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    sábado, julho 29, 2006
    Rammstein - Mutter


    Um fenômeno. É assim que podemos definir a carreira do Rammstein. Um caso raro no mundo da música, o Rammstein foi uma das poucas bandas/artistas a fazer sucesso global em seu próprio idioma, e não pela língua inglesa. O mais inédito ainda é o fato do idioma cantado ser o alemão, sabidamente de difícil aprendizado. Isso porque ainda não adentramos a parte musical, que quase consegue agradar a gregos e troianos, pois apesar de serem uma banda de Metal Industrial, sua influência metálica ainda é bem acentuada em suas canções, tornando sua sonoridade agradável aos ouvidos para um grande público, desde fãs das mutações que a música pesada vem sofrendo até alguns dos conhecidos "headbangers".

    Banda que teve seu embrião formado no decorrer dos anos 90 e com o nome inspirado em uma tragédia aéra ocorrida na base americana da cidade de Ramstein, na Alemanha, onde três jatos italianos colidiram com o público, o Rammstein estabeleceu-se com a formação Richard Z. Kruspe e Paul Landers nas guitarras, Christian "Flake" Lorenz nos teclados, Oliver Riedel no baixo, Christoph Doom Schneider na bateria e Till Lindemann nos vocais. Os caras são donos de uma respeitável discografia, demonstrando uma evolução musical a cada álbum, com letras ora poéticas, ora ousadas, muitas vezes abordando temas realmente polêmicos. "Mutter", álbum de 2001, é considerado o ápice criativo da banda, o favorito de muitos fãs, onde a banda soube dosar com sabedoria efeitos eletrônicos e teclados climáticos para fazer um interessante contraponto com guitarras pesadas e os diversificados vocais de Till.

    Sabedoria esta já vista logo na faixa de abertura, "Mein Herz Brennt", uma das minhas canções favoritas da banda, introduzida por um clima sombrio e vai crescendo em intensidade até chegar no pesado refrão, cantado com vigor pelo vocalista em meio ao ataque das guitarras e do teclado que é formado. Na letra cantada magistralmente por Till, é descrita uma pessoa que realiza os maiores sacrifícios para manter as crianças protegidas de más criaturas à noite. Tema este que condiz com o título do álbum ("mutter", em alemão, significa "mãe").

    A seguinte é "Links 2 3 4", que diferente da anterior já abre com um riff pesadíssimo e cai em um ritmo pulsante, com uma letra questionando o coração do ser humano, na verdade, sua índole, como dizem os versos "Podem os corações cantar?/pode um coração explodir?/podem os corações serem puros?/pode um coração ser de pedra?", com o refrão, utilizando a chamada de marcha no exército (esquerda 2, 3, 4) para comparar ao ritmo do coração , falando no comportamento que os seres humanos tem atualmente, agindo como verdadeiros soldados impiedosos.

    "Sonne" começa com Till contando até 10, que dá abertura para riffs e bases de peso infernal, para descambar em um emocionado refrão, criando um belo contraste. Os mais distraídos talvez nem perceberão que se trata da mesma música por repartir momentos pesados e melódicos em uma letra igualmente brutal e poética, parecendo falar de uma libertação que pode ser dolorosa, mas que também traz a iluminação.

    Um dos maiores sucessos da carreira da banda, "Ich Will" é magnífica, com belos teclados compartilhando espaço com distorcidas guitarras, com uma letra parecendo criticar uma pessoa megalomaníaca, que quer que as pessoas confiem nela, perder-se em aplausos, ser ouvida, vista, sentida... Mas que não dá a mínima para o que as outras pessoas estão achando disso. Na minha opnião, a música pode ter dois alvos: o presidente americano Bush, ou aos ídolos de massa oportunistas criados pela mídia.

    "Feuer Frei!" talvez possa ser uma referência aos famosos tiroteios em escolas (daí o nome, que significa "Fogo Livre", um comando do exército alemão para "Abrir Fogo") que começam a ocorrer com cada vez mais frequência, onde a mídia, ao invés de procurar as reais raízes do problema, procura colocar a culpa no entretenimento. Um trabalho realmente virtuoso de teclado explode feito uma bomba em uma porrada corrosiva, com a letra parecendo explorar os dois lados na questão. A estrofe "Sua sorte/não é minha sorte/é minha desgraça", na parte mais cadenciada da música, deixa isso muito claro. Um refrão realmente viciante e tenso, uma avalanche de ódio e revolta.

    O clima de violência e nervosismo, pelo menos na parte sonora, é quebrado na lindíssima "Mutter", um primor de composição. Um belo trabalho de cordas, e uma primorosa performance vocal de Till. O peso invade estrutura, só que de forma cadenciada. Todo o abandono sentido pela juventude atualmente aparece nos versos "As lágrimas de uma multidão de crianças envelhecidas/eu lhes jogo cabelos brancos/atiro no ar a corrente úmida/e fico a desejar, que eu tivesse uma mãe". Grande composição da banda, sem dúvida uma das melhores do álbum.

    O peso volta em "Spiehlur", com seu começo repartindo um discurso e um teclado, para dar espaço ao trabalho de guitarras pulsantes, em uma letra que parece falar de solidão e saudade da infância, como se dá a entender pelo título ("caixa de música", em alemão). Assim como já aconteceu nesse álbum, há momentos mais calmos, onde Till abusa da voz de barítono que possui. Se não são uma banda espontânea, pelo menos o calculismo desses alemães ajuda a compor grandes músicas, cheia de reviravoltas postas minuciosamente, deixando o conjunto final com cara de obra de arte, dado o seu refinamento.

    "Zwitter" é outra música polêmica, que fala sarcasticamente sobre a vida de um... Hermafrodita! Uma voz com efeitos eletrônicos repete o nome da música durante os seus momentos mais pesados. A letra é cheia de momentos engraçadíssimos, sendo o melhor deles: "eu mesmo já poderia me fecundar/então eu também não fico zangado/quando alguém me diz 'Vai se foder' ". A música foi feita com esse único propósito: de chocar quem lê a letra e fica impressionado com a cara-de-pau e humor corrosivo da banda.

    Humor absurdo este que continua em "Rein Raus" ("para dentro, para fora"), com uma letra que aborda o sexo de forma metafórica, com versos como "Eu sou o cavaleiro/você é o cavalo/eu tenho a chave/você tem a fechadura", que descamba no refrão onde a banda toda grita o nome da música. O Rammstein sabe se utilizar do bom humor sem perder toda a qualidade e formatação poética das suas letras. Ponto pra eles.

    "Adios" não é a última faixa - é a penúltima. Uma bela melodia de cordas introduz uma porrada industrial infernal, onde Till canta sobre a vida de um drogado, de uma pessoa que se utiliza de meios para se libertar; quando a mesma acaba, sente-se dilacerado. Na parte mais melódica da música, é ouvido os versos "Nada é para você/nada foi para você/nada resta para você/para sempre", parecendo falar sobre os valores morais subvertidos pelas drogas. Até em sua parte sonora, a música é cheia de momentos chaves, cabendo o ouvinte a interpretar (ah, se eu fosse dizer aqui estaria facilitando demais as coisas, né mesmo?).

    O álbum finalmente encontra seu final em "Nebel", música com um início um tanto eletrônico, com discretos teclados e o vocal lento e discursado de Till. Poeticamente, a banda fala sobre o final de um romance, devido à morte da mulher, e como as juras de amor parecem ter sido falsas nos versos "O último beijo/foi há tanto tempo/o último beijo/ele não se lembra mais". Sem nunca explodir, a banda compõe um grande encerramento com os teclados dessa canção. O refrão, sinceramente, é comovente. Uma performance vocal inspiradíssima. O álbum termina de forma melancólica,um gran finale para todas as pérolas encontradas aqui.

    Banda criativa se chama Rammstein. Sem cair no ridículo, a banda consegue se reinventar a cada álbum, abordando os mais variados temas, apresentando as mais variadas experimentações, com letras que fariam inveja a muito poeta. Exagero meu? Não sei. De repente estou sendo realista... Uma aula de ousadia e falta de medo ao criar e recriar, mostrando que o Rammstein é uma das melhores bandas desse início de século, após serem uma banda promissora ao lançarem o primeiro disco "Herzeleid" em 1995. Onze músicas de puro bom gosto. É ouvir, deleitar-se e refletir. A quem não se interessar, sinceramente... Não sabe o que está perdendo.

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    posted by billy shears at 12:37 PM | 10 comments

    segunda-feira, julho 24, 2006
    KMFDM - WWIII



    O que não é nenhum segredo para os fãs de música Industrial é que o KMFDM é uma verdadeira instituição pesada do estilo. Uma das primeiras bandas a investir na mistura entre Heavy Metal e música eletrônica, ao lado de gente como o Ministry e o Front 242, a banda já existe há mais de 25 anos e há pouco mais de dez anos vem lançando verdadeiras obras-primas (como "Symbols", "Adios" e "Attak").

    O penúltimo trabalho 'full-lenght' da banda, de 2003, leva o nome de "WWIII", uma sigla para "World War Three" ("Terceira Guerra Mundial"), sucedido por "Hau Ruck" de 2006, é o melhor trabalho da banda na minha opnião. O encontro perfeito das guitarras pesadas, da eletrônica sombria e das letras sinceras, corrosivas, críticas e urgentes. Tudo isso guiado pelo line-up do fundador alemão Sascha Konietzko (vocalista, baixista, programador, sintetizador e percussionista), Lucia Cifarelli (vocais e "tudo que faça barulho", segundo a própria), Jules Hodgson (guitarrista, baixista e tecladista), Andy Selway (bateria e chimbais) e Steve White (guitarrista), além de Raymond Watts, um membro-chave da banda que sempre colabora no disco na composição e gravação.

