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    segunda-feira, outubro 29, 2007
    Devo - Q: Are We Not Men? A: We Are Devo!


    Outro dia, lia os quadrinhos de Harvey Pekar, mais conhecido como o "Anti-Herói Americano". Lendo o prefácio escrito pelo grande Laerte, ficou na cabeça um trecho que dizia o seguinte: "quando a gente assiste às performances atuais do país dos americanos pelo mundo afora, esquece como é rica a cultura que se produz ali, rica e subversiva". E um dos maiores exemplos de subversão está na música - desde o jazz e o blues, que tocavam intensamente e foram os primeiros a experimentar alucinógenos e entorpecentes, passando pelo rock psicodélico, que quebrava as barreiras do senso comum a fundir a música com tendências surrealistas, e também o punk novaiorquino, que por agregar bandas de outras áreas, um tal de Richard Hell deu um nome mais simpático: Blank Generation - a geração em branco, a lacuna a ser preenchida.

    E como esse lacuna era preenchida? Segundo as regras do movimento, de qualquer forma. Desde a porradaria ensandecida dos Deads Boys, à obsessão com o rock and roll clássico dos Ramones e The Cramps, passando por grupos mais acessíveis como Television e Blondie, e desembocando em grupos que primavam pelo pouco óbvio, pelo futurista, pelo visionário: grupos como o Talking Heads e a banda que abordamos hoje, o Devo.

    Originários da cidade de Akron, estado de Ohio, os rapazes - mais nerds do que junkies, mais excêntricos do que punks - migraram para Nova Iorque ao saber da efervescência musical que dominava o lugar - e o clube CBGB'S como o local ideal para conseguir vender seu peixe. Era impossível a banda não chamar a atenção - no som, no visual, nas capas, a banda desconcertava os que chegavam a conhecê-los.

    As capas de disco eram bregas, futuristas ou simplesmente bizarras. O som, inclassificável - punk rock, sintetizadores, dance, pop, livre experimentalismo - e impossível de passar batido pelos ouvidos. E as roupas... Bem, eles não vestem do jeito que alguém sairia na rua. Pirâmides na cabeça, macacões coloridos, jaquetas de couro, sacos plásticos, roupas de freira, chapéus de cowboy, capacetes de astronauta, uniformes de marinheiro, roupas de operários e qualquer coisa que surgisse nessas insanas cabeças. Ou seja: comparando com outras bandas que chocaram em som e imagem, como o Velvet Underground, eles não eram a representação do mais baixo que o ser humano consegue chegar - e sim algo totalmente alienígena. Prova disso é a forma de como o universo descrito pela banda pode ser sintetizado: ficção científica brega, com toques de humor surrealista. Segundo a própria banda, uma 'devolução': o ser humano já atingiu seu ápice e o Devo queria ajudar o máximo que pudesse a chutar a evolução escada abaixo.

    Apesar de só estourarem nos anos 80, quando então deixariam a maior parte do seu legado para as bandas de rock alternativo de hoje em dia, a banda foi formada há 35 anos atrás, em 1972, e debutou logo com seu maior clássico, o obrigatório "Q: Are We Not Men? A: We Are Devo!". E o mundo começava a prestar atenção nesses estranhos extraterrestres que brotaram da terra. A banda, até então, era formada por Mark Mothersbaugh no vocal, guitarra e teclados, Gerry Casale no baixo, Bob II nas guitarras e teclados, Bob I nas guitarras principais, e Alan Myers na bateria.

    O álbum abre com "Uncontrollable Urge" aproximada do punk novaiorquino com seu riff elétrico e direto. Uma música incansável cheia de 'yeahs' gritados de forma esquizóide em meio a uma letra que fala sobre uma necessidade urgente e imediata de gritar. Da mistura sobreposição de vocais, backing vocals e sons estranhos, a música é uma pancada do início ao fim.

    O Devo é dono de um dos covers mais improváveis de todos os tempos: "(I Can't Get No) Satisfaction", dos imortais e chapados Rolling Stones, foi totalmente descontruída e reconstruída ao bel-prazer do Devo. O quanto de choque que a versão deve ter causado na época, eu não sei, mas imagino o choque conservador ao ouvirem uma bateria tribal e um clima soturno, repetitivo e distorcido. A crítica à alienação provocada pela indústria do consumo ganha contornos psicóticos, poucos usuais e para os menos acostumados com inovação, até certo desconforto.

    Bateria martelando, guitarras em riffs quadrados e aquele vocal maníaco e aterrador. Esta é "Praying Hands", uma crítica impiedosa contra a religião e as pessoas que acham que contribuem muito para o mundo rezando. A banda soa mais agressiva ainda no verso: "OK, relaxe... Fique na posição... Vamos em uma submissão canina". O sintetizador só ajuda a nos sentirmos mais perdidos do que já estávamos.

