Foi na sétima série, era um dia normal, acho. Não lembro como tava o céu, mas era calor. Eu fiquei com uma menina da minha sala. (bem que ele parece a JK Rowling descrevendo uma cena...)

    Sam, você concorda com a idéia de que o sexo feminino é o sexo frágil?
    Não, isso é bobagem.

    E qual foi a sua primeira resenha a ser reconhecida pelo publico?
    Hm, reconhecida acho que foi a do álbum Iowa do Slipknot. (Devo acrescentar que eu li essa)

    Você se acha melhor que o Bernardo enquanto resenhista?
    Não, definitivamente não. Mais bonito, talvez.

    E você pretende um dia passá-lo pra trás e ficar com o Dangerous Music só pra você?
    Não, nós juntamente com o Pedro somos uma equipe, às vezes tendo brigas como todos os amigos, mas eu não pretendo deixar nenhum dos dois pra trás.

    Mesmo que o grande amor da sua vida chegasse pra você e dissesse que se você o fizesse, ela ficaria com você pra sempre?
    Porra, isso é meio difícil, cara. (ahá então existe uma possibilidade de você ser passado pra trás hein, Bernardo? Fique esperto).

    Sam, se você pudesse comer alguém agora, quem você comeria?
    Ah cara, eu não posso dizer, sério.

    E pra finalizar, quais são as suas considerações finais sobre esse primeiro ano de Dangerous Music e o seu recado para a legião de incontáveis leitores que acompanham aquela merda em toda sua trajetória?
    Pra mim o DM é uma inovação na internet, muito foda mesmo! Mas ainda pode melhorar bastante, só se aplicar e tal. Quanto aos MEUS fãs, não fiquem tristes se eu não posto resenhas sempre, a espera vale a pena. E para todos os leitores, nós te amamos de verdade, sem vocês, nós não existiríamos!
    _____________________________________________
    Agora minhas considerações (Augusto):
    O DM tem sido responsável pelo aumento nas vendas de cd aqui em Orlando porque só por conta daquela porra eu já comprei uns 5 cds.

    Marcadores:

    posted by billy shears at 1:44 PM | 10 comments

    sexta-feira, janeiro 06, 2006
    Radiohead - OK Computer

    Senhoras e senhores, cá vos são apresentado um dos álbuns mais revolucionários dos últimos tempos. Uma daquelas obras que tem o mérito de ser chamado de marco. Toda década tem alguns discos que a definem. Mas “Ok Computer” é uma das maiores representações do que a música se tornou nos últimos anos.

    Quando toda a ideologia e esperança acabaram e bandas como Nirvana e Alice In Chains lamentavam sobre o quão podre nós nos tornamos, quando Nine Inch Nails caía em um buraco cada vez mais fundo, Marilyn Manson ironizava a sociedade cada vez mais, o Pantera e o KoRn promoviam a misantropia, o Green Day cantava sobre as amarguras de ser um adolescente fútil e entediado, o Faith No More transformava o fim de um sonho de um mundo melhor em um fóbico pesadelo... Lá na Inglaterra, um tal de Thom Yorke resolveu cravar seu nome na História da música abordando todos esses quesitos em um triste conto de um alguém qualquer, que poderia ser qualquer um... Eu, você, Thom Yorke...

    O Radiohead com esse disco deixava de ser apenas uma banda de rock alternativo com letras auto-depreciativas, para então, se tornar um dos grupos mais exóticos dos últimos anos. E é clássico, atente, sem não ter nem uma década de história. Eu podia esperar mais um ano para resenhar os 10 anos de OK Computer, mas prometo que o homenageio de alguma outra forma quando a hora chegar.

    Thom, cantando e tocando guitarra e teclado, ao lado das guitarras de Ed’O Brien e Jonny Greenwood, o baixo Colin Greenwood e a bateria de Phil Seway, é o responsável por um disco conceitual assustador. Insistem em comparar o conteúdo como uma ‘versão digitalizada’ de “Dark Side Of The Moon” do Pink Floyd, mas não se esqueça: Pink Floyd é Pink Floyd e Radiohead é Radiohead.

    A temática do disco é da dominação da máquina sobre o homem. Não, não como um filme futurista onde máquinas com inteligência própria subjugam o homem. Mas sim como a nossa própria criação acaba por nos engolir: Computadores, carros, televisão, indústrias, enfim... Acabamos perdidos e desorientados em meio a uma selva de tecnologia último tipo.Dá até para traçar uma comparação com um disco lançado próximo a esse – “Mechanical Animals” do Marilyn Manson. Não como um todo, é claro, já que cada um tem seus próprios méritos (tanto sonoros como líricos), mas no que se trata à crítica feita da transformação do homem em um mecanismo, da nossa transformação de “homens para andróides”.

