quarta-feira, setembro 28, 2005
Korn-Untouchables
Desde o fim da passada década de 90, o New Metal-estilo que agrega várias influências que poderiam ser consideradas estranhas umas às outras, como Heavy Metal, Hip-Hop e Eletrônica- invadiu o mercado de vários países, colocando nas paradas um hit atrás do outro e chamando a atenção do público. Uns aceitaram o estilo e passaram a gostar também, outros repudiaram totalmente e passaram a fazer verdadeiras campanhas contra o estilo, e um público jovem descobriu nas suas letras depressivas e violentas uma extravasão à brutalidade do cotidiano. Um dos responsáveis pela criação e popularização do Metal alternativo é o Korn. Misturando influências sonoras de Sepultura, Primus e Faith No More com letras ao estilo de Trent Reznor (vocalista, mentor e único membro fixo do Nine Inch Nails), o som do Korn era diferente de tudo que se tinha visto até então. As guitarras de sete cordas de Head e Munky, que dão um peso extra à música (especialmente levando em conta a afinação diferente da padrão), as linhas de baixo inconfundíveis e funkeadas de Fieldy, o jeito de tocar bateria extremamente criativo por parte de David Silveria. E, é claro, a figura mais conhecida do Korn, o vocalista Jonhathan Davis, com um jeito de cantar único e variado. Depois de três álbuns ("Korn","Life Is Peachy" e "Follow The Leader") ainda agregando influências de rap, o Korn resolveu deixar isso um pouco de lado em "Issues", de 99. "Issues" era um álbum com guitarras mais pesadas, músicas mais depressivas, melodias mais mórbidas. Há quem diga que é "um álbum de baladas pesadas e distorcidas até o limite". Não concordo com essa opinião, ainda que essa seja a síntese de algumas músicas. "Untouchables" é de 2002. Se em "Issues" alguns reclamaram do fato de músicas muito arrastadas, o Korn parece que quis reparar isso nesse álbum. Grande parte da velocidade foi retomada, ainda mesclada à guitarras mais pesadas. Algumas passagens do álbum chegam a soar quase como Thrash Metal moderno. Isso se confirma logo na entrada, no pesado riff de abertura de "Here To Stay". Direta, sem enrolações, com Davis cantando à toda ao invés de sussurrar e gritar. "A dor por dentro está murchando/Esta merda já foi longe demais/Todo esse tempo que eu fiquei esperando/Agora eu não posso me angustiar mais", diz o refrão totalmente viciante de uma letra revoltada de alguém que cansou de ser torturado. No final, a música desacelera para logo então explodir, com J. Davis berrando feito um animal e aí voltando para o avassalador refrão. Destacável a precisão de Silveria nessa faixa. "Make Believe" só pode ser classificada como estranha. Os efeitos iniciais com um vocal torturado de Davis logo dão espaço para entrarem as melodias soturnas de guitarras características do Korn. A letra é bem triste, falando sobre algo que Jonhatan parece ter pregado e todos estão seguindo, e agora ele próprio vê que isso é errado. "Às vezes eu sinto isso me perseguindo/Todo o ódio esta me que quebrando de graça/E compreendo que estou levando tudo/E as crianças parecem seguir". Um sentimento de culpa quase angustiante permeia a música. A paulada "Blame" surge sem enrolação, com um riff pulante, que logo vai pra um clima meio caótico, de uma bateria pulsante e melodias frias e controladas de guitarra. A letra é extremamente raivosa: "Acho que você é um idiota/Segurando firme nas minhas palavras/Isso está ficando feio/Então eu sou feio" e "Eu te acho sumido/Estar sozinho é o que você teme/Você está sozinho?/Sim, sozinho" são alguns dos versos mais fortes da música. Logo após da primeira vez que o refrão é repetido, há um pequeno interlúdio do baixo. Se um adjetivo pode definir a música, esse pode ser "pulsante"; a música cresce e se controla mais de uma vez, de maneira bem natural. "Hollow Life" tem um início sombrio, com uma linha vocal excelente por parte de Davis. A música cresce repentinamente no peso do seu refrão. A letra é extremamente reflexiva; a estrofe "Por que há alguma maravilha que nós olhamos no céu?/Procurando em vão?Perguntando por quê?/Totalmente sozinho?/Onde está Deus?Olhando pra baixo?/Nós não sabemos?" e o refrão "Nós vemos para este lugar/Caindo através do tempo/Vivendo a vida num buraco/Sempre que nós estamos partindo/Esperando por sinais/Buracos vivos..." confirmam isso. Mesmo quem não aprecia muito New Metal vai simpatizar com a música: as melodias das guitarras são sombrias e pesadas e a cozinha é bem resolvida o suficiente, para tornar essa música mais sombria e depressiva do que muito gótico da vida. Uma música que quebraria muitos pescoços se fosse conhecida é "Bottled Up Inside", tão pesada quanto as bandas novas de Thrash Metal. O riff é literalmente destruidor. As linhas vocais são simplesmente perfeitas, cantando uma letra a ponto de explodir: "Porque eu quero pânico/Às vezes eu queria que você morresse/Cheio de sofrimento/Você pode conferir meu prêmio/E todo esse ódio está engarrafado". Uma música que faz a cabeça de quem escuta. Então começa "Thoughtless". Na minha opnião, a melhor do cd, literalmente um hino. A música começa inquietante, para logo desbancar em uma avalanche de peso, triste e fúria assustadora. "Porque voce esta zombando de mim?/Você acha isso engraçado?/Que porra você acha que está fazendo para mim?