    Tudo começa com a faixa-título "WWIII", que após uma melódica introdução, revela ser uma das melhores músicas de toda a carreira da banda, ou seja, porradaria industrial, com guitarras beirando o Thrash Metal, com Sascha atirando para tudo quanto é lado, como se pode ver nas estrofes "Eu declaro guerra no mundo/Guerra no espaço/Eu declaro guerra em uma casca de noz/Guerra em todos os lugares", "Guerra contra os embaixadores da pretensão/Guerra contra a MTV e a CNN/Mc Donalds, Walt Disney e Bethlelem/Contra Christina, Britney e Eminem" e "Eu declaro guerra no munda da anti-escolha/Da unilateralidade violenta/Da aglomeração de brinquedos assassinos ultra-tecnológicos/E todos os crimes contra a humanidade", descambando no grito de Lucia "Terceira guerra mundial/Seja você tudo que você pode ser", mostrando esse ser um refrão mais do que raivoso e viciante. Uma das maiores pérolas da música industrial.

    O álbum continua com a maravilhosa "From Here On Out", que se não tem o nervosismo da anterior, tem ótima letra e um refrão dito em tom ousado. As guitarras continuam pesadas e uma performance vocal excelente de Lucia. A banda continua o massacre lírico com versos como "Sem piedade/Você é o que você acredita/ E você é incompleto" e "Não convide sua própria destruição/Isso é uma estrada sem retorno". Para quem não parou no tempo em relação ao que foi feito com a música pesada, uma ótima música, com um pré-refrão que gruda na cabeça: "Queira o que você quer/Quando você quiser isto", repetido sem parar.

    No dia 20 de Abril de 1999, dois jovens vítimas de provocações entraram atirando em uma escola em Columbine. As bandas que mais foram acusadas de influenciar os dois jovens (quando eu, você e todo mundo sabe que a influência na verdade é da enorme campanha que os EUA faz à favor da violência, incentivando, manipulando e fazendo guerras e o facílimo acesso às armas promovido pela National Rifle Assocation como "proteção pessoal") foram Marilyn Manson, os alemães do Rammstein e o próprio KMFDM. "Blackball" parece falar sobre o assunto da mesma forma que Manson fez na maior parte das canções de seu álbum "Holy Wood (In The Shadow Of The Valley Of Death)", ou seja a indireta mais direta possível. Um início mórbido dá lugar a uma música industrial carregada de efeitos sombrios e o vocal indignado de Sascha, mandando ver nos versos "Eu sou o falso atrás da sua porta/O pequeno verme que você ignora" e no pesado refrão "Bola negra/Inicie a revolução/Eles nunca nos manterão quietos/Bola negra/Sacuda o script/ O véu do silêncio precisa ser rompido/Bola negra", com a "bola negra" sendo uma possível referência à uma bala de revólver. Uma letra quilométrica que não deixa pedra sobre pedra, mostrando toda a fúria e ódio que sentem os excluídos e humilhados, e todo o silêncio a qual eles são submetidos.

    "Jihad" tem uma das melhores letras do KMFDM, com Sascha entrando sem piedade ao cantar "Homo sapiens, uma espécie em extinção/Pobre, doente, estúpida, entorpecida, bosta alimentada", com a letra parecendo propor uma "Jihad", ou seja uma guerra final contra os poderosos, o que ganha força em "Todos façam sua parte/ Esperança é vida e fogo ao coração" e nos versos finais "Poder e regras plurais/A hora final de ricos gordos de bolas pequenas/Um grande último gole, final do império/Descarga de ditadores para dentro do ralo". Um arraso, com um teclado mais do que marcante, guitarras novamente nervosíssimas e as batidas eletrônicas parecendo soldados marchando impiedosamente.

    A próxima é "Last Things", outro mergulho em um mundo incoformado de peso e fúria, guiado pelos vocais quase discursados de Lucia, com o refrão "Últimas coisas/Eu não dei nada em retorno/Levante-se para uma causa/Dê permissão para uma guerra muda" e os versos "Religião, esquerda e direita/Cabeças de estado poderosas e esfomeadas/Morte melancólica, queda do nosso nêmesis/Os fortes sobreviverão ou então digam nossos presidentes". O desempenho de Lucia nessa música não é à-toa, já que é sua música preferida para cantar ao vivo. Como todas as músicas ao longo desse álbum, cheia de passagens viciantes, uma das marcas registradas da banda desde sempre.

    "Pity For The Pious", arrastada e mórbida, é uma avalanche de ironia, com o vocal de Sascha sendo o complemento perfeito. A letra parece falar de toda a enganação religiosa que as pessoas parecem passar, com o verso, discursando contra toda a decadência das organizações religiosas, inclusive com gemidos e gritos desesperados de Lucia no momento mais tenso da música, provavelmente representando os polêmicos casos de padres pedófilos. Terrivelmente realista.

    Ouvimos então "Stars And Stripes", uma referência mais que óbvia à bandeira dos Estados Unidos, onde em uma pancada industrial pesada feito concreto a banda ataca Bush: "Um tirano é um homem que não permite liberdade ao seu povo (...) Controlado pela luxúria do poder" e a estrofe final "Sensação totalitária da mídia/ Você os dará dominação/Esqueça se te chamarem de mentiroso e ladrão/Agora você é um indisputável chefe no comando". O duo vocal de Sascha e Lucia está mais do que marcante, com a vocalista tornando o refrão da música mais do que marcante.

    Mais peso ainda em "Bullets, Bombs and Bigotry", com bases de guitarra que rivaliza com a da faixa-título em termos de peso, e com linhas vocais intimidadoras de Sascha, declamando versos mais do que realistas como no refrão "Pecado, sexo, sodomia/Hora de acabar com essa paródia/Terror, tortura, tirania/A carcaça da democracia/ Poder, pílulas, perversão/Vitoriosos re-escrevem a história/Balas, bombas e fanatismo/Prenda você mesmo para a terceira guerra mundial". A bateria está mais vigorosa do que nunca nessa canção. Bordoada de primeira na orelha, um prato cheio para os fãs do estilo.

    "Moron" é iniciada por uma risada sarcástica, com um riff poderoso e linhas vocais de Sacha que, se menos mórbidas, agora apostam em um tom mais irônico em suas declamações. A letra fala parece falar de toda a cultura violenta e apoio ao armamento desnecessário, como dizem os versos "O dinheiro fala e os merdas andam/Vendi meus direitos/Trocando por armas para a batalha". Uma avalanche de sarcasmo, literalmente impressionante.

    O álbum começa a caminhar para o seu final com "Revenge", que abandona um pouco o peso das anteriores, pelo menos em um primeiro momento. Depois, o peso invade a sua estrutura, formando uma considerável fortaleza em sua parte sonora. A letra parece falar da própria terceira guerra mundial acontecendo, ou então sobre a subversão de valores que acontece nesse novo século. Os teclados estão mais do que bem postos, sendo um complemento perfeito para essa música que primeiro faz agitar, para então fazer pensar. Lucia, ao aparecer no final da canção, dá um show como sempre.

    O final vem, ironicamente, com o título de "Intro", que começa com uma bateria em ritmo de marcha, onde a banda introduz ela a quem não conhece de uma forma totalmente irônica, talvez a forma como os outros tentam ver a banda, apresentando integrante por integrante e repetir os refrãos "Aqui estão os biscoitos/Pedra sólida contra o fluxo/Batida ultrapesada de luxo/KMFDM, uma merda eterna" e "Aqui está a sua voz do underground/Esteja pronto para outro round/ Nada novo, é sempre a mesma merda/Se isso funciona bem, porque foder com isso tudo?". Merece destaque a engraçadíssima parte em que Sascha canta "Eu sou Kap'n K, o corruptor da juventude/Minhas letras são o fantasma da verdade honesta/Eu sou o pai do Rock industrial/E se você não acredita em mim,/você pode chupar o meu...". Só não termino de traduzir porque isso aqui é um blog de família...

    Enfim, excelente. O heavy metal industrial é um dos poucos estilos em que os artistas conseguem manter a integridade, tanto lírica quanto sonora, por mais de uma década, sem perder a força criativa ou o apelo urgente das letras. E o KMFDM, além de Nine Inch Nails, Ministry, Marilyn Manson, entre outros, são os melhores exemplos disso, junto a bandas mais recentes como o Rammstein e o Deathstars. Para quem não sofre da síndrome de ficar preso no passado, lembrando de "como os tempos em quais eu nem tinha nascido eram bons", e gosta de letras inteligentes e de conteúdo, o KMFDM é uma banda não apenas obrigatória, mas necessária. Um oásis de boa música.

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    posted by billy shears at 11:15 PM | 10 comments

    sexta-feira, julho 21, 2006
    The Who - A Quick One


    Os mais fanáticos pelos anos 60 dizem que esses anos foram os mais importantes porque foram a base de tudo: do Heavy Metal, do Hard Rock, do Progressivo, do Punk Rock, etc... Não concordo totalmente quanto à afirmativa da importância maior, até porque os anos 70 "não foram tão ruins assim", mas mesmo assim é impossível negar a relevância e mágica desses anos, quando os jovens ainda acreditavam que protesto poderia dar resultado, Bob Dylan compunha hinos contra a guerra do Vietnã, os Beatles e os Stones começavam a viajar legal na psicodelia, os Beach Boys começavam a pirar na batatinha também... Uma das muitas bandas que se tornariam ícones de toda uma geração (e sejamos justos, de outras também) era o The Who, grupo com um grande campo de influência na música hoje em dia.