    Uma melodia gélida de guitarra inicia “Airbag”, com a bateria a acompanhando logo após. Porém, logo entra o vocal apático e sem emoção de Thom Yorke. “Num carro alemão veloz, estou impressionado que eu tenho sobrevivido... Um airbag salvou minha vida”. Isso causa no eu lírico a impressão de que ele seja o escolhido, que tenha renascido de um sono profundo, para então salvar a humanidade. A música seria linda, caso não fosse tão gélida, mas decerto é bem emotiva... Um ruído eletrônico acompanhando os instrumentos dá a faixa por encerrada.

    "Paranoid Android" é uma das maiores obras primas do Radiohead. A música é brutalmente calma, quase nunca explode, correndo por cima de melodias tristes e um vocal sublime de Thom Yorke. A letra, apesar da difícil interpretação, é um retrato da obsessão humana pela conquista imediata, e também de sua egocentria. O ‘eu’ da canção começa a sentir grande desprezo pela sociedade. Interlúdios de baixo, explosões guitarreiras, um solo de guitarra viajante e momentos fúnebres pintam um quadro audiovisual. São seis minutos de pura grandeza, onde Yorke demonstra ter um sentimento incomum ao cantar suas músicas. É realmente difícil descrever com exatidão a grandeza da música, mas esteja certo que é uma música que define o mundo em que vivemos com perfeição.

    Com uma aura melancólica e ao mesmo tempo futurista, começa “Subterranean Homesick Alien”. O eu lírico se vê sozinho no mundo, vendo todos sendo enganados e controlados. “... todas essas criaturas estranhas/que trancam seus espíritos/fazem buracos para si mesmos/e vivem para seus segredos”. Ele não se sente parte desse mundo, e deseja desesperado que as pessoas do seu planeta natal o tirem dali imediatamente. E ele lamenta estar sendo enforcado por quem controla as ‘criaturas estranhas’. A música termina repentinamente, após Thom comover com seu vocal desesperador e sufocado.

    Exit Music (For A Film)” é iniciada calmamente por um violão. Mais do que apenas uma música depressiva, a música, em toda sua frieza e tristeza, retrata o personagem querendo fugir com uma pessoa com quem se importa, de fugir do mundo antes que todos percebam. No final, o mundo percebe, e despreza o personagem por ele ser tão arredio, isolado e desesperado para fugir. “Nós esperamos que você sufoque, nós esperamos que você sufoque”, canta Thom alto, junto com um instrumental crescendo. A espiritualidade de Thom não é algo desse mundo, é algo indescritível. A música desce a ladeira até acabar repentinamente.

    Let Down” vem com lindas melodias de guitarra e teclado, acompanhado por uma cozinha monolítica, mas com um refrão emotivo, interpretado magistralmente por Thom. O tédio toma conta do personagem. “Não seja sentimental, isso sempre termina em conversa fiada”, diz a voz de Yorke, sem emoção alguma. Ele está desapontado com tudo e todos, mas agora o tédio já tomou conta de seus dias. Mais um retrato da geração 90, totalmente sem esperanças e procurando válvulas de escape onde puderem. A máquina que domina o homem é ouvida novamente, com efeitos eletrônicos infestando alguns momentos da música.

    Com violões e teclados criando algumas das mais belas melodias já criadas na história da música, tem início “Karma Police”. Mostra como nós agimos inconscientemente: controlando e expulsando os rebeldes e felizes com nossos próprios comportamentos. “Karma police/Prendam este homem/ele fala em matemáticas/Ele zumbe como uma frigideira/Ele parece um rádio fora de sintonia”. “Isto é o que você ganha quando mexe com a gente”. Lá para o fim da música, Thom se emociona totalmente, e o seu vocal cresce, cheio de sentimento, criando um momento único, de arrancar lágrimas. Mais uma vez a máquina é ouvida, acabando com os violões em tom crescente, até apenas sobrar um irritante ruído eletrônico que dá a música por finalizada, de forma tremendamente fria.

    Um sintetizador de voz, apelidado por Thom Yorke de “Fred”, discursa em “Fitter Happier” ao lado de um piano gélido. A letra são as ordens dada as pessoas, como se fosse uma receita para a felicidade. As letras de todas as músicas estão desordenadas no encarte, exceto dessa música, para demonstrar que “homens fazem tudo errado, máquinas fazem tudo certo”. A tradução do nome da canção (“Mais ajustado, mais feliz”) é uma ironia tremenda. Ao fundo, se ouve um sampler discursando sobre alguém que acabou de fugir da programação: “Este é o Panic Office, a sessão nove-dezessete pode ter sido atingida. Ativar o procedimento padrão”. Ao que parece, chamar a “Karma Police” para caçar o personagem do álbum.