/Voce gasta seu tempo batendo em mim./Eu quero ver você chorando com o traseiro sujo na minha frente". As bases são caprichadas, a bateria muito precisa e o vocal de Jonhathan é cheio de sofrimento e raiva. Logo, a música desacelera, para Davis lamentar e logo em seguida começar a gritar "Eu nunca mais serei ferrado contra o muro". Vingança é a tônica da letra. É recomendável ver o clipe também, com cenas extremamente chocantes de alguém que não se encaixa nos padrões sendo espancado e logo após se vingando. "Hating" tem o riff e as bases soturnos e estranhos. Davis canta cansado, mas ao mesmo tempo revoltado (principalmente no refrão) , sobre o sentimento de estar preso em um lugar onde todos o odeiam e ele nada pode fazer. "Fui odiado por todo este tempo,antes uma companhia por dentro/Fui odiado por todos os rostos de todos que pude encontar/Fui odiado por todo este tempo, tão longe de cruzar a linha". E Jonh não consegue entender o ódio e a rejeição por ele: "Todos os meus sentimentos tem sido comidos de mim/Comidos por dentro/Há algo de errado comigo?" diz ele, cantando angustiado e quase guturalmente no momento mais pesado da música. O início de "One More Time", apesar de controlado, é instigante no seu papel de prender a atenção. As linhas vocais são das mais grudentas. A letra fala sobre se sentir perdido, triste e revoltado, envolvido com um problema que não se é descobrido ou resolvido. "Caindo através deste espaço num tempo/Cavando esta dor em mim/Caindo devagar como um sonho/Caindo através de um mundo invisível", diz a estrofe mais forte da música. Musicalmente, tem momentos pesados e calmos que se revezam naturalmente, que irá satisfazer quem aprecia a banda. "Alone I Break" é a música mais arrastada e lenta do álbum, sem explodir em nenhum momento. Musicalmente, é bem exótica, compartilhando melodias grudentas com outras mais depressivas. "Agora vejo que os tempos mudaram/Nos deixando, isso parece tão estranho/Eu espero que ache/Onde deixar minha dor para trás/Toda a merda que eu pareço levar/Sozinho parece que eu vou quebrar/Eu vivi o melhor que pude/Isso não faz de mim um homem? " diz uma letra de quem já chegou no fundo do poço e perdeu as esperanças de tentar subir. J. Davis está excelente nessa música, cantando muito bem e passando toda a emoção que a letra passa. Ruídos quase sumidos dão lugar pro riff pesadíssimo de "Embrace" entrar, dando lugar para bases pesadas e um vocal rasgado e por vezes quase gutural de Davis começarem a serem disparados. "Eu ando mas pareço rastejar/Para estar dando hoje/Agora corro em direção a parede/Porque não consigo lutar do meu jeito", diz a letra, mostrando uma revolta incomensurável de alguém que está fazendo tudo errado e não pode mais agir contra isso. Tem um momento mais calmo, quase sombrio, para logo em seguida a música ir escalando e retomar a pedrada que é. Uma verdadeira aula de 'novo metal', mostrando que música pesada não precisa se sustentar apenas em bandas nostálgicas. "Beat It Upright" é outra pesadíssima, botando fogo na alma de qualquer um. O vocal de Davis não está gutural como na anterior, mas ainda assim parece bem revoltado. Pelo que pude entender da letra, ela fala sobre um pseudo-maioral que bate em quem não o agrada por diversão. "Você está pronto para uma boa surra, baby?/Você está pronto para ganhá-la?/Não finja que você não é uma porra de aberração, baby/Eu irei bater na sua bunda por diversão". Até em seu momento mais arrastado, ela ainda é densa e transmite um clima de violência de deixar boquiaberto. Um início meio caótico logo dá espaço para a velocidade dos versos da quase hardcore (sonoramente, é claro) "Wake Up Hate". A letra fala exatamente sobre o que o título diz: acordar o ódio, se vingar de todos que o humilham, e também de muito ódio por si mesmo, já que o fato de ser diferente fez o eu lírico da letra odiar a si próprio. Poucos são os momentos para relaxar nesse verdadeiro vulcão em erupção de ódio em formato sonoro. "I'm Hiding" tem um riff pesadão e arrastado, que logo segue para um momento em que a cozinha de Fieldy e Silveria tem seu momento solo. Após três pedradas, uma música mais arrastada veio bem a calhar. Mesmo assim, ela ainda é sombria e com muito sofrimento sendo extravasado pela voz de Jonhathan. "Talvez eu seja louco/Caminhando no arame/Talvez eu seja o mesmo/Nada me leva dificilmente/Me diga onde começar/Acho que estou no fim/Agora sentindo a dor/Faça-a ir embora", canta Davis, desesperado. A música cresce, ficando pesadona, mas ainda assim com clima denso e arrastado. "No One's There" tem o difícil papel de fechar o álbum. Porém, consegue. Tem guitarras com belas melodias e um vocal entristecido por parte de Davis, com uma letra bem depressiva tratando sobre raiva de todos ao redor, com vontade de partir (que também pode ser considerado como vontade de se suicidar). "Estou procurando/Estou cego?/Totalmente sozinho e limitado pra sempre/Apanhado por dentro", lamenta Jonh nos versos mais sofridos da música. Comenta-se aqui também da parte sonora, com momentos excelentes por parte de todos os intrumentistas. Talvez este seja o melhor álbum da carreira do Korn, com as músicas mais pesadas e diretas, com as melhores letras, que concentra o maior número de acertos de uma carreira sem nenhum tropeço, apenas álbuns indo de bons a excelentes, sendo o segundo adjetivo o que fielmente representa esse álbum. Se você quer começar a entender ou gostar do Korn, talvez esse seja o melhor álbum para começar. Para os não-radicais em relação à música pesada, um álbum extremamente recomendável. Marcadores: Resenhas
posted by billy shears at 8:32 PM
|
sábado, setembro 17, 2005
Dark Angel-Darkness Descends
Em meio à onda do Thrash Metal nos anos 80, nos EUA surge uma banda que se transformaria em uma lenda, apesar de pouco tempo de duração. Não pelo sucesso, já que a banda mais tarde não se transformaria numa das bandas de mainstream, nem alcançaria um patamar tão grande pelo curto tempo de duração, mas dentro deste pouco tempo que durou, foi marcante e inesquecível para o estilo.