    "A Quick One" (ou "Happy Jack" nos Estados Unidos, mas que não perde o sentido: "uma rapidinha"), de 1966, é meu preferido dos caras. Ele que me introduziu de vez no universo do Who e me convenceu de que eles mereciam a fama que tinham. É verdade! E o mais bizarro de tudo é que este álbum é considerado um dos mais fracos da banda... Nesse disco, o grupo deixava de ter a unidade do debut da banda, totalmente composto pelo guitarista Pete Townshend - o que resultou em um disco cheio de energia e power chords, característica que consagrou Pete, e apresentava a banda inteira compondo faixas separadas.

    Se a banda perdia em energia e unidade, ganhava em diversidade e começava a dar seus primeiros sinais de erudição e sofistação. Além de Daltrey nos vocais e Townshend nas guitarras, a formação era completada pelo baixista John Entwistle e a lenda destruidora Keith Moon, mais conhecido por sua loucura e força ao tocar do que por sua técnica, mas que seria reconhecida ao John Bonham do Led Zeppelin assumir que tinha muita influência dele . Produção de Kit Lambert (responsável do afastamento do The Who do conceito de música simples), e a capa desenhada por Alan Aldridge, expoente da pop-art, apresentando uma versão em desenho da banda.

    O disco começa em grande estilo, com "Run, Run, Run", composição de Townshend, que se percebe logo a autoria do guitarrista por ser um Rock And Roll direto, com uma melodia cativante e um refrão empolgante, onde a banda repete o nome da música. Daltrey canta sobre uma garota azarada, que ele se dispõe a ajudar. Simplicidade que cativa, tente não ouvir e sair cantarolando a música após a mesma terminar.

    "Boris The Spider" mostra toda a criatividade sonora e lírica de John Entwistle, canção com uma cozinha marcante, que serve de suporte para o vocal de Daltrey, que demonstra um grande desempenho vocal para falar o nome da música no refrão com a voz grossa. A hilária letra fala da morte horrenda de uma aranha, e é a música mais pedida desse álbum nas turnês. Sem contar que era a música preferida de Jimi Hendrix durante as turnês, motivo este que fez Townshend ficar ciumento de não conseguir compor algo melhor e inclusive tentar impedir que o compacto dessa música fosse lançado.

    A seguinte é "I Need You", que abandona um pouco o experimentalismo da anterior e descamba em um rock de letra romântica e um refrão fascinante, mostrando que Moon estava inspirado quando compôs. Apesar da letra e do refrão mais melódico, a performance do baterista na canção é inspiradora - o cara detona, como sempre.

    Próxima, "Whiskey Man", uma música marcada por um grande baixo de Entwistle (e composição dele também), o que torna a cozinha um grande destaque da canção. A letra fala de forma criativa sobre um amigo imaginário que o autor da canção só vê quando bebe ("Os doutores dizem que ele é apenas uma invenção da minha mente pervertida/Se eles não vêem meu Whiskey Man eles só podem estar ficando cegos"). Viajante no nível do que era permitido para a época, especialmente pelas melodias de guitarra.

    "Heatwave" é um cover do grupo Marta and The Vandellas, que se mostra uma das canções mais curtas do álbum, e ao mesmo tempo, uma das mais acessíveis, um rock de respeito, com linhas vocais marcantes. Quem gosta de Rock anos 60, vai amar. Tem todos os elementos e principalmente, a alma da época.

    A insanidade volta na instrumental "Cowbebs And Strange", onde a banda toca trombone, trompete e pistão, herança da época em que o The Who era uma banda de skiffle se chamava Detours. Essa canção, de autoria do porra-louca Keith Moon tem um efeito de estéreo graças ao fato que Keith obrigou seus colegas a marcharem pelo estúdio para que ficasse assim. A performance de Keith arrepia. Coitado dos tambores e pratos que a banda utilizou na gravação dessa pérola...

    "Don't Look Away" marca a volta de Pete Townshend, o que significa a banda metendo a mão na massa e fazendo um rock mais direto, nessa canção com uma grande letra. O solo de guitarra é pra lá de cativante, assim como a voz de Daltrey. Sensacional.

    Outra das melhores do álbum, essa é "See My Way", única composição de Daltrey no disco, que foi o único integrante a não conseguir fazer duas composições. Mesmo sendo a mais curta do álbum, tem uma cozinha marcante, linhas vocais dotadas de todo o carisma do vocalista, que encanta cantando "Um dia, um dia, eu encontrarei um jeito/De fazer você ver meu caminho".

    A próxima é "So Sad About Us", terceira de Townshend, que mesmo compondo menos, ainda mostrava firme liderança nas composições da banda. Dando-se melhor que em sua última composição, é uma música simplesmente sensacional, com grandes melodias de guitarra, o quebrador Keith Moon demonstrando toda a sua energia ao tocar mesmo quando a canção é mais melódica, e um refrão mais do que chiclete. Pete acertou em cheio ao colocar essa canção como uma das que encerram o álbum. As belas melodias de guitarra e o dócil vocal de Roger faz a canção adquirir todo um charme próprio.

    Chega-mos então ao (grande) encerramento, a quase-faixa título "A Quick One, While He's Away" (ou, em português, "Uma Rapidinha, Enquanto Ele Está Fora"), a primeira ópera-Rock da banda, que lançou as bases para o que eles fariam depois em "Quadrophenia" e "Tommy". A versão em estúdio ficou debilitada por ser gravada em três estúdios e com equipamentos diferentes, portanto, corra atrás da versão ao vivo do "Rock And Roll Circus" para conferir a canção em todo o seu poder. Seis partes compõem a canção: “Her Man’s Gone”, “Crying Town”, “We Have A Remedy”, “Ivor The Engine Driver”, “Soon Be Home” e “You Are Forgiven”, em uma epópeia falando sobre o namorado/marido de uma mulher que está fora a muito tempo, e o personagem da canção vê que a garota está chorando, e o cara diz que ele tem o remédio. Na quarta parte, ele revela o seu nome e sua profissão e tenta consolar a garota. Ele então leva a garota para casa na quinta parte... Na última parte, o marido da mulher finalmente chega em casa, e enquanto os dois estão abraçados, ela confessa ter traído o cara... Que, para a surpresa de todos, perdoa a mulher. Nessa parte, a banda fala repetitivamente "cello cello cello", devido ao fato que eles queriam colocar violoncelos nessa parte e não lhes foi permitido, mas deu um toque todo mágico à canção. Cheio de refrãos repetidos, momentos mais agitados e outros mais melódicos, uma das primeiras óperas-Rock não faz feio encerrando o álbum (só não afirmo ser a primeira por falta de certeza).

    Enfim, sensacional. Um encontro de experimentalismos e acessibilidade, de quebradeira e beleza, contendo letras irônicas, caras-de-pau, mas ainda assim, realistas e atuais para a época. E não pense que a banda pára por aí! Além desses dois álbuns e suas duas óperas-rock, me sinto obrigado a destacar também "Who's Next", contendo músicas indispensáveis e introduziu muita gente na mágica do The Who, e o fabuloso ao vivo "Live at Leeds", penso eu, um dos melhores registros ao vivo da história (quer saber os outros? Ah, espere e descubra...). Para quem gosta de Rock And Roll, uma banda simplesmente indispensável. Hoje, quando ouço seus álbuns, me sinto até meio arrependido de tê-los subestimado por algum tempo. Não seja um bobo igual ao resenhista que vos escreve e vá atrás, ok?

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    posted by billy shears at 12:48 PM | 8 comments

    quinta-feira, julho 20, 2006
    Pink Floyd - The Piper At The Gates Of Dawn


    Obras atemporais não tem esse adjetivo à-toa. O que é necessário para que depois de quase 40 anos um disco ainda consiga chocar quem o ouça? "The Piper At The Gates Of Dawn", de 1967, disco que compete com os Beatles a paternidade do progressivo e a consolidação do psicodélico, não é apenas mais outro disco. Quem é fã de Pink Floyd sabe muito bem disso. Quem não é... Passa a ter a mesma opnião depois de ouvir trinta segundos do disco. E não consegue mais parar de ouvir.

    Assim como o disco, o seu principal compositor, o guitarrista e vocalista Roger Keith "Syd" Barret", o "diamante louco" não era apenas um outro músico psicodélico que caminhava pela terra da Rainha. Com uma genialidade que saía em torrentes de seu cérebro cheio de LSD, Syd era, além de músico, poeta, pintor e artista performático. Ao transformar a banda Sigma 6, formado pelos até então desconhecidos alunos de Arquitetura em Cambridge, Roger Waters (baixista e vocalista), Rick Wright (tecladista e pianista) e Nick Mason (baterista) no Pink Floyd Sound, que mais tarde viria a ser abreviado para Pink Floyd (o nome vinha de dois músicos de Blues que Syd Barret era fã confesso: Pink Anderson e Floyd Council), Syd começou a escrever seu nome e o da banda na história da música contemporânea .

    Ao lançar esse disco em 1967, gravado nos estúdios Abbey Road, muitas pessoas já seguiam a banda como se seu som e suas performances fossem uma nova doutrina. A estrutura caótica dos arranjos e a imprevisibilidade de andamentos tornam esse álbum uma experiência inusitada até os dias de hoje, a cada nova audição. As letras, passeando em um mundo de espantalhos, gnomos, bicicletas e contos de fada, ainda assustam por nunca se ter uma compreensão total das mesmas.

    "Astronomy Domine" deixa o ouvinte perplexo, assustado... Fascinado e hipnotizado. A voz soturna e astral de Barret dá o tom ao falar de planetas, personagens e cores. A canção é marcada por reviravoltas que passam a imagem de luzes piscando ao ritmo do som, que logo descambam em doces melodias de teclados e guitarras, com a pulsante bateria de Nick ao fundo. Após tanto tempo, a canção ainda soa ousada, ainda parece que você nunca ouviu nada igual. Talvez seja por isso mesmo: porque nunca houve nada igual.

