Não são muitos os vocalistas que saem de uma banda consagrada para conseguir grande reconhecimento, e manter uma carreira consistente. Muitos ainda só emulam e macacaqueiam a banda que acabaram de sair. Então, esse fato já faz esse álbum diferente.
O porque disso? Ozzy acabara de sair do já consagrado Black Sabbath (que ainda se manteria na ativa junto a toda uma leva de vocalistas, baixistas e bateristas), acabara de casar pela segunda vez, com Sharon Osbourne, e a presença de Randy Rhoads na guitarra (que acabava de sair da banda Quiet Riot). Na sua escolha de guitarristas, Ozzy, querendo um metal direto e pra frente, recusava qualquer guitarrista que imitasse os mórbidos solos de Tony Iommi. Então, Randy entrou numa primeira tacada. Foi um dos únicos, ou aliás, foi o único que resolveu mostrar a Ozzy velocidade e peso caminhando juntas.
Ou nas palavras de Ozzy: "Quando eu recebi Randy, ele começou a me perguntar o que que queria que ele tocasse. Eu apenas disse, 'toca qualquer merda aí'. Ele começou a tocar e isso foi como Deus entrando na minha vida".
Bem...Semelhanças com o Black Sabbath em primeira fase:
1-O vocal alucinado, característico e único de Ozzy.
2-Um outro momento mais lento e sombrio, pouquíssimos.
Ok? Para por aí qualquer semelhança,emulação, macaqueação ou repetição com a banda antiga. Blizzard Of Ozz é um excelente álbum de heavy metal, um dos melhores de toda a existência do estilo. Além da fera já enquadrada na categoria sáurica Ozzy, tinhamos outra fera, Randy, um guitarrista que pode ser classificado em poucas palavras. Escolha: "foda", "maravilhoso", "excelente", "perfeito". Na dúvida fico com os quatro. Garanto que comparável a Hendrix, Eddie Van Halen, Tony Iommi, Jimmy Page, e toda a nata de guitarristas considerados heróis. Pena partir de forma breve e tão trágica. O time era completado por Bob Daisley (Baixo) e Lee Kerslake (Bateria), uma cozinha mais que suficiente para o discão que temos em mão.
A prova que Ozzy não devia saudosismos a ex-banda, e que realmente embarcava em um Heavy Metal moderno, oitentista, com muitos toques de hard rock por vezes, já mostra-se na primeira música, "I Don't Know", um rock pesado, rápido e no talo com uma parada melódica no meio, mas que embarca novamente em velocidade alucinante, até o seu final. Dispensa comentários. Mesmo não sendo um hino, o poder, a energia e a magnificência estão ali, para quem quiser ver.
O álbum mal começou, e lá vem clássico...sim, a incrível "Crazy Train". Fazendo jus ao título desde o primeiro segundo, é totalmente ensandencida. A música inteira é um hino do heavy metal, tanto o oitentista, tanto da história inteira do estilo. O início mostra o que é tocar com êxtase por boa música, e as guitarradas de Randy mostram o que é tesão em tocar boa música. Preparem-se, ao longo dessa resenha, os elogios a ele não serão poucos. Só não é o hino-mor da carreira de Ozzy, porque o mesmo continua a fazer música excelentíssima até hoje. Atente para a letra!
Após as peso-pesado que abrem o álbum, vem a balada "Goodbye To Romance". É... por mais que seja estranho, Ozzy conseguiu fazer uma balada das mais lindas e românticas (para quem acha que o máximo que ele conseguia eram baladas tristes e sombrias do Black Sabbath, como "Solitude" e "Changes"). Tudo nessa música pode ser elevado a categoria de emocionante. A melodia do solo de Randy é um pico em ode a beleza. Irretocável.
Em seguida, tem "Dee", a única do álbum composta apenas por Rhoads. Inicialmente, pode não parecer passar e uma inofensiva vinheta instrumental, mas com o tempo já se vê uma amostra do repertório do guitarrista.
"Suicide Solution", é um outro hino metálico que fez história. Não só por seus versos que avisam sobre os perigos da bebida ("Whine is fine but whiskey's quicker,/suicide is slow with liquor"), mas também pela polêmica que acerca ela, sobre incentivos ao suicídio, quando na verdade, Ozzy escreveu a letra depois que Bon Scott (primeiro vocalista do AC/DC) morreu por causa de problemas alcoólicos. Então se percebe que "Suicide Solution", a "Solução" não significa "Resposta Suicida", e sim "Mistura Suicida". Musicalmente, o seu início pesadão aos seus momentos menos acelerados e voltando ao mesmo, a torna inesquecível.
Um arrepio na nuca, um friozinho na barriga, uma estranha emoção mista de beleza e medo é sentida quando Don Airey toca no teclado a introdução de "Mr. Crowley". Uma música primorosa, linda e sombria ao mesmo tempo, falando, de uma maneira até superficial, sobre o mago Aleister Crowley. Ozzy dá o tom da música, surpreendendo o ouvinte verso pós verso. Bem, não disse antes que elogiaria muito Rhoads? Aqui eu fico sem palavras para descrever, é emocionante demais para ser descrita com palavras. O solo faz músicos clássicos se revirarem de prazer no caixão em que descansam.
Retornando a simplicidade e ao vigor, "No Bone Movies" é isso aí. Detonada pela banda toda com muita diversão e gosto, fazendo dessa música ser parte integral do discaraço. Aquilo que não marca sua vida, mas você não vive sem.
Um retorno ao sombrio, e até chegando levemente a lembrar a morbidez do Black Sabbath, é a tristemente bonita "Revelation (Mother Earth)". Ozzy canta a música de forma, novamente, indescritível. A sua voz é triste, amargurada, agoniando sobre um mundo que ruma a destruição por causa dos homens. É perfeita, uma obra de arte como poucos iriam se dispor a fazer. Uma longa e triste viagem musical. Randy Rhoads novamente é um arraso nessa música,perfeito, junto ao seu grande parceiro Ozzy.
Tendo mais hard rock que todas outras, mas sem deixar de ser um heavyzão de respeito,"Steal Away (The Night)", tem uma energia incrível, um chamado ao bater cabeça, à animação, à vontade de se contorcer como se a coluna cervical ganhasse vida própria. Uma sensação total de euforia, bradada por Ozzy, com um trabalho de guitarras excelentes do mestre Rhoads, e cozinhada com peso por Bob e Lee.
Por fim, a recente remasterização conta com músicos mais atuais da banda de Ozzy regravando: Robert Trujillo (ex-Suicidal Tendencies, e hoje no Metallica) no baixo e Mike Bordin (ex-Faith No More) na bateria e com uma faixa bônus de nome "You Lookin' At Me Lookin' At You" seguindo a escola de "Steal Away (The Night)", um hard rock pesadão de respeito, embalado com muita classe e gosto.
E pensar que isso era só o primeiro álbum. O último álbum de estúdio com Randy seria o seguinte, "Diary Of A Madman". A Rhoads só se devem homenagens, por dominar a guitarra como poucos, a sua criatividade, e a sua habilidade de soar veloz e pesado, cadenciado e com feeling sempre quando necessário. Um mestre, com todas as letras e todos os elogios cabíveis.
Ozzy ainda nos brindaria com coisas como "Diary Of A Madman", "Bark At The Moon" e "No More Tears", fazendo a alegria de muito ouvinte de rock por aí.
Se Metal é a sua praia, essa álbum é mais do que obrigatório. O que espera para se dar ao deleite de ouvir?
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