O Thrash Metal revelava, na época, bandas a todo o momento, além dos mais conhecidos Slayer e Metallica, começava um período onde várias outras bandas do estilo se revelavam, não só nos EUA, como no Brasil, na Alemanha e em toda Europa. Era uma explosão, o auge do estilo, bandas como Death Angel, Exodus, Overkill começaram a estourar nos EUA, e uma destas bandas que estavam entre as pioneiras do chamado “boom do Thrash” era o Dark Angel, que por incrível que pareça, não surgiu na Bay Área de São Francisco.
O Dark Angel surgiu em 1981 em Los Angeles, e contava com Don Doty nos vocais, Eric Meyer e Jim Durkin nas guitarras, Rob Yahn no baixo, e um monstrinho na bateria chamado Gene Hoglan, um velho conhecido que mais tarde iria para o Death e que também gravaria o Demonic com o Testament. Banda onde as letras abrangem alguns temas como morte, depressão, insanidade, algumas abraçando o lado mais obscuro do ser humano, assim sendo identificadas com as letras de algumas bandas de Death Metal como o Death, etc.
Darkness Descends é o nome do segundo álbum da banda, o que marcaria o Thrash Metal definitivamente, alguns mais fervorosos e fãs consideram o álbum Darkness Descends como o melhor álbum de metal da história, mas prefiro não entrar neste lado mais radical, em geral quem conhece a fundo o estilo, sabe que o álbum pode pertencer em uma lista dos 10 melhores álbuns de Thrash Metal.
Darkness Descends começa com a faixa título do álbum, iniciando-se com um silêncio e vindo com uma seqüência de barulhos, algo como quem diz: “Você está preparado?”. E está dada a largada para toda a porradaria. Primeiro vem com uma seqüência na batera de Gene Hoglan seguida de pedal duplo e uma velocidade monstruosa nas viradas além de uma guitarra gruindo na sua cabeça, dando seqüência à destruição com um riff totalmente insano seguido de uma bateria rápida. Os riffs rápidos te possuem juntamente com os solos igualmente rápidos, fico sem palavras a este disparo inicial de destruição.
Não tem descanso, o álbum segue com a rapidíssima The Burning Of Sodom, que com certeza não faltou aquele riff empolgante, a música começa com um urro de Don Doty onde ele fica totalmente acelerado e doentio nos vocais, Gene Hoglan não pára de martelar na sua cabeça, tem uma parte que a bateria dita um groove e segue com uma batida fixa revezando entre várias viradas, dando destaque para as guitarras e o baixo, faixa marcante, o Dark Angel começa a mostrar o que faz este álbum ser tão especial.
Hunger Of The Undead começa te esmagando com o riff inicial insano, a faixa tem os riffs pouco variáveis, mais uma música de socar tudo, Gene Hoglan parece estar nervoso, o solo divide espaço com o riff, ambos pesados e rápidos. É extremamente notável a identificação da sonoridade do Dark Angel com a do Slayer, principalmente as guitarras rápidas juntamente com riffs rápidos e bem revezados, uma impressão de que as guitarras estão arranhando sua cabeça, até a forma como Don Doty canta, nada parecido com Anthrax ou Overkill, típicos Thrash Bay Área.
Agora o hino do Dark Angel, a faixa Merciless Death, começa só o baixo e guitarras sem distorção, bem cadenciadas, originando uma melodia e sincronia muito boa, assim dando aquelas paradinhas típicas onde só é evidenciado o riff para, em seguida, dar lugar a uma quebração sem limites, de enlouquecer, de te possuir! Frases de ódio são recitadas por Don Doty como “Tortured and flaming, you're on your knees, you fucking whores, it's us you must please” e o refrão “We'll give you merciless... death!!” empregados com agudos . A dupla de guitarras Eric Meyer e Jim Durkin parecem ser como chave e fechadura, como Salsicha e Scooby, um completa o outro e a sincronia de ambos é incrível. O baixo se mostra influente em algumas partes da música e até notório. Sem comentar a batera de Gene Hoglan, que se mostra genial. Honra o título de hino com justiça!
Sinceramente eu não vou me agüentar de balançar meus miolos, Death is Certain (Life is Not) dá seqüência para o caos, a letra é meio psicótica, sendo de certa forma até depressiva, como já se refere o título, a faixa dá um aspecto sombrio, algo como um filme de terror, e os riffs continuam matadores como sempre, mas o mais legal da faixa é o solo, que é mais evidenciado, parece ser o mais desenvolvido do álbum e é mais legal que nas outras faixas, e como nas outras faixas, há grandes partes instrumentais que matam qualquer cidadão fã de Thrash de tanto bater cabeça.