    A viagem continua em "Lucifer Sam", com sua melodia chapada de guitarra, o ótimo groove de Waters e os teclados de Rick combinando em um ritmo mais acelerado que a anterior, e com um refrão inesperado e melódico. A música fala do gato de um amigo de Barret, Nigel Gordon, que morava com Syd na época. O gato, na verdade, se chamava Elfie, e fascinava o líder da primeira fase do Pink Floyd por ele não conseguir entender o comportamento do animal.

    Outra que emociona é "Matilda Mother", que cativa pelas melodias totalmente viajantes do teclado de Rick, o baixo pulsante e os vocais distantes e aparentemente em êxtase de Syd. Uma seqüência de músicas que você não consegue ouvir sem ficar boquiaberto. Uma música que contrai e expande seu ritmo mais de uma vez, com um conto sobre um rei recebendo uma notícia, e logo em seguida, um garoto pedindo para a sua mãe contar mais histórias.

    "Flaming" já é inesperada desde o seu início: uma abertura que poderia ser posta em um filme de terror dos mais sombrios, que abre espaço para um momento luminoso e feliz, com teclados voando através da sua audição até a mente, com Barret cantando: "Fluindo através dos céus estrelados/Viajando pelo telefone/Ei! oh! aqui vamos nós/Nunca tão alto" . Nesse momento, a mente do ouvinte já saiu de órbita, passou pelo Triângulo das Bermudas e foi dançar em uma lua de Júpiter.

    Seguindo, "Pow R Toc H", um tema instrumental de pouco mais de 4 minutos, cheia de indas e vindas inusitadas, teclados, cordas e cozinha compondo um clima totalmente doidão, com apenas alguns ruídos vocais produzidos pelos integrantes. Espacial.

    "A música parece ajudar a dor/Parece motivar o cérebro/Doutor, gentilmente conte a sua mulher/Que eu estou vivo" Dizem os vocais de volta em "Take Up The Stethoscope And Walk", marcada por uma forte percussão e tom irônico nos vocais (aliás, essa é única composição exclusiva de Roger Waters no disco... E a única que Barret não tomou conta de parte ou de toda a composição). O teclado de Rick Wright está mais do que insano e fascinante aqui.

    "Interestellar Overdrive" é uma instrumental de quase dez minutos onde a banda toda desfila toda a doidera que possuíam na época em uma canção cheia de camadas e nuances caóticas, obrigando o ouvinte a prestar atenção em mais de um detalhe ao mesmo tempo! Da felicidade chapada à morbidez lisérgica, a banda convida o ouvinte a passear por um mundo jamais visto pelos homens que nunca ficaram sob efeito do poderoso (e conhecido) ácido. No sentindo mais literal da palavra... Viajante. No sentido mais literal da palavra.

    Barret volta a dominar o campo sonoro com "The Gnome", uma música de sonoridade polida e positiva, onde as nuances caóticas não chegam a causar traumas e nós no cérebro... Pelo contrário... Compõem uma bela e divertida música, com Syd contando sobre seu encontro com um gnomo (!). Mais do que mágica, uma música que provavelmente foi a trilha sonora de muita gente que conheceu na época (tá, e depois também!)...

    "Chapter 24" é onde os teclados de Wright atingem algum de seus melhores momentos, discretos, soturnos, porém com uma melodia instigante, assim como os vocais e a letra, totalmente mística: "Todo movimento é completado em seis etapas,/E a sétima traz a volta/O sete é o número da jovem luz/Forma-se quando a escuridão é acrescida por um/Pôr do Sol/Nascer do Sol". A bateria sendo golpeada em largos espaços de tempo deixa a música mais lisérgica ainda.

    E quando o ouvinte já perdeu a noção de tempo, espaço, realidade, coerência... Barret ataca em "Scarecrows", cantando sobre espantalhos. A música é cheia de detalhes mágicos, entre belas melodias, percussão repetitiva, a voz marcante de Syd Barret e o tema totalmente nonsense, que parece falar sobre o cotidiano do espantalho.

    "Bike" fecha o disco de forma inusitada, com suas melodias inesperadas que parecem sumir e aparecer, e os vocais de Barret, contando uma história musicada, que você às vezes ouve em sua plenitude... Para então ter que colar o ouvido no rádio (vitrola, CD-player, MP3 player, Ipod, enfim...) para poder entender. Para então ver a música crescer de novo, com uma nova cara e uma nova textura, nada a ver com seu início. Na letra, o autor convida uma garota para andar na bicicleta dele, e para impressioná-la, diz fazer parte de um clã de homens-de-gengibre (hein?). E o disco acaba da mesma forma que começou: sem você nem perceber, te pegando totalmente de surpresa.

    Pouco depois, Syd Barret seria afastado da banda devido ao seu envolvimento com drogas que já estavam deixando-lhe esquizofrênico, sendo substituído por David Gilmour, e o resto da história todos os fãs do Floyd conhecem. Durante as gravações do disco "Wish You Were Here" (ironicamente dedicado a ele), Syd apareceu no estúdio, gordo, maltrapilho e com a cabeça raspada. Ficou assistindo as gravações e só foi reconhecido pelos companheiros de banda horas depois. E essa foi a última grande notícia que o mundo havia recebido de um dos caras mais loucos em toda a história do Rock... Até o dia 11 de julho desse ano, quando o mundo é atingido pela triste notícia que Barret, após viver o resto da sua vida com a mãe dedicando-se à pintura e jardinagem em Cambridge, morreu aos 60 anos, em decorrência de diabetes.

    Nada mais justo do que nos juntarmos ao imenso time de artistas que já prestou homenagens à esse músico ousado, os quais incluem Joe Lynn Turner (ex-Rainbow e Deep Purple), Bob Daisley (ex-Ozzy), Bruce Johnston (Beach Boys), Jimmy Fox (James Gang), David Bowie, Alice Cooper, Steve Savale (Asian Dub Foundation), os Red Hot Chili Peppers e claro, Roger Waters e os demais antigos companheiros do cara que soube como impressionar as pessoas por um pouco tempo para então expandir seu campo de influência para tudo que se chama experimental hoje em dia. Sem Barret, não haveria psicodélico, progressivo, ou música caótica e sem estrutura definida que tantos amam. Assim como toda grande e admirável figura, e também pessoa querida que se vai, Syd nunca morrerá. Por maior que fosse a nossa vontade que ele estivesse aqui, ele foi para o seu mundo encantado e está esperando seus amigos e fãs por lá...

    Continue brilhando, seu diamante louco...

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    posted by billy shears at 12:00 AM | 9 comments

    segunda-feira, julho 17, 2006
    Live Danger: Ronnie James Dio

    É... Não tem jeito. Dio pode ter passado dos 60 anos, pode estar meio careca, meio cabeludo, pode estar parecendo o Bilbo Bolseiro... Mas continua cantando mais que muita gente que não passou dos 30. Pode parecer não ter mais de um metro e meio de altura, mas a voz dele parece de um gigante de três metros.

    Dia 14 de Julho de 2006 será um daqueles dias difíceis de esquecer para o pessoal que compareceu ao Claro Hall, no Rio de Janeiro. Cada show do Dio é assim mesmo. Seu carisma aliado a sua técnica botam qualquer um para cima. E ele não estava sozinho... Só fera acompanhando o lendário ex-vocalista do Elf, Rainbow e Black Sabbath: Simon Wright (ex-AC/DC) na bateria injetando fôlego na banda, tocando com força e precisão, Scott Warren (ex-Warrant) fazendo performances emocionantes nos teclados, o recluso, porém habilidoso Craig Goldy (esse talvez o músico com menos “renome” na banda), e o mais recente membro, Rudy Sarzo (ex-Ozzy Osbourne, Quiet Riot, Whitesnake e Yngwie Malmsteen's Rising Force), que além de grande habilidade, demonstrou grande entrosamento com o resto da banda.

    A extensa carreira do Dio torna impossível a ausência de clássicos; qualquer um com um mínimo de Rock no sangue arrepiou ao ouvir clássicos, tanto de sua carreira solo feito “Holy Diver”, “Last In Line”, “Stand Up And Shout”, “Don’t Talk To Strangers”, “We Rock” e “Rainbow In The Dark” – que deixou a platéia delirando, do Rainbow com “Man On The Silver Mountain” e “Long Live Rock ‘n’ Roll” (essa, uma empolgação total)... do Black Sabbath, Dio já começou arrepiando abrindo o show com o petardo “Children Of The Sea”, cantando “I” (do álbum “Dehumanizer”) no decorrer do show e detonando “Heaven And Hell” no bis.

    Também teve, como em todo bom show de Metal, um desfile de solos, de Simon arregaçando a bateria, Scott fazendo com que as notas do teclado gelassem a espinha e Craig Goldy esbanjando toda sua técnica, mesmo não fazendo as performances espetaculares das últimas vezes que veio. Mesmo assim, não dava para esquecer a figura principal do show, o baixinho mais querido do planeta, ou do meio musical, pelo menos. Cada vez que Ronnie voltava para o palco era uma festa. As poses e brincadeiras de Dio ao longo do show são impagáveis.

    Dio mais uma vez não deixou a peteca cair; pelo contrário, deu um corte na coitada da peteca que ela voou longe. Uma lenda do Hard Rock, Heavy Metal e Rock And Roll, influenciando pelo menos três gerações de músicos. Como diz a sabedoria popular brasileira, “tamanho não é documento”...