    Electioneering” é uma das mais furiosas do álbum, mas ainda assim também é cheia de sentimento e melodias viajantes. O personagem principal desafia os políticos. “Proteções de revoltas, economia de vodu, São apenas negócios, o gado estimulando o FMI, Eu confio, eu posso confiar em seu voto!”. Tanta hipocrisia aceitada naturalmente está revoltando o eu lírico cada vez mais, e ele se sente cada vez mais como um inimigo dos agentes controladores, motivado pela salvação que o airbag lhe proporcionou.

    Diferindo totalmente da anterior, entra “Climbing Up The Walls”, com a bateria sendo socada lentamente, com um baixo lento e sufocante compartilhando espaço com tristes melodias de guitarra e teclados. Os agentes do governo querem controlar o ‘eu’ da música. “Não chore nem dispare o alarme/Você sabe que seremos amigos até a morte”. Quem controlada tudo quer garantir de qualquer jeito que é amigo do desesperado personagem. Thom está quase irreconhecível, mais sombrio e distante do que nunca, sendo apoiado também por um desordenado grupo de 16 violinos, misturados a sons eletrônicos, onde se sente cada vez mais perdido, onde nada mais pode ser salvo da grande máquina que tudo controla e todos aceitam. Thom Yorke berra, berra e berra desesperado no final da canção, sabendo que nada o salvará, mas clamando por salvação.

    Então, ele foi finalmente dominado. Um teclado melancólico e um baixo constante dão espaço para os violões entrarem. Essa é “No Surprises”. Ele ainda conserva alguma indignação pelo governo, mas promete levar uma vida tranqüila, descrevendo sua nova vida (“Uma casa tão bonita/E um jardim tão bonito”.) como se estivesse hipnotizado. E ele pede para nunca mais acordar disso, para nunca mais o perturbarem. Ele quer viver essa mentira. “Sem alarmes, sem alarmes, sem alarmes, e sem surpresas, por favor,”, diz a voz robótica de Thom Yorke. É, talvez, a música mais simples do álbum, mas a dramaticidade e seu significado a fazem ter um valor gigantesco.

    Lucky”, arrastada e sombria, mostra um ser humano agindo em uma programação padrão, com um romance inseparável, com dias supostamente gloriosos e com uma ambição cada vez mais gigantesca. Thom não se emociona na música, apesar de cantar forte e alto em alguns momentos, soa apático e frio como nunca. Apesar disso, a guitarra está com tanto sentimento que é capaz de arrancar lágrimas dos mais sensíveis. Thom dá um ponto final na canção com sua voz nunca perturbada por nada e sempre perturbadora. “Nós estamos nos mantendo na extremidade”.

    E então, finalmente, vem “The Tourist”, com as melodias de guitarra mais tristes do álbum e alguns dos vocais mais frios. O personagem escapou de tudo, mas ninguém mais o nota, ele virou um fantasma para o mundo, o instrumental é propositalmente vazio, apenas uma melancolia que nunca explode... Nenhuma raiva, apenas tristeza. Nenhum desespero, apenas a sensação de estar em torpor e cair em um espaço vazio, que apenas ressoam emoções repentinamente - daí o instrumental crescer e quase desaparecer em uma freqüência imperceptível. “Devagar aí, devagar aí”, canta Thom Yorke, junto com melodias carregadas, quase fúnebres, pedindo para adormecer, entrar em hibernação, entrar em outro mundo, não ligar para nada mais que venha de fora. A música termina tão repentinamente que se fica perplexo que tenha acabado dessa forma. Incompleto? Não. Talvez a representação da incursão do rebelde dentro dos padrões.

    Mais que rebeldia pura e simples, “OK Computer” é uma das obras definitvas da década passada, e que continua terrivelmente atual e verdadeira. Uma profusão de melancolia, beleza, desespero, vontade de ir embora, o sentimento insuportável de ser dominado, o sufocamento simultâneo ao torpor de ser dominado... É tudo isso e um pouco mais.

    Se você ainda não ouviu esse disco, está perdendo algo simplesmente imperdível. Uma das bandas mais famosas, representativas e inteligentes de todos os tempos. Tudo isso é pouco para definir os autores dessa genial obra, que conta apaticamente, uma história sem início, nem fim, apenas uma passagem terrivelmente comum de alguém que ao tentar agir contra o inconsciente coletivo e ser botada nos trilhos logo após. Como já dito, o que assusta é o fato de isso poder acontecer com qualquer um, mas que lutar contra a máquina que engoliu a civilização já é um jogo perdido, sem possibilidades de muitas ações ou feitos grandiosos. Apenas o reparo imediato de uma máquina que estava tendo avarias no seu funcionamento.

    Marcadores:

    posted by billy shears at 1:58 AM | 9 comments

    _______________________________