Black Prophecies começa com uma “marcha” na batera de Gene Hoglan, com certeza a faixa mais trabalhada do álbum, o vocal de Don Doty parece menos nervoso, mais cantando, que mesmo assim não deixa de ser rasgado. A faixa é aquela faixa que de surpreender músico. como guitarristas, com a variação de acordes e principalmente os bateristas que ficam bobos vendo naquela época, um pedal duplo tão rápido e incansável de Gene Hoglan, parecendo uma máquina! A faixa apesar de ter mais de 8 minutos, consegue ser extremamente veloz, não cadenciando nem 1 minuto, e conseguindo empolgar até o fim com muita variação, realmente eles estavam iluminados por Deus ou por Satan, quando fizeram este álbum.
Perish In Flames fecha o álbum sem deixar a desejar, com os bumbos duplos de Gene Hoglan idênticos a uma metralhadora, alastrando-se por todo o álbum. A dupla de guitarra fazendo duetos de solo que soam como petardos supersônicos; Don Doty espalhando todo o ódio com seu vocal marcante lembrando o Tom Araya, e linhas de baixo criativas e importantes na sonoridade. Os minutos finais são típicos fechamentos de show, onde eles começam a pipocar as guitarras e o batera começa as balançar os pratos e fazer as viradas até o som acabar lentamente. Excelente álbum, devastador!
E esta foi mais uma lenda do Thrash Metal. Há boatos de uma reunião para um novo álbum, como essa nova onda de reuniões que tem acontecido, que é o caso do Testament, Nuclear Assault, Anthrax, e outras bandas, não só de Thrash, mas em outros estilos também, todas voltando com as formações originais. Fica uma pontinha de esperança de vermos um Dark Angel fazendo um novo álbum ao estilo de Darkness Descends, mas mesmo eu sendo um fã do estilo, tenho que confessar que acho pouco provável, enfim a esperança é a ultima que morre! O Dark Angel tem além do Darkness Descends, mais três álbuns de estúdio, todos muito bons, mas com alterações na formação original. O álbum Darkness Descends foi relançado pela Century Media em 1998 em cd, contando com as faixas Merciless Death e Perish In Flames/Darkness Descends de bônus ao vivo. Em suma, este é um álbum que transmite perfeitamente qual é o espírito do Thrash Metal e consegue ser muito bom mesmo, do início ao fim, um álbum acima da média, apesar de ter apenas 7 faixas, ele é digno de compartilhar o topo com os melhores álbuns das grandes bandas do estilo. Marcadores: Resenhas
posted by Anônimo at 11:55 PM
|
domingo, setembro 11, 2005
Pitty-Anacrônico
a-na-crô-ni-co adj. 1-Em que há anacronismo; 2-Que está em desacordo com a moda; 3-Avesso aos costumes atuais O segundo álbum após um sucesso avassalador... Com certeza a provação máxima para um artista, em que muitos não conseguem sobreviver (pergunte a maioria das boy-bands, e alguns grupos de grunge, ou brit-pop, ou heavy metal 80's). Pitty, anacrônica a essa maioria de artistas, passou pelo batismo de fogo e vem pronta pra queimar. O que se ouve em " Anacrônico" é Pitty largando a imagem de menina rockeira do disco anterior e apostando na agressividade. Em " Admirável Chip Novo", Pitty disparava para todos os lados com letras como "Quem não teto de vidro, que atire a primeira pedra","O importante é ser você, mesmo que seja bizarro" e "Eu possuo muitas coisas, mas nada disso me possui", ou nas inteligentes e extremamente críticas letras de " Admirável Chip Novo", " O Lobo"," I Wanna Be" e " Do Mesmo Lado". Do mesmo jeito, muitos não insistiam em ver sentido no que Pitty cantava, e se declaravam inimigos mortais da cantora, devido ao enorme sucesso alcançado por ela. Algo muito comum hoje: Odeiam a banda por ser popular mais do que propriamente, pelo som. Ok, já feitas as considerações iniciais, vamos para o álbum. Pitty resolveu chutar o balde, esqueceu as melodias rockeiras do primeiro álbum e apostou em algumas influências de bandas rocker alternativas, feito Mars Volta. O instrumental está um pouco quebrado em algumas faixas. A parte lírica está bem mais direta e brusca. Ou seja, agora não tem mais aquela desculpa de "eu não entendo as letras da Pitty"... A não ser que você seja bastante teimoso. Vale falar da capa também: pode chocar alguns em primeiro momento a grotesca caricatura da cantora com duas pessoas rindo dela, mas perceba a analogia feita de alguém ridicularizado por não se encaixar normalmente entre as pessoas. O time de gravação consiste em Pitty (voz, guitarra, piano), Duda (Bateria), Joe (Baixo) e Martin (guitarra e violão), este último substituindo Peu Sousa. A abertura é, ironicamente, a música " A Saideira", que começa extremamente guitarreira, para seguir com um ritmo meio quebrado nos versos. A letra fala (ou parece falar) da urgência de alertar pessoas alienadas em relação ao mundo ("Para alguns isso assusta, mas é tão necessário/ Para ter uma noção do que é real"). A música ganha velocidade em seu final, onde Pitty canta "Mais um copo quase quente/Para pessoas um tanto frias". Um grito termina a faixa. " Anacrônico", com um riff pesadão, é iniciada sem dar espaço de tempo para respirar. Portadora de uma letra extremamente ácida ("É claro que somos as mesmas pessoas/Mas pare e perceba como seu dia-a-dia mudou/Mudaram os horários, hábitos, lugares/Inclusive as pessoas ao redor..."). Pitty diz que a música é bastante autobiográfica, mas que também é muito fácil se identificar com ela. É impossível de bom o refrão que versa sobre o inevitável, "Caem um, dois, três, caem quatro,/a Terra girando, não se pode parar". Um riff infernal inicia o alerta " De Você", com uma letra inteligentíssima, que diz sobre as pessoas se encherem de proteções, apenas para explodirem dentro de seus lares, como visto em "E quando o caos chegar/Nenhum muro vai te guardar/De você", grita uma furiosa Pitty. A música possui até um breve solo de guitarra, que é um belo complemento para o petardo