    (Agradecimentos à Leandro Montéro pelas fotos. Valeu!)

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    posted by billy shears at 1:13 PM | 12 comments

    domingo, julho 16, 2006
    Música de Metrô: Rock Rocket - Por Um Rock And Roll Mais Alcoolatra e Inconsequente


    Caro fã de Rock sujo, barulhento e empolgante: se você não conhece os paulistas do Rock Rocket, já está mais do que na hora de ouví-los. Um verdadeiro power-trio comandado pelos riffs punks e barulhentos de Noel, que também canta de maneira extremamente esporrenta, acompanhado pela cozinha do baixista Pesky e a bateria de Alan, que também canta. Em apenas 3 anos, a banda se tornou grande na cena independente nacional, arrebatando prêmios do VMB (para o vídeo do surf-rock "Puro Amor Em Alto Mar") e da Claro, ambas as vezes na categoria de música independente.

    Prêmios mais do que merecidos; A crueza e ferocidade do trio, influenciado por nomes lendários como MC5, The Stooges e as bandas mais clássicas do Punk, impressiona de verdade. Um dos grupos que faz questão de honrar a santíssima trindade Cerveja, Mulher e Rock And Roll. E fazem isso injetando adrenalina nos seus ouvintes, com letras debochadas e sacanas, embebidas de cerveja.

    Pancada e empolgação puríssimas do início ao fim, nas onze canções presentes no disco (mais uma escondida sem título e... ops...); desde a empolgante faixa-título que abre o disco, com Noel berrando versos como "Hoje vou beber para provocar o caos/A desordem e a anarquia/Vou atingir o grau de loucura!", ou o hino ao alcoolismo "Cerveja Barata" ("Não sou muito exigente, não sou intransigente/Quero apenas um lugar para poder encher a cara/Pode ter rato, pode ter barata/A garçonete pode ser travesti"), ou então exaltações ao estilo mais amado do planeta, como "Filho do Rock And Roll" e "Noite de Rock And Roll"... As letras mais engraçadas, sem dúvidas, são as absurdas "Quem Depilou o Meu Rabo?" (um punk 70's furioso com o refrão: "Minha calça está arriada/Minha cueca toda rasgada/QUEM DEPILOU O MEU RABO?") e "O Babaca e A Meretriz", contando sobre um cara que a garota trocou ele por outro, e agora o decepcionado rapaz arquiteta planos sádicos: "Se encontro os dois pombinhos cagalhando na minha praça/Sou um excelente jogador de taco/É bom não se atreverem a morarem em uma casa/Porque eu sou... piromaníaco!".

    Um arraso, simplesmente, mostrando que o estilo mais subversivo do planeta não se deixa abater pelo "novo estilo musical em voga no momento". Está se tornando comum eu falar isso aqui nessa sessão do blog, mas o pior que é verdade: por mais que tentem falar que o Rock não existe mais, que os subgêneros estragaram o estilo, que as bandas de hoje não são tão boas como daquela época e blá, blá blá... Aí surgem os Rock Rocket, mostrando a todos o seu puta som movido a sangue, suor e cerveja.

    Se o seu negócio é pancada, compre. Se o seu negócio é beber com os amigos noite afora ouvindo Rock And Roll, compre. Se você adora letras sarcásticas, compre. Não importa. O que importa é que a campanha do Rock Rocket por um rock and roll mais alcoolatra e inconsequente é mais do que bem vinda. "Apenas" Rock And Roll básico e puro, que fara você ter infindáveis horas de diversão... Sensacional!

    "Há quem diga por aí, que o Rock And Roll morreu... À estes eu grito no ouvido: Você ainda não me conheceu!" (Filho do Rock And Roll)

    Rock Rocket - Por Um Rock And Roll Mais Alcoolatra e Inconsequente
    (13 Records - Produzido por Felipe Vassão; Gravado entre junho de 2004 e junho de 2005)

    1. Por Um Rock And Roll Mais Alcoolatra e Incosequente
    2.Puro Amor Em Alto Mar
    3.A Mulher Mais Linda da Cidade
    4.Cerveja Barata
    5.Quem Depilou O Meu Rabo?
    6.O Babaca e a Meretriz
    7.Lili
    8.Filho do Rock And Roll
    9.Lizzie
    10.Noite de Rock And Roll
    11.Roqueiros Também Amam
    __________________________________________________
    Ei, psit!
    Gostou?
    Então entra aqui:
    www.rockrocket.com.br
    http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=142187
    http://www.tramavirtual.com.br/artista.jsp?id=5825
    E divirta-se, sem moderação!

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    posted by billy shears at 12:45 PM | 6 comments

    quinta-feira, julho 13, 2006
    Dangerous Classics

    Em homenagem ao dia mundial do Rock, o Dangerous Music resolveu estrear uma nova sessão. Cada membro escolheu um disco que julga como clássico absoluto do Rock e soltou o verbo. Confira a seguir!

    -Zero homenageia AC/DC - Back In Black


    Uma tremenda de uma volta por cima. O AC/DC após perder o vocalista Bon Scott resolveu continuar... Mas eles não podiam continuar de qualquer jeito. E, muito felizmente, eles fizeram a escolha certa com Brian Johnson. "Back In Black", além de homenagear o falecido amigo, é um álbum de Rock And Roll com letras maiúsculas. Sujo, pesado, áspero... A bateria seca contracena com a guitarra ensandecida de Angus Young (indubitavelmente, um dos melhores guitarristas de todos os tempos) e os vocais roucos e enlouquecidos do "taquara rachada" Brian.

    Não tem muito segredo mesmo, é ouvir pra conferir; É "Back In Black", "Hells Bells", "You Shook Me All Night Long"... E todas as outras músicas do álbum. Riffs que marcaram toda uma geração e que influencia centenas de milhares de músicos até hoje. O álbum de Rock And Roll mais vendido de todos os tempos é simplesmente fabuloso. Sem qualquer frescura ou delicadeza, a intensidade desse álbum é uma pancada nos ouvidos até os dias de hoje, mesmo passados mais de 25 anos. É ouvir e sentir o corpo pegar fogo.

    -Vitor homenageia Guns N' Roses - Apettite For Destruction


    Vou falar sobre o primeiro álbum de rock que eu ouvi por inteiro sem cansar. Aliás, é o álbum da banda cujo eu sou fã, então fica muito fácil falar sobre o “Appetite For Destruction” do Guns N’ Roses.

    Há quem os odeie pelo egocentrismo do Axl Rose, mas esse álbum é daqueles que a gente põe pra repetir duas vezes seguidas e sai pela casa pulando e cantando. Não é à toa que é um dos mais vendidos até hoje. Há quem diga que foi o único que prestou da banda. Nele estão os principais hits da banda em sua formação inicial, aquela clássica com Slash, Duff, Izzy, Steven e Axl, tendo esse último permanecido com o nome da banda e continua fazendo covers daquilo que é uma das bandas mais queridas e odiadas do planeta, não abrindo mão dos hits do Appetite.Indispensável em qualquer cdteca, esse álbum merece ser ouvido no talo, colocando seus vizinhos loucos com os refrões e guitarras ousados, desde “Welcome To The Jungle” até “Rocket Queen”. É claro que nem todos vão apreciar meu comentário, mas Guns N’ Roses é Guns N’ Roses.

    -Sam homenageia Led Zeppelin - Led Zeppelin



    Uma obra prima do Rock 'n Roll, diga-se de passagem. O primeiro álbum do Led Zeppelin é um marco da música pesada, mesmo variando muito entre as faixas - algumas leves e melancólicas, outras pesadas e dançantes!
    Além de ser um álbum recheado de hits e músicas que marcaram época, a banda possuia um guitarrista que seria um dos melhores do rock e um baterista que é chamado de herói até os dias de hoje.
    É com certeza um dos melhores discos do rock, sem puxar saco.

    -Loveless homenageia Metallica - Ride The Lightning

    Pra mim,de longe o melhor álbum do Metallica, um marco na história do Rock e do Thrash Metal. O álbum indica uma grande evolução técnica,do grupo, que agora faz uma barulheira muito diferente daqueles texanos sujos que gravaram o "Kill'em All". Tanto a música título como a "Fade to Black" são inesquecíveis,a obra é boa e rende um belo bate cabeça,do começo ao fim.

    Nada tão bom para a data de hoje. Além de ser um cd marcante pra qualquer um que queira conhecer o trabalho de uma banda tão manjada, mas tão boa.

    -Dark homenageia Slayer - Reign In Blood

    É uma lenda esse álbum, primeiramente é só você pegar o principal propósito dele ter sido feito: ser o álbum mais rápido. Reúne um tema pôlemico que é o nazismo, junto com a fúria de uma lenda do thrash, e o resultado é pra mim sem dúvida o melhor álbum de metal de todos os tempos. Um álbum que você escuta e tem a impressão que acabou rápido, pode escutar do inicio ao fim por toda sua vida que você não consegue enjoar. Riffs, solos esmagadores, bateria metralhando, um vocal cospindo fogo, tudo o que o metal e o rock precisa: destruição! Álbum que serviu de infinitas influências e que não há como ser apagado com o tempo, traduzindo o sentimento perfeito de revolta, fúria e porradaria. Perfeito, um álbum que não se traduz em palavras...

    _______________________

    Que o Rock continue durando muitos séculos, mostrando a verdade as pessoas, movimentando multidões, emocionando, pondo fogo em todas as almas que reconhecem a eletricidade e rebeldia do estilo...