    "Space Junk" tem até certo charme pop, com agradáveis e repetitivas melodias de sintetizadores, mas contrastando com uma cozinha truculenta e riffs que surgem do nada, calando o sintetizador e mandando o ouvinte para o espaço. O eu-lírico declara estar tão louco por porcaria espacial que nem percebe que a garota com quem nunca tinha falado nem tocado mas considerava sua estava morta com a cabeça esmagada pelo que dá nome à canção.

    Um dos maiores clássicos da carreira do Devo, esta é "Mongoloid", carismática canção introduzida pelo baixo e que cresce em ritmo marcial e vira um conto pop elétrico, distorcido e de certos tons épicos. Aqui presenciamos a história de uma pessoa com problemas mentais, em vários versos de humor negro como "Mongolóide, ele era um mongolóide/Mais feliz do que você e eu/Mongolóide, ele era um mongolóide/E isso determinou o que ele podia ver". Permeia por toda canção o irônico fato dele ficar feliz por poder usar chapéus, ir para o trabalho e roubar toucinhos sem ser percebido, enquanto nós, "normais", estarmos sempre deprimidos.

    "Jocko Homo" tem um riff elétrico e pausado ora contrastando com o sintetizador dançante, ora com a voz de Mark. A música fala de evolução, com o vocalista declarando que consegue fazer as mesmas coisas que um macaco, e aproxima toda a humanidade dos símios. "Nós não somos homens?", pergunta Mark. "Nós somos o Devo!", responde uma voz doentia.


    Seguindo com "Too Much Paranoias" que entra em tom de alerta, com as guitarras sempre beirando a explosão, enquanto o baixo e a bateria golpeiam repetida e maniacamente. Então... A música some! E torna-se um amontoado de sons e vibrações desconexas, apenas para a guitarra e Mark voltarem a se desesperar em uma música de sonoridade e letra neuróticas e desconfiadas com tudo.

    "Gut Feeling (Slap Your Mammy)" é outra música que o Devo aproveita para destilar sua ousadia e humor negro, em uma música de cinco minutos introduzida de maneira quase pop, com direito a melodias mais acessíveis comparadas ao resto do álbum. A letra trata sobre vingança, onde o eu-lírico sente vontade de torturar uma pessoa que o oprimia e também agredir seus progenitores. Com o desenrolar, a música vai ficando cada vez mais barulhenta, pesada e intensa, até explodir em um punk rock neurótico.

    E não pára por aí. "Come Back Jonee" segue a estratégia conhecida da banda de introduzir o ouvinte em uma tropical floresta pop... E fazer com que ele entre sem perceber em um pântano de esquisitices e detalhes exóticos - mesmo essa sendo uma das mais "normais" do álbum, digamos que soa como se os Beach Boys fossem viciados em anfetaminas e tivessem passado a juventude no Queens. A música parece dar uma bronca no tal Jonee do título, um garoto egoísta que só pensa em seus próprios interesses e faz com que uma garota fique deprimida.

    "Sloppy (I Saw My Baby Gettin')" parece inverter a situação, e pior ainda: a garota do eu-lírico compra um carro e parece ir embora. A bateria soa crua e seca, as guitarras inflamam-se, Mark canta mais psicoticamente ainda... E então a música se desmancha em acordes e ruídos perdidos no ar, para então eletrocutar o ouvinte novamente.

    A última música recebe o nome de "Shrivel-Up" tem um groove soturno impossível de passar despercebido, além de sons de sintetizadores delirantes que dão um ar atmosférico e pouco usual na canção. As várias reviravoltas são sempre acompanhadas com estranhezas, criticando alguém que toma cuidado com tudo, vive do jeito certo, não se diverte nem um pouco e torna-se uma pessoa pequena.

    Mesmo quase todas as bandas da blank generation sendo brilhantes, ainda praticavam um som, digamos, que se tornou padrão para a segunda metade dos anos 70. Já o Devo... Ainda parece atual mesmo 29 anos depois de debutar e trinta e cinco anos depois de surgir. Muitas bandas que tocam rock alternativo hoje simplesmente devem os dedos com que tocam à uma das bandas mais diferentes surgidas na história da música pop do século vinte. Os diferenciais, creio eu, já foram-lhe muito bem apresentados.

    Mas esteja avisado: quem entra nesse universo, deixa de ser humano. Passa a ser um... Devo!

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    posted by billy shears at 3:43 PM | 7 comments

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