quase hardcore que é esta música. No final, a música pesa muito, como nunca Pitty fez ("E é com a mão aberta/Que se tem cada vez mais/A usura que te move/Só vai te puxar pra trás") . " Memórias" tem início com um riff controlado, que logo desbanca para um rock vigoroso, quase punk. A letra fala sobre se sentir deslocado, fora dos padrões ("Eu sou uma contradição/E foge da minha mão fazer/Com que tudo o que eu digo/Faça algum sentido") e também sobre sentir-se revoltado também sobre dar o melhor de si, mesmo que não aconteça ("Eu dou sempre o melhor de mim/E sei que só assim é que talvez/Se mova alguma coisa ao meu redor") Calma e bonita, até, " Déjà Vu" fala novamente sobre não ser alguém que participa dos padrões ("Nenhuma verdade me machuca/Nenhum motivo me corrói...Nenhuma doutrina me convence/ Nenhuma resposta me satisfaz"..."Nenhum sofrimento me comove/Nenhum programa me distrai...E não há razão que me governe/Nenhuma lei pra me guiar). O refrão é explosivo, levemente pesado e doce ao mesmo tempo. O final é extremamente emocionado, com guitarras compondo belas melodias para justamente uma das faixas com mais feelin' do cd. Os temas sobre quais Pitty fala parecem sufocá-la, e isso é refletido no hardcore de " Aahhh...!", a faixa mais curta do cd, com versos como "Tá tudo travado, ficou complicado/Daqui estouro feito um balão" e "Tá tudo tão rarefeito e eu longe de ser perfeito". " Ignorin'u" chega a ter umas melodias que chegam a lembrar grunge, e é a única música em inglês do álbum, versando sobre a necessidade de se ter liberdade, de fazer as coisas por si mesmo, e de ficar revoltado contra pessoas de certa forma mentirosas ("I will ignore you/'Cause your hear is so full of this shit"..."I am not waiting for/A prince on a white horse just to save me/I know I have to do by myself/And this time I wil be free"). O desempenho vocal de Pitty nessa canção é ótimo, ela realmente prova que é uma grande vocalista. Um riff singelo de guitarra inicia a séria " Brinquedo Torto", que tem um andamento calmo e belo. Pitty interpreta sobre ter seu corpo vendido, de ser apenas um brinquedo nas mãos dos poderosos, de ser apenas um objeto para os mais importantes. "Não me diga: "eu te disse", isso não vai resolver"... "E se eu for derrotado, nem sei como me render", interpretando a alienação sobre todos nós somos subjugados. O refrão, no final, é agressivo, mas ao mesmo, depressivo: "Eu me vendo como um brinquedo torto/E eu me vendo como uma estátua". O instrumental no final é como uma bola de neve, fica pesado e intenso. " Na Sua Estante" parece o término do amor de "Equalize" do álbum anterior. Pitty diz que não será mais feita de idiota, ou irá permitir que a façam sofrer. Ao mesmo tempo, ela sofre pela pessoa estar presa no próprio mundo, olhando apenas para o próprio umbigo, e não se importando com ela. "Cansei de chorar feridas que não se fecham,não se curam/E essa abstinência uma hora vai passar" e o refrão "Tô aproveitando cada segundo/Antes que isso aqui vire uma tragédia". Pitty canta emocionada, triste, mas sentindo que pelo menos tomou a atitude certa. A próxima é " No Escuro", com o riff inicial lembrando uma música do Nirvana (já disseram "Come As You Are", "About A Girl" e "Polly"), com guitarras também bem ao estilo, é uma letra tratando sobre um lugar que é uma fuga da realidade, onde ela não é julgada por ninguém ("Quando tá escuro ninguém repara as minhas meias/É onde eu abro minhas asas, onde eu me sinto em casa"). Pitty berra furiosamente e de jeito rasgado a primeira estrofe no final da música. " Quem Vai Queimar?" é perfeita. As melodias de guitarras são cativantes, e as letras transformando em ordens o comportamento cotidiano de todo ser humano preso por um sistema sufocador e alienador... E quando surge alguém diferente? "Queimem as bruxas, deixa queimar!" Mas quem na verdade seriam essas bruxas? "Queimem as bruxas/Quem vai queimar?". Pitty critica tudo-sociedade,família,religião,escola... Como tudo isso é manipulado com mão de ferro por algo chamado Estado. Pitty canta no final "Quem ordena a execução, não acende a fogueira" e backing vocals melodiosos e meio desesperados pedem "Pai, rogai por nós!". Sim, com as caças às bruxas de todo dia, o mundo inteiro vai acabar nas cinzas.... Uma melodia revigorante é ouvida em " Guerreiros São Guerreiros", que versa-em ritmos pesados e pulantes- que é preciso ser corajoso para poder enfrentar todos os obstáculos da vida, por mais que tudo seja difícil, há sempre de se ter perseverança. Covardia e fácil desistência são graves defeitos-se você tem coragem de ser você mesmo, você vai impor respeito um dia ou outro, queiram os outros ou não. A música termina de maneira calma e melodiosa, até quase sumir. Teclados aparecem na última faixa, a rápida passagem " Querer depois", questiona a tudo e a todos sobre a ganância do homem: "...e depois, então, que conquistar o último desafio/quando aprender a voar/quando achar que já tem tudo/o que vai querer depois?" Creio que já sabemos a resposta, não? Enfim, depois de certos lançamentos infelizes no mercado nacional de Rock por um monte de bandinhas sem sal, Pitty prova que sabe o que faz e ataca em um progresso natural do primeiro álbum, só que mais pesado, mais agressivo e mais direto, que certamente irá revigorar um mercado meio capenga em matéria de qualidade feito o Rock mainstream brazuca atualmente. Pitty ainda não fez seu álbum definitivo, mas ouça o que eu digo: Ela está muito, muito perto mesmo. Marcadores: Resenhas
posted by billy shears at 9:26 PM
|
segunda-feira, setembro 05, 2005
Napalm Death-Scum
“Barulho? Apocalipse sonoro? Anti-música? Grindcore, hardcore, death core e outros cores mais que a mídia especializada inventou, não conseguem transmitir a fúria que o nome Napalm Death causa” – João Gordo, revista Bizz, 1992.