    "Eu sei, é apenas Rock And Roll, mas eu gosto disso!" (Mick Jagger)

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    posted by billy shears at 7:51 PM | 7 comments

    segunda-feira, julho 10, 2006
    Wolfmother - Wolfmother


    E a onda revival não pára... Enquanto o caro leitor desse blog pronuncia "P i n d a m o n h a n g a b a", umas 100 bandas agitam um público de algumas mil pessoas e suas fotos promocionais são publicadas em algum segundo caderno. Tem o pessoal que se inspira em proto e post-punk, feito Strokes, Hives e White Stripes, tem quem 'chupe' (sonoramente, seus maldosos!) o Gang Of Four (como The Rapture, Interpol, Franz Ferdinand, Yeah Yeah Yeahs), tem quem toque orgulhosamente os acordes do Nirvana (alguém aí pensou The Vines?). Por melhor que sejam os sons que elas produzem, quero ver o que acontece quando a maré desse revival baixar... Mas enfim...

    Diferente da maioria esmagadora das bandas do revival, você não vai encontrar nada de Nirvana, Stooges, Velvet Underground, Gang Of Four, Talking Heads no som do Wolfmother. Esses caras chegam é da Austrália, terra natal há muito tempo de muitas bandas e artistas que fizeram história, desde o clássico e elétrico AC/DC, passando pelo dançante INXS e a surf music do Men At Work, e chegando no sinistro Nick Cave. Esse ambiente prolífico ultimamente também pariu o meio-insonsso Jet, com seu som meio Kinks e AC/DC (sua parte boa) em algumas canções, meio Oasis e Rolling Stones (sua parte insonssa) em outras. Já o Wolfmother é o tipo de banda que nasceria se um grupo de amigos se trancassem em um quarto com guitarra, baixo, bateria, uma vitrola e vinis do Led Zeppelin, Black Sabbath, Deep Purple, Blue Cheer, Grand Funk Railroad e Free. A única referência mais moderna seria White Stripes, que a banda realmente chega a se parecer em alguns poucos momentos.

    Formada pelo guitarrista e vocalista Andrew Stockdale (que tem uma exótica voz que ora soa meio Ozzy, ora soa meio Robert Plant), Chris Ross no baixo e nos teclados e o baterista Myles Heskett, lançou seu álbum auto-intitulado no ano passado, com produção de Dave Sardy (que já trabalhou com Red Hot Chili Peppers e Marilyn Manson). Apesar de ser incluída na indústria do hype, dificilmente conseguiremos classificar o Wolfmother como uma banda do gênero "retrô-novo-rock"; seu som 'hardão setentista' é o que convencionou-se a chamar de "stoner rock", e nas entrevistas, a própria banda discorda dessa classificação que impõem a eles.

    "Colossal" surpreende o ouvinte com seu início meio soturno que logo se transforma em um hard rock dos brabos, com guitarras ao gosto de Jimmy Page e linhas vocais zeppelianas. Desde a primeira faixa a banda demonstra sua poesia fantástica em suas letras - fantástica, digo, de descrever histórias sobre ciganas, gnomos, unicórnios, e afins. Com o desenvolvimento da música, as outras influências vem à tona, sendo essa introdução um cartão de visitas perfeito para quem quiser conhecer a banda. Cinco minutos de êxtase setentista.

    A seguinte é "Woman", um verdadeiro mix do "sabá negro" em seus momentos mais rápidos e do "zepelim de chumbo" em suas canções mais pauleiras. O vocal de Andrew deixa de ser muito Robert Plant para lembrar uma variedade de vocalistas de vozes agudas e extasiadas de 30 anos atrás. Para complementar, uma letra à la Zeppelin, cheia de exaltações a amor e mulheres...

    Você jura que já ouviu "White Unicorn" em algum lugar. Seu início é calmo e carismático, mas que logo explode para um rock eletrificado, cheio de reviravoltas, bem ao gosto dos medalhões da época de ouro da música. Andrew canta uma letra sobre um romance que parece ser meio conturbado, com o empolgante refrão "We could live together...". Sei lá, o pessoal tem certeza mesmo que essa banda não é dos anos 70 e pegou uma máquina do tempo para chegar aqui? A música tem uma paradinha lisérgica no meio, que logo retoma a pauleira. Não te lembra alguém?

    "Pyramid" apresenta muitas características do Led Zeppelin, mas o teclado da canção torna ela um diferencial. Um trabalho muito bom da cozinha intercalado com riffs pauleríssimos e o vocal gemido de Andrew deixa o ouvinte com dúvidas se, na verdade, todas as bandas Heavys e Hards dos anos '70 resolveram fazer uma jam... Não é possível, os caras a década de 70, sonham com ela... Ou, vai ver que na cabeça deles, ainda estão nela...

    Finalmente a banda freia, desiste de tentar matar o ouvinte um pouquinho! Ouvimos agora "Mind's Eye", que vem acrescentar Deep Purple na salada. A música reparte momentos arrastados e lentos, com outros mais astrais, onde aparecem teclados e a intensidade do vocal cresce. Viagem total, idéia esta reforçada na letra e no refrão fora de série. Os destaques para os teclados, com guitarras ocasionais... Não tenham dúvida; tem Ian Gilla, Ritchie Blackmore e seus comparsas rolando na vitrola desses caras...

    "Joker & The Thief" retoma o lado Sabbath, com um puta riff de respeito e um cativante trabalho da cozinha. Agora não dá mais para segurar: saia batendo a cabeça, sacudindo o esqueleto, sinta-se dentro de um vórtex temporal, os headbangin's de Ozzy, os chutes de Jimmy Page... Fico impressionando com essa faixa, uma das minhas favoritas do álbum. Tudo bem que as paradinhas vao lembrar aos mais puritanos (e/ou chatos) as músicas mais agitadas do White Stripes; mas quem disse que Jack White não é também um ouvinte assíduo de Led Zeppelin? É ouvir e conferir.

    Mais porrada: "Dimension" tem um berro do quinto dos infernos e uma guitarra de mais embaixo ainda. A caixa da bateria soa seca e impiedosa. Um desfile de riffs e reviravoltas Sabbathianas, Zeppelianas, Freeanas, entre outras "anas". Não fazer air-guitar, ou real-guitar, ou qualquer-que-seja-a-guitar nessa música, é uma heresia. O disco consegue, além de ter uma identidade própria, prestar tributos a uma dezena de bandas.

    Então "Where Eagles Have Been" quebra o clima com um melódico dedilhar de guitarras e Andrew mostrando que também sabe cantar docemente além dos berros esganiçados. A música cresce naturalmente, tornando ela um verdadeiro "proto-heavy-metal", repartindo momentos de pura calmaria com uma pauleira insano e descontrolada, odne os músicos soltam a mão (e as cordas vocais também, no caso de Andrew).

    "Apple Tree" tem um início blues-rock eletrificado, cheio de paradas e com a volta do vocal esganiçado. Sim, parece um White Stripes com baixo, mas e daí? São duas bandas que bebem de algumas fontes similares. Mas logo a banda deixa de parecer com os White Stripes e entram em um zepelim de chumbo, não há necessidade de se preocupar... Muito bom.

    Voltando a calmaria, essa é a "Tales From The Forest Of Gnomes", a música com uma das letras mais viajantes e com sonoridade mais leve do álbum... Hehe. Enganei você. A banda não espera nem a música chegar na metade para mandarem a altura dos amplificadores direto para o céu, não tornando a música mais rápida, mas deixando ela pra lá de pauleira.

    Blues chumbado, essa é "Witchcraft", de riff nostálgico, baixo muito bem posto e o vocal mais do que característico de Andrew. Uma verdadeira bola de neve, que parece mais porrada cada vez que você escuta. Eletricidade, sangue, suor... É um trabalho transpirando essas característiscas. Como é bom lembrar que ainda existem bandas como o Wolfmother... A música ainda revela algumas surpresas, que eu vou deixar para você descobrir.

    Fechando essa belezura, vem aos nossos ouvidos "Vagabond", que apesar do título não tem nada de desleixada. Uma balada que destoa do álbum, possuindo umas características acústicas que lembram o terceiro álbum do Led Zeppelin... Porém, ao contrário deste álbum, a banda transforma a canção em um caos de distorção e os vocais de Andrew literalmente arrasando. Destoa do contexto geral do álbum, mas pelo menos não estraga com uma canção modorrenta.

    O que mais posso dizer? Ao longo dessas linhas, citei várias vezes as semelhanças da banda e toda sua qualidade sonora; o que me faz pensar, que no meio desse mar de hypes com referências e influências que acabam não criando muita diferença no seu soms, o Wolfmother toca com paixão e nostalgia, mas toca com vigor e frescor, como se fossem a última música que estivessem tocando. Só música bem composta, literalmente um discão. E torçamos para que a indústria do novo-Rock-retrô lance para o mundo mais bandas excelentes como o Wolfmother. Venda aquele cd que você achou chato, guarde a sua mesada, procure no Soulseek; o Wolfmother é para ser ouvido e divulgado, e não é toda banda do segmento e gravadoras de onde eles vem que realmente merece. Longa vida aos 70's!

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    posted by billy shears at 10:06 PM | 9 comments

    quinta-feira, julho 06, 2006
    Ultraje A Rigor - Nós Vamos Invadir Sua Praia


    Os anos 80 serviram para o Brasil ver nascer seus maiores poetas rockeiros, Cazuza e Renato Russo. Mas nem toda banda queria saber de poesia na época. Bandas como Paralamas do Sucesso e Plebe Rude estavam engajados com lutas sociais (e os Paralamas na busca de uma identidade nacional para o B-Rock) e poucas de suas músicas, na época, romanceavam a respeito de algum assunto. Mas não sejamos maniqueístas achando que o Rock Nacional ou só tinha poetas românticos e metafóricos ou bandas engajadas. Bem antes dos Mamonas Assassinas, já haviam bandas abordando temas engraçados ou absurdos. E os tratados sobre os problemas de nossa terra nem sempre eram cantados com toda a seriedade do mundo. Uma certa banda paulista invadiu a praia de todo mundo. Invadiu a praia, invadiu as coleções de vinil e tirou um belo sarro da cara de todo mundo. Quem seriam esses? Senhoras e senhores, lhes apresento a banda mais cafajeste do hino nacional... Ultraje A Rigor!