“Há no mundo algumas bandas que simplesmente não há como descrever o sentimento dos fãs em relação a ela, assim como sua importância na história do Metal ou dentro de seu estilo. Obviamente, o Napalm Death é uma destas bandas”.- André Dellamanha, revista Roadie Crew, 2005.
E nisso que o João Gordo falou faz muito sentido, o nome Napalm Death causa pavores, nervos, fúria, pânico, enfim, mais do que isso, uma forma de protesto tão honesta e verdadeira em forma de música e que em poucos estilos se pode encontrar algo assim, tão obscuro, anticomercial e politizado. A banda é uma das mais influentes no metal pesado e na música pesada em geral.
Estamos diante de uma das bandas mais inovadoras do mundo, o Napalm Death, banda da Inglaterra, revolucionou o mundo do rock, foi como uma bomba no cenário musical da época, um tiro no peito em meio a uma cena musical que começava a se tornar cada vez mais vendida, onde gravadoras corriam atrás das carinhas bonitas e dos sons pop para jogar na mídia, a fim de ganhar milhões e milhões de dinheiro, e em meados de 1985, o Napalm Death virou as costas para tudo isso criando um novo estilo musical, o estilo mais anti-comercial, sujo (sonoricamente falando) e nervoso do mundo, estilo que é uma mistura de hardcore mesclado com Death Metal, o Grindcore.
Está lançado o Scum em 1987, pela capa dá para você ter uma idéia do que virá pela frente, integrando a banda duas formações, da faixa 1 até a 12 era Mick Harris na bateria, Justin Broadrick na guitarra e Nik Bullen no baixo, da faixa 13 até a 28 a formação é com Bill Steer na guitarra, Jim Whiteley no baixo, Lee Dorrian no vocal e ainda Mick Harris na batera novamente.
O Lado A é um choque a primeira escuta, parece um barulho infernal que te domina, é rápido, muito rápido o som, algumas faixas você nem percebe que passou, faixas como The Kill e Polluted Minds quem tem menos de 1 minuto, e acredite uma faixa com apenas 4 segundos de duração, que se chama You Suffer.
Estava aí a essência do Grindcore: faixas rápidas, pesadas e vocais muitas vezes indecifráveis, bateria rápida, onde o prato é incansável e esmagador na sua cabeça, a força das baquetas no prato é tão grande que chega a abafar um pouco os outros instrumentos, riffs hardcorezados, rápidos, empolgantes e principalmente: sem embromação, peso e fúria diretos, é pancadaria sem limites.
Faixas como Instinct of Survival, Scum, Siege of Power, Born On Your Knees, Caught... In a Dream, Human Garbage, etc... Te levam ao caos com um som totalmente pesado e louco, com seções onde parece que tudo vira um barulho sem fim, até chegar com riffs que te possuem e que te fazem balançar a cabeça como um louco, além de uma bateria totalmente contagiante e às vezes doentia fazendo você querer quebrar tudo, ali estava toda a podreira, o futuro da música pesada de certo modo. Letras condenado o sistema e a sociedade, cheias de ódio, abordando temas como a invasão de multinacionais, juntamente com o capitalismo, a alienação das pessoas, dos valores morais que na verdade não valem nada, entre outros temas políticos cheios de ódio.
O lado B com certeza o lado mais rápido, mais podre e brutal, as guitarras, agora com Bill Steer parecem mais sombrias, com uma distorção mais grave, a bateria de Mick Harris continua incansável e simplesmente matadora, um grande baterista assim como Danny Herrerra que o substituiria no Utopia Banished, o baixo agora também muito influente como na faixa C.S., os vocais de gorila louco de Lee Dorrian, que horas parece urrar de dentro de uma gruta, tomam conta desse lado B, e se lado o lado A você achou difícil perceber qual faixa é qual, esse você não vai conseguir mesmo, só se ficar bastante atento, pois as música parecem ser totalmente emendadas, cheias de petardos de 30 segundos com riffs acelerados.
As faixas Success?, C.S., Divine Death, Moral Crusade, Stigmatized, M.A.D., juntamente com as faixas rápidas, continuam com o festival de porradaria extrema, sem perder o pique do lado A, segue como começou, brutal, crítico, e a formação do lado B não devendo em nada a formação do Lado A, uma competição boa das duas formações, e a temática das letras continua impiedosa, apesar de pouco percebida, ela relaciona temas como a modo de vida das pessoas, a manipulação do governo, as ilusões provocadas pelos mesmos, a ignorância e arrogância das pessoas, e o apelo para um mundo mais igual.
Apesar de não restar nenhum integrante da formação original hoje, o que restou foi só o Shane Embury, que entrou após o lançamento do Scum, e o line-up hoje juntamente com Shane é composto por Mark “Barney” Greenway no vocal, Danny Herrera na bateria, Mitch Harris na guitarra, esses com certeza adquiriram o espírito do Scum e mantiveram a banda no topo. O Napalm Death virou uma lenda com o lançamento deste álbum, e basta olhar a discografia desse grupo, para constatar que foi e é uma das melhores bandas de metal pesado que existiu e que existe até hoje, uma banda que há 20 anos virou as costas para o comercialismo musical e que consegue sobreviver sem precisar se render a cena até os dias de hoje, sem dúvidas merece com certeza o respeito de muitos. Faltam palavras para descrever a porradaria do Napalm Death, uma banda imprecionante, e que poucos, bem poucos mesmo, conseguem manter um trabalho de crítica e ideais políticos até o fim, como tocar em meio a URSS, ao Apartheid na África, etc... Mostrando o que é música com ideais. Não irei indicar nenhum álbum, pois se tratando desta banda, você não irá ter nenhuma decepção. Fique atento com o novo álbum deles lançado esse ano, o The Code Is Red...Long Live To The Code, que está recebendo ótimas críticas!
Com certeza o Scum é a maior podreira já lançada até hoje! Long Live To The Napalm Death! Marcadores: Resenhas
posted by Anônimo at 8:40 PM
|
sábado, setembro 03, 2005
Metallica-Master Of Puppets
Sim, bem sei que Metallica hoje não é um nome lá muito querido... Então para evitar apedrejamentos verbais contra minha pessoa, vamos falar dos tempos em que o Metallica, ao lado do Iron Maiden, era a banda de Heavy Metal mais famosa do mundo e não tinha ainda se metido em rolos de primeiros clipes, mudanças de sonoridade, problemas com um certo programinha de computador... Não vamos falar que "...And Justice For All" não seja um álbum excepcional, mas sem sombra de dúvida, os melhores trabalhos do Metallica-que revelou a banda como uma banda de super-instrumentistas, e mostrou o Heavy/Thrash como uma verdadeira obra de arte, são aqueles três primeiros. Aqueles que o seu vizinho cabeludo de camisa cinza e velho e calça jeans toda ferrada diz sentir saudades daqueles velhos tempos como se tivesse nascido naquela época. "Kill 'Em All", "Ride The Lightning" e "Master Of Puppets". Agora, uma questão foi difícil: Qual dos três fazer uma resenha? E usei o método de seleção mais básico do universo: o uni duni tê. Além disso, a maioria da ala headbanger elegeu esse álbum o melhor do Metallica. Foi a oportunidade, então para poder fazer uma resenha de um dos maiores álbuns da história do Heavy Metal. Em se tratando de Metallica, na minha opnião "Master Of Puppets" só perde para "Ride The Lightning". Pois bem: o Metallica era um estranho fenômeno na época: a banda estourou e seus discos começaram a vender como água através de pura propaganda boca-a-boca, sem ajuda de rádios, MTV, ou coisa do tipo. É de se elogiar a garra dos rapazes em espalhar a gripe do Thrash Metal para todos os cantos-quisessem isso ou não. A formação do disco é aquela, aquela mesmo, uma das mais clássicas do Rock/Metal: A voz rasgada e berrante de James Hetfield, que tocava sua guitarra contracenando com o mestre Kirk Hammet, que distribuiu solos belíssimos por todo o álbum, Lars Ulrich quebrando as baquetas na batera e o saudoso mago das quatro cordas, Cliff Burton. Indubitavelmente a melhor formação do Metallica, e boa demais para durar muito também... Um início calmo, belo e soturno de violão, que dá espaço para um riff metal tradicional entrar dando uma atsmofera muito bonita. E eis que de repente... Surge a britadeira nos tímpanos, "Battery"! Com velocidade de um carro de Fórmula 1, com a força de um trator, entre outras características, uma música dotada de um riff excepcional, e injeta no seu corpo adrenalina até o limite do suportável. A música vai rolando e ladeira abaixo e se tornando repentinamente mais lenta, para logo após entrar em uma parte rápida e Kirk solta das cordas um solo que você tem que pegar o queixo de volta do chão quando ele acaba. A porradaria novamente volta furiosa e prossegue quebrando tudo ao final. Pérola do Heavy-Thrash que só o Metallica SABIA fazer... Guitarras entram no seu cérebro sem dar um segundo de descanso! A faixa título "Master Of Puppets", tratando sobre o vício em cocaína na sua letra, tem um riff detonante, acompanhado de uma cozinha porradeira. James Hetfield transmite uma vibração única nessa canção. Todas as passagens dessa música são excepcionais. E o que dizer do refrão? "Obey your Master, MASTER!"