    "Nós Vamos Invadir Sua Praia" é um marco do Rock nacional. Foi o primeiro disco rockeiro daqui a conseguir discos de ouro e platina. A marca do Ultraje era (e ainda é) o bom humor em tratar de temas como política, adolescência, zoofilia, narcisismo entre outros temas que ganham letras absurdamente engraçadas (porém, feitas com toda a sinceridade...). Das onze músicas do disco, nove foram amplamente executadas na época. É isso mesmo, você não ouviu errado. Entre todos aqueles hits instantâneos, surgiram músicas que viriam a serem verdadeiros clássicos da banda que na época era formada pelo ainda líder Roger na guitarra, voz e saxofone, Carlinhos nas guitarras-solo, Maurício no baixo e vocais secundários e Leôspa na bateria e vocais. Pelas guitarras da banda inclusive já passou o lendário Edgard Scandurra, que fez história no Ira!, outra banda-monstro do Rock tupiniquim. Inclusive, Edgard que deu o inusitado nome à banda; pois quando Roger perguntou o que ele achava da banda se chamar "Ultraje", um distraído Scandurra respondeu: "Que traje? O traje a rigor?". E o nome pegou, entrando para a história.

    Esse discão data do ano de 1985, após a banda gravar alguns compactos que enfrentaram problemas com a censura devido ao alto teor de protesto... Ou de pura sacanagem nas letras. Produzido por Liminha - um produtor que tem "culpa no cartório" em grandes clássicos do Rock nacional - e Pena Schmidt, que foi quem contratou a banda. O estúdio de gravação foi o Nas Nuvens, local onde também foi registrado a selvageria pré-histórica de "Cabeça Dinossauro", dos Titãs.

    O disco já começa em tom de alerta, com a faixa-título invadindo a praia do pessoal, alerta este que se transforma em um rock bem-humorado que fala sobre um pessoal que mora longe da praia e invade a mesma para se divertir. Música com dois solo fenomenais um de Roger e um de Carlinhos, com o carismático frontman na voz principal e Maurício fazendo as vozes secundárias. Tente não cantar o clássico refrão "Mistura sua laia/Ou foge da raia/sai da tocaia/Pula na baia/Agora, nós vamos invadir sua praia!"...

    Após toda essa diversão, entra "Rebelde Sem Causa", outra que mostra toda a mistura Beatles e new wave da banda. Pisa um pouco no freio, mas é viciante pra caramba! A música fala sobre um garoto mimado, que ganha tudo que os pais querem, que deixam ele fazer de tudo... Mas ele reclama "Não vai dar/Assim não vai dar/Como é que vou crescer sem ter com quem me revoltar?". O cara se sente anormal por não poder se rebelar com a família. Sem contar o refrão mais do que chiclete. Clássico absoluto.

    Tempestade de clássicos, só pode. Agora, "Mim Quer Tocar", uma letra genial sobre as bandas nacionais for-export, que só demonstram sua veia brasileira para fazer sucesso lá fora. Uma música fora de série, meio reggae, meio havaiana, com os sensacionais versos "Mim quer tocar/Mim gosta ganhar dinheiro/Me want to play/Me love to get the money"(...) "Mim é brasileiro/Mim Gosta banana", "Mim gosta tanto tocar/Mim gosta ganhar dinheiro"... Sem contar a platéia e os pedintes ao fundo, em um clima totalmente zoado... Mas com um puta sax de Roger, que deixa a música deliciosa de se ouvir.

    "Zoraide" talvez seja o clássico menos conhecido entre tantos contidos aqui. Um rockabilly dos brabos, sobre uma mulher que grudou em Roger feito carrapato. E Roger diz "Essa história de uma só/Zoraide, tenha dó/Eu quero mais é variar". O baixo de Maurício está muito presente, em uma linha sensacional. Não tem muito a ser dito... Um rock grudento sobre uma mulher grudenta. Combinar mais que isso só Romeu e Julieta...

    Um dos maiores clássicos do disco: "Ciúme", que praticamente todo mundo que é da época (e a galera que veio depois, também), já ouviu essa emocionada canção punk sobre um cara que não quer sentir ciúmes da sua namorada, que é normal ela ter amizades, ter liberdade... Mas não tem jeito. Ou, como a música diz: "Mas eu me mordo de ciúúúúúme"...

    Uma das melhores músicas feitas nessa terra em todos os tempos, ironicamente, esculacha a mesma. Sim, você já deve saber qual é: "Inútil". Os acordes inicias da música chegam a dar arrepios. Mas isso não é nada comparada com a letra. Muitos dizem por aí que o verdadeiro hino nacional não é aquele cheio de metáforas e frases encorajadoras, e sim essa pérola rockeira. Os versos "A gente não sabemos escolher presidente/A gente não sabemos tomar conta da gente/A gente não sabemos nem escovar os dente/Tem gringo pensando que nós é indigente" e que culminam no clássico refrão "Inútil/A gente somos inútil". Atual demais... Depois de ver a derrota na copa, o mensalão, a dívida externa, e todo mundo lamentando para logo ver a novela da Rede Bobo só reforça mesmo que... A gente somos inútil.

    "Marylou"... Fala sério, até quem não conhece Ultraje A Rigor conhece essa música aqui. Quem nunca cantou essa música, seja sozinho em casa ou no videokê no meio de um churrasco? A música conta o cotidiano de um zoófilo. Ou de um esfomeado. Vai saber. Ao ser regravada em ritmo de carnaval, esse Rock de letra absurda virou clássico infame. Um clássico desbocado. Ah, sei lá. Só sei que... "Marylou, Marylou/Tinha cara de babaca/Marylou Marylou/Botava ovo pela cloaca"...

    Bem... Perdão pela empolgação momentânea. E o bicho continua pegando. Um punk rockabilly chega ao ouvido humano: "Jesse Go", única do álbum que não tem o vocal principal de Roger, e sim do baixista Maurício. A letra tira um sarro dos artistas one-hit wonders que acabam se envolvendo mais em problemas de pessoais e/ou de ego, e acabam sumindo nas areias do tempo. Boa demais. É outro clássico-não-tão-conhecido. Mas quem conhece "a triste história de Jesse Go (Jesse Go, Jesse Go!)" com certeza adora.

    Primeiro não clássico do álbum, mas boa para ca...ramba. Essa é "Eu Me Amo", um hino ao narcisismo, uma música new wave, com uma letra sobre a pessoa procurar por muito tempo por alguém que combinasse com ele... E a pessoa acabou encontrando esse fulano no espelho. Tente não cantar "Eu me amo/Eu me amo/Não posso mais viver sem mim"... Só tome cuidado para não ser acusado de narcisista.

    "Se Você Sabia" não deixa a peteca cair. É uma das mais agitadas do disco, que mais mostra a veia punk da banda. A letra estabelece o diálogo de Roger com uma garota que não contou que o pai estava chegando, e Roger teve que sair correndo. Bem... Problema com sogro, too mundo tem alguma vez na vida... O refrão é simplesmente uma pancada, com a bateria vigorosa de Leôspa sendo atingida com mais força que o normal... A estrutura da letra torna ela muito musical, e também de fácil memorização.

    Última música e também último clássico do álbum, agora temos "Independente Futebol Clube", que entrou no disco na sua versão ao vivo gravada no Radio Clube, com participação do público que ficou em São Paulo no Sábado de Aleluia. Um rock rápido, cheio de paradas para o público gritar e com uma letra que fala sobre o direito à liberdade, independência e fazer o que der na telha. Agora, qual comunidade será que a galera gosta mais? Da Sociedade Alternativa do Raul ou do Independente F.C. do Ultraje? Na dúvida, fico com os dois.

    Não tem muito ao que acrescentar depois desse faixa-a-faixa; exceto que é um álbum indispensável. Cara-de-pau, debochado, irônico, sincero, ácido, absurdo... Viciante, atraente e com uma sonoridade que chega com frescor aos ouvidos mesmo depois de mais de 20 anos. Só resta agradecer ao Ultraje e a Roger por sempre batalharem por colocar bons (digo ótimos) discos com as sempre geniais, debochadas, irônicas, etc., blá blá blá, que o Rock nacional não tem há tempos. Uma banda única, sem igual.

    Ainda somos inúteis!

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    posted by billy shears at 9:21 PM | 7 comments

    sábado, julho 01, 2006
    Sex Pistols - Nevermind The Bollocks Here's The Sex Pistols


    Bem, eu poderia ficar discursando horas a fio, e ainda assim, não passaria a idéia exata da importância desse disco. Mas, vamos lá. Apesar do Punk Rock já ter seu embrião nas terras yankees, com as subversivas letras dos Stooges, a consciência política do MC5 e a deliquência dos Ramones, a galera ainda não estava pronta para o baque. Assim como não estavam pronta para o baque do fim dos Beatles, da morte de Brian Jones, do primeiro disco do Black Sabbath, para a androginia do Glam Rock...