... Não, leitor (a), não há alma que fique parada escutando a demolição dessa música. A música, em sua metade, entra em uma parte calma, em que James debulha um solo lento, porém magnífico de tão belo, que logo dá espaço para o de Kirk. Algo de encher os olhos. As guitarras que entram a seguir lembram bastante Heavy Metal Tradicional, para logo dar seguida há uma sessão infernalmente pesada e mais ou menos lenta em que James Hetfield berra "Master, master You promised only lies/Laughter Laughter All I hear or see is laughter/Laughter Laughter Laughing At My Cries". Como um elevador em forma de música, a música vai ganhando velocidade e volume e o Thrash volta a tomar conta do pedaço. Sim, os seus demônios vão ser liberados com a energia dessa música, realmente é insano demais a real pedreira que a música é. Uma risada maligna e várias outras risadas encerram a música. Notas graves de guitarra e um acompanhamento leve logo pesam e começam a abalar as estruturas... Eis "The Thing That Should Not Be". A música é lenta, mas nem por isso menos pesada e vigorosa. A letra da música parece tratar sobre O Grande Chtullu, monstro da literatura do escritor H.P. Lovercraft, de quem o Metallica parece ser certamente fã. O riff da música é totalmente viciante, gruda na cabeça. O solo então, nem tenho que se comentar. Kirk é um ET, ou coisa do tipo? Você me pergunta se o álbum é assim mesmo, clássico atrás de clássico, seguido de clássico? Pois é. Impecável. "Welcome Home (Sanitarium)" entra bela e lentamente, deixando hipnotizado quem já não estava, por guitarras calmas e belas, com Cliff e Lars acompanhando no mesmo ritmo. Kirk já começa detonando. James Hetfield canta linhas vocais maravilhosas e emocionadas, até que o peso entra no refrão "Sanitarium, leave me be/Sanitarium, just leave me alone", e James começar a cantar de novo linhas vocais realmente impressionantes. Uma parte pesada e rápida entra repentinamente, com James agora cantando com certa fúria, e dá espaço para Kirk nos assustar e quase nos matar de enfarte novamente com um solo que eu vou te contar... Um exemplo de beleza pesada. Outra porrada, dessa vez ela é "Disposabel Heroes", que fala sobre o pouco valor da vida de um soldado. A música entra extrema e bela ao mesmo tempo, para logo um riff totalmente Thrash e uma bateria ponderada de Lars seguirem caminho até um dos momentos mais extremos do cd, que fica alternando para um ritmo entre a velocidade absurda e a ponderada, e James solta a voz, berrando furioso "Back to the front/You will do what I Say, When I Say/Back to the front/You will die when I say, you must die/Back to the front/You coward/You servant/Your blindman". Sem errar uma vez, a banda alterna velocidades diferentes de maneira tão natural quanto andar para a frente. Kirk solta um solo rápido, que frita os tímpanos do ouvinte, mas que possui uma melodia cativante. Talvez o melhor do álbum. A letra mostra que o Metallica sempre esteve preocupado com os problemas do mundo desde o seu início, desde o segundo disco (sim, o segundo, porque as letras do primeiro tratavam de como os caras do Metallica eram metaleiros fodões underground que quebram tudo e vestiam couro), temas estes que lhes preocupam até hoje, sendo tratados das mais variadas formas (mesmo o odiado Saint Anger trata de alguns temas bem sérios). Mas já que falamos do som, isso aqui é Metallica à moda antiga, porradaria de dar gosto. Imperdível para quem ouve Metal. "Leper Messiah" entra com um riff do quinto dos infernos feito especialmente para acordar a vizinhança. A música é de um tema que o Metal critica muito: o fato das Igrejas que pedem dinheiro na cara-de-pau. Procure a letra inteira dessa música, é excepcional. Mesmo não sendo a mais rápida do mundo, essa música é um peteleco na orelha, daqueles que machucam. E eu serei repetitivo e vou falar mais uma vez: Kirk manda mais um solo de delirar. É um solo que te faz pensar, de fato, de onde o cara tirou isso. Lars espanca a bateria com fúria e técnica, acompanhado por um grandioso Cliff. Uma faixa instrumental de oito minutos e doze segundos, "Orion", mas que vale a pena cada segundo. Tem bases pesadonas e solos magníficos, quatro se não me engano. Sendo um primeiro solo impressionante de Kirk, um mais calmo porém não menos excelentes de James, um outro de Kirk, e um solo de baixo de Burton. Um solo que começa após uma parada dos instrumentos. Um solo calmo, sutil e sombrio, acompanhado por guitarras leves e artístiscas de tão belas. O solo de baixo tem melodia constante, porém é totalmente cativante. É claro que Lars também tem participação ativa e brilhante nessa faixa. Vai tocar bateria assim lá na... Uma melodia leve e soturno do baixo de Cliff (que nem parece ser de baixo), dá espaço para a literal porrada, cujo nome já diz tudo "Damage, Inc.". O que dizer? É simplismente a canção mais extrema do álbum, em termos de velocidade. Bases a velocidade de Luz e uma bateria que mais parece uma metralhadora descontrolada, porém executada com maestria por Lars... Sem contar as paradinhas empolgantes para que uma voz sussurre "Damage incoporated". O solo mais rápido do álbum, daqueles em que pode ter certeza, se Kirk fosse tentar executá-lo todos os dias, todos os anos, ia acabar perdendo a mão, uma hora ou outra. Mas não para por aí! Viradas na bateria, bases que parecem se tornar cada vez mais rápida, James berrando como se fossem os últimos momentos de sua garganta. A música acaba repentinamente, com as famosas e empolgantes paradinhas Thrash terminando um disco magnífico. Impossível dar uma nota baixa para esse álbum. Os solos e bases de James e Kirk e a técnica empregada por Lars e Cliff é realente genial. Coisa que o tempo nunca vai consumir. Se gosta de Heavy, de Thrash, e de Metallica, o que diabos ainda está fazendo sem esse álbum nas mãos? Marcadores: Resenhas
posted by billy shears at 11:59 PM
|
_______________________________
|