    Quando a música disco começava a tomar o mundo de assalto, com artistas como Gloria Gaynor, Barry White, Donna Summer e os extravagantes Village People (que hoje só deixam lembranças como "artistas que fazem os machões soltarem a franga" - especialmente no caso da Gaynor e do Village People!) . Bandas de rock como Eagles, Queen, Rolling Stones e Blondie, e grupos românticos como ABBA e Bee Gees incorporavam elementos do dançante estilo ao seu som (Pô, Jagger... decepção para quem escreveu "Street Fighting Man"...)... Tudo festa demais. O que não correspondia ao estado que Londres se encontrava na época. A Inglaterra estava em franca decadência, e o rock progressivo tirava o vigor daquele rock que protestava contra os problemas do mundo, e agora se perdia em viagens instrumentais recheadas de jazz e música erudita... Até 1977.

    Sim, o ano em que Elvis Presley, Charles Chaplin e Carlos Lacerda deixavam o mundo para entrar nos anais da história (uma forma bonita de dizer "morrer", não?) também apresentou ao mundo o primeiro e único álbum de inéditas da ultrajante maior farsa do rock and roll: "Nevermind The Bollocks Here's The Sex Pistols", dos... Sex Pistols, banda idealizada por um ganancioso e ousado empresário, o famigerado Malcom McLaren, que montou a banda enquanto trabalhava em sua loja de acessórios eróticos, e já tinha tido a experiência de trabalhar com os New York Dolls, uma das primeiras bandas a introduzir a androginia extravagante de homens maquiados e travestidos no Rock And Roll. Mas nada de andróginos dessa vez. Ele reuniu o guitarrista Steve Jones, o baterista Paul Cook... e duas grandes lendas do Rock: o baixista Sid Vicious, um músico abaixo do medíocre, destrutivo e autodestrutivo, que não sabia o que era estar sóbrio, que havia substituído o baixista anterior porque o mesmo (Glen Matlock) gostava demais de Beatles; e Johnny Rotten, que entrou na banda ao cantar "School's Out" de Alice Cooper acompanhando a Jukebox de McLaren, e que recebeu o carinhoso apelido por ter os dentes em estado decrépito, e que impressionava por sua atitude ao andar com a camisa que continha a inscrição "I Hate Pink Floyd".

    O mundo já vem abaixo na niilista "Holidays In The Sun", com seu ritmo alucinante e sua letra berrada por Rotten. A banda já destila todo o veneno: "Claustrofobia, há muita paranóia/Há muitos cubículos em que eu já fui antes/E agora eu tenho uma razão,/Não é uma razão real para ficar esperando/O Muro de Berlim". Totalmente caótica, encarnando a violência que muitas bandas só representavam... Magnífica!

    Logo em seguida, vem "Bodies", mais violenta ainda, com o vocal cuspido e rasgado de Rotten, com uma letra especialmente nojenta e ousada para a época, falando sobre aborto e a hipocrisia que as pessoas agem com relação a esse assunto. Rápida, violenta, com as guitarras pegando fogo... E o carisma de Johnny sempre indispensável...

    "No Feelings", outra pancada rápida, com uma letra totalmente delinquente, cantada sobre uma música inacreditável, transpirando raiva... Uma música extremamente egocêntrica, já que Rotten declara que só tem sentimentos por ele mesmo. "Não há brilho da lua depois da meia-noite/Eu vejo vocês, pessoas estúpidas, por aí procurando diversão/Bem, eu estou tão feliz, eu estou me sentindo bem", diz a música. Uma inacreditável metralhadora de críticas ao british-way-of-life.

    Essa parece ser destinada a todos os políticos. "Liar" tem os vocais discursados, o instrumental destilando riffs caóticos, bateria espancada e um baixo precário. "Eu sei aonde você vai, todo mundo sabe/Eu sei tudo o que você faz ou diz/Então quando você conta mentiras/Eu sempre estarei em seu caminho/Eu não sou palhaço de ninguém e eu sei tudo/Porque eu sei o que sei". A grande farsa do Rock And Roll, ironicamente, foi uma das bandas mais ousadas de todos os tempos. Nunca ninguém na Inglaterra tinha sido tão cara-de-pau e irônico quanto essa banda. Com uma ousadia dessas, também, não podia dar em outra...

    Uma avalanche que continua arrasando tudo sem se importar com o ouvido humano... "Problems" é mortal e cortante, uma letra totalmente anárquica, que protesta contra a censura, e a invisibilidade e inépcia do cidadão. Um dos momentos que a guitarra de Steve Jones mais pega fogo. A banda era precária demais para ele ter algum reconhecimento como músico excepcional, mas o negócio é: ele nunca fez feio ao construir os climas caóticos e selvagens dos Pistols.

    E a rainha, sustentada por toda a população britânica, enquanto quem realmente precisava morria de fome? "God Save The Queen" é um dos hinos supremos do Punk Rock (e por extensão, do Rock em geral). Como não desmontar frente ao fortíssimo riff de Jones, que mais parece um soco na cara? "Deus salve a rainha/O regime fascista/Fez de você um retardado/Bomba-H em potencial"... A letra desmontava a Inglaterra, uma das letras mais irônicas e ultrajantes da história, tanto que, quando ela atingiu o primeiro lugar na Inglaterra, o nome da banda não apareceu. Isso mesmo: o primeiro lugar ficou em BRANCO. Coisa que nunca mais aconteceu na história do Rock. Eles também provocaram a primeira greve de trabalhadores da gravadora, pois todos se recusavam a prensar o disco. "Não há futuro nos sonhos da Inglaterra", grita Rotten, desafinado, no limite da sua voz, totalmente nervoso, para descambar em um dos refrões mais conhecidos. Todo mundo que tem um mínimo de revolta no coração, ama essa música. É inevitável.

    "Seventeen" e o caos continua, com a bateria sendo atiginda de forma dura e seca, com os acordes lineares, mas ainda incendiários, com a banda afirmando, e tendo Rotten como porta-voz, que eles eram realmente vagabundos, gostavam é de barulho, para que não olhassem ele através de uma máscara. Johnny chega a atingir vocais guturais na música.

    O ataque não está planejado para parar. Outro clássico-mor da banda, com todo sua selvageria e intensidade: "Anarchy In The Uk", com todo seu sarcasmo e a terrível risada de Rotten em seu início... Destilando a letra que representava o que os revoltosos jovens britânicos sentiam queimando por dentro: "Eu sou um anticristo/Eu sou um anarquista/Não sei o que eu quero/Mas sei como conseguir/Eu quero destruir transeuntes", grita Rotten, desafiador. A banda grita o que os punks queriam: Anarquia, niilismo... "cause I want to be an anarchist, again I'm pissed, DESTROOOOY"...

    Pisando no breque em termos de ritmo, mas não em termos de letra, agora temos "Submission", com seu ritmo até dançante, e os vocais discursados de Rotten, compondo a atmosfera totalmente caótica da banda... A letra discorre sobre o título, falando sobre submissão e ser um capacho do governo inglês. Um refrão berrado pela banda toda, assim como no resto da banda, mostra que eles não estavam afim de alcançar resultados diferenciados ou acabementos geniais para cada música: a desordem em forma de música era o que estava valendo... e destruindo.

    "Pretty Vacant" é arrepiante, em sua introdução que cresce até virar uma música que segue a cartilha dos Sex Pistols, que como todos sabem, eles esqueceram no lixo e foram mandar a rainha Elisabeth à merda... O sarcasmo dos caras era totalmente corrosivo: Rotten descreve a juventude britânica como um bando de "bonitos desocupados". "Oh, tão bonitos, nós somos desocupados/ Oh, nós somos tão bonitos/Oh, tão bonitos, ah/Mas agora não nos importamos ".

    Entra a penúltima música do álbum, "New York", uma das mais pesadas do álbum, onde as guitarras de Steve Jones soa mais grave e a quadrada linha de bateria parece perto de romper os tímpanos humanos. Johnny Rotten é incansável: "Um beijo, um beijo, você é vendido com um beijo/Uma procura por um beijo, você está se tornando isso/Eu quero beijar qualquer coisa/Oh, beije esse garoto"... O vocal do cara, pelo menos nessa época, era o mais podre possível, sem técnica nenhuma... O que dizer? Chocante.

    Para fechar o álbum, "E.M.I.", uma feroz e densa crítica às gravadoras, onde a banda assume com a maior cara de pau sua condição de farsa: "E vocês acharam que estavámos fingindo/Que nós todos só queriamos dinheiro/Vocês não acreditam que somos pra valer/Ou você perderia sua atração barata?"... Até com a própria banda e gravadora os caras tiravam um sarro... Um marco, literalmente, mostrando que a raiva que os rockers sentem da gravadora não é de hoje. Tanto Rotten como o instrumental estão animalescos.

    Após esse disco e uma rápida turnê norte-americana, a banda ruiu. Sid Vicious foi acusado de matar sua namorada Nancy após a mesma ser encontrada morta à facadas, e então morreu de overdose. Johnny Rotten se mandou para sua carreira solo, consertando seus dentes. Malcom McLaren lucrou absurdos e talvez continue até hoje catando os louros que os Sex Pistols deixaram no seu rastro de violência e sarcasmo.

    Esse disco, assim como "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band" (Beatles), "Paranoid" (Black Sabbath), "Are You Experienced?" (Jimi Hendrix Experience), "Raw Power" (Stooges), "Nevermind" (Nirvana) e alguns poucos outros, mudou a história da música para sempre. Os Sex Pistols racharam o punk em dois, a new wave e o hardcore. Os Sex Pistols influenciariam o Damned, o Clash, o Napalm Death, o Slayer... até o Dance Of Days, o Guns N' Roses, aqui, o Aborto Elétrico, o Plebe Rude... Enfim... Penetrou nas estruturas da música para nunca mais deixar ela ser a mesma, seja isso bom ou ruim. Um soco na cara que continua doendo até hoje.

    "Nevermind the bollocks..."

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    posted by billy shears at 10:40 PM | 12 comments

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